Filho da Noite escrita por Rafarofa


Capítulo 5
Capítulo 5 - Viagem




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Capítulo 5 - Viagem

Muito tempo se passou desde que eles partiram. Aster aprendeu os fundamentos da magia, como canalizar mana pelo chifre, como conseguir o efeito desejado e tudo mais que um mago deve saber. Quando passavam por alguma cidade ou vila, Aster ocultava as asas do mesmo modo que antes fazia com o chifre para desta vez poder se passar por unicórnio, mas quando estavam viajando ele preferia manter a forma normal. Aster e Starswirl passaram por florestas, cavernas, pântanos, desertos e todo tipo de terrenos que se podia imaginar, e todo esse tempo acabou deixando Aster com uma barba volumosa e bagunçada, e Starswirl, cuja barba já era longa, acabou ficando com ela quase tocando o chão. Finalmente, quatro anos depois de terem partido de Canterlot, eles chagaram, já perto do anoitecer, a uma vila que estava começando uma grande festa. Logo na entrada, Aster se dirigiu a um morador.

“Oi, o que é que tá acontecendo aqui? Que festa é essa?”

“Olá, viajantes! Sejam bem-vindos a Ferrundia! (não, eu não vou fazer trocadilhos com nomes de cidades reais) Dez anos atrás nós encontramos grandes quantidades de minério de ferro nas redondezas e construímos uma mina, o que garantiu nossa sobrevivência. Hoje comemoramos os dez anos de fundação da nossa vila. Venham, juntem-se a nós nas festividades, todos os viajantes são bem-vindos.”

“Bom, parece que chegamos em boa hora, o melhor que podemos fazer é aproveitar.” Starswirl sugeriu.

“Sério?”

“É sim, caro aluno. Depois de quatro anos de treino, você merece esse descanso, vá lá, divirta-se.”

“Nossa, quatro anos? Eu realmente não tenho nenhuma noção de tempo.”

“Hehe...”

“A propósito...” Interrompeu o morador. “De onde vocês são?”

“De Canterlot.” Starswirl tomou a dianteira.

“Uau! Vocês vieram de longe! Um pégaso mais hábil leva várias horas pra fazer o percurso e pelo visto vocês vieram andando, isso que eu chamo de força de vontade. Mas ei, pelas suas viagens vocês ouviram falar alguma coisa da guerra?”

A essa altura, Aster já tinha se juntado ao povo, com uma caneca de sidra no casco.

“Não, nós normalmente só parávamos pra reabastecer, mas nunca ouvimos falar nada, por quê?”

“É que desde que ela começou quatro anos atrás, nós também não tivemos mais notícia.”

“Então, pelo que sabemos, ela pode ainda estar acontecendo. Ah, Hurricane, como será que estão as coisas por aí?”

“Mas hoje é dia de festa. Nossa vila é famosa não só pelo ferro de excelente qualidade, mas também pelas lutas promovidas na área central. Por causa da festa, hoje à noite não vai ter nenhuma, mas amanhã, com sorte, vocês conseguirão assistir uma antes de partirem. Ou vocês pretendem ficar mais tempo?”

“Hmm... nós vamos assistir uma luta sim.”

______________________________________________________________________


No outro dia, já depois da festa, Starswirl levantou cedo assim como o resto da cidade, Aster, contudo, não aparecia em lugar nenhum. Com um pouco de mágica, Starswirl o encontrou num dos quartos de uma taverna. A cama na qual ele estava deitado estava muito bagunçada e havia um barril de sidra vazio e algumas canecas usadas, delas, só uma não tinha marca de batom.

“É, ele se divertiu bastante, e não tá acostumado a beber. Isso vai ser bom.” Starswirl pensou enquanto o cutucava lentamente com um graveto pego de uma árvore do lado de fora da janela. Aster pegou o graveto com o casco, abriu os olhos e olhou para Starswirl.

“Ei...”

“Bom dia, dorminhoco. A festa foi boa, hein?”

“Ai, fala mais baixo, minha cabeça tá explodindo.”

“Bom, muito bom. Vai ser assim mesmo. Vem comigo.”

“O que foi?”

“Vem comigo.”

O barulho da platéia ao redor da praça da cidade aliado à ressaca faziam Aster querer se matar, mas ele seguiu forte.

“E isso encerra a primeira luta de hoje, pessoal. Mais alguém aí vai querer entrar no ringue?” Um narrador unicórnio sobre um palco falava usando magia para aumentar o volume da voz.

“Nós vamos!!” Starswirl gritou e Aster botou o casco na testa.

“Muito bem, dois viajantes que vieram aproveitar a festa, aproximem-se.”

“Starswirl, o que é que...” Aster, confuso, tentou perguntar.

“Vai lá, isso é importante.”

“DO MEU LADO DIREITO, DE CANTERLOT, qual o seu nome, meu jovem?”

“Aster.”

“Aster de quê?”

“Nightkeeper”

Eis que de repente: “AAAAAASTEEEEEEEEEER

NIIIIIIIIIGHTKEEEEEEEEPEEEER!!”

“Aaaaaaiiii...”

“E DO MEU LADO ESQUERDO, TAMBÉM DE CARTERLOT, Qual o seu nome?”

“Starswirl.”

“De...”

“Só Starswirl.”

“Hmmm... STAAAAAARSWIIIRL, OOOOOO

BARBAAAAAAADOOOOOOOOO!!”

“O Barbado, é?” Starswirl olhou para a própria, imensa, barba. “Taí, gostei.”

“EEEE... COMECEM!”

“Bom, caro aprendiz, depois disso tudo eu acho que lhe devo uma explicação. O negócio é o seguinte: Esse é o seu primeiro teste, você vai lutar comigo, sem armas, apenas cascos vazios e mágica, e diferente do seu último teste, você DEVE me vencer. E a propósito, até você começar a beber feito um camelo eu tava pensando em como ia te deixar assim. Sem ofensa.”

“Sem problema.” Respondeu um camelo no meio da multidão.

“Agora, VAMOS!!”

Num movimento rápido, Starswirl apontou o chifre para frente, fazendo sair uma rajada de energia verde clara. O grito deixou Aster meio tonto, mas ele conseguiu reagir a tempo e invocar um escudo para parar o ataque.

Starswirl continuava atacando e Aster invocava escudo atrás de escudo para se defender, mas a gritaria da multidão tornava cada vez mais difícil de se concentrar.

“Assim não dá, eu preciso partir pra ofensiva.” E assim o fez. Ele lançou uma rajada contra Starswirl que revidou com outra, e não importava o quão mais Aster fortalecesse seu ataque, pois Starswirl sempre igualava até que o aprendiz se desequilibrou e recebeu os dois ataques direto no peito, produzindo uma grande luz ofuscante e fazendo-o cair no chão logo em seguida.

O mestre chegou perto para avaliar a condição de seu aluno quando este lançou um ataque surpresa que por pouco não o acertou.

Starswirl mandou um ataque mais forte que os outros e Aster o segurou com outro escudo, ele tinha uma defesa quase impenetrável a seu favor.

“Quando a sua marca especial aparecer, eu tenho certeza de que vai ter um escudo nela.”

“Eu já disse que a minha função é proteger a Família Real. Eu não preciso de uma marca especial pra me dizer isso.”

Uma nova colisão de magia, e Aster se preparou para interceptar os dois ataques, desta vez com um escudo, produzindo a mesma luz ofuscante. Quando a luz se dissipou, Aster havia sumido. Ele aproveitou a cegueira provocada pela luz para tirar o disfarce das asas e voar para o céu, onde não havia ninguém para fazer barulho.

“Tá, vamo lá, como é que eu vou fazer isso? Um confronto direto não vai dar certo... ai, minha cabeça, até pensar tá doendo? Tá, eu vou precisar terminar isso em um ataque só e vou vir daqui de cima mesmo, agora o que eu faço? Espera, eu já vi na Biblioteca Real uma coisa que pode ajudar, como era o nome mesmo?”

E agora, um flashback de Aster lendo um livro.

“Bomba... sônica... quando se voa tão rápido que se supera a velocidade do som. Poucos dragões foram documentados como capazes, o ato foi tentado por inúmeros pégasos, mas todos falharam. A explosão libera uma energia imensa.”

Fim do flashback.

“É isso, e eu não preciso conseguir, só chegar perto, mas primeiro...” Aster criou um novo escudo. “Escudo de supressão de movimento, vai levar a energia pro chão e eu saio intacto. Vamo lá.”

Aster começou a descer cada vez mais rápido com o escudo pronto para ser usado, a pressão em seu rosto era sufocante, dava para sentir uma parede incrivelmente dura à frente. Todos na platéia viram quando um corpo se aproximava do chão e ficaram achando que ele iria bater. Porém, quando ele estava suficientemente perto, ele soltou o escudo que foi em direção ao chão levando toda a inércia consigo.  A colisão levantou uma enorme quantidade de poeira, dando tempo para Aster ocultar as asas novamente. Quando a poeira baixou Starswirl estava desnorteado no chão cercado por uma gaiola de magia.

“E então?” Perguntou Aster. “Eu venci?”

“É, você venceu.”

O narrador ainda estava tentando entender o que aconteceu quando gritou. “E O VENCEDOR É AAAAASTEEEEEER NIIIIIIGHTKEEEPEEEEER!!”

Enquanto a multidão vibrava, Aster dissipou a gaiola e estendeu o casco.

“Mas, o que exatamente foi isso?”

“Bom eu combinei uma técnica avançada de vôo com...”

“Acabou! ACABOU! ACABOU!!!” Um pégaso veio voando da entrada da cidade em direção ao palco. Ele falou alguma coisa para o unicórnio que usou a magia da voz nele.

“Atenção todo mundo, acabou de chegar a notícia de que a guerra contra os draconequi chegou ao fim E QUE NÓS VENCEMOS!!!” Todos na platéia gritaram e comemoraram, inclusive Aster, que já tinha se esquecido da ressaca, e Starswirl.

“Mas... o nosso rei não vai voltar. Ele, que ia à frente do exército, liderando as tropas, foi encontrado morto no campo de batalha após o último draconequus ter caído.”

Toda a gritaria cessou. Por alguns segundos só havia o som ensurdecedor do silêncio.

“NOSSO REI MORREU COMO UM HERÓI!” Ele continuou. “E como um herói ele há de ser lembrado. Seu corpo está sendo levado de volta a Eqüestria junto com o do general Hurricane Sword que foi encontrado nas mesmas condições.”

No mesmo momento a mente de Aster travou por alguns segundos. Quando ele voltou a si, saiu correndo sem rumo até chegar a um lugar vazio, Starswirl foi logo atrás. Aster murmurava para si mesmo, socando o chão.

“Não... não... NÃO!!!”

“Aster...”

Aster se virou, eles se olharam enquanto lágrimas escorriam pelos rostos de âmbos.

“Starswirl, Hurricane...”

“Sim, Aster. Hurricane Sword morreu. Mas ele será lembrado pelo reino como o general que esteve ao lado de seu rei até o fim. Agora você não deve desapontá-lo. Volte para Canterlot e complete seu treinamento, deixe-o orgulhoso.”

“Eu tô perto demais agora. Hurricane Sword viu potencial em mim, ele se dedicou a me transformar no melhor guerreiro e conseguiu. Eu devo muito a ele pra simplesmente deixar a tristeza me abater e desistir. Nós vamos em frente e quando chegarmos eu o agradecerei por tudo.”

“Muito bem, Aster. Arrume-se, partiremos ao meio-dia.”

Os dois tentavam se manter fortes apesar da perda. Eles foram andando em suas respectivas direções.

“E, Starswirl... obrigado.”

“Não, Aster, eu que agradeço.”

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Ao meio-dia eles estavam na entrada de Ferrundia prontos para voltar.

“Então, como eu disse antes, seu treino começa a terminar agora e você deve nos levar de volta a Canterlot. Eu quero estar de volta na metade do tempo que nós levamos para chegar até aqui. O que você acha?”

“Vai ser bom, eu ainda tenho uma missão a cumprir e agora eu quero terminá-la o mais cedo possível.” Aster falou enquanto segurava o orbe que a Princesa Luna lhe havia dado há quatro anos.

“Então vamos.”

E com isso eles botaram o casco na estrada, no rumo de volta para casa.

Capítulo 5 - Fim


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