Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte escrita por Tenebris


Capítulo 15
Capítulo 15: Surpresas




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- Obrigado por vir, Jack. – Will falou enquanto estendia a mão para Jack com intenção de cumprimentá-lo.

        - Eu que agradeço, amigo. – Disse Jack, cambaleando até Will.

        Entretanto, ao invés de cumprimentá-lo, pegou a garrafa de rum da outra mão de Will. Depois, deu tapinhas nas costas dele.

        - Sinto que nos veremos muito em breve! – Despediu-se Jack finalmente, erguendo seu chapéu em sinal de reverência.

        Will e Elizabeth acenaram para Jack, que transpassou para o outro Navio. Depois, ouviram um baque. E Jack levantou-se do chão rapidamente, olhando para os lados.

        - Malditos cães de convés. Deveriam aprender a limpar isso aqui direito! – Ladrou Jack com uma expressão de escárnio.

        Era uma despedida breve. Will e Elizabeth sabiam disso.

        Mas era uma despedida bem no estilo de Jack Sparrow.

        Passados alguns minutos, Will foi procurar Elizabeth.

        Sendo o Capitão do Holandês Voador, ele tinha suas obrigações e por isso foi checar o timão. Quando a encontrou, ela estava sentada à proa do Navio, observando a imensidão azul índigo que se estendia por toda parte. Um novo dia estava nascendo.

        - Parece cansada. Porque não dorme um pouco? – Perguntou Will, abraçando-a. Parecia tão fria quanto ele próprio.

        - Não me fale em dormir, Will. Acho que fiz isso por tempo demais... – Disse ela, sorrindo.

        - Se descer as escadas em direção ao porão, verá uma sala mais ao fundo. Há uma cama de casal. – Disse Will, sorrindo significantemente.

        - Vou descansar então. – Elizabeth falou e em seguida beijou Will carinhosamente.

        - Vá com ela, Will. – Gritou Bootstrap, que estava ao lado do timão, guiando o Navio. – Eu assumo a partir daqui.

        -Bootstrap... – Chamou Elizabeth, subindo as escadas em direção ao timão. – Obrigada.

        Bootstrap limitou-se a sorrir.

        - Salvou minha vida. – Elizabeth pegou uma das mãos livres de Bootstrap.

        - Eu ajudei. Foi Will quem a salvou. E você é importante pra ele. Então é importante pra mim.

        Elizabeth olhou aquela figura curvada, com os cabelos compridos como os de Will, os mesmos olhares serenos e expressivos dele.

        - Agora vá. Merece um descanso. – Murmurou ele.

        Elizabeth seguiu com Will para o quarto. Eles desceram as escadas no convés principal, chegando ao porão. Havia alguns tripulantes dormindo e outros jogando alguns jogos.

        Will se lembrava daqueles jogos perfeitamente. Quando apostara sua alma e perdera, só para descobrir a localização da chave do Baú de Davy.

        Ele se adiantou, abrindo a porta do quarto para Elizabeth. Ela entrou hesitante, pois sabia que aquela sala pertencia a Davy Jones, onde há um tempo a Companhia das Índias Orientais manteve o seu coração sob custódia para ameaçá-lo. Elizabeth estremeceu.

        Mas o quarto não era mais aquilo que já foi um dia.

        As paredes de madeira cobertas de limo eram revestidas de uma tapeçaria vermelha. Não havia muita coisa no quarto, além do guarda roupa e da cama. E eram de fato artefatos simples, nada luxuosos. Mas a atmosfera aconchegante em meio a um navio como o Holandês fez Elizabeth se sentir o máximo que podia em casa.

        - Não é grande coisa... – Murmurou Will, fechando a porta com um estalo. – Só achei que precisava mudar o aspecto.

        - Você tinha razão. – Disse Elizabeth, deitando na cama. Não era quente, mas também não era tão fria.

        Will deitou-se ao lado dela, de modo que ficassem deitados olhando um para o outro.

        - Eu amo você, Elizabeth. – Disse Will, afagando-lhe os cabelos.

        - Eu também, Will. Mais do que pode imaginar.

        Então eles se beijaram. Uma sensação de calor e proteção se apossou de Elizabeth como há muito tempo ela não sentia. Ainda que não fosse do jeito que ela esperava, havia conseguido. Ela conseguiu ficar junto de Will.

        E tudo isso era verdade.

        A verdade que desde o começo, ela imaginou para si. E prometeu lutar para que essa verdade pudesse perdurar pela eternidade.

- É bom ter você de novo. – Sussurrou ele, tocando o rosto de Elizabeth. – É como ter meu coração de volta.

        Mas a vida precisava seguir seu curso.

        Ou a morte, pensou Elizabeth contrariada.

        Depois de passar a noite com Will, ele teve que levantar, pois Bootstrap também precisava descansar. Elizabeth olhou pela janela ao canto daquele quarto. Parecia ser o entardecer, pois o céu brilhava em nuances de amarelo vivo e laranja.

        Logo, ela também se levantou.

        E se deu conta da realidade que esperava por ela, estupefata.

        Não era somente ficar com Will, concluiu ela pela primeira vez desde que voltara à vida. Ela precisaria trabalhar para o Holandês Voador, afinal, agora era sua serva e prisioneira. Não que essas condições impostas fossem tão impossíveis, mas só naquele momento ela percebeu que de fato, era uma serva eterna.

        Teria que trabalhar e servir ao Navio.

        De fato, ela nunca reparara nos rostos cansados dos tripulantes do Holandês, e Elizabeth teve certeza que não seria fácil viver daquela forma. De súbito, uma lembrança veio à sua mente. Quando Tia Dalma dissera no navio de Sao Feng: “Para aquilo que mais desejamos, sempre há um preço a ser pago no final.”

        E isso também era verdade.

        Para que ficassem juntos, Will teve que furar o coração, para não morrer. E Elizabeth teve que aliar-se ao Holandês, também para não morrer.

        Seus devaneios foram interrompidos quando um dos marinheiros falou:

        - Ande logo, garota. Você é como qualquer um de nós agora. Trabalhe!

        E Elizabeth pegou um dos rodos, enfrentando seu destino.

        Ao final do dia, Elizabeth mal se agüentava em pé.

        Ela se reconfortou, dizendo para si mesma que levaria um tempo para acostumar-se com a nova rotina. Era somente uma questão de tempo. E também, havia Will a considerar. Eles se esbarravam o tempo todo pelo Navio, e não era isso que Elizabeth sempre quis?

        Não exatamente, pensou ela com amargura.

        Mas encontrava forças toda vez que olhava para Will. Quando seus olhares se encontravam e ela sorria, encorajando-a a continuar.

        Elizabeth recostou-se à murada do Navio. Em breve, eles deveriam navegar para o Outro Lado, levar as almas dos mortos no mar.

        Mas Elizabeth estava muito cansada, e cansou de lutar contra o sono que se abatia sobre ela. Deixou que as pálpebras fechassem, e que o torpor de um sono se apoderasse dela inteiramente.

        Mas algo incomum a um sono qualquer pareceu acontecer.

        Elizabeth abriu os olhos, espantada. Ela estava mexendo os braços e nadando, procurando uma superfície para respirar. E um assombro de compreensão pareceu aturdi-la.

        Ela caíra no mar.

        Caíra em um sono perturbador, fazendo-a se distrair e cair nas águas violentas daquele mar. O problema é que agora Elizabeth fazia parte do Holandês Voador. Não podia sair do Navio por muito tempo. Só podia voltar à terra com Will a cada dez anos.

        E ela morreria outra vez.

        Depois de tantas chances que lhe foram dadas, ela estúpido morrer daquela forma. Ela preferia ter morrido perfurada por uma espada do que simplesmente por sair do Navio.

        Will correu para a murada do Navio. Bootstrap em seu encalço. Ele pegou uma corda e jogou para Elizabeth, receando que seu mundo desmoronasse outra vez e se quedasse em ruínas.

        - Elizabeth! – Ele gritou, temendo outra vez que ninguém respondesse. Que já fosse tarde demais.

        - Ela está bem, Will. Ela não... – Retrucou Bootstrap, surpreso com o que dissera.

        - Will! – Cuspiu Elizabeth entre água salgada. Ela se agarrou à corda e foi puxada de volta ao Holandês, sã e salva.

        E completamente confusa.

        Assim que foi trazida de volta, Elizabeth sentou no meio do convés, tremendo de frio. Will colocou um manto avermelhado em cima dela, para aquecê-la. Ele logo a envolveu em um abraço.

        E toda tripulação se juntava em torno deles, tão confusos quanto Elizabeth.

        - Porque ela não morreu? – Perguntou um deles, apontando para Elizabeth, que tremia e chorava nos braços de Will.

        - Verdade, Willian. – Disse Bootstrap, se aproximando dos dois. – Ela saiu do Navio, se afastou. Porque não morreu, se está vinculada ao Holandês, para servi-lo como prisioneira?

Uma última réstia de pôr-do-sol cintilou ao horizonte, revelando o brilho verde. Agora tão conhecido para Elizabeth do que já fora antes.

        - É o que vamos descobrir. – Disse Will, decidido. – Vamos até Tortuga, encontrar as únicas pessoas que saberão a resposta dessa pergunta.


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