Já havia se passado duas semanas desde o assassinado de Sam Parker e, mesmo assim, Amy se recusava a tentar superar sua morte.

Não se sabe se por compaixão ou pura pena, Chiron permitiu que a garota passasse a noite no quarto de Sam no chalé de Apolo e também que pegasse algumas das coisas dele. Assim que chegaram ao Acampamento Meio-Sangue, todos os preparativos para o funeral do ex-líder dos filhos do deus-Sol foram feitos. Naquela mesma noite, Amelie se agarrou a cada objeto que pudesse trazer a memória de seu namorado para si.

            Mesmo depois de quinze dias, Lexis ainda implicava com ela e dizia que Sam estava morto por culpa da neta de Zeus. A garota simplesmente não aguentava e desatava a chorar. Então, durante um treinamento com espadas, a filha de Afrodite mais uma vez a provocava e culpava pela perda de Sam.

            - Se não fosse por essa estrangeirinha idiota, o Sammy ainda estaria aqui conosco.

            - Chega, Alexandra. Eu não aguento mais. Sei que fui eu quem o tirou daqui, sei que fui eu quem o levou até as portas da morte. Não precisa ficar jogando isso na minha cara, que ódio! – Neste momento, o céu, que antes estava em um lindo tom de anil, começava a acinzentar-se com nuvens que pareciam correr na direção de Amelie. Em sinal de revolta, a garota fincou a espada no chão no exato momento em que um brilhante e estrondoso trovão explodia em algum lugar bem próximo dali.

            - O q-que tá ac-contecendo aqui? – Perguntou Lexis, visivelmente assustada com a repentina tempestade. – O que você fez, sua esquisita?

            - Sai de perto de mim! – Bradou Amy lentamente enquanto levantava o rosto, antes abaixado na direção da espada fincada no solo.

            E então pânico se espalhou pelo local. Os olhos de Amy, antes azuis, agora estavam em um assustador tom de cinza que parecia ter o poder de soltar relâmpagos e trovões a qualquer momento. Os campistas corriam para seus respectivos chalés, as ninfas se escondiam em árvores, os sátiros batiam seus cascos no solo correndo pra longe. Os únicos que ficaram eram Belle, Kevin, Dean e Savannah.

            - Amy, se acalma. Vai ficar tudo bem. – Disse Isabelle Bel’aqua, tentando tranquilizar a amiga.

            - Se afastem, não sei se consigo controlar. – Sussurrou a garotta, um tanto assustada com seu último feito.

            - Ei, pequena, você consegue. Está tudo dentro de você. Respira fundo, tenta relaxar. – Orientou Kevin.

            - Relaxe os braços, pensa em coisas boas. Coisas calmas e felizes. – Incitou Dean Knight, filho de Ares.

            - Pensa no Sammy, no quanto você era feliz ao lado dele. Nos momentos bons que passaram juntos. Eu sei que tem algo aí no seu coração que vai te tranquilizar. – Disse Savannah Smith, que de filha de Ares não transpareceu nada. Amy riu por dentro com a possibilidade de uma filha do deus da guerra ser fofa.

            Tão rapidamente como veio, a tempestade se foi. O Sol brilhava ainda mais forte e, internamente, a garota se perguntou se Apolo não queria que ela percebesse o que Sam tinha dito a ela no que parecia eras atrás.

            “Sempre que se sentir sozinha ou desamparada, feche os olhos e sinta o Sol sobre a sua pele. Isso significa que, onde quer que eu esteja, você estará pra sempre nos meus pensamentos. Cada raio que te tocar significa um beijo meu.”

            Sem saber de onde mais tirar energia, Amy caiu em seus joelhos sobre o macio gramado da arena de treinamento. Antes que a garota tombasse de vez no chão, Kevin segurou-a pela cintura envolvendo seu corpo com ambos os braços. Ela ouvia sussurros de todos os lados, mas não sabia distinguir quem dizia o que. A última coisa que conseguiu de fato discernir foi a voz de Belle pedindo que ficasse acordada. Então tudo ficou negro.