A Linhagem Sagrada escrita por elleinthesky


Capítulo 19
Capítulo 17 - Abrindo o Jogo


Notas iniciais do capítulo

Vinte leitores, oito favoritaram, três recomendações e sessenta e seis comentários! Palmas pra vocês, seus lindos (:
Obrigada por me aguentarem a cada capítulo rs
Boa leitura ♥
~ps: eu ia postar amanhã, mas a Messer pediu e acabei postando hoje~



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– Amy, uma garotinha assustada chegou lá no meu chalé sussurrando que você queria falar comigo urgente e saiu correndo. Eu tive pena da criança, pra ser sincero. Não que eu goste muito de criaturinhas pequenas e barulhentas. – Disse Kevin, enquanto adentrava o chalé de Zeus e via sua amiga sentada rigidamente no sofá branco à sua frente.

– Fico imaginando como vai ser quando você e Belle tiverem filhos.

– Simples, não vamos. Ela compreende minha aversão a esse tipo de... coisa. – Respondeu ele, franzindo o nariz. – É tudo sempre tão “branco-com-azul” por aqui?

– Sim, é. Mas não foi pra pedir dicas de decoração que te chamei aqui.

– Imaginei. – Sussurrou o garoto, enquanto se sentava ao lado da amiga.

– Kevin McHale, que história é essa de ter passado a noite com Bridgitt Bordeaux? – Berrou Amy, assustando ambos com sua veemência.

– E-eu... Eu não... Quem te falou isso? – As mãos de Kevin tremiam enquanto ele procurava algo em que se apoiar, tateando o ar.

– Não importa quem disse ou deixou de dizer, você o fez. Não adianta negar, está estampado nos seus olhos. – Lágrimas começaram a brotar nos olhos de Amy com o pensamento que aos poucos inundava sua mente. – Como você pôde fazer isso com alguém tão maravilhoso quanto a Belle? Você não tem noção do que isso significa? E se algum dia você a perder como eu perdi o Sammy? Como vai ficar a sua mente? Você vai mesmo dormir em paz com o pensamento de que traiu a pessoa que mais te ama no mundo? Aliás, como você consegue dormir tranquilo tendo cometido um ato desses?

– Amy, eu... Eu não quis, de verdade. Eu fui impelido a isso.

– Kevin, você acha que é fácil ter recebido uma informação dessas? Logo você, um dos meus melhores amigos aqui, num lugar aonde pouca gente vai com a minha cara. Imagina o contrário, se você morresse e depois Isabelle descobrisse tudo? Como você acha que ela iria ficar? Todas as memórias, os momentos felizes que passaram juntos, todas as coisas verdadeiras que um já sentiu pelo outro passariam como meras mentiras aos olhos dela. Por que fez isso, Kev? Por quê? – A essa altura, a garota já chorava fracamente e dava tapas e socos tão fracos no amigo que ele sequer sentia a dor. Não que ele estivesse impelido a explicitar esse fato.

– Amy, tenta entender o meu lado, por favor. Posso tentar explicar? – Com a garota tendo assentido com um murmuro, ele chegou mais perto dela. – Eu não recebia notícias da Belle há dias, toda a informação que eu tinha era que ela estava em uma missão importante pro pai dela e que não podia se comunicar com ninguém que não estivesse na equipe de expedição. Dai esse garoto, John Fiennes, o antigo líder do chalé de Apolo, disse que se perdeu dos outros membros da equipe e voltou pra cá. Os boatos eram que ele tinha ficado biruta e, depois que o interroguei com métodos não tão ortodoxos, descobri que, na última vez que ele tinha visto a minha Belle, ele estava fugindo de alguma criatura e ela estava gravemente ferida no tórax em algum lugar não muito longe dele. Eu não sei muito de medicina, mas sei que os órgãos vitais ficam nessa parte do corpo e não foi difícil ligar os pontos. Eu sabia que ela preferiria morrer lutando a ser salva por alguém, foi ai que desabei.

– E onde a irmã do Sam entra nessa história? – Sinalizou Amy, tentando mostrar que ela não seria enrolada tão facilmente por ele.

– Assim que me dei conta que supostamente a tinha perdido, eu me sentia confuso e desnorteado; eu precisava de algo pra me esconder. Foi então que a vi. Não me entenda mal, Bridgitt sempre foi muito amigável para comigo – Ele sufocou uma risada quando a amiga murmurou “Aham, amigável. Conheço o tipo.” – e ela estava ali pronta pra escutar tudo o que eu tinha pra dizer. Ficamos horas e horas conversando no hall principal do chalé até que ela me abraçou de um jeito que só a Belle era permitida a fazer. Um abraço longo e forte, enquanto eu apoiava minha cabeça no ombro nela. Eu realmente não sei o que deu em mim naquela hora, mas eu simplesmente a beijei com toda a intensidade que eu tinha dentro de mim. Não foi paixão, sabe; era quase um desabafo. Dai tudo começou a rodar e a última coisa que me lembro era de Bridgitt arrancando a minha camisa. Depois disso tudo ficou preto e de repente eu acordo nu na minha cama com ela deitada no meu peito. Connect the dots... – Finalizou ele, imitando o sotaque da amiga, com o rosto entre as mãos.

– Você é péssimo em ligar pontos e seguir sinais, sabe Deus o que realmente aconteceu naquela noite.

– Eu tive certeza que algo aconteceu quando fui ao banheiro e encontrei um preservativo usado na lixeira. No dia seguinte, Belle apareceu sã e salva; até hoje não sei como fui capaz de olhar nos olhos dela naquele dia. Eu me sentia sujo, fraco. Ela não merece alguém como eu, nunca mereceu. Ela é o tipo de garota que sonha em se casar, ter uma família junto de alguém e ser feliz pra sempre. E eu? Que tipo de cara sou eu? Que tipo de futuro dos sonhos eu posso dar pra garota que eu amo? Um cara esquisito que evita contato humano e tem aversão a crianças. Como se vive com alguém assim? – Lágrimas tomavam conta agora das bochechas coradas de Kevin McHale.

– Sabe, eu tinha preparado todo um sermão caso você viesse com uma explicação fajuta pro que aconteceu com a Bordeaux, mas eu não consigo. Kevin, eu vejo a dor nos seus olhos, a dor que é vê-la a todo tempo e ter de esconder algo assim. Posso imaginar quão ruim é a sensação.

– Eu até tentei contar pra ela, mas a dor por perdê-la e magoá-la seria imensuravelmente maior que ter de viver com esse segredo.

– Mas você sabe que vocês precisam conversar sobre isso, certo?

– Teve um dia que eu toquei no assunto só pra saber qual seria a reação dela e, palavras dela, “se ela fosse traída, não restaria um pedacinho do sujeito pra contar a história”. Se bem que, olhando por esse lado, morrer não seria uma punição ruim o bastante. Todos os dias eu me pergunto se ela me perdoaria. Todos os dias eu tenho a certeza que não.

– Se você realmente a ama, você tem de contar.

– Eu sei, mas é o medo de perder minha joia mais preciosa que me freia toda vez que penso em dizer-lhes toda a verdade.

– Você nunca vai saber a reação dela se não tentar. Se bem conheço Isabelle Bel’aqua, ela vai berrar, espernear e talvez te ignorar por um tempo, mas vai acabar cedendo. Sabe por quê? Porque vocês se amam e ela sabe que o que vocês têm não se acha em qualquer esquina. É precioso e verdadeiro, além de igualmente raro. A Belle te ama, Kevin, e você vai ver o tamanho desse sentimento dizendo a ela tudo o que você me disse.

– Você falando assim parece fácil e simples, mas sei que não é.

– Não é mesmo, não. Mas vale a pena o esforço, vale a pena não mais esconder um passado que tanto te atormenta de alguém que te conhece como ninguém. Apesar da birra inicial, ela vai tentar entender. Talvez não esqueça, mas perdoe.


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Notas finais do capítulo

A Amy é mesmo uma criatura compreensiva demais, ó ceus.
Sei que os últimos capítulos têm tido mais diálogos que o normal, por vezes parecendo mais uma "peça" (entendam pelo lado textual, onde não existem muitas explicações dos sentimentos) do que uma narrativa. Queria saber se vocês gostam dessa estrutura ou preferem capítulos mais explicativos. Eu to tentando fazer um balanço mas tem cenas que são tão grandes que precisam ficar em um único capítulo para não sobrecarregar certas partes da história.
Gostaram do cap?
Beijinhos (:



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