E Se...? escrita por Ma Black
Abro a porta sem bater ou hesitar. Desmaiei no castelo da princesa Castellan e acordei no porão. Agora, estou no quarto do meu amor, vendo-o tentar calçar o sapato em pé, de modo que está se equilibrando com apenas uma perna. Diego está saindo do banheiro com a toalha na cabeça e para quando me vê. Tomás também paralisa, até que o outro Tomás entra, junto a Maria, e o meu Tomás cai com tudo no chão. Eu me adianto um passo, para ver se tudo está bem, mas hesito. Fico apenas o observando. Ele estava deixando as costeletas crescerem de novo, assim como o cabelo. Mesmo o achando muito atraente com o cabelo meio raspado, sinto falta do seu cabelo de lhama. Não, pera, esse era o cabelo do Tomás do meu mundo. Céus, isso é confuso.
- Alice? – Diego é o primeiro a falar. – Outro Tomás? M-Maria?
- Que foi meu filho, tá parecendo que viu um fantasma – fala Maria.
- Quase isso – respondo sorrindo. – Diego, podes chamar a Carlinha e o Daniel aqui?
- Agora – ele responde e só faltou correr para sair do quarto.
Observo o meu Tomás melhor. Ele está sentado agora, paralisado olhando pra mim. O tênis preto fora de seu pé, a gravata vermelha desajustada e cabelos bagunçados. Ele está com uma cara de sono muito engraçada. Então eu corro e me abaixo, na altura que ele está. Coloco meus braços em volta do seu pescoço e o beijo desesperadamente. Ele está curvado, as posições estão horríveis, mas mesmo assim ele coloca desajeitadamente uma perna a cada lado meu e sua mão em minhas costas. A outra continua repousada em sua perna.
Nos separamos depois de um beijo voraz, cheio de desejo e saudade, e ele sorri pra mim. Retribuo o sorriso, mais feliz impossível.
- Você está aqui – ele diz. – Não é um sonho seu.
- Como tem certeza? – pergunto sorrindo.
- Porque eu posso te tocar – ele fala passando a mão em meu rosto. – Posso sentir teu perfume... Você está aqui.
- E vim com companhia – falo olhando pra trás. Maria nos observa sem interesse e Tomás está boquiaberto.
- Isso é muito estranho – o Tomás do meu mundo diz. – Digo... Ele tem a mesma aparência que eu! Vê ele te beijando é... Estranho.
- Tomás, meu amor – digo. – Esse é Tomás retardado, o do meu mundo.
- Obrigado, Alice – ironiza Tomás do meu mundo.
- Eu preciso de um nome diferente para os dois! – declaro. – Tomás do meu mundo vai ser Tom e Tomás meu namorado vai ser Tommy. Ainda somos namorados, certo?
- Claro, minha princesa – Tommy responde. – Eu te amo.
- Tommy é tão diferente do Tom – diz Maria. – Teu namorado é um fofo, Alice.
- Ela não tava morta? – pergunta Tommy.
- Não no meu mundo – respondo e pisco. – Senti tanto a sua falta.
- Eu te amo para sempre – ele disse.
- Eu sei – falei sorrindo. – Descobri isso hoje. Sabia que você faz parte de um mundo que só se apaixona uma vez?
- No seu mundo não é assim? – ele indaga e pisca o olho confuso. – Aqui todo mundo só ama uma vez.
- Eu te amo – falo. – Acho que para sempre, também.
- Assim espero.
A porta é aberta e Carla entra de mãos dadas a Daniel. O moreno fica branco e começa a suar, olhando pra Maria. Já Carla olha pros dois Tomás, pra mim e sorri em compreensão, vindo abraçar-me em seguida.
- Alice! Eu senti tanto a sua falta, amiga... – ela diz.
- Eu também, Carlinha!
- Que palhaçada é essa? – pergunta Tom. – A Carla veio de mãos dadas com esse...
- Tomás! – repreendo. – Obviamente se o Tomás daqui é meu namorado, a Carla tinha que seguir em frente, não? Você não pode ter ciúmes dela, ela não é sua namorada!
- Tudo bem, Alice – Carlinha fala sorrindo. – Dan, você tá bem?
- Ma, Ma, Ma, Ma... – ele gagueja. – Maria...
- Hey primo – a morena cumprimenta.
- Para com isso, Maria! – peço. – Ele acha que tá vendo um fantasma.
- Alice? – chama Tommy. – Vamos dar uma volta? Carla pode explicar tudo pro Daniel e...
- Vamos – o interrompo e saio do quarto.
Antes mesmo de fechar a porta ele me joga na parede e beija meu pescoço. Arquejo e passo a mão em seus cabelos. Enquanto reviro os olhos, vejo que Maria fechou a porta com um sorriso no rosto. Tomás passa a beijar minha orelha, bochecha, até que chega em minha boca. O beijo é voraz. Ele agarra minha cintura com uma mão, e desliza os dedos em minha barriga com a outra. Gente que tem pegada é outro nível. Tomás tem pegada. Senti falta dessa pegada. Céus, como eu amo esse homem.
Então do nada ele se separa, olha no fundo dos meus olhos e sorri. Então lentamente se aproxima e junta nossos lábios num beijo calmo, sem pressa. É como jogar água no fogo. É o frio no quente. Essa mudança só me enlouquece mais. Eu o amo. Amo demais.
- Precisamos voltar – falo.
- Porque?
- Precisamos decidir quem vai ficar.
- Como assim?
- Vem – falo e abro a porta.
Explico toda a situação para Carlinha, Tommy e Daniel. Eles assentem e olham pro Tomás do meu mundo e pra Maria do meu mundo, como se perguntasse quem vai ficar.
- Eu não conseguiria ver a Carla beijando outro cara – diz Tomás. – Sinto muito, Alice.
- Eu fico – disse Maria. – O Daniel daqui é legal, as pessoas daqui também parecem ser. Sem falar que eu não tinha nenhuma amiga verdadeira lá. Posso recomeçar como a gêmea perdida da Maria.
- Tem certeza? – pergunto.
- Absoluta – ela responde.
- Então vamos dormir... – digo e nos deitamos, eu aninhada no meu Tomás. Quando acordássemos, eu e os dois Tomás estaríamos de volta ao meu mundo. Tudo ficaria bem.
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