Full Moon escrita por amelia_cullen


Capítulo 5
A surpresa - I


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo já dá pra mostrar o quanto a Bella e a Amélia ficaram próximas depois da conversa na clareira. Sobre aquilo que elas conversaram vai ficar um mistériozinho até os próximos capítulos...
Espero que gostem desse, foi bem divertido de escrever!



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O carro de Alice era maravilhoso. Eu estava encantada com a possibilidade de andar em um veículo que não fosse ao estilo máfia italiana – que era bem o estilo dos carros que eu costumava dirigir. Em Volterra as viaturas eram todas idênticas. Carros muito luxuosos, mas sem vida ou estilo algum. Eram mais como carros fúnebres do que qualquer outra coisa. Muito ao contrário daqueles que os Cullen possuíam em sua garagem. As únicas semelhanças entre eles eram os vidros escuros e a potência do motor. O Porshe amarelo de Alice era simplesmente lindo. Possuía uma elegância notável, era imponente e chamativo. Além de toda a elegância exterior, era também um carro muito luxuoso e moderno por dentro. Isso, sem fazer alusões ao motor turbo dele.

Eu não estranhei muito a velocidade com que Alice dirigia, mas Bella pareceu não gostar muito. Eu me dei conta de que eu não estranhava porque eu também tinha o costume de dirigir em alta velocidade, mas Bella não. Para um humano as regras de limite de velocidade eram prudentes, para a sua segurança. Porque o poder de concentração que nós tínhamos, mesmo em alta velocidade, era muito superior ao deles. Nós três ficamos em silêncio por muito tempo, apenas ouvindo o som do carro. Eu não ouvia música á mais de um século. Aquilo me fez perceber o quanto um membro da guarda era privado de uma vida “normal”. Eu não tinha noção alguma do que se vestia, do que se ouvia com relação á gostos musicais ou dos assuntos das conversas de pessoas de fora da guarda, aqueles que possuíam uma “vida”.

-Que tipo de música você gosta, Mel? - Alice interrompeu meus devaneios.

-Eu... não costumo ouvir música, Alice.

-Você não gosta?

-Não é isso... É que... os membros da guarda não são habituados à música.

-Oh, eu havia me esquecido desse detalhe...

-Mas o que você ouvia, quando... você não fazia parte da guarda? - Bella perguntou.

-Ah, eu não lembro. Faz tanto tempo... eu acabei esquecendo de muita coisa.

-Hum... entendo. Que pena.

-Então, vamos aonde especificamente? - Bella perguntou á Alice

-Hum...Eu acho que vamos encontrar tudo que precisamos em Seattle, não é?

-É... Seattle é suficiente.

-Ta legal, agora eu não tenho mais como fugir, vocês poderiam, por favor, me dizer o que é que estão armando? - Eu insisti, mais uma vez.

-Eu vou dar só uma pista. Estamos indo para um shopping. Não pergunte mais nada. Fique com suas conclusões para você mesma.

Eu apenas suspirei. Compras. Como eu não havia percebido antes. Vindo de Alice, até que aquilo estava demorando mais do que eu esperava. Mas porque todo aquele mistério, só para evitar que eu me recusasse a comprar roupas novas? Acho que não. Havia mais alguma coisa nisso tudo. Do contrário, ela não teria me dito onde estávamos indo.

Depois de uma hora, mais ou menos, Alice finalmente anunciou que estávamos chegando. O shopping era ENORME. Eu não sei como um humano não se perdia la dentro. Alice já estava craque em fazer compras em Seattle. Ela sabia exatamente onde cada tipo de roupa, bolsa, ou calçado podia ser encontrado dentro do Shopping. Se eu não conhecesse Alice, diria que estávamos levando roupa para toda a população de Forks suficientes para mais de um ano. O meu único trabalho era provar as roupas e sapatos que elas iam me entregando. Até mesmo Bella se empolgou com a tarefa. No final da tarde, nós já tínhamos todas as sacolas que podíamos carregar. Embora muitas sacolas já tivessem sido levadas até o carro com ajuda dos vendedores, nós ainda levávamos muitas sacolas nos braços quando chegamos ao penúltimo andar, onde havia apenas uma enorme praça de alimentação. Para a minha surpresa, Alice escolheu uma mesa e sentou-se, deixando as sacolas no chão. Era uma atitude muito estranha, como se ela precisasse sentar-se para descansar.

-O que você está fazendo, Alice? - Bella perguntou antes que eu.

-Sentem-se. Tem uma moça nos seguindo desde que subimos do terceiro andar. Preciso que você veja o que ela está pensando, Mel.

Eu me concentrei então na mente daquela mulher. Não foi muito dificil de decifrar, apenas tinha muitas futilidades; pensamentos sobre a lâmpada que ela deixou ligada em casa, lembrando-se de dar comida ao cachorro, as contas do final do mês...

-Certo... Alice ela...

-Já entendi. -  Alice nem me permitiu terminar de falar. - Não é nada, já respondemos as perguntas dela. Ela não vai tornar a nos incomodar. Vamos indo, então?

-O que é? - Bella perguntou impaciente.

-Não é nada de mais, Bella. Ela só estava se perguntando por que estávamos andando o dia todo, carregando tantas sacolas, sem ao menos fazer uma parada. E ela achou agente esquisita. Mas ela, aparentemente desistiu de sua curiosidade quando nos viu sentar aqui. – Eu expliquei à Bella.

-Ok, meninas, vocês me esperam aqui, que eu vou até o carro, deixar as sacolas. Prontas para a parte mais divertida?

-Oh... com toda a certeza! - Bella respondeu com um brilho diferente no olhar.

Alice até que não demorou tanto quanto eu esperava. Eu e Bella aproveitamos para falar mais um pouco sobre o nosso passeio de manhã. Bella estava bem mais acessível agora. Era fácil conversar com ela, já não havia mais toda aquela cautela em sua voz, que eu percebia antes. Bella mostrava em suas expressões e atitudes, que agora ela realmente confiava em mim. Eu não pude deixar de me sentir culpada pelos meus conflitos internos. Havia uma parte de mim, mesmo que ínfima e completamente controlável, que ainda tinha esperanças em trazer Edward de volta. Cada dia naquela casa, vendo-os juntos, me fazia sentir-me cada vez mais só. Mas não era o Edward de agora que eu queria para mim, eu desejava tê-lo de volta, como quando éramos mortais. Mesmo amando-o agora como meu irmão. E eu sabia que era muito errado pensar assim. Para que essa utopia fosse possivel, eu teria que perder duas pessoas de quem não posso mais viver sem. Para tê-lo de volta eu teria que perder ao meu irmão e à Bella, e eu já os amava demais para permitir que isso acontecesse. Eu tinha que controlar isso. Mesmo que fosse apenas um impulso bobo, não era honesto com ela ter esses tipos de pensamento.

-Certo, agora a parte mais interessante da sua surpresa! – Alice anunciou assim que chegou até a mesa onde estávamos. – Quer me ajudar, por favor, Bella?

-É... tá bem... – Bella respondeu meio apreensiva. Ela transparecia nervosismo e dúvida em sua resposta. Com certeza não estava certa de que queria realmente ajudar Alice, com o que quer que fosse.

-Ok, Amélia, não fique nervosa. Tente se acalmar, não é nada demais, apenas faz parte da surpresa, certo, então...

-Alice Cullen! O que é que você vai fazer comigo?

-Caramba, Alice, custa apenas explicar pra ela o que é, assim sim é que você vai deixá-la nervosa!

-Se a Alice não vai me dizer o que é, me diga você Bella, por favor!

-Tudo bem, Amélia... Nessa parte que nós planejamos da surpresa, você vai estar vendada. – Alice respondeu.

-Como assim, vendada?

Alice tirou da bolsa uma daquelas “viseiras” que os humanos usavam para dormir.

-Olha, Mel, eu prometo que não vamos demorar com isso. Mas você vai ter que me prometer uma coisa. Não vale tentar ver o que está acontecendo, apenas quando nós dissermos que você está liberada, tudo bem?

-E porque eu faria isso? - Eu disse, em um tom mais leve.

-Oh, por favor! – Alice implorou, com aquela cara de cachorro pidão, que só funcionava no rosto angelical e infantil dela.

-Está bem, mas olha la o que vocês vão me aprontar... - eu consenti.

Elas colocaram cuidadosamente a venda nos meus olhos, de modo que todo o meu cabelo ficasse por cima da venda.

-Pode me ver? -  Bella perguntou

-Hum... não, nadinha.

-Muito bem, só mais uma coisa então. Vai haver um momento em que você vai ter que tirar a venda, mas você não vai estar liberada para olhar ainda, então você vai ter que prometer que vai manter os olhos fechados  e que não vai espiar.

-Tudo bem, Alice, se eu for trapacear, você vai saber, não é mesmo?

-Verdade, vamos lá, então!          

-Nós vamos guiar você, para que você não se machuque. – Bella disse.

Alice teve um ataque de risos

-Bella, você é impossível!       

-O que tem?    

-Ela não bateria, nem mesmo que estivesse sem os olhos, Bella! Você nunca percebeu que tem outros instintos, além da visão?

-Ah, é muita coisa para perceber, vocês vão ter que em dar um desconto!

E caímos na risada, as três.

 

Elas me levaram até a área estreita, em frente aos elevadores. Se elas queriam que eu não soubesse onde estávamos indo, não estava dando muito certo. Bella foi me guiando o caminho todo com as mãos apoiadas nas minhas costas, e Alice advertiu-a várias vezes por isso, até que desistiu de fazê-lo. Elas estavam completamente caladas sobre o assunto, o que me deixou um pouco ansiosa. Eu não sei dizer precisamente quantos andares acima, Bella anunciou que iriamos descer do elevador:

-Nós vamos descer agora, você precisa de ajuda Mel?

-Não se preocupe com isso, Bella, a Amélia sabe onde está indo.

Elas me levaram até um corredor, onde eu e Bella ficamos esperando por Alice, que fora na frente, “acertar os detalhes”. Não demorou muito e ela voltou anunciando para Bella:

-Tudo pronto, vamos Bells, Mel?

-Já estamos indo. - Bella disse, puxando-me pela mão.

Eu pude sentir a troca de ambiente, pela intensidade de luz que havia naquele lugar. Nós saímos de um corredor de luz fraca, para um lugar bastante iluminado. Alice me conduziu até uma cadeira, que ficava do outro lado do aposento, próxima a uma parede. Eu podia ouvir Alice, falando baixinho com um desconhecido. Depois de alguns minutos, o homem veio até mim, falando com um sotaque meio esquisito, era um inglês forçado, com resquícios de um sotaque francês.

-Boa tarde, senhorita Amélia. Ahm... – ele hesitou - Nós vamos precisar colocar um avental em você.. Me de uma mãozinha aqui, senhorita Isabella, por favor.

-Claro. E.. a propósito, é senhora Isabella.

-Oh, mas que pena! – O rapaz respondeu com firmeza na voz.

Eu imaginei o quanto Bella ficou constrangida com o comentário. Ela não devia ter se acostumado ainda com o assédio que nós imortais sofríamos por causa da beleza arrebatadora.

Todas as impressões que eu tinha daquele lugar, mesmo imprecisas, eram bem específicas e eram todas capturadas através daquilo que eu podia ouvir. Enquanto Bella se ocupava, tentando me ajudar a colocar o estranho avental pelo pescoço, eu pude ouvir o rapaz puxando alguma coisa com rodas na direção em que estávamos. Ele procurava nervosamente por alguma coisa no conteúdo do objeto com rodinhas. Então ele virou-se para trás e chamou por uma mulher que veio do outro canto da sala. Ela estava usando um sapato alto, de salto fino.

-Marie, preciso que me traga a tesoura de número doze e uma caixa daquela tintura especial número cento e oitenta e seis também. 

Eu não precisava ouvir mais nada para descobrir o que elas estavam aprontando. Eu me dei conta de que Alice não estava tentando esconder o que elas estavam fazendo, mas sim, os resultados que isso traria. Mesmo que eu descobrisse, o que iria acontecer muito facilmente, elas contavam com o fato de que eu cumpriria a promessa de não retirar a venda. Desde que Alice e eu nos conhecemos que ela vinha implicando com a minha aparência. E ela tinha razão. Eu não era nada vaidosa, nem mesmo um pouquinho. No estilo de vida que eu levava, não haviam possibilidades de me preocupar com a minha aparência. Para mim isso sempre fora uma das coisas menos importantes á me preocupar.

-Certo, vamos á luta então – Alice disse quando a mulher retornou, minutos depois. – Antoine, você já sabe o que fazer, quero serviço completo! -  Ela disse para o rapaz.

Eu tentei não pensar muito no que aquela criatura de sotaque estranho que era Antoine iria fazer comigo. Eu gostava do meu cabelo, não via porque mudá-lo. Tudo bem que ele era pesado e por isso eu nunca o usava solto, insistindo sempre me prendê-lo em um coque no meio da nuca, me deixando com a aparência de uma mulher da idade média, mas também não fazia o meu estilo um cabelo muito moderno como o de Alice. Além disso, eu havia adquirido um trauma durante a minha infância com cortes de cabelo. Houve um episódio durante a minha vida, que mesmo eu não me lembrando muito bem, acabou marcado na minha personalidade. Ainda em Chicago, eu devia ter uns cinco anos, aconteceu que a minha mãe resolveu que iria cortar o meu cabelo, coisa que nunca havia sido feita para mim. Eu tinha o cabelo extremamente longo, porém liso e bem cuidado. Foi um choque para mim, os meus cabelos haviam sido cortados em um comprimento extremamente curto. Para quem estava acostumada a conviver com longas mechas castanho-avermelhadas, aquilo era uma mudança muito radical, tanto que ficou marcado na minha memória, mesmo depois de todas as complicações que já passei, em termos de memória.

Antoine não era nada sutil, não se constrangia em puxar o cabelo para o lado que bem entendesse, sem se preocupar de estar machucando ou não. É claro que eu não estava sentindo absolutamente nenhuma dor, mas eu imagino o que as suas pobres clientes humanas não deviam passar...


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse trecho do capítulo?
Reviews, please!
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