POV's Violetta.

Estava ficando preocupada com León, ele deveria ter chegado há 20 minutos. A aula de canto com a Angie já havia começado, e nada de ele aparecer.

Sentei-me inquieta ao lado de Maxi, e o mesmo percebeu a minha aflição.

— O que houve? — perguntou. 

— Estou preocupada com o León, ele tá atrasado. 

— Violetta, você está ficando obsessiva. Calma, daqui a pouco ele chega.

É. Talvez eu estivesse ficando obsessiva e até um pouco paranoica. Mas eu não podia conter a minha preocupação. 

Antes que eu pudesse enlouquecer, a porta da sala abriu e León entrou.

— Está atrasado. — disse Angie, em um tom desaprovativo. 

— Desculpe. — falou, sentando-se ao meu lado.

— Por que demorou tanto?

— Se eu falar, você vai ficar com raiva.

— Agora eu quero saber! — alterei um pouco meu tom de voz, e todos olharam para mim. Dei um sorriso amarelo, e tentei falar com mais suavidade. — O que aconteceu?

— Seu pai me chamou. 

Realmente fiquei com raiva. Meu pai não tinha limites mesmo. O que ele teria falado? 

— O que ele queria com você? — perguntei, já bastante irritada.

— Viu, eu disse que ficaria com raiva. — Lancei um olhar determinado para ele, e ele tratou de continuar. — Ele queria falar sobre você. Disse que estava estranha e que talvez eu fosse o culpado disso. Parecia bastante preocupado com você.

— O que? — Minha voz aumentou um oitavo. — Ele pôs a culpa em você? Inacreditável. — Abaixei a cabeça, um tanto envergonhada pelo meu pai. — León, me desculpa por isso. Papai está louco.

— Está tudo bem, amor. — Ele me tranquilizou. — Eu falei para ele que você não era mais uma criança, e que já estava na hora de ele te dar um pouco mais de liberdade. Ele pareceu entender.

— Espero que sim. — Dei um meio sorriso. — Obrigada por me apoiar.

— Sempre irei te apoiar, afinal, sou seu namorado. — Meu coração palpitou quando ouvi aquilo. Nada me faria mais feliz naquele momento. Ele se inclinou na minha frente, e aproximei o meu rosto ainda mais do dele. Porém, alguém deu um pigarro.

Olhei em volta assustada, e todos nos observavam. Ri sem graça, e León me acompanhou. A partir daquele momento, passamos a prestar atenção, pois Angie nos explicava alguma coisa.

O dia foi bem tranquilo. Algo estava faltando, e era exatamente esse fator que trazia tranquilidade. Não consegui identificar de imediato o que era e nem me preocupei com isso. Afinal, se estava deixando tudo em paz, não importava.

Descobri mais tarde de que o motivo de tanta paz era a ausência de Ludmila. Quando a aula de Gregório começara, o mesmo perguntou por ela e ela não estava. Achei estranho Naty estar presente, e ela não estar. Porém, fiquei bem mais animada com isso. Sem Ludmila, sem complicações e sem confusões.

— Por que está tão feliz? — perguntou Cami, quando Gregório finalmente nos deu um descanso. 

— Eu... É... — Tentei arranjar uma desculpa. — Porque estou com o León, ele me faz feliz e...

— Qual é! Eu sei que não é por isso. — Ela me conhecia bem, tinha que admitir. Porém, León também fazia parte do motivo. Sempre fazia. 

— Ele também faz parte do motivo. Mas enfim, estou feliz porque a Ludmila não está. 

— Sabe que eu nem tinha reparado? É por isso que está tudo tão calmo. — comentou ela, ficando radiante de imediato.

— O dia fica mais bonito quando ela não está. — Ri e ela me acompanhou. — Mas por que será que ela não veio? Ela sempre comparece às aulas.

— Não sei e também não me importo. Estou feliz somente com a ausência dela.

Ri. Eu também estava me sentindo assim.

Às vezes me perguntava por que a Ludmila era tão ruim com todos. Quer dizer, sei que faz parte da personalidade dela, mas tinha que a ver um motivo. Não era possível que uma pessoa fosse tão irritante e maléfica assim.

Também não entendia o porquê de Naty seguir o caminho dela. Naty era bem legal, tinha a capacidade de ser uma pessoa boa e agradável. Porém, estava sempre seguindo Ludmila. Ludmila arquitetava as encrencas, e Naty as realizava. 

Apesar das nossas diferenças, eu queria a felicidade dela. Quem sabe, se ela pudesse desfrutar do prazer de estar bem, ela fosse uma pessoa melhor. Rolei os olhos ao pensar nisso. Era óbvio que isso nunca aconteceria.

— Vocês estão dispensados. Andem, saiam da minha frente. — gritou Gregório, entrando na sala novamente. 

Suspirei de alívio e fui trocar de roupa. Quando terminei, decidi ir atrás de León. Não precisei procurar muito, aliás, nem precisei procurar, pois o mesmo me esperava do lado de fora do vestiário. 

— Gregório estava a todo vapor hoje. — comentou, enquanto envolvia minha cintura.

— Ele sempre está assim. — Ri. — Mas tenho que admitir que hoje ele estava bem mais irritado. Entretanto, nem a má energia do Gregório vai me deixar pra baixo hoje.

— Fico feliz com isso. Mas por que tanta felicidade?

— Primeiro porque a Ludmila não veio hoje. E segundo porque tenho você, e nada pode me fazer mais feliz. — disse-lhe. 

— Também me sinto assim.

Pus minhas mãos em sua nuca, puxando-o para mais perto. Ele enlaçou as mãos ainda mais em minha cintura. Fechei os olhos, e logo senti seus lábios nos meus.

Estava desfrutando bastante do momento, porém, ouvi um alto pigarro. Abri os olhos, irritada por ter sido interrompida mais uma vez. Separamos os lábios, mas León não retirou as mãos da minha cintura.

Olhei para o lado e vi uma figura loira nos observando. Fechei a cara, estava bom demais pra ser verdade. Ela sorria ironicamente, parecia estar se divertindo com a situação. Lancei um olhar interrogativo para ela.

— Vilu! Desculpe interromper, mas tenho uma surpresa pra você. — disse.

— Surpresa? O que você está aprontando dessa vez, Ludmila? — perguntou León, igualmente irritado.

— Não quero nenhuma surpresa sua. — falei, fuzilando-a com os olhos. 

— Tarde demais! Por que você não vem aqui? — Ela falava com alguém. Não pude ver quem era, pois tinha um armário tampando a minha visão.

Arregalei os olhos quando finalmente o indivíduo entrou no meu campo de visão. León grunhiu ao ver quem era, e Ludmila ria, divertindo-se ainda mais. Eu estava em choque e incrédula.

— Tomás? O que faz aqui?