POV's Violetta.

Eu queria ter almoçado no Restó, mas meu pai me ligou e praticamente me obrigou a almoçar em casa. Afirmou que não estávamos seguindo os velhos costumes e, aos poucos, estávamos nos separando.

Aos poucos? Rolei os olhos. Já estávamos completamente afastados. Talvez, se ele não fosse tão super protetor, essa situação mudasse.

Comíamos em silêncio. Ramalho olhava para nós dois com certa curiosidade. Meu pai, como sempre, estava cético. E Angie, olhava para mim gentilmente. Com certeza, assim que voltássemos para o estúdio, ela perguntaria o que estava acontecendo. 

— Então... Como foi o seu dia? — perguntou meu pai, provavelmente tentando quebrar o gelo.

— Foi bom, muito bom. — Você nem imagina o quanto, pensei eu, me lembrando do León. Ele agora dominava completamente os meus pensamentos, sem exceções.

— Que bom! 

Após isso, só silêncio. Nunca fomos bons com assuntos, principalmente quando o clima estava pesado entre nós. Tratei de comer mais rápido que o necessário. Quando enfim terminei, peguei minha bolsa e disse que esperaria Angie do lado de fora. 

POV's Germán. 

Estava preocupado com minha filha. Jamais estive tão distante dela. Nem mesmo quando estava noivo da Jade estávamos tão tensos um com o outro. Daria tudo para saber o que se passava na cabeça dela, o que a incomodava tanto.

Ramalho e Angie diziam que eu era super protetor demais, mas o que eu poderia fazer? Eu era pai, esse era o meu papel. Talvez fosse desnecessário ser tão obsessivo em relação a isso, mas era de minha natureza, era costume. 

— Angie! — Chamei-a, antes que ela saísse.

— Sim? 

— Você sabe o que está acontecendo com a Violetta?

— Não, ela não me contou nada... — Interrompi-a, impaciente.

— Bem, descubra para mim. 

— Germán, não sou mais sua empregada, muito menos sua espiã. Sou sua noiva. — Ela se aproximou de mim.

Por um momento, me perdi no azul de seus olhos. Ela carregava o oceano em sua íris. Era algo tão profundo, tão intenso... Mil sentimentos e emoções poderiam ser descobertos olhando no fundo daqueles olhos. 

Sacudi a cabeça, tentando me concentrar. Era algo bem difícil quando a minha amada estava por perto.

— Eu sei Angie... Mas estou preocupado com Violetta. Ela está muito distante de mim e não sei mais o que fazer.

— Essa situação vai se resolver, tenho certeza disso. Sou a tia dela, a conheço. Sei que isso logo vai passar.

— Bem, eu sou o pai dela, e não sei o que ela sente, o que se passa em sua cabeça...

— Se deixasse o ciúmes e a paranoia de lado, talvez pudesse entendê-la melhor. — Ela deu aquele sorriso que eu tanto amava.

— Isso é impossível. É costume. Mas vou tentar resolver isso ao máximo.

— Bem, a escolha é sua. — Ela me deu um beijo rápido. — Tenho que ir, preciso dar aula agora. 

Fiquei alguns minutos extasiado com o beijo, até que voltei à realidade. Havia uma pessoa que conhecia minha filha muito bem, e já que não tinha mais opções, recorreria a ela. 

Peguei meu celular e busquei em minha agenda telefônica um número que eu sempre tive, mas nunca tive motivos para ligar.

Chamou umas cinco vezes, e então enfim atendeu.

— León, está em casa? 

— Sim, mas estou indo para o estúdio. Aconteceu algo? 

— Preciso conversar com você, é sobre Violetta. Pode vir aqui, por favor?

— Se é importante, então estou indo. 

Desliguei o telefone e me sentei no sofá, impaciente. Se León não soubesse o que estava acontecendo, então eu estava perdido. 

Ele era o... Namorado. Ainda não me acostumara com essa situação, então relutava um pouco em pensar nessa palavra. 

Peguei alguns documentos, e comecei a folheá-los. Ajudava a passar o tempo. Logo, ouvi o som da companhia sendo tocada. Corri para abrir a porta.

— O que houve? — perguntou, parecendo confuso. Não era pra menos. O pai da namorada tinha ligado para ela, para falar justamente dela. Era um pouco suspeito até para mim. 

— Violetta tem estado um pouco estranha comigo... — Gesticulei para que ele entrasse, e ele o fez. — Já tem algum tempo, e eu estou ficando preocupado. Você sabe o motivo? — Se é que ele mesmo não era a causa disso tudo. 

— Ela reclamou algumas vezes comigo. Disse que você não apoiava o nosso namoro e que estava chateada com isso. Porém, além disso, não soube de mais nada. 

— É. Realmente não apoio o namoro de vocês dois. Minha filha é muito nova pra esse tipo de coisas e... — Eu já estava pronto para falar inúmeras coisas, mas ele me interrompeu.

— Sr. Germán, com todo o respeito: Sua filha não é mais uma criança há muito tempo. Tem que deixá-la fazer suas próprias escolhas.

— Não venha tentar me dar lição de moral, garoto. Se você não viesse de boa família e não fosse um bom rapaz, proibiria você de sequer ver minha filha. Mas você está fazendo bem para ela, ela está bem mais animada. — Tive que confessar.

— Tudo bem, desculpe. Agora, se me permite, tenho que ir para aula. — falou, encaminhando-se para a porta. 

Acenei com a cabeça e fui para meu escritório. Precisava ficar um pouco sozinho e pensar sobre tudo. Pensar sobre minha filha. Pensar sobre soluções.