POV's Violetta.

Provavelmente Gregório ficaria extremamente irritado e nervoso comigo, mas não me importei. Aquele estúdio já estava um inferno apenas com Ludmila, imagine agora com a presença de Tomás.

Ele realmente mudara muito. Deixara de ser aquela pessoa meiga e compreensiva e tinha se tornado um chato que reluta em encarar a realidade. Troquei de roupa com uma rapidez que até me impressionou e fui para o Restó Band.

Sentei-me em uma mesa qualquer e fiquei folheando meu diário. Tive vontade de arrancar cada página que perdi escrevendo sobre Tomás.

— Você não devia estar na aula? — Luca perguntou-me de repente, me dando um enorme susto.

— Eu me irritei com uma pessoa e então achei melhor sair. — disse-lhe, me recompondo.

— Quer falar sobre isso?

— Não, obrigada.

— Vai pedir alguma coisa?

— Sim, um suco de laranja. — Ele anotou em um bloquinho e logo se afastou.

Procurei uma folha em branco do meu diário, precisava escrever, precisava desabafar.

"Não sei mais como aguentar essa situação. Tomás voltou e meu namoro está em risco. Ele se tornou uma pessoa completamente diferente do que era antes, e isso me deixa mal. Não que eu goste dele, longe disso. Pra falar a verdade, não sinto nada por ele além de amizade. Mas sei lá, as coisas mudaram tão rápido e de repente, que talvez eu ainda esteja em choque.

Nunca estive tão bem com León, e não quero que isso se estrague por conta de uma loira sádica e um tolo inconformado. Às vezes, tenho vontade de voltar no tempo e poder fazer tudo certo.

Se pudesse fazer isso, jamais me envolveria com Tomás e daria o valor que León merece. Quem sabe, hoje, estaríamos felizes — não que não estejamos agora — e livres de qualquer complicação ou ameaça.

Ah mamãe, como eu queria que estivesse comigo agora. O que eu faço para resolver isso? Como faço para evitar o plano de Ludmila? Não sei o que fazer, e estou completamente desesperada."

Fechei o diário e suspirei.

— Você está bem? — perguntou Maxi, sentando-se na cadeira ao meu lado.

— Sim. — disse-lhe com a voz entrecortada.

— Não sei por que ainda pergunto isso pra você, afinal, você nunca me dá a resposta verdadeira.

— Você não devia ter me deixado a sós com ele, Maxi.

— Eu sei disso, me desculpa. Mas vocês precisavam esclarecer as coisas.

— As coisas já estão bem claras para mim, para ele que não estão. — Suspirei.

— Exatamente por isso.

— É, mas ele não quer entender.

— Com o tempo ele vai entender, Vilu.

— Não é isso que me preocupa.

— Então o que? — Ele parecia confuso.

— Ludmila. Sei que ela está armando alguma, e temo por isso.

— Quando você saiu da sala, ela deu um sorriso sinistro. — Senti vontade de rir da cara de assustado que ele fez, mas o medo me atingiu em cheio, tirando qualquer vestígio de humor em mim.

Porém, depois dessa reação, algo se formava em minha mente.

— Maxi, tive uma ideia! — Segurei as suas mãos, completamente entusiasmada.

— Vilu, quando você faz essa cara, já sei que vem problema.

— Maxi, por favor! Você precisa me ajudar!

— Te ajudar? Com o que? — Ele parecia ainda mais assustado. Até parece que as minhas ideias eram tão ruins assim.

— A descobrir o que a Ludmila está tramando! — Era perfeito. Se eu ficasse rondando pelos corredores, sempre seguindo elas, certamente Ludmila suspeitaria. Mas Maxi era perfeito para isso, e com certeza ele teria sucesso em descobrir.

— Vilu, tenho a leve sensação de que isso não vai dar muito certo.

— Ah, não seja pessimista. Você consegue! — Ele já sacudia a cabeça, negando aos meus pedidos. — Por favor, Maxi! Por mim! — Tentei lançar-lhe meu olhar mais meigo e inspirador, sabia que funcionaria.

Ele hesitou alguns instantes, resmungou várias vezes, mas por fim acabou cedendo.

— Tá bom, tá bom. Vou tentar.

— Ah, obrigada! Obrigada! — dei-lhe dezenas de beijos no rosto dele, fazendo-o corar. Estava radiante. Se meu pequeno plano funcionasse, então eu evitaria uma grande tragédia.

— Bom, agora eu tenho que voltar para o estúdio. Você vem?

— Não, não. Vou ficar por aqui mesmo. — afirmei, ele apenas abanou a cabeça e foi embora.

Já estava com inúmeras esperanças. Torcia com todas as minhas forças para que tudo desse certo e Maxi conseguisse descobrir qualquer coisa que fosse, por menor que seja.

Luca trouxe o meu suco e fiquei bebericando sem muita vontade. Não tinha absolutamente nada para fazer. Poderia voltar para o estúdio, mas não estava com a mínima vontade ou coragem de fazer isso. Pensei na possibilidade de voltar para casa, mas me lembrei de que as coisas com meu pai não estavam muito legais.

Então resolvi ir para um lugar em que não ia há muito tempo e que me trazia uma certa angústia e nostalgia. Apesar de tudo isso, precisava frequentá-lo.

POV's Maxi.

Aquilo era uma completa insanidade. Violetta tinha que encarregar justo a mim daquela missão? Tudo bem que eu era o seu melhor amigo, e que Cami e Fran estavam completamente fora de cogitação para aquele plano — por serem totalmente indiscretas — mas mesmo assim era loucura.

Voltei para o estúdio um pouco nervoso. Eu era o rei do azar e provavelmente estragaria tudo, mas tinha que tentar de alguma forma. Logo localizei Ludmila e Tomás conversando perto dos armários.

Não havia nenhuma forma de me aproximar com sutileza, era impossível. Esgueirei-me para perto da porta e tentei escutar alguma coisa. Por sorte, as paredes eram finas, então pude escutar tudo claramente, mesmo que estivessem sussurrando.

— Tomás, você não pode ser tão inútil assim! — Ludmila o repreendia em seu tom mais irritante e autoritário.

— Ludmila, eu não vou fazer isso, não é certo. — Ele falava calmamente.

— Pensei que quisesse ficar com a Violetta.

— Eu quero, mas ela está com o León. Não vou interferir na felicidade dela. — É isso aí Tomás, pensei comigo mesmo.

— Ah, qual é! Não acredito que vai amarelar agora. — Ela parecia incrédula.

— Eu me sinto horrível por sequer ter pensando em me aliar a você. Foi um erro voltar para a Argentina. Me desculpa Ludmila, mas eu não vou te apoiar dessa vez.

Escutei passos vindo na minha direção, então tratei de disfarçar. Tomás passou rapidamente pela porta, e saiu do estúdio. Bom, Tomás não fazia mais parte do tal "plano" de Ludmila, então não era mais um problema.

— Tudo bem, não preciso do Tomás para me ajudar. Vou dar uma lição em Violetta que ela jamais esquecerá. — Pude ouvir Ludmila falando sozinha, mesmo que fosse apenas um murmúrio abafado.

Franzi o cenho diante daquela afirmação, e logo fiquei assustado. Temi por Violetta. É, se ela não precisava de Tomás em seu plano, então era algo realmente sério e ameaçador.

POV's Violetta.

Se meu pai soubesse o lugar em que eu me encontrava naquele exato momento, ficaria muito deprimido. Porém, ele não podia me impedir.

Olhei para baixo e observei o túmulo de minha mãe. Maria Saramego. Uma angústia me atingiu em cheio, fazendo lágrimas começarem a se formar em meus olhos.

Como eu queria que ela estivesse ao meu lado agora. Como queria receber os seus conselhos, como eu queria poder abraçá-la. Morreu tão jovem, tão precocemente.

Talvez, se ela ainda estivesse viva, tudo fosse diferente. Meu pai seria uma pessoa menos paranoica e obsessiva e a paz reinaria em nossa casa. Claro que as tensões haviam se amainado quando conhecemos a Angie, e mais ainda quando eles ficaram noivos, mas ainda assim, queria a presença de minha mãe ali.

— Não sabe como eu preciso de você aqui, mamãe. — Repeti as mesmas palavras que havia dito quando voltei para Buenos Aires com as lágrimas descendo pela minha face.

Senti algo se movimentar ali perto. Achei estranho, pois não tinha mais ninguém além de mim no cemitério. Senti alguma presença ali, e aquilo me assustou.

Olhei para todos os lados em desespero. Alguém me observava.