Fogo Contra Fogo escrita por Moon and Stars


Capítulo 2
Vamos para casa...


Notas iniciais do capítulo

Os capítulos daqui em diante serão maiores. O primeiro ficou pequeno, pois foi apenas uma prévia da história. Aqui está a continuação do que aconteceu no Quebra-Garrafa e a apresentação do TAL Adam.



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O meu assediador recolheu a mão e me encarou de uma forma diferente. Um pouco de decepção e depois raiva, talvez rancor, mas não sei dizer. Depois ele me encarou como se ele fosse um cão e eu um frango de padaria. Ele se levantou de repente deixando de lado sua cerveja. Achei que ele fosse se retirar, mas eu me enganei. Ele se aproximou ainda mais e quando eu olhei para cima, mirando seu rosto rígido, ele segurou meu pulso... Com força.

  Franzi o cenho e olhei para o meu pulso preso entre seus dedos grossos e puxei meu braço inutilmente.

  "O que pensa que está fazendo?" cuspi a pergunta com rispidez.

  "Mostrando pro Adam que ele não é o único que tem fama." respondeu ele transformando sua carranca em um olhar de sedução venenosa. Confesso que me arrepiei com aquele olhar, mas não estava exatamente com medo, eu sabia me virar sozinha. Só precisava de um momento oportuno para isso.

  "Então mostre." disse uma voz atrás do meu assediador. Não uma voz. A voz dele. Meu Adam.

  Senti o aperto em meu pulso se afrouxar por um momento e tentei retirar, mas não foi rápido o suficiente. Logo ele apertou meu pulso outra vez e me puxou para longe do banco em que eu estava sentada e começou a torcer meu braço. Senti a dor me envolvendo por dentro e acabei cedendo.

  “Ah! Então esse é o verdadeiro Adam!” disse o homem que me prendia no que eu julguei ser seu melhor tom de deboche. Não reparei qualquer alteração no rosto do Adam.

Sempre quis saber fazer aquela carranca.

  “É bem provável que sim.” Respondeu ele sem hesitação. “E se você tiver amor pela sua vida, você vai soltar o braço da minha garota.”

  Minha garota.

  “Não!” protestou o agressor, cantarolando a palavra. “Se você tiver amor pela vida dessa gracinha...” ele aproximou seu rosto do meu, roçando sua barba em minha pele. Tocou seus lábios no canto dos meus e ele segurou meu rosto com força quando tentei me desprender de seu toque bruto, então ele prosseguiu: “Você vai fazer o que eu quiser que você faça”.

  O Adam riu pela primeira vez desde que entrara no Quebra-Garrafa. Uma risada gutural e melódica.

  “Você não me conhece, não é?” perguntou o Adam em um tom humorado.

  “O que quer dizer?” indagou o cara, arriscando uma postura autoritária de repente.

  “Você não tem escolha, amigo.” Disse o Adam com tranquilidade na voz. “Solte a garota, está desperdiçando meu tempo.”

  “E por que você acha que eu vou...”

  “Eu não estou pedindo.” Adam o interrompeu bruscamente.

  Todo o lugar ficou em silêncio de repente enquanto os dois homens se encaravam. A tensão aumentou e eu pude senti-la. O silêncio começou a ficar incômodo e eu me remexi no lugar. Parte de mim esperava sentir o forte aperto no pulso novamente por causa do meu movimento não intencional, mas não. Olhei para meu assediador e o vi engolir em seco. E assim como seus olhos escuros, sua mão relaxou aos poucos em meu braço, lentamente, até me soltar.

  Libertei-me rapidamente e apressei-me ao ir até o Adam, parando ao seu lado. Ele envolveu minha cintura com seu braço e eu senti meu corpo finalmente relaxar com a familiaridade do seu toque. Os dois homens continuaram se encarando e notei agora certo temor no rosto do meu assediador. No fundo ele sabia que estava brincando com fogo. Foi o Adam que quebrou o silêncio:

  “Você é um cara esperto.” Disse ele com a mesma tranquilidade anterior. “Continue assim e ficaremos longe de problemas.”

  O outro homem não respondeu, mas também não curvou sua cabeça. Ele ainda tinha seu orgulho.

  Senti o Adam pressionar um pouco os dedos na minha cintura e percebi que ele estava se virando para ir embora, dando as costas para o bar. Sem olhar para trás, ele ergueu uma das mãos num vago aceno e disse em aberto:

  “Obrigado por cuidar dela, Chefe!”

  Curiosa, olhei para trás, por cima do ombro a tempo de ver o velho garçom corresponder o aceno mesmo que o Adam não estivesse olhando. De qualquer forma, eu olhei e pareceu perceber isso, pois se despediu de mim com um caloroso sorriso e retirou um chapéu imaginário para mim. Não me preocupei em esconder um sorriso e em seguida, saí de lá na companhia do meu homem.

  Assim que atravessamos a porta, avistei minha motocicleta estacionada perto de alguns arbustos, a poucos metros da estrada.

  "Agora entendi porque você demorou tanto!" disse eu sorrindo genuinamente para minha moto, admirando a nova pintura vermelha da minha Harley Sportster.

  O Adam havia saído pela manhã há uns três dias atrás dizendo que precisava resolver uns assuntos, mas desde aquele dia, eu não o via e também  não via minha moto. Isso até ele deixar um recado no meu celular pendindo-me para encontrá-lo no Quebra-Garrafa.

  Corri em direção à minha moto, animada e ele me seguiu, mas sem tanto entusiasmo. Alisei a superfície da moto, satisfeita com o trabalho bem feito.

  "Valeu a pena a demora?" perguntou ele.

  "Em termos, sim." respondi com um displiscente dar de ombros.

  "Em termos?" indagou ele fazendo uma careta confusa. Eu adorava quando ele fazia aquelas caras. "O que quer dizer?"

  "Quero dizer que o resultado foi bom, mas senti saudades." disse eu sorrindo para ele. Encostei-me de costas na motocicleta e o vi avançar em minha direção. Ele parou de frente para mim, mantendo-nos separados um do outro por míseros centímetros.

  "Então você sentiu minha falta?" perguntou ele, inclinando a cabeça levemente para o lado, sem tirar os olhos de mim.

  "Da moto." eu disse com um olhar brincalhão. Ele riu.

  Ficamos nos entreolhando durante alguns segundos. eu sou alta, estava usando saltos, mas ainda assim precisava erguer um pouco a cabeça para olhar para ele diretamente nos olhos.

  A luz levemente avermelhada do fim da tarde formava o desenho dourado perfeito da silhueta do Adam destacando cuidadosamente os contornos dos músculos que se acenturavam em seu corpo esguio, sob a pele ligeiramente bronzeada. ele me encarava com seus olhos castanhos esverdeados da mesma maneira que eu o encarava. Imaginei o que se passava pela mente dele naquele momento, mas não me atrevi a perguntar.

  Senti uma de suas mãos pousar sobre minha cintura enquanto a outra acariciava meu rosto, delineando as curvas da minha bochecha, meu queixo, pescoço... Fechei os olhos concentrando-me apenas na leveza de seus toques. Senti então sua respiração sobre minha boca entreaberta antes que ele tocasse os seus lábios desiguais e angulosos sobre os meus lábios fartos. Meu corpo inteiro se eriçou devido à raridade desse tipo de clima entre a gente. Havia muito tempo que não ficávamos assim um com o outro e eu queria aproveitar isso.

  Por fim, ele levou sua mão até minha nuca, enroscando meu cabelo entre seus dedos, puxando-me para um beijo carinhoso e lento. Lembro-me da última vez que ele me beijara daquela maneira: quando deixamos Nova York, quando eu havia decidido abandonar tudo o que tinha para ter uma vida com ele, por mais perigosa que fosse.

  Ele deslizou seus lábios pela minha bochecha até alcançar minha orelha esquerda. Mordicou minha orelha provocando arrepios em mim e sussurrou:

  "Vamos para casa?"

  A pergunta me pegou de surpresa. Nós éramos nômades. Nunca ficávamos em uma cidade por muito mais que dusa semanas e eu nunca o ouvi fazer referência a qualquer lugar como casa. Eu gostava de como aquilo soava em meus ouvidos. De vez enquanto, aquilo me trazia algumas emoções fortes do passado, mas ouví-lo dizer a palavra, me fez experimentar uma sensação na qual eu infelizmente não sei explicar.


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Notas finais do capítulo

Peço perdão por alguns erros ortográficos. Não tenho tido tempo para as postagens, mas quando posto, costuma ser bem rápido, então acabo não revisando muito. Bom, fiz o possível. Espero que gostem e se quiserem anunciar algum erro que esteja incomodando muito, pode deixar nos reviews (:



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