O Último Pendragon escrita por JojoKaestle


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Gente, sinto muito por não ter postado semana passada. Foi um combo de coisas da universidade para resolver + notícias ruins que puxaram minhas energias + eu não sei, desânimo geral?
Mas nada temam, estou de volta e as postagens devem se normalizar. Boa leitura!



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“O torneio é amanhã.”

Era a única coisa que ocupava a minha mente enquanto rasgava as ruas de Londres no caminho que Morgan havia me dado para chegar à casa de Gwynn. Bom, eu deveria estar organizando os últimos detalhes do festival, carregar montes de feno para as baias dos cavalos que haviam chegado no dia anterior (bem a tempo de prevenir mais um colapso mental de Jay), ou ajudar a fazer os espantalhos para o torneio de arco e flecha. Havia passado os últimos dias em Kimpton como uma escrava dedicada e trabalhadora durante metade do horário e passado algum tempo treinando com Leon (e muitas vezes com Dianne que tinha uma presença muito torcedora).

As horas restantes eu passei sobre o dorso de Smoca. O garanhão negro havia relinchado quando me vira no momento em que o transportador se abriu e precisou das minhas palavras calmantes para descer do veículo, as orelhas viradas para trás e os olhos arregalados. Senti-me culpada por fazê-lo passar por tudo isso, mas queria vê-lo nessas férias e não conseguia me imaginar participando da juta com qualquer outro cavalo. No último verão havíamos aprendido a como fazer parte do conflito ensaiado com um amigo do meu pai que se autointitulava lorde de alguma província ao norte. Tinha sido um dos raros momentos em que meu pai abraçara a minha paixão pelo período medieval, foi um dos melhores verões da minha vida. Smoca tinha o poder de me libertar de qualquer preocupação e quando cavalgava era como se existissem apenas nós dois em todo o universo. Seus cascos eram rápidos, tão rápidos que faziam o vento assobiar em meus ouvidos. Havia me certificado de que estivesse bem instalado nos estábulos improvisados e lhe dera uma cenoura pela manhã. Esperava que aquilo fosse o suficiente para que se sentisse satisfeito, mas as exigências de Smoca eram um tanto quanto difíceis de serem saciadas. Um sorriso se estampou em meu rosto. Era um cavalo bom, um cavalo que fazia meu coração explodir de orgulho.

Parei em um sinal e observei um senhor atravessar a faixa de pedestres. Lembrei-me imediatamente de Merlin, que há dois dias não dava sinal de vida. A última vez que o vira estava pulando a janela do escritório do meu pai com o livro que encontramos debaixo do braço magro. Pela forma como o olhara tinha certeza de que não precisaria lembrá-lo de cuidar bem dos manuscritos, apenas esperava que o cotidiano cheio de Jonathan Pendragon o mantivesse alheio ao fato de um dos seus exemplares mais velhos ter sido substituído por um livro de “1001 lugares para conhecer antes de morrer”. Pertencia a Catherine e foi a única coisa que eu achei que tivesse mais ou menos o tamanho do vão que “Os Pendragon ao longo das gerações” havia deixado para trás. Também haviam sido dois dias sem incidentes com criaturas mágicas de qualquer tipo, o que fora suficiente para me manter razoavelmente calma.

Razoavelmente calma porque não havia ouvido nada de Gwynn durante todo esse tempo. Morgan e Dianne me lembraram de que não éramos nem ao menos amigos, mas a preocupação que sentia não era o tipo “hey, por que você deu bolo?!” e sim “por-favor-dê notícias-de-que-não-foi-comido-por-um-grifo-assassino-ou-que-algo-sério-aconteceu-com-sua-família”. Havia tentado mandar alguma mensagem para seu número, mas se havia chegado ele não repondera. A inquietação crescera o suficiente para me fazer pular do sofá, jogar a jaqueta de couro sobre o ombro e gritar para minha mãe que iria sair. Ela me evitava desde o que acontecera com Morgan. Provavelmente esperava que eu pedisse desculpas pelo meu comportamento inaceitável e me viraria a cara até mudar de ideia. Queria que visitasse o festival, talvez me assistisse. Mas agora estava mais que certo que isso não aconteceria. O que por si só tinha sido suficiente apenas para que me sentisse um pouco triste, mas o fato de Mordred confirmar sua presença quase me fez explodir de raiva.

Na verdade não o ouvira do próprio, até porque algo me dizia que Mo sabia da minha antipatia por ele. Morgan me contou antes que eu saísse de casa. Acho que de alguma forma havia contribuído para que eu sentisse que precisava de um tempo longe de tudo aquilo. Não queria brigar com Morgan. Não queria lhe dizer que uma aproximação de qualquer tipo era uma decisão errada. Que iria se arrepender, que iria se machucar. Mas se o fizesse estaria agindo exatamente como ele quando Felix me visitara e sabia que ele se sentiria tão incomodado quanto eu me sentira. Teria que engolir Mordred até que conseguisse basear a minha antipatia em algo além de intuição. Ainda que minha intuição fosse razoavelmente digna, apenas não ao que se refere a perseguições por grifos psicopatas.

Parei diante de um prédio com tijolos vermelhos. Na verdade toda a rua parecia ser prédios de tijolos vermelhos grudados uns nos outros, formando um corredor. Vi bicicletas amarradas no poste na frente de um deles, no seguinte um pequeno balde com giz colorido que crianças haviam usado para desenhar na calçada estava repousando sobre um degrau. Imagino que tivessem sido crianças, mas eu provavelmente não conseguiria desenhar um dragão tão bonito. Franzi o cenho. Dragões.

O barulho da porta se abrindo com toda força me fez sobressaltar. Esperava que alguma besta fosse saltar para cima de mim, mas a garota parecia quase inofensiva. Digo quase porque quando me viu um sorriso maroto se desenhou em seus lábios cheios. Saltou os três degraus que levavam à entrada da construção e já me estendia a mão antes mesmo que eu conseguisse me recompor.

- Olá – disse com os dentes brilhando e os olhos escuros transformados em meia lua por causa do sorriso – Você deve ser a amiga de Gwynn.

- Ahm, sim. – falei, tirando o capacete. Esperava que não soasse tão assustada, a garota deveria ter no máximo treze anos – Suponho que seja.

A garota deu uma pequena risada e apenas por ela eu soube que deveria ser sua irmã. Cruzou os braços atrás das costas e balançou para frente e para trás.

- Então, você vai entrar ou não? - me desafiou enquanto eu ainda olhava para o dragão de giz amarelo. O tom lembrava o brasão dourado que tinha visto no livro sobre minha linhagem e era desconfortavelmente familiar.

- Eu só queria saber se estava tudo bem. – murmurei encarando as asas abertas da criatura. As presas estavam a mostra e as patas erguidas, prontas para causar um grande estrago – Foram seus vizinhos que desenharam?

- Isso? - as sobrancelhas grossas da garota se ergueram – Não, não. Foi um desenho meu. – falou sem importância – Eu gosto de dragões e ultimamente tenho sonhado com esse em particular. Engraçado, não é?

- Bastante. – desprendi os olhos da calçada para notar as similaridades entre ela e Gwynn.

Seria capaz de apostar minha motocicleta no palpite de que eram irmãos. Era uns dois palmos mais baixa que eu, tinha cabelos cacheados que chegavam um pouco abaixo dos ombros e eram mais escuros que os de seu irmão mais velho. O rosto era redondo e os olhos duas grandes amêndoas acima de bochechas fartas que pareciam estar sempre levantadas em um sorriso. Coçou o nariz pequeno e achatado de forma displicente, depois se virou para a entrada e me chamou para segui-la com um gesto.

- Meu nome é Ellie. – disse empurrando a porta para o lado e me deixando passar – Espero que sua resistência esteja boa.

Não entendi o aviso até estarmos subindo mais degraus que eu conseguia contar. Tentei dizer  entre um arquejo e outro que me chamava Avina, mas Ellie sempre estava a um lance de distância.

- Vamos Avina! – ela gritou, se inclinando sobre o corrimão um andar acima de onde eu tentava me arrastar. Seus cachos balançaram quando tentou reprimir uma risada – Só mais um pouco!

Eu sou uma atleta de nível nacional. Tentei me lembrar enquanto meu pulmão se recusava a trabalhar de forma digna. Suor cobria minha testa e minhas bochechas deveriam estar vermelhas pelo esforço, o que era tão constrangedor que quando finalmente estava diante da porta do apartamento e vi Gwynn estava pronta para morrer.

- Ela não parece uma esgrimista muito boa – comentou Ellie quando passou pelo irmão – Quase desmaiou no quinto andar.

Eu queria ter fôlego suficiente para retrucar, mas Gwynn o fez por mim.

- Ellie... – começou em um tom reprovador ao que ela deu de ombros e jogou um pedido de desculpas sem muita convicção. Fiz um gesto de que não fora nada para poupar o vexame de arquejar qualquer coisa. Gwynn me encarou com seus olhos escuros e teve a mesma dificuldade de se manter sério – Desculpe. – disse rapidamente – Eu estava no banho.

Sim, isso dava para ver. Seus cabelos ainda estavam molhados e o colarinho da camiseta branca por onde enfiara a cabeça estava úmido. Havia vestido uma calça jeans com pressa, mas mesmo com toda a correria ainda estava em um estado melhor que eu.

- Morgan deveria ter me avisado que moravam na cobertura, não teria nem começado a jornada. – consegui murmurar.

- Isso é dificilmente uma cobertura a que está acostumada. Mas minha mãe me mataria se não a convidasse para um chá. Ou talvez uma limonada fosse mais aconselhável.

Sorri diante da sugestão.

- Limonada será ótimo. – falei tirando a jaqueta e deixando-o guardar meu capacete – Sua mãe está em casa?

- Está trabalhando. Oscar e Billy estão na creche. Tem sorte de hoje ser minha tarde de folga ou encontraria apenas o humor azedo de Ellie para recebê-la.

- Eu escutei isso! – veio o grito do interior do apartamento.

- Bom, o que quis dizer é que você normalmente é um amor. – depois baixou o tom para que apenas eu ouvisse – Não tem dormido bem, diz que tem pesadelos.

- Sim, ela comentou algo sobre dragões. – falei fingindo desinteresse. Não queria que Gwynn soubesse das coisas pouco naturais que andavam acontecendo na minha vida. Ainda não.

Segui Gwynn até a cozinha modesta e me sentei à mesa enquanto ele cuidava de arranjar as coisas para a limonada. Pelos utensílios que ele tirava dos armários dava para ver que em pouco tempo teria limonada caseira para beber.

- Sim, na verdade – ele continuou – não é o dragão que a assusta. Dividimos o mesmo quarto e ela é muito tagarela até quando está dormindo.

- O que ela diz? - perguntei, tentando não observar demais como o corpo de Gwynn se mexia.

- Que o dragão sempre morre no final do sonho.

Um calafrio desceu minha espinha. Tentei parecer natural quando Gwynn se virou perguntando sobre minha preferência na quantidade de açúcar, mas meu coração batia no topo da garganta.

- Sempre digo a ela que dragões são difíceis de matar. – disse Gwynn, trazendo a jarra de limonada e colocando os copos diante de mim – Você está bem? Não diga que tem medo de dragões.

Sorri diante da naturalidade com que falava sobre as criaturas como se fossem reais.  E como as coisas estavam andando, não duvidava de que eram mesmo. Merlin comentara uma vez que tinha um. Talvez Ellie estivesse apenas passando pela fase de puberdade ou com a imaginação aflorada. O dragão também não precisava se referir a mim, mas de qualquer forma mencionara a situação a Merlin. Se ajudasse a manter o seu dragão em segurança já teria valido o julgamento do velho.

- Meu nome é Pendragon. – devolvi, mexendo nas margaridas que serviam como um arranjo em um copo de vidro – Acho que seria irônico se tivesse problemas com dragões.

- Pendragon, Pendragon... – falou enchendo meu copo até quase derramar – Parece um nome bem antigo, não é? E a casa de vocês também parecia bem impressionante.

- Nossa casa? Então você esteve lá naquela noite.

Gwynn sentou-se ao meu lado e prestou muita atenção à limonada. Era um refresco ótimo e estava tão gelada que os copos começavam a transpirar. Mas nem a bebida mais deliciosa do mundo me faria largar o assunto.

- Eu poderia ter visitado Morgan quando você não estivesse em casa. – tentou quando meu olhar questionador se tornou insuportável.

- Ele teria me contado.

O rapaz suspirou, derrotado.

- Sim, ele teria contado. Fui muito egoísta, mas não respondi suas mensagens porque meu celular estava no conserto. – ao ver minha expressão riu – Se fosse mentira arranjaria uma desculpa melhor. Mas o pobre Rufos, esse é o nome do meu celular, já passou por muitas coisas. Quando voltei para casa Oscar tentou comê-lo.

- Normalmente colocamos a culpa no cachorro.

- Ele tem dois anos e quer colocar seus dentes em bom uso. E o mordedor não puxa seu interesse tanto quanto o aparelho jurássico de seu irmão mais velho que por coincidência é a única maneira dele ter contato com o mundo.

- Aposto que perdeu ligações realmente importantes também. – falei.

- Ouvirei por meses como sou irresponsável, isso já ficou bastante claro.

- Bom. – respondi com tanto gosto que o fez erguer os olhos.

Gwynn me olhou e sorriu, o que era suficiente para que um sorriso se desenhasse em meus lábios também. Era automático e espalhava uma sensação boa pelo corpo.

- Então, por que foi embora? - perguntei para dentro do copo que enfiei no rosto para que não me visse ruborizar.

- Agora que você perguntou parece realmente idiota, mas na hora pareceu a coisa certa a se fazer. - falou encarando a geladeira coberta por desenhos de seus irmãos. Havia um com um cachorro que parecia mais uma salsicha com pernas e talvez essa fosse a intenção do artista – Quando estava descendo a rua um carro parou na frente da casa de vocês, eu achei que talvez fosse sua mãe ou algo do tipo.

- Mas não era. – então ele viu.

Gwynn deu um pequeno sorriso.

- Não, não era. Achei que vocês iriam caminhar para um restaurante do bairro ou algo do tipo. E parecia injusto privá-la da comida – ele disse com bom-humor – então resolvi adiar o jantar para uma data mais propícia.

Era uma narração um tanto quanto vaga, mas não o pressionaria. Até porque se confessasse que tinha sido por uma pontada de ciúmes ou frustração não saberia como reagir. Por isso também não mencionei a desculpa esfarrapada que dera a Morgan.

- Não fomos jantar. – falei, empurrando o copo em sua direção para que o enchesse novamente – Na verdade nem ao menos foi um passeio divertido. Muito para baixo e acusativo para meu gosto.

Poderia dizer o que quisesse, mas vi seus ombros relaxarem com minhas palavras.

- Então aquele rapaz não era seu namorado. – Gwynn concluiu.

- Nunca foi, para ser sincera. E naquele dia lhe certifiquei que não o seria.

O rapaz ficou pensativo por um instante.

- Uma noite e tanto. – conseguiu dizer depois de meio minuto e se esforçara tanto para encontrar as palavras certas que me fez cair na risada.

O apartamento da família de Gwynn não era mesmo uma cobertura luxuosa, mas era arrumado (o tão arrumado que uma casa pode ser com crianças pequenas) e os móveis de segunda mão lhe conferiam certo charme. Não o falei, porque talvez o interpretasse como um elogio forçado. Gwynn parecia ter dificuldades suficientes para encarar o fato de eu ser de uma família rica, não precisava lhe dar motivos para se perguntar se tinha sido sincera, educada ou se não estivesse debochando do seu lar atrás de palavras polidas.

Havia também retratos espalhados pela casa inteira, seja em porta-retratos, pregados em armários ou nas paredes. Sempre mostravam a mãe de Gwynn, uma versão mais velha e contida de Ellie, e seus filhos ao longo dos anos. Nunca havia um homem além de Gwynn. Talvez abandonara a família, mas aquelas fotos sorridentes e nada posadas me fizeram ter o pensamento de que eram uma família bem mais feliz e unida que a minha. O que me deu uma pontada de inveja. Com minha mãe e seu mundo artificial e meu pai com suas viagens e horários estendidos era difícil ver naquela casa uma família que fosse além de mim, Morgan e Jodie.

Foi uma tarde tão agradável que não me dei conta das horas passando. Com Gwynn era apenas sentar e conversar sobre qualquer coisa. Ouvi sobre como tinha o sonho de um dia ter seu próprio restaurante, de como tinha certa queda por comida mexicana e sobre seus empregos. E eram tantos. Ajudava em três restaurantes, fazia bico como tratador de idosos em uma clínica não muito longe dali e durante os fins de semana trabalhava em projetos que ajudavam crianças com algum tipo de deficiência. Era voluntário nesse último e quando falava das crianças ficou tão animado quanto no momento em que contou do curso de gastronomia que ganhara de um dos chefes de cozinha para qual trabalhava. Era realmente estranho que tivesse tempo para qualquer outra coisa, mas também tinha muito a dizer sobre as bandas que gostava, seus filmes favoritos (eu não conhecia metade e joguei a culpa na minha queda por grandes sucessos hollywoodianos) e sobre os livros que lia. A maioria era sobre primeiros socorros e coisas do tipo, que ajudavam quando precisava lidar com uma emergência no trabalho. Também deveria ser útil quando sua mãe tinha problemas, mas não toquei no assunto.

Tínhamos terminado a jarra de limonada há horas quando Gwynn se desculpou, dizendo que teria que buscar os irmãos na creche.

- Eles podem se tornar um tanto quanto inquietos se pensarem que foram esquecidos. – comentou no corredor pequeno enquanto me devolvia a jaqueta e o capacete.

- Crianças me assustam mais que dragões. – comentei me vestindo.

- Na maioria do tempo são bem agradáveis.

- Bem, então poderia me apresentá-las qualquer dia desses. As únicas crianças que tenho contato são tão terríveis que me tranco no quarto para não ser levada para o sacrifício. – estava me referindo aos filhos mais novos de algumas amigas da minha mãe. Era tiro e queda. Elas entrando pela porta de casa e eu passando a chave na minha porta. Eram mimadas e choronas e machucavam quando não conseguiam o que queriam. Tinha muita pena das babás que precisavam lidar com os momentos em que saíam do controle, o que geralmente era sanado com algumas dezenas de libras empurradas em suas pequenas mãos.

- Precisa apenas dizer o dia. – convidou Gwynn, depois se voltou para o corredor e gritou – Ellie, Avina está de saída!

- Tchau Avina! – veio a resposta lá de dentro – Agora é apenas descida!

- Ela certamente sabe como encorajar as pessoas. – comentei, arrancando um sorriso de Gwynn.

Mas Ellie estava certa, óbvio. A descida foi muito agradável perto do suplício de algumas horas antes e antes de percebemos estávamos na porta do prédio.

- Obrigada pela limonada e pelo papo. – agradeci, estendendo a mão para Gwynn antes que ele fizesse alguma ação mais afetiva.

O rapaz a apertou.

- De nada, espero que o jantar realmente aconteça. Da forma certa dessa vez.

Anui e montei na minha motocicleta. Observei Gwynn por alguns momentos. Como seu cabelo cacheado balançava com o vento fresco de fim da tarde e seus olhos sorridentes se estreitavam por causa do sol. Lembrei-me de como meio que me convidara para acompanhar seu trabalho na ONG que ajudava e apoiei o capacete na minha frente.

- Hey, você está livre amanhã?

- Talvez precise de mais algum tempo para definir um cardápio a sua altura.

Revirei os olhos com o irritante sorriso automático tomando meu rosto.

- Não, não é sobre isso. É que amanhã temos um Torneio... Bem, é meio que um Festival Medieval. Em Kimpton, conhece?

- Já fomos ao museu de lá. Billy quase derrubou uma das armaduras.

- Bom, não é muito longe. Poderia passar aqui pela manhã e te buscar. – falei boca afora e me arrependi no mesmo instante, porque significaria que teria Gwynn a uma distância muito pequena por uma quantidade de minutos razoável. Talvez pudesse pedir ajuda a Dianne ou Morgan. Afinal, eram os motoristas mais próximos e um possível encontro deveria ser motivação o suficiente para dar  uma mão.

- Na verdade estava pensando em levar todo mundo, faz um tempo considerável que não passeamos. Os pequenos vão adorar.

- Pode ter certeza. Vamos ter torneios de arquearia, demonstrações de falcoaria e torneio de justa e combate. – estava sendo mesmo uma propaganda ambulante efetiva, Jay deveria se orgulhar – E oficinas diversas para crianças de todas as idades. –arrematei.

Gwynn franziu o cenho e coçou o queixo.

- Certo – anunciou – Me convenceu.

A despedida foi rápida e quando estava na metade do caminho de casa me dei conta do problema que havia arranjado. Tudo culpa de Gwynn e seu poder de deixar meus pensamentos totalmente inebriados. Claro, será um encorajamento e tanto para seu julgamento sobre mim se tiver a bunda chutada no meio da arena. Pensei e mordi os lábios de nervosismo. Agora tinha mais um motivo para vencer. Para não deixar ninguém me fazer parecer idiota. Era o maior impulso que poderia receber no momento. E também a maior cobrança. 


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Notas finais do capítulo

Com esse capítulo aprendi a:
1) ter mais respeito pelo pessoal que escreve fanfic que se passam no tempo moderno;
2) ter mais respeito pelo pessoal que tenta fazer genderbend de uma forma convincente, sem perder a essência do personagem (o que me deixou super confusa, por que já pararam para pensar o tamanho da parte da nossa personalidade que é definida pelo gênero com o qual nos identificamos?);
—-x--
Mais um cavaleiro introduzido, três to go. Até semana que vem com provavelmente meu capítulo favorito até agora o/



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