Arquivos Perdidos - O Inicio Do Caos escrita por Silvano Kyomaro Junior


Capítulo 10
Capítulo 10 - Não sou Assassino


Notas iniciais do capítulo

depois de um tempão sem postar. aqui tá esse Cap muito loko que fiz, boa leitura.



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Não demora muito e eu já estou dormindo. E como sempre tenho mais um desses sonhos esquisitos. Lembro-me que tenho esses sonhos desde pequeno, quando era um bebê. Alguns são só sobre velhos conversando, em outros eu converso com outra pessoa. Um dia cheguei a encontrar a mesma pessoa que vi e conversei nos meus sonhos, ele tentou me parar na rua e me contar, mas eu não dei muita atenção. Eu sei que quando eu converso com alguém em um sonho ela também está conversando comigo. É estranho explicar, mas de alguma maneira converso com alguém durante os sonhos.

Hoje estou tendo um desses sonhos. Está escuro, vejo uma pessoa no fundo, ela está deitada em uma cama e a casa é bem pobre e suja.

Aproximo-me com cautela sem fazer nenhum som. Mas mesmo assim ele acorda. Ele olha em volta, parece que está tão surpreso quanto eu com o cenário. Ele passa os olhos por mim e parece que não me vê. Chego mais perto, ele se vira e olha para onde estou. Parece que ele está sentindo minha presença.

Estou bem perto dele. Ele tem cabelos longos e escuros que chegam até sua cintura. Sua pele é um pouco mais clara que a minha, está descalço e com uma calça bem velha. Ele se vira novamente e fica de costas para mim. Coloco a mão em seu ombro e sinto um forte empurrão.

Foi ele que me empurrou e acerto minhas costas contra a parede. Tento me levantar, mas já é tarde demais. Seus braços estão em volta do meu pescoço e começo a ficar sem ar. Tento me livrar usando meu legado, mas nada acontece. Quando estou quase desmaiando, eu acordo todo suado.

– O que foi? – parece que acordei Ticia também.

– Nada, só um sonho ruim. – digo me levantando do sofá e me sento na cadeira de frente para os monitores da floresta, para ver algum tipo de movimento. Já está de manha e o único movimento que as câmeras registram é das árvores balançando no vento. Olho para eles, Ticia ainda está no sofá e Pittacus em sua forma de ave está dormindo em um canto. – não temos muito tempo. Vamos levar Pittacus para fora e colocar nosso plano em ação.

– Está bem.

– Vou te dizer o que tem que fazer. – eu não posso aparecer em publico, então tenho que confiar todas as minhas chances nela. – primeiro você tem que ir lá em casa, e falar com Pittacus, apaguei um pouco da memória dele então ele vai achar que está umas semanas no passado. Seu trabalho é assegurar que ele não vai desconfiar disso. Ele vai tentar recriar todo seu percurso dos últimos dias, você tem que ficar perto dele e me passar todas as informações em tempo real. – eu me levanto e vou até uma das bancadas perto dos computadores. – Isto aqui – levanto um microfone que pode ser colocado atrás da orelha – é o que precisa para manter contato comigo, ele é um microfone e também um fone de ouvido para você poder ouvir minhas instruções.

– Nossa!!! – ela realmente pareceu impressionada. – como você conseguiu arrumar esses equipamentos legais? – ela segura o fone e desvia a atenção para meu arsenal de equipamentos que fica na parede. – comprou em algum lugar?

– Comprar? – eu dou uma risada – eu que faço todos os meus equipamentos.

– E pra que precisaria de tudo isso? – Ela olha todas as minhas armas, e mira o olhar no meu bastão elétrico. – isso pode machucar alguém, essa era sua intenção quando criou essa arma? – realmente ela tinha me pego desprevenido. Arrumei uma saída no total improviso.

– As armas ofensivas que estão ai são para minha própria defesa, os Rebeldes que são aliados de Pittacus podem me pegar a qualquer momento e isso é só uma precaução. – ela pareceu satisfeita e não fez mais perguntas sobre as armas.

– Está pronta? – perguntei. Já sabia a resposta, mas por uma simples cortesia resolvi perguntar.

– Vou te ajudar no que puder, mas como eu vou saber o que fazer na hora certa?

– Eu vou estar conversando com você o tempo todo, e tenho outra surpresa. – dessa vez eu abro a gaveta e retiro uma câmera pequena, do tamanho de um botão. – coloque isso aqui em algum lugar para que a câmera possa captar todas as imagens que você puder registrar.

– Legal, vai ser bem útil. – ela pega a câmera, pensa um pouco e coloca no meio de uma mecha de cabelo.

– Perfeito, agora é só você ir lá fora e seguir minhas ordens e tudo ficará bom. Vou provar para seu pai que sou inocente e vou ajudar a acabar com os Rebeldes. – uma mentirinha para causar efeito não custa nada. – não conte para ninguém que esteve aqui, senão os rebeldes ou seu pai podem descobrir que me escondo aqui .

– Tudo bem.

– Vou te levar até a saída da floresta, o caminho é bem confuso e sem mim não vai chegar a cidade.

– Vamos lá então. – ela disse num tom mais animado. Eu apenas dei um sorriso e segui até a porta. Mas antes tive a precaução de levar uma pistola e uma arma imobilizadora comigo. Eu coloco meu casaco com mangas longas e capuz.

–:-:-:-:-

Chegamos perto do beco onde Pittacus havia me atacado. Não tinha mais policiais no lugar, apenas trabalhadores e alguns civis, apressados demais para desviar a atenção de suas vidas.

– então... – ela fez uma pausa, estava procurando as palavras – até... quando vou poder te visitar de novo?

– Quando for seguro – respondi friamente, já estava cansado e queria que ela se fosse logo. – siga sua vida normal, seu pai vai fazer perguntas e você já sabe que não pode revelar nada sobre mim.

– Eu sei disso. – ela se aproximou de mim. Mesmo não querendo tive que beijá-la para parecer que me preocupo com ela.

Durante o beijo, vejo um homem passar na calçada do outro lado. Reconheci no mesmo momento. Era o homem que me atacou no sonho. Aquele cabelo longo, o jeito de andar e a altura. Não pode ser verdade. Esse planeta é pequeno demais para ele passar por ali. Interrompo o beijo na hora, e improviso.

– Ticia, acabei de ver um dos lideres dos rebeldes passarem por ali. – foi a primeira mentira que consegui pensar em pouco tempo - Tenho que pegá-lo siga seu caminho daqui a pouco vou fazer contato. – dizendo isso não espero para ouvir o que ela iria falar e saio correndo atrás do homem.

Não me preocupei em esconder meu rosto. Só desejava pegar aquele homem e arrancar dele suas intenções nos meus sonhos.

Ele já estava a alguns metros de distancia, mas consegui alcançá-lo. Quando toquei em seu ombro ele se virou e olhou em meus olhos. Sabia que ele havia me reconhecido. Foi tão rápido que não tive tempo de pensar direito. Ele deu um soco diretamente no meu queixo eu girei e quando caí no chão ele já estava correndo para longe. Como isso era possível? Esse cara é muito forte, ninguém nunca me derrubou com um só soco. Esse cara não era normal, e agora mais do que nunca eu quero descobrir quem ele é.

A voz de Ticia apareceu no meu fone de ouvido: “Consegui achar Pittacus, vou seguir ele. Boa sorte ai com o líder dos Rebeldes eu me viro por enquanto” não respondi, tinha assuntos inacabados com esse cara.

Ele estava seguindo para... só pode ser brincadeira. Ele estava indo para a central de segurança. Eu logo me apressei para pode alcançá-lo. Derrubei uma barraca de frutas, e uma senhora segurando sacolas.

Não ia conseguir alcançá-lo a tempo. Por isso resolvi usar meu legado. Ele teria que dar a volta no prédio para chegar à central. Eu tinha a vantagem de atravessar o prédio e ganhar alguns metros de vantagem. Virei para a esquerda, e corri atravessando dois ou três quartos. Quando saí do lado de fora estava praticamente na frente dele. Mesmo assustado ele tentou outro murro. Eu consegui desviar me abaixando. Como ele não achou obstáculo, perdeu o equilíbrio e caiu no chão. Não perdi tempo e o arrastei pelos cabelos.

– O que você quer de mim? – ele disse, segurando minhas mãos tentando me fazer soltar seus cabelos. Olhei para ele e disse:

– Eu que deveria te perguntar isso.

– Você é maluco, o que você estava fazendo no meu sonho. – eu e ele dissemos a mesma coisa praticamente ao mesmo tempo.

– o que você disse? Você que estava em meu sonho. – larguei o cabelo dele. Foi o pior erro que fiz. No mesmo instante ele se levantou e deu um chute no meu rosto. Sua força era mais elevada que a da maioria dos lorienos, isso poderia significar uma coisa.

Agora, todos da rua estão olhando para nós. Consigo ver mais agentes de segurança atravessando a rua em nossa direção. Alguns segundos depois estamos cercados por soldados. Um deles me ataca, eu somente coloco o braço na frente e nem sinto seu golpe. Com o braço livre eu golpeio o peito dele que voa uns três metros longe. Não tinha me esquecido do cara do cabelão, ele estava lutando com dois soldados ao mesmo tempo. Cada golpe dele deixava um soldado inconsciente. Três soldados me cercam. Não tenho alternativa, não queria usar minhas armas em publico, mas naquele momento era preciso.

Minha pistola tinha oito cargas completas. O bastão imobilizador foi minha primeira escolha. Ele é um bastão de plástico normal, com algumas adaptações ele transmite raios elétricos que ao toque podem deixar a pessoa desorientada por alguns segundos.

Retiro ele da manga do meu casaco, e estico. Agora ele tem mais de 40 centímetros. Ataco o primeiro guarda na altura do ombro, ele tenta bloquear com o braço e eu acerto sua costela. Sem tempo de gemer ele cai no chão inconsciente. O segundo investe contra mim com um chute na minha perna. O terceiro me segura pelos braços. Uma rápida olhada para o garoto de longos cabelos, e ele estava deixando o ultimo guarda inconsciente. Já ia fugir novamente.

Eu jogo minha cabeça para trás e acerto o queixo do soldado que estava me segurando por trás. Acerto um chute no peito do que estava á minha frente. Viro-me e tento agarrar o cara. Ele se esquiva. Tento de novo e agarro a camisa dele que se rasga. Um soldado conseguiu se levantar e agarra minha cintura. Uso meu legado para me livrar dele, suas mãos me atravessam e eu estou livre novamente para poder pegar o cara. Coloco minhas mãos e puxo sua longa trança. Só quando sinto o sangue em minhas mãos percebo o que realmente fiz.

Havia usado meu legado por tempo demais. Quando encostei no cara minha mão atravessou suas costas, puxei achando que eram suas tranças, mas era sua espinha. O corpo dele caiu no chão, e até o soldado que estava me segurando parou para ver se o que estava vendo era verdade. Sangue em minhas mãos e o cara morto no chão. a ultima coisa que eu esperava ouvir ali era a voz de Ticia, mas foi isso que veio a seguir.

“Set, Pittacus estava perto da sua casa. Mas alguma coisa aconteceu e ele colocou a mão no tornozelo. Agora mesmo ele está no chão, gritando de dor e agonia... o que eu faço...” a voz dela falha “não posso deixar ele sofrer assim. Tem um pessoal em volta dele, mas estou ouvindo os gritos de dor daqui de onde estou” era realmente muito alto o grito por que até eu estava ouvindo pelo fone de ouvido. No mesmo instante meu tornozelo começou a queimar, e eu também comecei a gritar de dor. Mas não podia ficar ali esperando os soldados me pegarem. Juntei minhas ultimas forças e sai dali correndo, meu tornozelo queimava e uma cicatriz se formava. Mas nenhuma dor no mundo se comparava á sensação de saber que você foi responsável pela morte de um ser vivo. “eu não sou assassino” “foi sem querer” eu repetia para mim mesmo, uma maneira de disfarçar a dor enquanto corria e uma maneira de tentar convencer a mim mesmo de que não era um assassino, não era um assassino...

Não era um assassino...

Não...


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Notas finais do capítulo

gostou? esse tá grandao pra compensar o tempo que demorei...



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