POV. Agatha (Sky)

Foi estranho ouvir o Drake gritar, enquanto inspecionava a casa. Terry tremeu, puxando Keith para trás dela. Ian, aquele besta, pegou seu pé-de-cabra e foi atrás de Drake. Ao contrário de Drake, ele não gritou. Logo apareceram os dois com uma menina e... CHARLIE!

– AI MEU DEUS, CHARLIE! - Gritei, tentando levantar do sofá. Minha perna esquerda latejou e parecia estar queimando. Ignorei a dor (pelo menostenteiignorar) e corri (pelo menostenteicorrer) para ele. - CHARLIE! - Exclamei novamente, abraçando meu irmãozinho.

– Entãoeleé o Charlie? - Ian perguntou, olhando pro meu irmão.

– É sim. - Respondi, pouco me importando com ele. Nada ia me tirar a felicidade de ver meu irmão vivo.

– Ele é meio precoce, não acha? Ele tem cara de novo, uns 12, 13 anos e já tem piercing e alargador? Eu nem fiz a minha tatuagem ainda!

– Cala a bocaLan. - Retruquei. Ele resmungou alguma coisa, mas eu estava mais preocupada em olhar para os olhos verde-escuros de Charlie.

– Tudo bem, Barbie Fashionista.

– Barbie Fashionista? - Meu irmão perguntou, com um sorriso de deboche no rosto.

– Não estraga meu momento feliz. - Mandei, abraçando-o novamente. - O que me leva a perguntar, Lan, como você sabe tanto de Barbies?

– Talvez vossa senhoria do cabelo estranho não saiba, mas eu tenho irmã mais nova, de oito anos, que eu não perdi de vista.

– Então onde ela está? - Drake perguntou.
Uma lágrima escorreu no rosto de Ian.

– Por enquanto, no meu coração. Até eu achar a cura, vai continuar assim. - disse ele, secando as lágrimas e dando as costas para nós.

– Awnt. Não sabia que você tinha um lado fofo. - Falei, enquanto voltava a sentar no sofá. - Ele me olhou, com um leve sorriso atrás das lágrimas.

– E quem é você? - Terry perguntou para a garota que estava junto com Charlie.

– Meu nome é Allison. - Ela disse, abraçando os braços.

– Meu nome é Terry. - A loira sorriu. - Esse é o meu irmão, Keith. Aquele é o Drake, o Ian e a Sky.

– Sky? - Ela perguntou, me olhando.

– Agatha, mas eu prefiro que me chamem de Sky.

– Sem problemas.

– Como vocês entraram aqui? E a quanto tempo estão? - Drake perguntou, sentando no sofá, ao lado de Terry.

– Eu estou desde quando Scarlet caiu do telhado. - Disse Charlie. - Allison chegou à umas horas. E, para falar a verdade, não sei como ela entrou.

– Essa era a casa da Alessandra. Encontrei com ela no caminho, aí trouxe para cá. Depois ela achou o Charles e desde então estamos aqui. - Allison disse, ainda em pé.

– Toma. - Ian lhe deu sua jaqueta. Ela sorriu (mostrando um sorriso muito bonito) e agradeceu.

– Eu sinto muito, mas não poderemos ficar aqui por muito tempo. - Drake disse, abraçando a namorada.

– Pra onde estão indo? - Charlie perguntou.

– Pelo alarme, devemos ir para Massachussets. Mas vai por mim, eu preferiria ir por outro lugar. Tipo, sei lá, Nova York... Não, deve estar cheio de zumbis fashions... Igual a Barbitch ficaria. - disse Ian, sorrindo.

Olhei para ele com raiva.

– Espera até minha perna melhorar, Ian.Espera. - Ameacei.

– Que medo. - Ele debochou.

– Tem mais alguém com a gente. - Allison se fez ouvir.

– Quem? - Perguntei, passando a mão nos cabelos loiros de Charlie.

– Alessandra. - Ela respondeu, sentando no braço do sofá, ao meu lado. - Ela saiu pra buscar alguns suprimentos.

– Ela é muito chata. - Charlie reclamou.

– Mais que a sua irmã? - Dei um soco em sua barriga. -AI!

– Quantos anos você tem? - Keith perguntou, olhando o meu irmão.

– Treze. E você?

– Dez... - Keith disse, afundando no sofá.

– É melhor passarmos a noite aqui. Não acharemos nenhum outro lugar mais seguro que esse. - Drake disse, olhando para a janela. As cortinas estavam fechadas, mas dava para ver lá fora. O pôr do sol estava lindo. Parecia a coisa mais bonita nesses tempos. Talvez fosse. - Allison, por favor, apaga a luz? Quando anoitecer, a luz vai atrair os zumbis. É melhor ficarmos no escuro, pra não correr riscos. - Ele pediu, sussurrando. - Vamos todos ficar em silêncio. Assim não olham pra cá.

Olhei para a janela e vi um monte de zumbis andando sem rumo na rua.

Deve ser horrível. Eles estavam mortos. Estavam descansando em paz, finalmente. E então, acordaram, apenas para andar atrás de carne. Que coisa horrível.

– Eu vou ficar de vigia. - Drake sussurrou. Todos estavam fora do alcance da luz da lua, evitando que algum zumbi nos visse. - Quando eu não aguentar mais, vou no quarto e te chamo, Ian.

– Tudo bem, mas aviso uma coisa para quem dormir perto de mim: Além de dormir junto com o Chernobyl, eu falo dormindo.

– Chernobyl? - Allison perguntou.

– O bichinho de pelúcia dele. - Revirei os olhos.

– Domo de pelúcia, pra falar a verdade. - Corrigiu ele.

– Enfim. - Drake revirou os olhos. - Allison...

– Me chama de Alli. - Ela pediu, dando um sorriso doce.

– Certo... Alli, não vi direito. Quantos quartos tem?

– Dois. - Ela respondeu. - Mas um tem beliche.

– Ótimo, então... - Ele foi cortado por um som de algo sendo arrastado. - Todo mundo em silêncio!

- Ele sussurrou, com voz urgente.

Dava para ouvir meu coração, de tão quieta que a sala ficou.

Ouvimos um grunhido alto. Uma horda de zumbis deveria estar passando na frente da porta.

Olhei para Charles e ele estava sereno, mas eu sabia que deveria estar com muito medo por dentro.

Um barulho abafado veio dos fundos da casa. Todos prenderam a respiração. Olhei para o corredor. Passos pareciam vir em nossa direção.

Ian levantou o pé-de-cabra e Drake destravou a arma.

Meu coração se acelerou, enquanto eu ouvia os passos chegarem mais perto.

Fechei os olhos, esperando o som de tiro.

Mas ele não veio.

– Estão dando uma festa e eu não fui convidada? - Uma voz baixa soou. Olhei para a dona da voz e vi uma garota de cabelos pretos com mechas loiras e olhos castanhos. Era alta e tinha um jeito... É... Como posso dizer? De meretriz.

– Essa é a tal Alessandra? - Ian perguntou, sufocando uma risada. Parecia... Surpreso. Senti um sentimento estranho... Não, não podia ser ciumes, eu odeio ele.

– Shh. - Drake o repreendeu. - Fala baixo, idiota.

– Eu sou sim, porque? - Ela perguntou, sussurrando.

– Do jeito que a Alli falava, parecia uma tenente da marinha, ou sei lá. Eu tava imaginando o Hulk, sabe? - Ele disse, sorrindo. Ela abriu um sorriso também e mordeu discretamente o lábio. Vadia.

– Vamos ver logo quem vai dormir aonde. - Drake disse, revirando os olhos. A garota nova olhou para ele e pareceu perceber finalmente que aquele garoto (desculpe, Terry) lindo estava ali.

A loira também viu o olhar faminto que ela lançou no moreno e o abraçou mais. Ele colocou a mão nas costas da namorada e não pareceu perceber Alessandra.

– Eu vou ficar de vigia. - Ele sussurrou, mas logo parou, pois um zumbi passou rente ao vidro da janela. Esperamos ele sair de vista até Drake continuar: - Então. Vamos dormir em pares. Keith, você fica com o Ian.

– Isso aí, Key. - Ian sorriu largamente, chegando perto do garotinho.

– Vocês dormem na beliche. Sky, você dorme com seu irmão na cama de casal, porque está machucada.

– Se ela ganha privilégio por ser gorda e ter acabado com o teto do depósito, vou começar a me quebrar por aí. - Ian reclamou, fazendo cara feia. Olhei pra ele com os olhos faiscando de raiva. Mas por dentro tinha alguma pontinha de alegria por ele ainda mexer comigo.

– Alessandra, desculpa eu estar dando ordens, mas se ninguém fizer isso, nada acontece. - Drake disse, um pouquinho seco.

– Tudo bem. - Ela sorriu. Terry fechou os olhos (com razão) e eu a vi mordendo a bochecha.

– Então tá. Alli e Alessandra... - Alessandra o interrompeu.

– Me chama de Alex, tudo bem?

– Tudo bem. Alli e Alex dormem na beliche com os dois? - Drake perguntou. As duas assentiram. - Beleza. Terry fica aqui aqui comigo, pra não dormir sozinha. - Ele sorriu pra namorada.

Vi de relance Alex revirar os olhos e olhar para o corredor.

Será quenem no fim do mundoesse tipo de garota toma jeito? Até quando terão vadias no planeta Terra?

– Vamos, Key. - Ian sussurrou, pegando o garoto e indo com ele até o quarto. Keith sorriu. Tenho certeza que ele se apegou ao Ian.

Peguei Charles pela mão e ele me ajudou a ir para o quarto. Ele me pôs na cama e desabou. Vi Alli e Alevadia (síndrome de Ian) entrarem e deitarem no beliche.

– Vou no banheiro e já venho. - Charlie disse. Sorri e assenti. Sentei na cama e olhei para minha perna. Estava inchada, suja e com sangue seco ao redor do ferimento. Era estranho pensar que havia um osso quebrado ali. Terry prometeu me curar assim que achasse penicilina.

– E então, Barbie? - disse Ian, com um sorriso maroto. - Tá melhor?

Naquele minuto, quis tê-lo só para mim. Não queria que a vadia da Alessandra o roubasse de mim - embora ele não fosse meu.

– To sim. - Respondi, observando-o sentar ao meu lado.
Olhei para seus olhos azuis e, sem perceber, fui me inclinando para ele. Ele reparou e me olhou, surpreso.

Mas não se afastou de mim.

– Sky... - ele murmurou.

Coloquei meu dedo na sua boca, para deixa-lo quieto. Fui me aproximando e...

Keith chegou, perguntando:

– Ian, pode me ajudar com uma coisa?

– Claro, Key, to indo. - respondeu ele.

Quando Key saiu, Ian olhou para a porta e me deu um selinho.

– Até mais tarde, Scarlet. - Ele sorriu, piscando um olho. Observei o garoto sair pela porta e só consegui pensar numa coisa:
“BURRA!”

– Você tá bem? - Charlie apareceu no quarto.

– To. - Sorri pra ele. - Vamos dormir.

Acordei com o sol na minha cara. Charlie dormia de um jeito fofo. Que aperto que ficar longe dele me fez passar! Me levantei da cama, e, me apoiando nas paredes, fui dar uma espiada nos quartos. O quarto que tinha um beliche me fez ranger os dentes, pois estavam todos acordados. E Alevadia estava jogando seu “charme” para cima de Ian. Eles falavam sobre toalhas e guardanapos. Keith tinha sua cabeça recostada no colo de Ian, ainda dormindo. Alli olhou para mim. Ela pareceu entender meu olhar para Alevadia e disse:

– Eu passei a noite pensando, pensando... Qual a semelhança entre uma estação de energia nuclear que explode e um ursinho de pelúcia? O NOME. Olha, Ian, toma cuidado! Vai que esse é um 'Domo-Bomba'? É, aí ele explode os seus sonhos, ou o seu traseiro, se tivermos sorte!

– Qual é a semelhança entre Allison e os zumbis? Ambos, para ter cérebro, precisam comer um. - respondeu Ian, mostrando o dedo do meio para ela.

Ele é louco. Mesmo assim, como ele consegue ser fofo? Ele saiu do quarto, indo para a cozinha tomando cuidado paranãoolhar para o sofá. Eu o segui.

– Vou aprontar algo para comer, vai querer? - Ofereceu ele.

– Lan cozinheiro, não creio. - Disse, provocando-o.

– Não enche, Barbitch. - Disse ele, implicando.

Ele foi pegar uma panela, e, como éótimopegando coisas, derrubou três panelas.

Elas caíram no chão, fazendo um barulho alto, que ecoou na casa inteira. Senti cada pelo do meu corpo se arrepiar.

De repente, ouvi um barulho de algo arranhando a porta.

– Ah, meu Deus, como eu sou burro. BITCH! AS PORRAS VÃO ENTRAR!

– Concordo com você ser burro. - Falei, indo pra perto dele.

– AH, QUE MERDA. - Ouvimos Drake, lá da sala.

– Sky, caso acontecer uma coisa... - Ele disse, e se interrompeu me dando um beijo. - Vem, se apoia em mim. Vamos embora.

– O que foi isso? - Perguntei, mais pra mim do que pra ele, enquanto ele me pegava no colo.

– Até parece que você não gosta de mim, Scarlet.

– E você gosta de mim? - Perguntei, não com ironia, mas... Realmente querendo saber.

– De certo modo, sim. - Sorriu ele. - Agora vamos.

Ele me levou até o corredor, onde todos estavam.

– Own, que lindos. - Disse Alevadia com ironia. - Casal perfeito. Pelo visto, do jeito que ele te carrega, vocês dois vão ser mortos.

– Fala sério, Alessandra, a Scarlet nem é pesada. - Respondeu ele, bravo.

– Ma-ma-ma-ma... - Keith começou a falar, mas foi interrompido por Terry e Drake, que tinham acabado de sair da sala e se postado no corredor.

– Quem fez o barulho? - Drake perguntou, subindo o zíper da calça jeans.

– Foi ele. - Disse Allison.

– X9! - Disse Ian.

– VAMOS EMBORA, PORRA! - Drake gritou, cessando a discussão.

– Por onde? - disse Alli.

Keith olhou para a janela. Ah não...

– Se nós já saímos pelo teto, que mal faz sairmos pela janela? Como diria Ian... - Ian fez coro com ele. - Quem não tem cão caça com gato!

– Que bonitinho, momento gêmeos. - Drake ironizou. -ANDA, ANDA.

Fui carregada até uma janela no fim do corredor. Era pequena, mas todos nós passaríamos por ela sem dificuldade.

– Aliás, Terry. Sua blusa tá ao contrário. - Alevadia disse, olhando para a loira. - E porque tem esse furo aqui? Tá parecendo...

–Nada. - Terry a cortou. - Quer ficar falando sobre minhas roupas e ser comida por zumbis ou quer se salvar? - Ela perguntou, sendo ignorante. Essa vadia merece.

Alevadia revirou os olhos e abriu caminho por entre as pessoas.

– Deixa eu ser a primeira então. - Ela disse, abrindo a janela.

– Mas a gente tem que ver se tá limpo e... - Drake começou a falar, mas a garota já estava pegando impulso para sentar.

Olhei para Terry, ela estava olhando para o namorado com as bochechas coradas. Fico pensando o que rolou ontem à noite. Eu também não sabia que a camiseta da loira era furada.

– Viu? Tudo certo e... - Alevadia começou a falar, mas parou, soltando um grito horrível. Olhei direito e vi uma cabeça cinza. O cheiro de carne podre já havia impregnado o ar. Um zumbi havia pegado Alessandra.

Alli fechou a janela com força e todos fomos para trás instintivamente.

Os gritos de Alevadia eram abafados pela janela. Ela olhou para nós todos com olhos suplicantes. Mas não havia mais o que fazer. Ela havia sido mordida. De seu pescoço, o sangue fluia e eu podia já ver seu osso. Era horrível. Muito nojento e terrível, mas eu não conseguia desgrudar meus olhos.

Ela foi caindo e logo despencou no chão. Ian me forçou a parar de olhar assim que me levou até a sala.

– Gente! O barulho acabou. - Ele disse, olhando para a porta.

– C-Claro. - Terry gaguejou, chorando. - E-Eles estão o-ocupados d-demais c-comendo a Alex... - Ela disse, chorando mais ainda.

– Vamos aproveitar a distração e sair daqui. Temos que chegar em Massachussets o mais rápido possível. - Drake disse, abraçando a namorada.

– Terry, você que é boa com machucados: o que precisamos para melhorar a perna de Sky? - perguntou Ian.

– P-Penicilina, ou qualquer... Qualquer outro antibiótico, um pedaço de pano e gaze.

– Então precisamos focar em achar uma farmácia, em vez de focar em ir para Massachussets. - disse Ian, acariciando meus cabelos discretamente.

– Sim. Mas não podemos ficar aqui por muito mais tempos. - Drake disse. - Quando a carne de Alessandra acabar, eles virão atrás de nós. Saímos daqui, arrumamos outro lugar seguro, e então pegamos as coisas que precisamos em alguma farmácia. Certo? - Drake perguntou.

Todos assentiram.

– Ótimo. Alli, Charlie, Keith e Terry, fiquem juntos. Vou na frente com a arma. Qualquer coisaCORRAM. - Ele ordenou.

– Olha, isso foi óbvio. - disse Ian, revirando os olhos.

– Cala a boca.Ianzito.

– Seu bitch, foi apenas o primeiro dia. Faltam dois. - disse ele, rindo e acariciando, de novo, meus cabelos.

Keith De Ravin

– 10 anos

Allison Collerman

– 19 anos