POV Ian

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - ouvimos o grito da Terry.

Eu e Drake nos entreolhamos e corremos. É claro que não podíamos deixar nada acontecer com Terry.

O oompa-loompa, quero dizer, Keith nos seguiu. Olhei para trás e disse:

– Keith, se afasta um pouco pro caso de ser perigoso.

Ele é teimoso e não me obedeceu.

Junto a Terry, havia um corpo humano. O teto estava quebrado. Mas, num canto, havia uma garota de cabelos cor-de-rosa. Ela estava desacordada. Sua pele branca estava arranhada, como se ela tivesse caído lá de cima.

– Será que ela está bem? - Perguntou Drake.

Nããão, ela só está toda machucada, o que poderia estar ruim? Seria uma ótima resposta para aquela pergunta cretina.

– Vamos levá-la para lá. - disse Terry.

– Querem ajuda para carregar? - Perguntei, ansioso para ajudar.

Ela me lembrava a namorada do meu melhor amigo, que também tinha cabelos coloridos. Infelizmente, minha família se mudou para Sacramento. Então, não via-os faz tempo. Será que tinham virado zumbi?

Ela ia dar um zumbi bem fashion...

– Ian! - Drake me tirou de meus pensamentos.

– Hã? Que foi?

– Ajuda aqui. - Ele fechou a cara e apontou com o queixo para a garota.

– Pode deixar. - Peguei-a no colo. - Caramba, ela tem que parar de comer biscoitos. - Keith me olhou atravessado. Podia até imaginar o que ele estava pensando: ELE É MALUCO

Os barulhos que os zombies faziam ficavam cada vez mais altos e insistentes.

– Tem certeza que esse vidro dura trinta horas? - Terry perguntou, olhando para a porta da loja.

– Sim. - Drake respondeu, calmo demais. Fala sério, como alguém podia ser tão... Calmo?

– Não tenho tanta certeza. - Comentei. - Por via de dúvidas, Key, fique atrás de mim.

– Key? - Perguntaram Keith e Terry juntos.

– Já que não posso te chamar de Oompa-Loompa, eu te dei um apelido, ainda melhor do que Terry te deu. - Respondi.

A verdade era que Key me lembrava muito Melissa, minha irmãzinha. Tirando o fato de Melissa ser menina e ser loira, é claro. Eu prometi para mim mesmo não deixar ele nunca, jamais, ser mordido.

– E eu deixei você me chamar de Key? - Reclamou Keith.

– Não, mas vou chamar mesmo assim. - Respondi.

– Meninos, não é hora de briga. Temos que arranjar um jeito de sair daqui, que não seja por aquela porta. - Terry disse, apontando para os zumbis que pareciam aumentar a cada minuto.

– Ok. Mãe. - Drake mostrou a língua para ela.

– Que mais devemos fazer, mamãe? - Abusei da cara dela.

Ela fechou a cara e ameaçou me jogar no meio dos zumbis. Nem liguei. Pelo menos eu iria matar mais alguns... Ou não.

Resolvi voltar para o depósito, mas ouvi Terry dizer:

– Vão achar um jeito de sair daqui, vou tentar ver se consigo acordar essa garota.

– Mais alguma coisa? - Perguntei. - Porque se não, eu vou sair daqui antes que a Barbie Fashionista acorde, pra ela não levar um susto.

– VAI LOGO! Keith, você fica.

– Por quê? - O garoto reclamou.

– Qual é, Terry. Deixa o garoto ir com a gente! - Falei. Acho que ela ainda me dá um tapa. Nem me importo, to com muito medo dela, eu. Ela respirou fundo e disse:

– Eu vou contar até três pra você sumir da minha frente, Ian... UM... DOIS...

Corri, rindo. Afinal, por menos medo que eu tenha dela, eu tenho que pelo menos ter respeito pela... Mãe.

Entrei no depósito, de novo. No canto oposto de onde estava a menina, eu vi uma barra de ferro reluzente. Um pé-de-cabra. Finalmente todos esses anos jogando Left 4 Dead vão valer alguma coisa.

Peguei o pé-de-cabra, sorrindo. Foi então que ouvi um grito feminino que não era de Terry. Ótimo, a Barbie Fashionista acordou. Nem me importando com a ameaça de Terry, fui até lá. A menina estava encolhida e com medo.

– Você está bem? - Drake perguntou, se abaixando perto dela. O cara tava querendo dar uma de galã?

– Acho que sim. - Respondeu ela timidamente.

Observei Terry fechar a cara. Se eu fosse mulher e namorasse com o Drake, acho que teria ciume também.

– Tá com fome? - Perguntei, olhando para ela. Realmente, uma Barbie Fashionista.

– Um pouco. - Ela respondeu, fazendo uma careta ao levantar. - AI!

– Que foi? - Terry perguntou, deixando o ciúmes de lado.

– Minha perna. - Ela respondeu, olhando para o membro. - Acho que eu quebrei alguma coisa.

– Quer ajuda? - perguntei, mas imediatamente me arrependi.

– Vai ser difícil sair com ela assim. - Drake murmurou, olhando para a perna da garota. - Ian, já que você se ofereceu, vai carregá-la pra fora daqui.

– Pode ser. Vem cá, garota. - Ela pôs seu braço em cima das minhas costas.

Coloquei aquela gorda, digo, pesada em cima do balcão.

– Drake, ela é muito pesada, cara. - ela me olhou, brava. - Que? Eu disse pesada, não gorda.

– Charlie... - A Barbie disse. - Onde ele está?

– Espera, Charlie? Quem é Charlie? - perguntou Terry.

– Meu irmãozinho. - Ela respondeu, tirando uma mecha rosa da cara.

– Não o vimos... - Disse Drake.

– Mas... Ele estava comigo! Onde ele...?

– Não sabemos, mas vamos achar. Ok? - Terry disse, sorrindo.

A garota não respondeu.

– Qual seu nome?

– Agatha. Mas me chama de Sky. - Ela disse, tentando se mexer. Soltou um grunhido de dor e desabou de volta no balcão.

– Hey, hey! Calma aí! - Drake disse, se precipitando para frente e tentando segurar Sky.

– Deixa eu ver a sua perna. - Terry pediu. - Você fraturou a perna...

Nesse rebuliço, esquecemos por um instante de Key. Onde estaria o danado?

Deixei Drake e Terry cuidando de Agatha e fui procurar o pequeno. Instintivamente, olhei para a porta. A vassoura caiu, fazendo um barulho alto.

– DRAKE! TERRY! - Chamei, observando a porta abrir lentamente e senti vontade de sair correndo para a rua com meu novo pé-de cabra.

Não pergunte porquê, mas matar zumbis é terapeutico pra mim.

– Merda! - Drake disse, pegando Keith (que estava com uma mochila) nas costas.

Peguei Sky, a Barbie Fashionista pesada no colo e resolvi correr. Meu pé-de-cabra estava no colo dela.

– ANDA! - Terry gritou, indo para o depósito.

Ouvi um tiro e logo desejei que fosse eu ali, estourando a cabeça daquele zumbi. No meio daqueles zumbis, um vulto humano. Torci para que não fosse Charlie.

Agatha Lyons

– 15 anos