A Linhagem Sagrada escrita por elleinthesky


Capítulo 5
Capítulo 4 - A Colina


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, desculpem a demora, mas é que eu viajei no ano novo e acabei esquecendo o carregador do notebook em casa por isso só consegui postar no dia 30, se bem que na verdade já era 31 (eu lembro que na hora a bateria estava em 7%, imagina o desespero rs). Daí eu usei o note da minha mãe pra ler fics e responder aos reviews. Enfim, já cheguei em casa e lá vai capítulo novo procêis.
Até lá embaixo e boa leitura (:



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“Eu só posso estar ficando maluca. Onde eu estava com a cabeça em aceitar ir para o meio do nada com esses dois pirados? Só espero que toda essa coisa seja verdade, se não for eu os matarei. Bem, ‘matar’ eu não sei mas essa coisa de sangue de anjo deve servir pra alguma coisa”, pensou Amy no elevador a caminho do apartamento, enquanto Scott e Godfrey aguardavam-na do lado de fora do hotel.

Fazer as malas foi bem mais fácil do que ela achou que seria; se bem que “fazer as malas” não é bem o termo certo, na verdade ela colocou meia dúzia de coisas dentro de uma mochila. Amy organizou um pequeno kit básico de sobrevivência com o que ela conseguiu lembrar que seria útil, afinal ela não sabia nada sobre o tal acampamento. Ela saiu do apartamento com uma garrafa para colocar água, analgésicos, bandagens, escova de dente, creme dental, um bom agasalho, roupas íntimas, palitos de fósforo, um canivete que seu pai certamente esquecera que possuía, algumas poucas peças de roupas, uma estela (escondida dentro de um pacote de batatinhas, por segurança), um punhal e desodorante dentro da mochila.

Ela não gostava nada da ideia, mas teria que mentir para o pai. No bilhete que deixara em cima da mesa de carvalho do amplo escritório/biblioteca, Amy dizia que iria passar a semana em um acampamento organizado pela escola e que ele já havia permitido a ida dela. “Pelo menos eu sei que ele não vai lembrar o que assinou para o colégio, ele nunca lembra”, pensou ela enquanto destacava a folha do bloco de anotações e colocava-a em algum lugar dentro do campo de visão de Stephen quando ele se sentasse à mesa.

Assim que Amy fez tudo o que tinha para ser feito ali, ela pegou sua mochila e foi encontrar com os dois estranhos que a esperavam sentados na calçada do outro lado da rua como se nada estivesse acontecendo. Quando ela os avistou, percebeu que eles estavam rindo; não, eles estavam em um estado de quase gargalhada. Para Amy, os dois eram extremamente diferentes de tudo que ela conhecia, isso pra não dizer esquisitos e bizarros.

Perto dali estava estacionado um carro um tanto peculiar: um fusca laranja brilhante com o desenho de um centauro e as palavras “υπηρεσία στο στρατόπεδο μιγάς” (“A serviço do Acampamento Meio-Sangue”) escritas em grego antigo na lateral com uma tinta preta. Agora, como Amy sabia que aquilo era grego antigo, ela não fazia a mínima ideia.

O caminho até Long Island foi mais curto do que Amy julgava ser possível, parecia que saíram de Manhattan há quinze minutos no máximo. O local onde ficava o acampamento era um imenso e bonito vale que, para ela, seria o local perfeito para um piquenique se não fosse pela presença das grandes construções. De início ela não compreendeu realmente o que estava acontecendo, mas conforme entravam ela percebeu padrões na arquitetura do lugar.

Casas enormes dispostas em formato de U remetiam ao formato dos assentos dos doze deuses do Olimpo e, quando chegaram mais perto, Scott explicou que as casas na verdade eram chamadas de “chalés” pelos semideuses e que os filhos de cada deus ou deusa residiam lá durante o verão ou por todo o ano (era o caso dos órfãos ou “fujões”). Ela ficou fascinada com a magnitude de cada chalé e como sua arquitetura transparecia de qual deus ou deusa era cada chalé.

Havia ainda uma casa maior, chamada de Casa Grande, onde residiam os tutores do acampamento: Chiron, um centauro que treina semideuses “desde sempre”, segundo Scott (a essa hora Godfrey já tinha desaparecido; na verdade, Amy sequer percebeu quando ele saiu de perto dela e de Scott); e também o deus das vinhas, Dionísio, que estava no acampamento por um castigo imposto por Zeus. Enquanto estava fora do Olimpo, Dionísio gostava de ser chamado apenas de Sr. D.

Scott levou Amy para conhecer cada canto do acampamento até que chegou o momento de leva-la aonde ela pudesse descansar. Eles pararam em frente ao lago quando Amy perguntou onde ela ficaria.

– Bom, a nossa primeira opção é leva-la pro chalé de Hermes. Mas temos um probleminha quanto a isso: lá é meio lotado, ou seja, é provável que você não consiga uma cama logo no primeiro dia. – Disse Scott, ficando de frente para a garota.

– Não me parece algo de que gostaria no momento, lutar por uma cama não é do meu feitio. – Disse Amy, fazendo sinal de rendição com os olhos semicerrados. – Qual é a próxima opção?

– Tentar falar com Chiron e, se tivermos sorte, com o Sr. D.

– Como assim “se tivermos sorte”?

– Oras, ele é um deus. Além do mais, ele nunca foi conhecido por ter paciência com qualquer pessoa. Teremos uma grande surpresa se ele ao menos aceitar pensar no seu caso.

– Mas que grande idiota!

– Repita isso um pouco mais alto e todos os filhos do Sr. D virão fazer picadinho de você. Se tem algo que eles gostem mais do que encher a cara, essa coisa é o papaizinho deles; embora Dionísio não dê a mínima pros próprios filhos mesmo estando tão perto deles. – Disse Godfrey, surgindo do lado de Amy vindo sabe-Deus-de-onde.

– Pra mim, ele continua sendo um grande idiota. – Disse Amy, baixo o suficiente para que somente o sátiro e o garoto escutassem.

Como não sabiam exatamente o que fazer com a garota, os dois levaram Amy até a Casa Grande para que Chiron ou Sr. D decidissem o que seria feito a respeito daquela estranha garota. Chiron estava sentado na varanda da casa jogando xadrez com um semideus e, quando Scott e Godfrey chegaram com Amy, ele fez um sinal de “vá” com a mão para o garoto com quem jogava.

– Filhos de Athena, sempre formidáveis estrategistas. Apenas doze anos de idade e, se vocês não tivessem chegado, ele me colocaria em xeque. – Disse Chiron, rindo, enquanto os três subiam a escada de acesso. – Então, no que posso ajudá-los, meus jovens?

– Acabamos de voltar de nossa incursão e, milagrosamente, não deparamos com nenhuma criatura. – Começou Godfrey. – Só que o nosso problema maior não é esse.

– E qual seria?

– Ela não é exatamente uma semideusa. Geralmente filhos de semideuses não entram nos radares, mas por algum motivo ela entrou.

– Talvez tenha alguma coisa a ver com quem é, ou era, a mãe dela. Talvez ela fosse importante ou algo do tipo. – Disse Scott.

– Criança, quem é sua mãe? – Perguntou Chiron, com olhos curiosos.

– O nome dela era Mary Ann Stuart. – Disse Amy. – E eu não sou nenhuma criança!

– Ma-Mary Ann? – Disse Chiron, ainda tentando assimilar a informação. Então, ele deu uma gargalhada tão estrondosa que Amy teve a impressão que o piso da varanda chacoalhou. – É compreensivel esse seu temperamento, esquentadinha como a mãe. Realmente, uma descendente de Zeus típica.

– Zeus? Você quer dizer o deus dos raios e tempestades? O rei dos céus? – Disse Amy, perplexa. – Não, isso é impossível. Minha mãe era uma mulher absolutamente comum, não havia nada de especial sobre ela. De modo algum ela seria filha de um deus!

– Você realmente acha que vocês são os únicos que habitam esse planeta, não é criança? – Disse o Sr. D, aparecendo na porta da casa.

– Sr. D. – Disseram Scott e Godfrey juntos, em tom de reverência. Dionísio simplesmente os ignorou.

– Pelo que pude entender, você é descendente do nosso amado Zeus. – Ele disse “amado” em um tom perfeitamente irônico. – O que mais pode ser feito por você a não ser coloca-la no chalé do querido vovô? – Então, Sr. D virou-se para Scott e Godfrey e falou diretamente para eles pela primeira vez desde que apareceu. – Levem-na pro chalé 1 e se certifiquem que ela tenha tudo que precisa. – Ao contrário das palavras, o tom usado pelo deus não era nada gentil. - Agora vão. E bem vinda ao acampamento, senhorita Greatchest. Tente não morrer.

– É Graycastle e obrigada, Sr. D. – Disse Amy, e se retirou.

– Que seja. – Disse Dionísio enquanto Amy, Scott e Godfrey desciam as escadas.

Chegando no chalé de Zeus, Amy percebeu quão bonito era o lugar apesar de parecer inabitado por décadas. Era tudo incrivelmente branco e brilhante, um contraste estranho com as teias de aranha que encontrava aqui e ali. O local foi visivelmente planejado pra abrigar pelo menos umas trinta pessoas confortavelmente, porém sequer metade desse quorum sequer pisou dentro do chalé.

– Apesar da magnitude do lugar, menos de dez semideuses passaram por aqui desde que o Acampamento Meio-Sangue saiu da Grécia e veio para Long Island. – Disse Scott, como se lesse os pensamentos de Amy desde que ela chegara no local – É claro que eu acho que é um baita desperdício de espaço construir um chalé tão grande pra quase ninguém quando se tem um chalé estupidamente abarrotado logo ali na esquina. – Obviamente ele estava falando do chalé de Hermes, onde ficavam os filhos do deus e os não reclamados por seus pais/mães deuses. – Bom, agora eu preciso ir. Provavelmente tem algum irmão ou irmã arrumando confusão por ai e eu não quero que o chalé do meu pai fique mais mal-falado do que já é. Aliás, você tem trinta minutos pra se acomodar até a hora do jantar, não se atrase. Os deuses não gostam quando nos atrasamos pro banquete.

– Obrigada e...espera, os deuses comem com a gente? – Disse Amy, mas Scott já tinha saído e ela duvidava que ele tivesse escutado o que ela tinha acabado de dizer.

Pessoas, ou melhor, semideuses normais simplesmente organizariam suas coisas até soar o sinal para o jantar, mas tudo o que Amy fez foi esticar o lençol de uma das camas e jogar sua mochila num canto. Ela apenas deitou e ficou olhando para o teto do chalé, ele era a reprodução perfeita do céu lá fora e isso pareceu acalmá-la.

“Entre nephilins e semideuses cá estou eu, mais uma vez sozinha num quarto imenso. Por que isso? Por que comigo? O que fiz de errado pra merecer isso?”, pensou Amy. Ela não teve nenhuma resposta, apenas escutou o eco de suas palavras no imenso quarto de paredes em mármore branco.

E então um raio brilhou no meio do quarto.


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Notas finais do capítulo

E então, valeu a espera? A chegada dela ao acampamento foi como vocês esperavam que fosse?
Contem-me tudoooo. Opiniões, sugestões e críticas são sempre aceitas (:
2bjs



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