Fogo Contra Fogo escrita por Moon and Stars


Capítulo 24
Por conta própria


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu posto de vez em nunca... Pelo menos eu posto, certo? Aqui está o tão esperado (talvez nem tão esperado assim) POV da Lori. Para todos os que estavam se perguntando "O QUE HOUVE COM A LORI? ONDE ELA ESTÁ?" Segue abaixo a resposta. Divirtam-se, meus lindos. Falo com vocês lá em baixo.



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*Ponto de vista da Lori

Quando abri os olhos, estava tudo escuro. Passei a mão pelo cabelo e tentei clarear minha mente. Deduzi que o horário estivesse em algum ponto entre duas e três da madrugada. Deslizei meus dedos pela parte vazia do colchão, os lençóis ainda frios e feitos. Suspirei e encarei o teto por alguns instantes enquanto meus olhos se adaptavam à escuridão do quarto. Eu sabia que eu provavelmente não conseguiria voltar a dormir naquela noite. Não enquanto Adam não chegasse.

Levantei-me sem me importar em calçar minhas sandálias, mesmo que o chão estivesse gélido e me fizesse trincar os dentes e contrair os músculos. Fui até a cozinha minúscula, como tudo naquele vergonhoso quarto de hotel e aqueci o café na cafeteira. Ao voltar para o quarto, não tive vontade de me deitar sozinha, então fiquei parada à janela, bebericando meu café e contemplando a pequena cidade de Austin, em Nevada. Estes eram um daqueles momentos em que eu me dava conta do quanto eu estava longe de casa.

Perdida em meus pensamentos, não percebi sua presença, até sentir seus braços ao redor da minha cintura, puxando meu corpo para junto ao dele, seu nariz enterrado em meu pescoço, provocando-me arrepios enquanto seus lábios distribuíam beijos demorados na pele sensível da curvatura entre meu pescoço e meu ombro.

"Por que ainda está acordada?" ele perguntou com a voz grave, vinda do fundo de sua garganta. Soltei um gemido que mais pareceu um ronronado e o senti sorrir contra minha pele.

“Não gosto de dormir sozinha.” Respondi arrastadamente e joguei a cabeça para o lado para que ele continuasse a me beijar ali. “Eu fico preocupada.” Confessei.

Ele se enrijeceu de repente e então girou meu corpo para que eu ficasse de frente para ele. Segurou meu rosto com as duas mãos, fazendo-me olhar para ele.

"Eu já disse, Lori. Você não tem com o que se preocupar." Ele me assegurou, não pela primeira vez.

"Você sabe que isso não é verdade." Retruquei. Ele balançou a cabeça e enroscou seus dedos em meu cabelo.

“Não gosto que você perca seu sono por minha causa.” Disse ele, lançando-me um olhar complacente.

"Então acho que você devia considerar passar mais noites comigo." Rebati, arqueando uma sobrancelha sugestivamente.

Adam riu e ergueu meu queixo com o dedo indicador, aproximando o rosto do meu.

"Eu não te deixaria dormir do mesmo jeito." Ele disse, seu sorriso espelhando o meu. "Além disso," prosseguiu "ladrões também trabalham, certo?"

Não pude deixar de rir de seu comentário, mas logo fui silenciada por sua boca na minha. Entrelacei meus braços ao redor de sua cabeça, apoiando os cotovelos sobre seus ombros. Ele me ergueu, fazendo com que eu ficasse na sua altura, e me guiou sem pressa até a cama. Deitou-me no centro do colchão, sem interromper nosso beijo por um segundo sequer. Senti o peso de seu corpo sobre o meu, mas ainda assim parecíamos não estar perto o suficiente. Nossos lábios se afastaram quando ele arrancou a própria camisa num movimento rápido e aproveitei o momento para contemplar o homem diante de mim.

"O que foi?" ele perguntou sorrindo, provavelmente satisfeito com o próprio ego. Olhei no fundo de seus olhos e o sorriso dele deu lugar a uma expressão um pouco mais séria e curiosa. "Lori," ele tornou a perguntar "O que foi?"

Meus dedos traçaram o contorno de seu rosto, sentindo a textura de sua barba que já começara a crescer. Ele fechou os olhos sob meu toque, mas logo tornou a abri-los para me encarar.

"Senti sua falta." Eu disse com mais sinceridade do que eu esperava. Os cantos de seus lábios se curvaram preguiçosamente e ele roçou a ponta do nariz contra o meu antes de me encarar novamente.

"Eu não vou a lugar algum."

***

Minhas pálpebras pesavam e eu não tinha certeza se eu realmente e queria abrir os olhos. Mesmo de olhos fechados, minha cabeça girava e nada fazia sentido para mim, como se eu tivesse mergulhado em um sono profundo e não conseguisse acordar. Em circunstâncias normais, eu teria ficado apavorada, mas eu não conseguia sentir absolutamente nada. Eu não estava sequer confusa, tudo simplesmente estava em branco. Não sei por quanto tempo exatamente fiquei assim, mas sei que foi bastante tempo. Alguns pontos do meu corpo doíam de forma quase insuportável, mas no geral, meu corpo doía por inteiro. Arrependi-me imediatamente todas as vezes em que tentei me mexer. Meus lábios estavam secos, minha garganta arranhou quando gemi de dor e isso provocou uma crise de tosse que ao invés de me fazer gemer, me fez querer gritar, mas eu não tinha forças para isso. Respirei fundo algumas vezes, tentando ficar calma e me concentrar em alguma coisa. Eu tinha que pensar em algo, mas até isso se tornou tão difícil de repente.

Quando finalmente criei coragem para abrir os olhos, senti-me aliviada por não ter sentido tanta dor quanto eu esperava. Minha cabeça ainda dava voltas e demorou alguns segundos até que minha visão entrasse em foco. Fiquei surpresa quando encarei o céu noturno e cheio de nuvens escuras acima da minha cabeça. Só então, comecei a perceber outros detalhes. Meus dedos se mexeram e arranharam o chão de terra, gramíneos ressecados e cascalhos. O vento soprava forte ali e senti meus pelos se arrepiarem de um jeito até agradável. De pouco a pouco comecei a tentar mexer algumas partes do meu corpo. Meus ossos pareciam ser feitos de ferro e minhas articulações pareciam enferrujadas, mas com um pouco de esforço, fui progredindo. Depois de um bom tempo, consegui me sentar e então agora, um pouco mais lúcida, parei para analisar onde eu estava. Eu sabia onde eu estava o que eu já considerava um bom começo. O lado ruim era que aquele não era um bom lugar para se estar. Eu estava jogada em um terreno de construção e à minha esquerda estava a enorme Ponte do Brooklyn, gloriosa e distante, com seu tráfego intenso. Eu sabia que haviam me deixado ali para morrer. Talvez até tivessem pensado que eu já estava morta. Era bom que pensassem mesmo, pois pelo menos assim eu ainda tinha uma chance. Tentei me levantar, mas tombei sentindo-me tonta e enjoada. Esperei alguns minutos e tentei outra vez, com mais sucesso.

Experimentei dar alguns passos e logo continuei a me encorajar cada vez mais, mesmo tropeçando com frequência em meus próprios pés. O vento soprava forte e só então reparei que eu estava tremendo de frio. Meu sangue estava quente e isso só piorava as coisas. Minha respiração começou a falhar e eu vi que a situação não estava melhorando. Eu precisava de ajuda, não podia ficar ali e morrer de frio, sede, ferida e desamparada. Eu estava ciente de que estava sozinha, por minha própria conta, portanto eu teria que me virar. Forcei-me a caminhar, a seguir em frente, mesmo que isso significasse chegar ao meu limite. Depois de longos e sofridos minutos me arrastando, avistei a traseira de algumas construções baixas. Havia um motel barato, uma loja de souvenires e um bar-restaurante que parecia estar à beira da falência. A rua era estreita, escura e estava praticamente vazia. O movimento era tão escasso que chegava a parecer suspeito. Escondi-me entre um prédio e outro, espiando a rua sem saber se seria uma boa ideia dar as caras assim de repente. Era possível que alguém estivesse a minha espera e eu já estava rezando para estar errada.

Avistei duas meninas e um rapaz saindo do bar-restaurante. Eles riam e conversavam animadamente, como três amigos saindo de uma bebedeira. Pareciam inofensivos, o que para mim era mais do que perfeito. Atravessei a rua, cambaleando até eles, sem me dar o trabalho de tentar amenizar minha aparência, pois eu sabia que seria inútil. Assim que notaram minha presença, pararam para prestar atenção, provavelmente se perguntando quem eu era o que teria acontecido comigo. Os três cochicharam entre si e entreouvi um deles se referir a mim como uma "drogada" qualquer.

"Por favor..." Comecei a dizer com a voz embargada. Tropecei em minhas palavras e forcei o choro. "Eu... Eu fui assaltada." Solucei, chorosa. "Eles levaram tudo o que eu tinha e queriam me estuprar. Eu consegui fugir, mas estou com tanto medo."

Neste momento, deixei minhas pernas cederem, mas antes que meus joelhos tocassem o asfalto da calçada, um par de mãos me segurou. Senti o forte cheiro de uísque misturado com perfume masculino. Sem olhar para a pessoa que me segurava, agarrei-me a seu casaco e deixei minhas mãos trôpegas vagarem por seu corpo para buscar apoio enquanto ele me ajudava a ficar de pé. Continuei a soluçar, trêmula.

"Matt, vamos embora!" Uma das meninas interveio. "Você quer pagar uma de herói agora?"

"Cale a boca, Sara!" gritou ele em resposta. "O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta." Seu tom ríspido foi o suficiente para fazer a garota se calar. A atenção dele agora estava em mim. Quase senti pena de seus olhos preocupados. "Em que posso ajudar?" ele perguntou, cheio de mansidão.

"Qualquer coisa." Respondi, quase em súplica. "Por favor, eu só quero ir para casa."

As meninas continuaram a murmurar. Sara, que deduzi ser a namorada do rapaz, era a que mais protestava, mas Matt não deu a mínima atenção, preocupado apenas com meu bem estar. Ele vasculhou algo no bolso traseiro da própria calça e pescou uma velha carteira de couro marrom, de onde tirou três notas de vinte dólares e me ofereceu. Quando balancei a cabeça, negando todo aquele dinheiro, ele insistiu.

"É para você chamar um táxi." Disse ele enfaticamente enquanto fechava meus dedos com firmeza ao redor das notas. "Você precisa de ajuda."

Relutantemente, assenti e ele sorriu satisfeito. Certificou-se de que eu estava firme em meus pés e perguntou se eu conseguiria me virar bem sozinha. As meninas continuavam a reclamar e ele parecia estar com um pouco de pressa, então apenas confirmei e agradeci com toda a sinceridade que pude colocar em minha voz. Tornei a atravessar a rua, voltando para o beco entre os dois prédios. Observei os três amigos virarem a esquina e só então me senti segura para tirar o celular de dentro do cós da minha calça. Eu o peguei de dentro da jaqueta do rapaz enquanto fazia meu showzinho de menina-desamparada. Não era a primeira vez que eu fazia aquilo, obviamente. Adam havia me ensinado direitinho. Mas já que ele não estava ali, eu teria que dar meu jeito.

Encarei o aparelho em minha mão durante alguns segundos. Eu não sabia que número eu deveria discar. O primeiro nome que me veio à mente foi o da minha irmã, mas eu não queria envolve-la mais do que ela já estava envolvida. Eu queria vê-la de novo, é claro. Ainda mais imaginando o quanto ela devia estar preocupada. Mas eu não queria recorrer a ela ainda. Pelo menos não enquanto todo esse problema não estivesse resolvido. Então eu me lembrei de algo. Meus dedos foram até o bolso traseiro da minha calça e quando senti o papel em minha mão, foi uma mistura de alívio e receio. Disquei o número marcado no cartão com dedos trêmulos e hesitantes. Enquanto a chamada completava, encarei o nome impresso em letras envernizadas no pequeno retângulo de papel-cartão.

"Alô?" disse a voz grave, rouca e sonolenta do outro lado da linha.

Sentindo-me duplamente nervosa, suspirei.

"Agente Rodney Dawes." Saudei-o. "Aqui é Loreanne Garrow e eu preciso de sua ajuda."


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Notas finais do capítulo

Lori ardilosa, não? Mas as perguntas da vez são: "E O ADAM? O QUE SERÁ QUE VAI ROLAR COM ELE?" E agora que o Rod ta no meio disso tudo, as coisas vão ficar ainda mais divertidas. Aguardem, pois eu prometi um final pra fic e eu vou cumprir! É isso aí, galera. Próximo POV será do Rod, até lá. Beijos da Moni ;*