O caminho era longo. Olhava para frente enquanto Blane prestava atenção na estrada. Queria sair daquele carro, e também não gostava de ficar em plena noite presa com um certo loiro ao meu lado.

- É tão longe assim essa festa?- dei mais um pulo com o décimo buraco que o carro passou- Onde é essa festa?

Ele simplesmente me ignorou aumentando o volume do rádio, seus olhos não saiam da estrada. 

Bom, melhor do que dirigir olhando para trás, né?

- Não vai falar nada?- está bem, eu admito! Faz um bom tempo que não tenho uma conversa com uma pessoa, e eu estava querendo ter, mas agora invertemos o papel. Antes eu era a quientinha e ele era o tagarela, agora sou eu que estou falando mais do que minha boca.

Olhei para meu par de botas, me lembro de ter ganhado essas botas de aniversário da Jenna. Ela ficava super grande em mim, mas agora está perfeitamente no meu pé.

Meu aniversário de quinze anos...

As roupas finas, e eu dançando com Jake. Ele segurava a minha cintura enquanto nós rodopiavamos pelo salão, aquele tinha sido um dos dias mais felizes da minha vida, mas depois, só se tornou uma lembraça sofrida do passado...

- Droga!- murmurou Blane batendo a cabeça no volante.

- O que foi?- olhei para frente e ainda estávamos naquela estrada sem fim- Não me diga que...

- Olha, faz muito tempo que eu não venho aqui, e eu consigo me lembrar em um minuto.

- Estamos perdidos?!?

Ele olhou para mim, e ouvimos um barulho o fazendo freiar, e logo depois, um gemido de dor.

Estávamos perdidos e Blane tinha acabado de atropelar alguém.

- Fique aqui- ele abriu a porta para ver a vitíma, me estiquei para ver pela janela, mas não havia nenhum sangue...

A porta do motorista se fechou com tudo e vi um cara com uma cicatriz abaixo do olho esquerdo, dentes amarelos e com um casaco velho e sujo.

Aquele não era o Blane.

Saquei tudo, esse truque é velho. Um finge que sofre o acidente, e os outros aproveitam e então no carro.

Tentei sair mas minha porta estava trancada, bati no vidro tentando chamar a atenção do loiro, que ao me ver se levantou mas foi tomado pelo cara de trás.

Tentei gritar, mas o homem da cicatriz colocou um pano na minha boca com um liquido me fazendo apagar.