Imprinting escrita por Ana Flávia Mello


Capítulo 1
Capítulo 1 - Renesmee


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :) É a minha primeira fanfic!



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– Tia Alice, não precisa arrumar minhas roupas, você sabe.

Alice fingiu que não me escutou e continuou bailando pelo meu closet, pegando peças aqui e ali.

– Se continuar, vou chamar a mamãe.

– Bella vai entender o que estou tentando fazer, Nessie. Porque não deixa que eu te ajude? Você puxou a teimosia de sua mãe, sabe.

– Tia, só acho que estou grande o suficiente para escolher minhas próprias roupas! – choraminguei.

Tia Alice apertou minha bochecha.

– Só vai fazer 16 anos daqui a duas semanas, garotinha.

–15 é pouco? – indaguei.

– Não, mas eu gosto de arrumar suas coisas.

Bufei. Tia Alice era incorrigível. Só tinha uma pessoa que conseguia tirá-la do meu pé quando eu precisava, e eu tinha que achá-la o mais rápido possível.

– Onde está papai? – perguntei.

– Ele deve estar no jardim… – Tia Alice disse distraída.

Desci as escadas correndo e sai pelas portas dos fundos, que davam de cara para o jardim dos fundos. Não sei exatamente porque meu pai gostava de ficar ali.

– Pai? – chamei.

– Nessie! – ele me deu um beijo na testa. – O que foi?

– Tia Alice…

– Já sei. Estou subindo. Sua mãe queria te ver, ela está no escritório.

– Tudo bem.

O escritório ficava depois do primeiro lance de escada, que antes era do meu avô Carlisle, mas ele acabou cedendo para minha mãe, que quase não saía de lá por causa da quantidade de livros que ele possuía. Quase todo dia ela passava a tarde terminando um novo romance.

– Mãe? – bati na porta.

– Entre querida.

Minha mãe não aparentava ter a idade que possuía. Sua pele era clara e escondia quase todos os sinais do tempo. Seus grandes olhos castanhos cor de chocolate eram constantemente gentis e seus cabelos castanhos grandes geralmente ficavam soltos, envoltos em seu rosto. Sentei-me em frente a ela. Observei enquanto ela deixava Romeu e Julieta de lado e sorria para mim.

– Primeiro dia de aula amanhã, hein.

– Mãe… Pensei que já tinha se acostumado há mais de 13 anos atrás. – brinquei.

– Ninguém se acostuma com sua bebezinha crescendo. – ela sorriu.

– Mãe…

– Estou brincando. Só quero saber se está tudo pronto. Sua entrada no ensino médio tem de ser impecável.

– Acho que tia Alice já está fazendo isso por mim.

– Ah, Alice. – minha mãe suspirou. – Não podemos fazer muita coisa sobre isso. Espero que já saiba que ela está preparando uma festinha surpresa para você.

– Festinha? Que tamanho de festinha?

– Levando em consideração que é Alice… uma grande festinha.

– Ah, não.

– Relaxe, vou tentar contê-la. Vai querer o que de presente de aniversário?

– Nada.

– Filha, porque recusa tanto seus presentes?

– Por nada. Só não quero. – dei de ombros.

– Não sei da onde puxou essa teimosia.

Sorri para ela.

– Acho que de você. Papai dizia que quando começaram a namorar você era igualzinha a mim.

– Um pouco, na verdade. – ela beijou o alto da minha cabeça. – Não acha que já está tarde? Amanha você tem aula tão cedo… E a escola fica um pouco longe.

– A senhora que quis me colocar na escola da reserva, mãe.

– Não me arrependo de nada. Será que sua tia já saiu de seu quarto?

Alice ainda estava lá, sendo quase arrastada pelo meu pai. Em cima da minha cama estavam mais de sete pares de roupas diferentes montados.

– Edward, só tenho mais algumas coisas…

– Alice, para fora.

– Nessie, isso é tudo culpa sua! Quem mandou ir chamar seu pai?

– Você não queria sair! Vamos tia. Boa noite. – Dei um beijo em meu pai e outro em Alice, despachando-os do quarto.

Alice até que tinha me ajudado um pouco com as roupas, mas eu não via o motivo de usar saltos altos ou botas de cano alto para ir a escola. Uma blusa, tênis e calças jeans estavam ótimos. Joguei tudo dentro do armário de me arrumei para dormir.

Lembro-me de desejar que amanhã fosse um dia bom antes de cair no sono.

                           ***

Eu não estava entendendo nada do que dizia aquele papel. Onde ficava a secretária? Precisava pegar meus horários, mas a droga daquela folha não dizia nada! Olhei desesperada para os lados, procurando alguém pra pedir informação. Olhei para e frente e vi um garoto me olhando, na verdade, me encarando. Abaixei o rosto novamente, com vergonha. Porque ele me encarava?

Olhei rapidamente de novo. Ele era alto, com uma pele cor castanha avermelhada, seus olhos eram de um castanho tão escuro que pareciam pretos e seus cabelos lisos escuros estavam um pouco grandes demais. De longe se via que ele era alto, muito alto, mesmo assim era corpulento e largo. Quando percebeu que eu olhava, desviou os olhos para o lado.

Bem, era a ele que eu iria pedir informação.

– Oi… – me aproximei. Todos ao redor do menino me encaravam, mas eu tinha ido até ali pedir a informação a ele. - Desculpe, estou um pouco… perdida – essa era uma ótima palavra. – Onde fica a secretaria?

O menino me encarou mais um pouco antes de responder.

– Naquela direção – ele apontou.

– Ah, muito obrigada. – sorri, confiante. – Seu nome é?

O menino me encarou por um longo tempo. Eu estava começando a ficar sem graça.

– O quê? – disse finalmente.

Eu tive vontade de rir, mas me controlei.

– Seu nome.

– Ah, sim, Jacob. Jake – ele estendeu a mão.

– O meu é Renesmee – apertei seus dedos e senti uma estranha corrente elétrica passando. Percebi que sua testa enrugou quando contei meu nome, isso já era até uma reação normal para mim. – Nessie.

Ele meio que sorriu, eu acho.

– Até mais Jacob.

– Até mais Nessie.

Achar a secretária foi fácil, apesar de Jacob não ter dito exatamente onde ela ficava. A senhora me entregou os horários e me disse as salas certas para onde ir. Fui observando as pessoas daquela escola, mas todas pareciam ter algum tipo de parentesco. Devia ser porque metade das pessoas vinha das reservas indígenas. Nenhuma delas chamou minha atenção como Jacob tinha feito, e decide por unanimidade, que eu queria que ele fosse meu primeiro amigo naquela escola nova.

Minha primeira aula era a de espanhol, então me dirigi a sala designada. A professora era uma senhora baixinha e um pouco acima do peso. Seu rosto era grave e pelo seu sotaque, estava na cara que era uma latina original. Ela se apresentou aos alunos como Sra. Sanchez.

– Senhor Black, não queremos atrasos no primeiro dia de aula, queremos?

Eu virei o rosto junto com o resto da turma para a porta. Não podia ser (coincidência?), Jacob estava parado em frente a porta da sala.

– Desculpe, Sra. Sanchez. – ele abaixou a cabeça.

– Sente-se ao lado da Srta. Cullen. – a professora apontou.

Senti o rosto de todo mundo da sala de virar para mim. O que tinha o meu sobrenome? Depois de um tempo, as pessoas voltaram a suas posições naturais e Jacob se sentou ao meu lado.

Olhei tímida para ele. Na verdade, Jacob era tão grande que eu me sentia uma criancinha perto dele. Ele não tinha menos de 1,80m e era mais largo nos ombros do que eu pensava. Apesar disso, o rosto bonito e o sorriso branco e caloroso sob os lábios avermelhados davam a impressão de um menino travesso e amoroso.

– Oi de novo – sorri.

Não sei bem dizer, mas parecia que Jacob estava vermelho.

– Oi, Nessie, não é?

Ele já poderia ter esquecido meu nome assim? Não gostei.

– É. Jacob, não é? – resolvi devolver. Seu rosto enrugou.

– Isso mesmo. Mas se quiser pode me chamar de Jake.

– Tudo bem. – sorri.

Senti que estava ficando quente demais ali. Ou talvez fosse eu. Ou Jacob. Ele se projetava para o meu lado, apoiado num braço em cima da mesa. Não estava realmente prestando atenção na aula, mas não sei se estava quase se encostando a mim de propósito. Era provável que não. Estava tão distraído que se eu caísse da cadeira ele provavelmente nem notaria. Algo nessa observação me deixou encabulada e balancei ligeiramente a cabeça para clarear.

Quando eu vi que não ia aguentar mais o calor, peguei uma caneta e com um rápido movimento, prendi num coque no alto de minha cabeça. Bem melhor, agora um vento gelado passava pela minha nuca e resfriava a pele.

– Seu cabelo é bonito – comentou Jacob.

Virei meu rosto para ele, totalmente vermelha.

– Obrigada…

Jacob sorriu mas se recompôs rápido, girando o corpo para a frente. Ele não parecia nenhum pouco com calor. Talvez fosse eu. Não estava acostumada com o sol – mesmo que fraco – de Forks, e realmente preferia os dias mais frios.

Troquei poucas palavras com Jacob durante o resto da aula, em parte por tentar realmente prestar a atenção no que a professora dizia e em parte por que ali não tinhamos liberdade de nada. Talvez pudéssemos almoçar juntos hoje. Ou não. Não senti muita amizade vinda daquele grupo de amigos dele, apenas de um menino forte que estava sentado ao lado de Jacob. Talvez fosse difícil fazer amigos ali. Ou talvez não e eu provavelmente estivesse fazendo confusão por nada, como sempre.

– Sabe onde é sua próxima aula? – perguntou-me Jacob quando sinal do primeiro tempo bateu.

– Na verdade, não. – eu sorri.

Ele pegou meu papel com os horários e estudou por um tempo.

– A sala da minha próxima aula fica no caminho dessa. Quer que eu lhe mostre onde é? – ele sorriu abertamente.

Senti meus pensamentos se esvaindo enquanto encarava aquele lindo sorriso. Algo me trouxe de volta a realidade: o som dos outros alunos entrando na sala.

– Seria ótimo. – concordei. Acrescentei mentalmente que não olhasse diretamente para o rosto dele. Minha mãe dizia que tinha dificuldade para ajeitar os pensamentos quando meu pai sorria para ela. Acho que tinha herdado isso dela.

Jacob conversou comigo durante o curto trajeto até a sala de aula. Ele gesticulava com as mãos e dava sorrisos tão fáceis que por um momento achei que estava sendo antipática. Quando perguntei isso a ele, Jacob apenas sorriu e disse que estava tudo bem.

– Você é bem legal, sabe? Para uma novata.

Não sei se isso foi algum tipo de insulto. Ele também era novato. Afinal, ele também vinha do ensino fundamental. Mas ele já conhecia todo mundo ali.

– Você é legal também. – parei em frente a porta. – Obrigado, Jacob.

– Porque não me chama de Jake?

Olhei para dentro da sala.

– Não sei. – dei um meio sorriso. – Até mais, Jacob.

– Até mais, Renesmee.

Conheci algumas pessoas durante as aulas que antecediam o almoço. Todas me pareciam bem legais, para eu não parava de pensar em que sala Jacob estaria.

Isso era um pensamento irracional. Só porque ele era um menino legal não me dava o direito de querer que ele passasse todo o horário escolar ao meu lado. Isso era ridículo.

Para minha surpresa, Jacob perguntou se eu não queria me juntar a sua mesa durante o almoço. Eu aceitei. Mas me sentia desconfortável em meio aquelas pessoas. De previsto, o garoto que mais foi gentil em relação a todas as outras pessoas foi Quil. O menino musculoso que estava sentado ao lado de Jacob. Ele era divertido e tinha um sorriso tão fácil quanto o de Jacob, de cara eu gostei daquele menino. Uma única menina sentava à nossa mesa, e seu nome era Kim. Por ser muito tímida, não tirei muitas observações dela. Quando o almoço acabou me senti chateada. Mas por sorte, os horários que restavam depois do almoço passaram voando e quando dei por mim, já era hora de ir para casa.

– Então, acho que por hoje é só, Nessie. – disse Jacob. Ele me encontrara em frente ao colégio.

– É. Está quente hoje, não é? – perguntei e tive vontade de morder minha língua.

– Um pouco… Mas quem não gosta de um pouco de calor, não é?

Minha vontade era de responder “eu” mas desisti.

– Meu pai chegou… – apontei para o Volvo prata estacionado a dez metros de distância.

– Tudo bem. Tchau, Nessie.

– Tchau, Jacob.

Fui caminhando para o carro e antes de entrar eu dei uma rápida olhada para trás. Jacob continuava lá, parado, acenando com a mão e sorrindo.

Percebi então, que esse seria um ótimo ano.


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