Stargazer escrita por Alface


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Escrever as duas da manhã talvez não seja a melhor das ideias.
Qualquer erro de português me informem, por favor.
A história novamente avança de maneira lenta, mas já abre espaço para novas teorias.
E aí? O que vocês acham?



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- Obrigado – Arthur agradeceu pelo copo de café quente e bebeu um gole.

Por ser um quarto pequeno, não havia opção alguma a não ser os dois se sentarem na cama, mas o inglês não parecia nem um pouco incomodado com formalidades, e era visível o por que. Desde que aparecera de repente na pensão pedindo para passar a noite, Arthur não havia sequer comentado algo sobre o por quê disso, e muito menos sobre o machucado que possuía na bochecha.

Era possível observar na verdade diversas outras feridas. Alfred percebeu que o outro estava com uma certa dificuldade de andar, que pôde ser muito bem percebida ao terem que subir as escadas. Na luz fraca de seu quarto, pôde perceber também manchas vermelhas por todo o pescoço do inglês, mas preferiu ignorar esta parte. Deu um grande suspiro e sentou-se no chão, em frente ao seu convidado.

- Eu não me importo nem um pouco de ajudá-lo esta noite, mas você se importaria de me dizer ao menos o que diabos está acontecendo?

Arthur permaneceu calado, fitando a parede do quarto. De repente, o inglês parecia tão pequeno e indefeso, Alfred pensou. É verdade que, em altura, Alfred é muito maior do que seu mais novo conhecido, e que também era mais gordinho. Mas possuía uma leve definição em seus músculos, resultado de muitos exercícios braçais para tocar o violão e a falta de dinheiro para pegar transporte público. Mas o inglês não possuía nada neste sentido. Apenas seus ombros largos poderiam intimidar alguém, mas do resto... Sua aparência não insinuava haver qualquer hesitação antes de alguém tentar machucá-lo.

Enquanto pegava mais um lençol no armário, o americano ouviu o outro atrás de si, falando tão baixo e parecia sussurrar.

- Me desculpe aparecer assim de repente. Não é do meu feitio abusar da generosidade de conhecidos. – Deu mais um gole no café e continuava a fitar a parede – Eu fui enganado. Havia marcado um encontro com uma pessoa em minha casa, mas ao invés disso, foi outra... quero dizer, outras.

- Outras?

- É... para ser mais preciso, mais cinco pessoas. Mas bem, é só isso que precisa saber.

- E essas cinco pessoas fizeram isso com você? – Alfred olhava diretamente para a bochecha do inglês. Ele assentiu.

- Sim, basicamente foi isso.

- Elas fizeram tudo isso em você?

Arthur pareceu hesitar antes de tomar mais um gole em sua bebida. Olhou nos olhos de seu anfitrião.

- O que você quer dizer com isso?

Alfred parecia temer a resposta. Não teve coragem de retribuir o olhar do inglês e parecia imensamente concentrado em preparar a cama de baixo.

- Eu quero dizer essas manchas em seu pescoço. Elas também foram obra deles?

Algumas gotas de café caíram na cama assim que Arthur entendeu o que o americano estava querendo dizer, e começou a tremer. Deixou a bebida no criado mudo, por ter perdido seu apetite, e assentiu com a cabeça.

De uma só vez, Alfred levantou-se do chão. Empurrou o outro em sua cama, o fazendo deitar na mesma. Ignorou os gritos de protesto do outro e até as lágrimas que acabavam de jorrar do rosto inglês e empurrou levemente seu quadril. Arthur urrou de dor, e só então o americano sentou-se na cama, apoiando sua testa em suas mãos.

- Eu sabia... Eles... Eles te...! – Não parecia ter coragem para repetir o resto da sentença, mas a dor no quadril do outro já bastava como prova – Como eles puderam?! Quem eram esses caras, você sabe o nome deles?! Vamos para a polícia prestar queixa o quanto antes...

- Alfred... por favor...

- ...E logo depois que sairmos de lá, eu juro que vou arrebentar a cara deles. Me descreva a aparência também, para não ter erro. Seria bom levarmos uma faca também...

- Alfred!

O americano pareceu se assustar com o grito e olhou para Arthur. Em sua expressão havia uma mescla de ódio e dor. Seus olhos lacremejavam contra sua vontade e sua boca estava contorcida em cansaço.

- Por favor... já basta o que eu passei... não me faça reviver aqueles momentos, por favor...

O inesperado pedido fez com que o americano não soubesse o que fazer por alguns segundos. Olhava de seu conhecido para a porta de seu quarto e tudo parecia tão simples. Aqueles caras mereciam morrer. Como se atreviam a fazer isso com alguém indefeso...

Ouviu uma batida na porta e se lembrou de que não estava sozinho no prédio. Ao abrí-la, deu de cara com um Francis e um Yao preocupados. Ivan não costumava voltar para a pensão todos os dias, então Alfred deduziu que era apenas mais um de seus sumiços. O primeiro segurava um pequeno canivete e o segundo, uma frigideira. Ambos pareciam preparados para dar de cara com algum ladrão e reagir à sua ação, mas não foi o que aconteceu.

- Que bom que vocês estão aqui... algum de vocês tem uma bolsa para compressa quente?

Ambos se entreolharam e Yao murmurou, sem entender.

- H-Huh, eu tenho. Mas por que razão..

- Você pode trazer para mim, por favor? – Sua voz parecia urgente e o vizinho nem sequer hesitou em ir em seu quarto buscá-la – Meu amigo está machucado. Vai dormir aqui esta noite.

Pela primeira vez desde que chegara, Arthur desviou seu olhar da parede branca e olhou para a porta. Seus olhos verdes encontraram as orbes azuis escuras de Francis. Em contraste com a luz, os olhos dele adquiriam um tom quase violeta. E então Alfred percebeu o choque transpassar no rosto de seu vizinho e franziu o cenho. Alguns segundos depois Francis parecia recuperado, e como se nada tivesse acontecido, abriu um sorriso de canto.

- Bem... Se precisar de mim Alfie, estarei em meu quarto. Espero que seu amigo se recupere bem.

Logo depois Yao chegou com a bolsa de água quente e Alfred agradeceu, prometendo devolvê-la na manhã seguinte. Então fechou a porta e encarou Arthur.

- Você conhece o Francis?

Arthur não respondeu.

O americano suspirou. Já estava cansado de surpresas por aquela noite. Pediu que o inglês se deitasse e entregou-lhe a compressa, pedindo que a colocasse na parte de seu quadril que mais doía. Arthur deitou de bruços então e depositou a bolsa na parte inferior de suas costas. Alfred se perguntou quantos outros machucados deveriam existir por baixo do tecido que cobria o corpo do inglês.

- Eu vou desligar a luz. Se precisar de algo durante a noite, não hesite em me chamar.

Deitou-se no chão e procurou uma posição confortável para adormecer. É claro que era uma missão difícil, pois simplesmente não conseguia dormir.

Mal fazia um mês que conhecia o inglês e sua vida já parecia estar revirada pelo avesso. Não conhecia muitos detalhes de sua vida, sequer sabia quem era ele e com o que trabalhava e havia acabado de aceitá-lo em sua casa. Não entendia como Arthur conseguia tal proeza, visto que Alfred era bastante resistente em matéria de persuasão. Gostava de ser gentil, era bastante positivo e alegre, mas mesmo assim não permitia que se aproximassem com facilidade. Gostava de ter plena confiança nos outros para assim se entregar, seja em uma amizade ou em um relacionamento mais sério.

E os homens que fizeram isso com ele... Alfred possuía um forte e simples senso de justiça, quase infantil. Era como se em sua mente existisse os caras bons e os caras maus, e nada além disso. Em sua mente veio a imagem do inglês sorrindo enquanto se esforçava para subir a escada e não pôde deixar de sentir raiva e nojo. Quem poderia ter feito isso com alguém inocente?

Mas era inocente até onde Alfred saiba. Sentia-se desconfortável por dentro. É como se tivesse conhecimento de que não conhecia aquele homem deitado em sua cama, mas por alguma razão confiava nele. Era quase como um instinto de que deveria protegê-lo.

Odiava este sentimento que possuía desde jovem de proteger as pessoas. Porque sempre tinha que ser o herói?

“Para alguém tão pomposo, até que o senhor sombrancelhas se mete em bastante encrenca”, pensou.

- Alfred?

Ouviu o outro murmurar em meio a noite e levantou-se assustado, preparado para o pior. Caso houvesse uma piora no estado do inglês, deveria levá-lo ao médico. Deveria procurar informar seus pais também.

- S-Sim?!

- Obrigado...

O som da palavra dita pelo inglês ecoou pelo quarto por poucos segundos, até desaparecer completamente. Alfred suspirou aliviado por não ser algo relacionado à alguma possível piora do estado do inglês e olhou para o teto.

Sonhou com as estrelas. E com um anjo de voz magnífica e cabelos engrenhados.



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Notas finais do capítulo

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