Fuga escrita por Natã Cruz


Capítulo 7
Capítulo 6 - As paixões de Mattew




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Dorethe e Lorel haviam chegado ao restaurante e acabaram deparando com todas as mesas ocupadas.


– Ei, ei! – disse uma voz simpática.

As duas captaram e viram um homem elegante, de terno e já comendo.

– Se quiserem, não importo em dividir a mesa com vocês.

Era John.

Lorel olhou para Dorethe.

– Tudo bem. – sussurrou Dore.

Lorel olhou para John e sorriu sem graça já arrastando uma cadeira.

– Com licença. – disse.

Dorethe não disse nada.


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Mattew e Becca já estavam tontos com o vinho que já tomavam desde uma hora atrás de conversa. Riam alto e contavam algum tipo de piada infame.
Becca estava maldosa, estava diferente e sorridente, ria por qualquer motivo, mesmo que a piada não fizesse nenhum sentido. Ela não parecia aquela ex-mulher de John no hospital que o fez pirar e quase cometer homicídio.

– Me conte... Me conte... Uma tristeza. – disse Becca. Ela e Mattew estavam bem íntimos.

Mattew deu o seu sorriso no canto da boca e aceitou o desafio. Não gostava de falar dele mesmo, era fechado.

– Meu hamster da quarta-série foi atropelado na minha frente. – mentiu. Becca riu.

– Qual é, cara... – ela dizia rindo.

– É, verdade. – dizia Mattew se aproximando dela no sofá. – O nome dele era Lukey, eu o amava mais do que tudo. Até dormia com ele. Enfim, não quero falar mais sobre isso que me custou um trauma pra vida toda. – disse ele sorrindo.

Becca riu e soluçou ao mesmo tempo. Ela o olhou com olhos maliciosos.

– Então, quer me dizer, que, você... Mattew... O durão do ano, um cara charmoso e cheio de mistérios e amnésia, tem trauma de um ratinho atropelado? – ela começou a rir e a soluçar também.

– Pois, é, é o que parece. – disse Mattew rindo junto.

Logo, ele estava tão perto que pode alcançar a nuca dela e acariciar.

– Então, me diga você, uma tristeza sua. – disse Mattew sério e com os olhos mirando nos dela, quase de bem perto.

Ela nunca havia sentido isso, algo na sua barriga tremeu, ela sentiu desejo e vontade enorme de deitar sobre o corpo rígido e cheio de cicatrizes dele e contar tudo o que tinha te deixado triste. Estava à vontade. Becca era mulher, havia anos que estava assim, com a auto estima baixa, o único assunto que ela construía numa conversa era o quanto John foi injusto com ela e seu filho, o quanto John não foi presente, o quanto Bob, seu filho, foi afetado na separação e por fim o acidente. Estava magoada e sem esperanças pra viver. Estava amarga e se sentia livre e extremamente ela naquela noite e naquela sala com cheiro forte de cigarros e bebidas.

Becca arrotou quebrando o clima e eles começam a rir.

Ela por fim ajeita o cabelo pra trás e fica séria como uma prostituta. Era como uma piadinha interna de John e Becca.

Eles começam a rir e ela soluçava sem parar.

– Tudo bem, sério agora, tudo bem... Uma tristeza...

Becca pensou bem antes de começar a falar da sua tristeza maior, que era ver Bob no hospital sendo rodeado por aparelhos respiratórios. Mas não. Becca não queria assusta-lo e mostrar ser uma mulher deprimida, fraca e sozinha, ela queria mostrar o ser dela sem toda essa tristeza e opressão. Becca não queria perder aquela companhia.

– Minha tristeza foi ter que sair da casa dos meus pais.

Mattew já estava pronto pra rir, mas Becca coloca o dedo em seus lábios e faz sinal de silêncio.

– Apenas me beije. – disse toda confiante. Parecia que estava com o espírito da juventude no corpo.

Becca pegou Mattew pela cabeça e o levou até seus lábios, o dando um beijo ardente e rápido. Era possível ouvir a respiração dos dois quando suas bocas se colidiram. Foi então que Becca pulou no colo de Mattew e os dois caíram no chão. Rindo e Becca soluçando.

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John e Dorethe conversavam sobre finanças e a capital. Lorel apenas comia seu prato de salada em silêncio.

– Então, a senhorita é bem calada. – disse John se referindo a Lorel.

Ela sorriu enquanto mexia no seu bife.

– Então, vocês duas são formadas em psicologia, não é? – dizia ele.

– Sim, formadíssimas. – disse Dorethe. Talvez estava achando que aquele coroa alí poderia ser seu futuro chefe.

– Já estão contratadas?

– Não. – disse Dorethe. – Pelo menos eu. Lorel arranjou um emprego no exterior e esta se qualificando até chegar a hora de ir.

– Interessante. – disse John. – Não posso garantir nada, Dorethe, mas, como eu trabalho na área financeira, posso levar um currículo seu pra lá.

Dorethe se segurou para não começar a pular ali mesmo. Sorriu alegre.

– C-claro! Por que não...

John se ajeitou e tirou um cartão do bolso e quando iria dar para Dorethe, parou.

– Pensando melhor, o que você acha de ir lá comigo? Na empresa.

Lorel parou de mastigar e olhou séria para Dorethe.

– Claro! Vamos!

– Eu poderia já apresentar você para meus chefes e ver o que eles arrumam pra você.

– Acho que não é uma boa ideia. – disse Lorel.

– O que? – disse Dore.

– Um segundo. – avisou Lorel.

John concordou com a cabeça e as duas foram até o banheiro.

– O que deu em você? – dizia Lorel.

– O que deu é em você! – exclamou a outra.

– Não conhecemos esse cara!

– O conhecemos sim, e sei quando o cara é encrenca, e ele não é.

– Dore...

– Não precisa vim, ta legal? Pode ficar, eu vou ficar bem. Eu me viro. Preciso desse emprego, vimos os documentos que ele tinha na maleta, ele mostrou, sabemos que ele é um cara sério.

Lorel respirou alto.

– OK, eu vou com você. Só digo uma coisa, qualquer coisa suspeita, eu ligo para a polícia! – avisou.

As duas encontraram John na saída do restaurante e entraram no carro dele.

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Mattew e Becca dormiam juntos no chão semi-nus. Já haviam se passado algumas horas depois de toda aquela diversão. O que os desperta foi o barulho do carro de John na porta de casa.

– Becca! Becca! – sussurra alto. – John chegou.

Ela acorda tonta sorridente.

Pega suas roupas e começa a vestir totalmente errada. Mattew a ajuda e senta na cadeira de rodas. Os dois se despedem correndo aos pulos e ela vai em direção da janela.

Ela volta.

– Mattew! – grita John na porta para ser atendido.

– Obrigado por tudo, foi um prazer conhece-lo. – disse ela sussurrando e o dando um beijo. – esse será nosso segredinho.

E foi até a janela aos soluços e mesmo tonta. E ela se foi.

Mattew destrancou a porta e quando a abriu teve uma supressa enorme.

– MATTEW?????????????????? – disse Dorethe desesperada.

Simplesmente aquele era o amor da vida de Dorethe, aquele que ela conhecia desde jovem, o seu vizinho e companheiro, seu melhor amigo, seu irmão. O único que ela se apaixonou. O único. Estavam sem contato, não havia isso mais entre eles. Contato. Mas ali estava ele, e pior, numa cadeira de rodas.

O coração de Dorethe bateu a mil, subiu uma adrenalina no seu corpo. Adrenalina. Sentiu tonteira e um choque muito grande.

– Por que...? – sussurrava enquanto reparava a cadeira de rodas. Então tudo rodou e Dore caiu desmaiada.

Lorel se assustou junto com os outros e a carregaram até o sofá. Mattew não estava mais ali.

Ele estava na cozinha, ofegava muito. Sua respiração estava tão rápida e forte que quando expirava, sua barriga puxava muito pra dentro que chegava a doer. Por que estava assim? Por que? Quando viu Dorethe achou uma supressa muito boa, se sentiu bem. Mas quando olhou para a outra garota... Sentiu calafrios e sua garganta apertar. Tinha algo nela muito importante pra ser solucionado. Algo que ele não lembrava. Algo que o fez reagir muito mal e com muito desejo. Mattew levantou da cadeira e correu para o banheiro. Estava pálido. Passou água no rosto e o limpou. Mattew pegou sua cadeira de rodas e colocou no seu quarto. Pegou uma peruca loira que havia debaixo de sua gaveta e óculos escuros. Vestiu roupas pretas e pesadas e jaqueta de couro. Não estava entendendo muito bem o motivo e o porque havia comprado aquilo. Mas Mattew sabia o que tinha que fazer. E ele iria continuar até descobrir o por que de tudo, até ter suas memórias de volta.

– Água com açúcar seria bom, ela vai acordar a qualquer momento. – sugeriu Lorel.

– Fique a vontade, pode ir até a cozinha. – disse John.

Lorel foi até o cômodo e quando foi em destino do copo, algo entrou pela porta dos fundos e ela sentiu calafrios.

Era Mattew.

Ele foi em direção a ela e cobriu seus lábios com um lenço, arrastando Lorel até os fundos enquanto ela agonizava contra.

Mattew sentia aqueles braços macios e delicados o socarem muito bonitos. Sentia aqueles lábios prensados uma perdição. Ele sorria como um psicopata. Não sabia o que iria fazer com ela, mas confiava em si mesmo, algo iria levar ele a lembrar. Simples assim.

Mattew a colocou em um conversível preto que havia pegado emprestado de John. Aquele não era um conversível comum. Mas O conversível! Era o carro da juventude de John, brilhando, em perfeito estado!

Mattew sentiu os movimentos de Lorel ficarem calmos e até não se moverem mais. Estava desmaiada. Ele a colocou no banco carona e entrou.

Mattew virou a chave e ligou o rádio. Estava feliz. Não sabia o porque, mas aquela bela mulher iria levar ele até suas memórias. Era quase uma necessidade fazer aquilo, era como desejo, era como prazer. Mattew sentia desejo por ela, sentia realização em vê-la naquele conversível desmaiada.

Por que? Pra que?

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