O mundo agora não importa pra mim. A única coisa que me preocupo em me concentrar é em aproveitar o momento que estou passando. Beijar Tomás com certeza iria para a lista de “coisas que se deve fazer antes de morrer”, porque é realmente muito bom. Sua língua explora cada canto da minha boca deixando seu gostinho de canela enquanto suas mãos deslizam ou nos meus cabelos ou nas minhas costas me causando constantes arrepios.

Depois do que me pareceram meia hora, finalmente toda aquela sede e desejo de beijar um ao outro passou. Nos acalmamos e nos separamos com vários selinhos. Ao abrir os olhos e encarar os castanhos perfeitos que também me encaravam, uma pontada de realidade apareceu. Dei um tapa na cara do Tomás e me levantei indo pra Sala Principal.

Estou tão confusa a respeito disso. Eu não devia ter dado um tapa na cara dele, afinal eu correspondi e queria realmente aquele beijo. Foi mágico os minutos que estivemos juntos no porão, mas me parece tão errado. É como se eu estivesse traindo a Carlinha e a mim mesma. Sei que aqui o amor ToCar não se passa de amizade, mas mesmo assim... O de DiRo permanece. Vai que se rolar o clima eles percebam o que sentem?

Suspiro. Porque minha vida ficou tão complicada de uma hora pra outra? Porque temos que sacrificar nossa felicidade pelo bem dos outros? Tudo que eu mais queria agora é voltar pro colo do Tomás, porém é como se eu tivesse acabando com todas as chances da Carlinha. Tomás se sentou ao meu lado na Sala Principal e puxou uma almofada pro seu colo. Antes de abrir a boca pra falar alguma coisa, ele falou:

– Sei o que deve estar pensando e sei o que vai falar – ele puxou minha cabeça para que eu deitasse em seu colo. - Alice, me escute. Isso... Isso que a gente fez agora não foi errado. Mas entendo a confusão que se passa na sua cabeça e você virou uma pessoa importante demais pra mim. Não quero perder sua amizade. Você quer esquecer tudo isso e voltar a ser minha pequena?

– O problema é que não quero – falei me levantando pra encarar seus olhos.

– O que? – ele perguntou sorrindo maliciosamente inocente.

– O quê o que, Tomás? É isso mesmo que você ouviu, tá? Eu gosto de ficar perto de você, há dias eu não choro pelo Pedro, tô com uma vontade louca de te beijar agora, minhas mãos estão suando – Saí contando nos dedos todas as sensações que sentia perto do Tomás até que bati minha unha e ela quebrou. – Merda! A porcaria da minha unha quebrou. A culpa é sua... – sorri.

– Meu Deus Alice! Só podia ser você – disse ele e eu ri.

– Voltando ao assunto... Minha unha já é um caso perdido mesmo, então... Enfim, eu queria que desse certo, mas fico pensando na Carlinha.

– Sabe que ela não gosta de mim aqui, não sabe?

– Sei, mas... – comecei, mas fui interrompida.

– Então pronto! – ele segurou no meu queixo, virando meu rosto e fazendo-me olhar nos seus olhos.

Tomás colocou as duas mãos no meu pescoço e deixou meu rosto a centímetros do seu. Podia sentir seu perfume e seus lábios roçando nos meus. Sua respiração estava ofegante e podia senti-la batendo no meu rosto devido a aproximação.

E ali, no meio da Sala Principal, sem me importar com as fofocas, com o Pedro, com a Carlinha, com ninguém, eu e Tomás nos beijamos apaixonadamente. Será que ele sente o mesmo que eu ou quer apenas ficar comigo? Com esse pensamento interrompi bruscamente o beijo.

– O que foi? – ele perguntou confuso.

– Eu não vou ser mais uma vadia na lista de “peguetes do Tomás” – falei cruzando os braços.

– Claro que não! – ele falou pegando minhas mãos, me fazendo descruzar os braços. – Alice, eu não sou bom palavras, mas faz um tempo que eu quero fazer isso que estamos fazendo agora. Sabe que faz semanas que você não sai do meu pensamento? – ele perguntou e eu corei. – Eu pretendo te chamar de namorada, Alice. Se você quiser, é claro...

– Você tá me pedindo em namoro? – perguntei com os olhos marejando.

– Ér... Sim! Aceita?

– Mas e a Carlinha? – perguntei.

– Alice, a única menina nesse colégio que me fez sentir os sintomas do amor é loira, tem olhos azuis e veio de um universo paralelo.

– Eu sou sem primeiro amor? – arqueei as sobrancelhas e sorri.

– Acho que sim!

– Bom... Nesse caso – envolvi seu pescoço com meus braços. -, eu aceito!

– Que ótimo!

E nos beijamos de novo, selando nosso namoro. Podia sentir os olhares de alguns alunos pra cima de nós. Mas que se dane! Eu simplesmente não ligo. Que olhassem e que falassem!

– Srta. Albuquerque e Sr. Campos Sales, o que pensam que estão fazendo em meu colégio? - perguntou uma voz grossa e autoritária. A voz do diretor Jonas.

Leia as notas finais!