Primeiro dia

–Yumi, rápido, você tem que vir conosco - Urahara invadiu minha casa sem mais nem menos.

–E ir aonde? Estou muito bem, obrigada.

–A Soul Society está com problemas, precisamos da sua ajuda.

Do sofá, mandei um olhar para o loiro.

–Por favor. Precisamos de um plano, e você sabe que é a única que pode fazer isso.

–Não. Não quero sair.

–Escute, estamos indo ao Hueco Mundo para recolher algumas informações e...

–Espera. Você disse Hueco Mundo? - o ar saiu dos meus pulmões.

–Sim. Olha, temos que ir. Você vem ou não? - ele insistiu, parado na janela.

Só de ouvir esse nome meu corpo todo doía. Era dor física mesmo. Faziam dezessete meses desde que eu estivera lá, e nada, absolutamente nada, doía mais do que pensar naquele lugar.

–Tá, eu vou. Dê-me dois minutos.

Saltei do sofá e fui colocar uma roupa decente. Escovei os dentes, penteei o cabelo e segui Urahara para fora. Ele me guiou até a casa de Ichigo.

–Olá - falei para todos quando cheguei.

–Ah, Yumi-chan, que bom que chegou! Podemos ir agora? - Ichigo parecia impaciente.

–Tá, vou só abrir uma garganta - Urahara falou, deitado no chão ouvindo.

–Oi, moça bonita!

Uma garotinha de cabelos azuis, escondida atrás de Ichigo, falou, sorrindo de um jeito idiota.

–Olá.

–O que ela tem? - ouvi Inoue perguntar a Ishida.

–Não sei. Se vocês não perceberam, ela não anda muito bem recentemente. - o quincy respondeu - Lamento dizer, não vou poder ir dessa vez.

–Tudo bem. - Ichigo coçou a cabeça - Ninguém estava pedindo para você ir mesmo...

–Maldito...

–Estamos prontos! - Urahara gritou quando um vento forte balançou meu cabelo.

Então eu, Ichigo, Inoue, Chad, a menininha e um amigo dela partimos para Hueco Mundo.

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Aterrisamos na areia. Naquela área tudo parecia calmo. O que quebrava o cenário eram alguns corpos no chão.

–Que é isso? - perguntei, abaixando perto de um deles. Havia um formato estranho no corte dele. Algo que me lembrava o modo de luta do Ishida.

–Não sei... Temos que procurar os responsáveis por isso - Kurosaki olhava ao redor enquanto falava - Vamos naquela direção. - e apontou para uma nuvem de fumaça branca.

Viramos e começamos a andar pela areia fofa. Meu peito doía e latejava, meu humor estava péssimo, eu só conseguia olhar para o chão. Eu seguia mais atrás, junto de Urahara, enquanto todo o resto do pessoal ia alguns passos a frente.

Um barulho estranho soou no ar.

–O que foi isso? - Ichigo virou para trás, com a mão no punho da espada.

–Nada. Vamos logo - resmunguei.

Demos mais alguns passos antes de ouvir o barulho de novo.

–Eu realmente estou escutando alguma coisa, Yumi.

–Deve ser o vento.

–Oi, esperem aí!!

Todos que estavam na nossa frente viraram para trás, mas eu continuei seguindo. Eu já estava acostumada a ouvir vozes, principalmente a dele, era uma coisa normal. Sorri para mim mesma, lembrando o quanto era louca.

–Oi! - a voz insistiu, mas eu continuei andando.

"São só vozes", eu pensei. "Só vozes da minha cabeça. Ele morreu, conforme-se".

–Você... - Ichigo sussurrou.

–OI, YUMI, NÃO FINJA QUE NÃO ESTÁ ME OUVINDO! VOU TE DAR UMA SURRA, SUA IDIOTA!

Meus pés congelaram. Minhas pernas viraram pedras. Parei no lugar. Ri de novo. Caramba, eu estava ficando realmente louca. Alguma coisa dentro de mim mexia e chacoalhava incansavelmente, era doloroso, era horrível. Eu sentia vontade de enfiar uma faca no peito.

–NÃO VAI ME RESPONDER, É?!

–-continua--