A Linhagem Sagrada escrita por elleinthesky


Capítulo 14
Capítulo 12 - Revelada


Notas iniciais do capítulo

Bom, o capítulo demorou pra sair por causa de uma série de imprevistos. Não pensem que é conversinha pra boi dormir, mas esse fim de semana fiquei sem internet e na terça-feira meu notebook deu pau (sorte que eu salvo a fic no memory card do celular). Ontem eu cheguei mega tarde em casa e hoje eu tirei um tempinho dos meus estudos (estou ferrada em cálculo 1, essa matéria não é de deus) pra terminar de escrever o capítulo, vir aqui postar e de quebra dar uma satisfaçãozinha pra vocês.
Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/310324/chapter/14

Anthony fora tão amável e paciente com Amy na noite anterior respondendo tudo o que ela perguntava que a garota chegou a se perguntar se ele era alguma espécie de anjo da guarda. Nem todas as informações cedidas por ele foram digeridas imediatamente, mas aos poucos ela compreendeu as intenções do garoto: ele queria que ela soubesse tudo o que deveria saber sobre seu passado para que não surgissem dúvidas ou imprevistos. Segundo Tony, os Redden podem usar das mais baixas e vis armas para conseguirem o que querem.

“Você precisa tomar cuidado com cada palavra, cada respiração emocionalmente alterada perto de gente como eles porque isso pode e será usado para te abalar”, ele tinha dito enquanto saíam do restaurante rumo ao Instituto. Essa foi a parte que ela mais teve medo. Medo por Stephen. Medo por seus amigos semideuses. Medo por seus amigos caçadores de sombras. Medo por Sam.

* * *

Após almoçar com os irmãos Ironwand e Anthony, Amy notou que a tarde estava ensolarada e correu para os fundos do Instituto com uma garrafa de meio litro de água e um antigo escalda-pés pego de um canto esquecido da igreja onde o Instituto fora instalado, além de um dracma de ouro que estava no bolso das suas calças. Ela se sentou na grama recém-aparada do jardim, despejou o líquido no recipiente esperando por qualquer sinal de um minúsculo arco-íris. Em poucos segundos uma pequena faixa de cores saía do objeto com água e isso era o suficiente.

– Oh deusa do arco-íris, mostre-me Samuel Parker, filho de Apolo, onde quer que ele esteja.

Para que uma mensagem de íris pudesse ser enviada corretamente, ela precisaria saber onde Sam estavam, mas como ele tinha ido procurar respostas junto à Oráculo do Acampamento Meio-Sangue talvez eles tivessem viajado para algum lugar.

– Sam, preciso falar com você. Onde você está? – Perguntou a garota, assim que a imagem tremulou mostrando o rosto de Sam.

– Eu estou em Hollywood, acredita? Vim fazer umas visitas pra uma galera da antiga com a Mas não precisa se preocupar porque eu não fiquei com nenhuma celebridade, eu quero só você. – Respondeu o garoto, mais brincalhão do que nunca fazendo com que Amy soltasse uma gargalhada.

– Eu sei que sim, mas precisamos conversar urgentemente. Ontem à noite descobri muitas coisas sobre meu passado, eu sei de praticamente tudo. Da manipulação da Névoa, dos Redden. Tony me contou toda a história, ele é incrível.

– Incrível, é? – Perguntou Sam, enciumado. – Quão incrível?

– Sam, por favor. – Exclamou Amy, divertida com jeito que seu namorado enrugava as sobrancelhas quando estava com ciúmes. – Ele é só um amigo e meu mentor. Eu sou tipo o projeto da vida dele, sabe?! Ele estudou o meu passado, o passado da minha família. Ele sabe de cada acontecimento que resultou na minha vida e que continua influenciando em quem eu sou e como ajo. É como uma missão concedida, ele disse que nasceu para clarear minha mente e me ajudar na minha jornada.

– Bem incrível mesmo esse tal Tony. – O ciúme ainda não tinha sido dissipado do semblante de Sam, acentuando-se ainda mais com o comentário sarcástico.

– Ei, eu sou sua namorada e eu adoro você. Sinto sua falta, queria que estivesse aqui pra eu te contar tudo o que descobri e também pra matar a saudade que tá aqui dentro. – Disse ela, apontando para o próprio coração. – Volta logo, viu?! Preciso de você, de verdade.

– Também sinto sua falta, inglesinha. – O rosto do garoto se iluminou com as palavras de Amy. – Prometo voltar assim que for possível, quero ver seu sorriso de perto.

– Estarei te esperando com seu sorriso favorito.

– Isso é bom, muito bom. – Sam sorriu e, após olhar para o lado como se alguém falasse com ele, assumiu um tom urgente. – Baby, preciso ir. Acho que teremos respostas agora, pelo tom que Taylor usou parece algo bem importante. Até logo, trovãozinho.

– Até logo, raio de sol. – Disse a garota para o recipiente cheio de água, assim que o arco-íris produzido por ela se dissipou.

– E agora, Amelie? Tony disse que eu precisava de um semideus e um caçador de sombras do meu lado. Eu até chamaria o Kevin, mas ele não sabe esconder segredos da Belle. – Suspirou a garota, enquanto deitava na grama da parte de trás do jardim do Instituto de Nova York. – A não ser que...

A garota sentou-se de sopetão e viu que o pequeno arco-íris tinha voltado a colorir o escalda-pés com uma aura de feixes coloridos de luz. Ela tateou os bolsos em busca de um dracma de ouro e encontrou na parte traseira da calça.

– Oh deusa do arco-íris, mostre-me Scott Campbell, filho de Hermes, no Acampamento Meio-Sangue.

– E ai, Amy, tudo tranquilo? – Disse o garoto, sorridente, quando o arco-íris mostrou seu rosto.

– Scott, venha pra Manhattan. Agora!

* * *

Amy subiu as escadas do Instituto até o quarto onde estava hospedada, pegou todos os seus pertences e colocou-os na mesma mochila que levara para o Acampamento. Ela estava decidida a voltar para o apartamento onde morava com seu pai agora que a Clave já tinha feito todos os processos investigativos necessários para tentar descobrir quem eram as pessoas que os atacaram. Pessoas essas que Amy agora sabia quem eram.

Quando desceu do táxi e estava prestes a entrar no The Carlyle Hotel, Amy se deu conta que não havia chamado Emma para a pequena reunião que pretendia fazer em sua casa. Talvez ela tivesse o número do celular da garota anotado em algum lugar, afinal havia a possibilidade da amiga se assustar e surtar com a Mensagem de Íris.

– Alô, Emma. Tá sozinha?

– Tô sim, o que houve? Te procurei em tudo que é canto por aqui e não achei. Aliás, onde você se meteu?

– Eu estou em casa.

– Como assim?

– No The Carlyle. E preciso que você venha pra cá o mais rápido possível.

* * *

Emma e Scott chegaram poucos minutos depois da ligação urgente de Amy. Assim que os dois amigos chegaram ao apartamento da East 76th Street, a anfitriã informou que dispensaria a camareira e pediria comidinhas pelo serviço de quarto e pediu que eles a esperassem no escritório.

Amy chegou ao escritório no momento em que Emma e Scott estavam discutindo a existência divina. Ela entrou no escritório com o carrinho que continha os refrigerantes e as pizzas que havia pedido, mas seus amigos não deram a mínima atenção a sua chegada.

– Deuses gregos? Há-há. Só há um Deus, meu caro. A mitologia grega pode até ser muito rica e fascinante, mas esses tais deuses NÃO EXISTEM. – Argumentou Emma.

– É óbvio que eles são reais! Meu pai, Hermes, já apareceu para mim e para meus irmãos uma vez. – Disse Scott, com uma ponta de orgulho. – Além do mais, eu mesmo já visitei o Monte Olimpo.

– Monte Olimpo, é? E esse tal monte existe mesmo? Porque até hoje ninguém achou sequer um vestígio dele em toda a Grécia.

– Claro que existe, ele se move de acordo com os pólos de poder. Neste exato momento, ele está localizado sobre o Empire State Building.

– Não mesmo, os nephilim saberiam se houvesse um monte acima do Empire. Se você não sabe, nós vemos através da Névoa.

– E você acha que nós não vemos? É claro que vemos, somos semideuses.

– Oi, pessoal. Estou tentando conversar com vocês sobre algo sério. Será que poderiam me fazer o favor de escutar o que tenho a dizer por um segundo? – Berrou Amy, depois de dar um murro na mesa de carvalho escuro do escritório. – Eu to tentando falar aqui, ok?

Neste momento Emma e Scott retomaram consciência da presença de Amy e então ambos se calaram e prestaram atenção nela.

– Bom, o que eu estou tentando dizer a uns quinze minutos é que ambos estão certos.

– Como assim? – Perguntaram Emma e Scott simultaneamente.

– Tanto Deus como os deuses do Olimpo são reais. Eles coexistem em harmonia. Cada um opera diferente, mas mesmo assim continuam em sintonia. Eles são praticamente a mesma coisa, a diferença está na divisão te tudo.

– Ok, mas tem uma coisa que eu não consigo entender: como é essa coisa de um único deus regendo tudo sozinho? Existem vários deuses olimpianos e nem sempre eles dão conta de tudo, como um único ser consegue? – Perguntou Scott.

– O meu Deus é soberano a seus olimpianos, por isso Ele consegue. Eu creio n’Aquele que tudo pode. – Disse Emma, arrogante.

– Na verdade, você está errada, Emma.

– Estou? Que tipo de nephilim é você? Você ta dizendo que Deus não é maior que tudo e todos? – Irritou-se Emma.

– Nem uma coisa, nem a outra. Uma das semideusas do acampamento me disse que os deuses mudam de forma de acordo com o que cada povo acredita ou sempre que querem. Por isso existem diferenças entre os deuses gregos e romanos, por exemplo. Eles assumem a forma que eles querem e que seus fiéis acreditam ser reais. Eles são e não são a mesma coisa, entendem?

– Não. – Disseram Scott e Emma, mais uma vez em coro. Ambos entreolharam-se e reviraram os olhos. Seria uma situação cômica se Amy não estivesse tão tensa.

– Eles não são a mesma coisa porque na crença grega há um deus responsável por cada coisa no mundo, por outro lado há quem acredite que haja apenas um deus que reine o mundo sozinho. Há uma razão de Zeus e Deus serem chamados de reis dos céus: os homens crêem que a altura dá sensação de poder. O que há de mais alto que o próprio céu? O céu é o elemento soberano para ambas as crenças, por isso os cristãos olham para o céu quando querem falar com o seu Deus.

– Bom, essa parte acho todos nós entendemos. Não sei se é exatamente isso, mas então o meu Deus e os olimpianos do inglesinho aqui são a mesma coisa em formas diferentes?

– Isso mesmo, Emma. Você deve estar se perguntando como isso é possível. O que está escrito na Bíblia é a resposta: “Tudo pode aquele que crê em Mim”. Ou seja, se você acreditar em algo aquilo será real, independente da forma.

– Eu tenho uma dúvida: como os nephilim não conseguem ver os monstros que enfrentamos e nem nós conseguimos ver os demônios que eles enfrentam?

– Eu também tinha essa dúvida quando descobri meu lado olimpiano. Depois de muito pensar, cheguei a uma resposta um tanto quanto óbvia: é a Névoa. É incrivelmente mais espessa do que a que impede os humanos de terem conhecimento dos nossos mundos, mas ainda assim é absolutamente uma Névoa.

– Claro, agora tudo faz sentido. Por isso nós nunca cruzamos o caminho uns dos outros. – Disse Scott, maravilhado.

– Mas espera, o que você é na verdade: nephilim ou semideusa? – Perguntou Emma, confusa com tanta informação.

– Na verdade, eu sou de uma outra raça. Algo completamente raro, tão raro que quase não existem vestígios da nossa existência.

Os dois amigos da garota estavam se esforçando para assimilar toda aquela informação à medida que Amy ia lhes contando a verdade. Era muito para eles saber que suas crenças na verdade eram uma só, apenas olhadas de perspectivas diferentes pelas pessoas.

– Emma, com certeza você já ouviu o conto do Cavaleiro Excepcional.

– É uma bela história, talvez um dia seu amiguinho inglês tenha o prazer de ouvi-la.

– Ei, to cansado de você se referindo a mim como o inglês; isso enche o saco, sabia?

– Se você não percebeu, eu também sou inglesa, ok Emma? Que coisa! – Disse Amy, irritada. Emma bufou. - Então já acabou a briguinha de jardim de infância? Posso continuar?

– Desculpa, é o hábito. Eu sou americana e o sotaque de vocês é engraçado, poxa. Juro que farei o possível para me segurar, pode prosseguir. – Disse Emma.

– Como eu ia dizendo, o Cavaleiro era citado no conto como um guerreiro mais poderoso que os outros nephilim normais de sua geração, o que de fato ele era. O que ninguém sabia é que ele não era apenas um nephilim com habilidades especiais, ele era um electi.

– Um... o quê? – Perguntou Emma.

– Electi são guerreiros nascidos da relação de um nephilim com um humano comum e escolhidos “a dedo” pelo Anjo Raziel para receber aquilo que podemos chamar de Benção.

– Mas já ouvi falar de outros nephilim que tinham pai ou mãe mortal e não possuíam nada de especial.

– Exatamente porque o próprio Anjo determina quando cada criança electi deve nascer; então se houver algum feto mestiço que nasça no período escolhido pelo Anjo, essa criança será agraciada com a Benção. Levando em consideração que é realmente raro que um nephilim mestiço nasça porque as famílias procuram manter o sangue puro, isso faz com que os electi sejam ainda mais raros.

– Tudo bem, é meio confuso, mas eu já entendi essa história de ele-não-sei-o-quê. Agora me explica o que os gregos têm a ver com isso. – Disse Scott, um tanto confuso.

– Ai é que a história se complica. Eu sou a quinta electi; é, somos realmente raros. O problema todo é que eu não sou uma electi qualquer: meu pai é um nephilim de sangue puro e recentemente descobri que minha mãe era uma semideusa do sangue mais puro que vocês puderem imaginar. Toda a família dela era grega de verdade, tenho até parentes vivos na Grécia e tudo o mais.

– Uau, isso é realmente muito complicado. Eu chego aqui achando que só existem mundanos, nephilim, seres do submundo e tudo o mais, descubro uma raça de heróis filhos de deuses gregos e de quebra fico sabendo que minha mais nova amiga é uma mistura louca de tudo isso. É muita informação pra digerir! – Desabafou Emma.

– Amy, pela primeira vez, tenho que concordar com ela. É, literalmente, uma bagunça divina. – Disse Scott.

– Meus amigos, eu não esperava que vocês absorvessem tudo facilmente. Eu mesma demorei a acreditar que era tudo tão real, mas finalmente tudo faz sentido. Ainda é difícil acreditar que sou única dentre os da minha espécie, logo eu que sempre me achei tão... comum.

– Garota, você pode ser o que quiser, mas comum é um adjetivo que não se encaixa em nada na sua vida. Que doideira, mãe semideusa e pai nephilim. Pergunto-me como eles se conheceram...

– Eu sei porquê ele se conheceram, mas como... Bom, isso a gente nunca vai saber, afinal minha mãe está morta e meu pai trancafiado com os Irmãos do Silêncio.

– Oh, caramba! Amy, me desculpe. Eu não queria, você sabe...

– Não, tudo bem. – Disse Amy, e sorriu fracamente. – Querem saber uma coisa bem engraçada? A única vez em toda a História que houve a possibilidade de um cruzamento de sangue de descendentes de aeridi se transformou na maior peça de tragédia amorosa já conhecida pelo homem. Uma história que todos já ouviram, mas ninguém de fato conhecia por acharem ser fictícia...

– E essa história seria por um acaso... – Deduziu Emma.

– A de Romeu e Julieta? – Completou Scott.

– Isso mesmo. William Shakespeare foi genial ao esconder o segredo deixando-o a mostra pra quem quisesse ver. As famílias Montecchio e Capuleto eram tão poderosas justamente pelos seus laços de sangue com o terceiro e quarto electi, respectivamente; não pelas questões retratadas na obra. Daí vinha a rixa entre elas, porque uma achava que era mais poderosa que a outra apesar de uma ser tão descendente quanto a outra. Não havia melhor sangue, apenas sangues diferentes. Há quem ainda acredite que a história de Romeu e Julieta ficou tão famosa por causa do amor que terminou em tragédia e tudo mais, só que agora sabemos que na verdade foi mais por causa dos seus antepassados. Isso foi o mais perto que se tem conhecimento de uma possível conexão entre descendentes dos electi.

– Isso não é engraçado, Amy. É doentio. – Disse Emma, desgostosa.

– Por que, Emma? Ah, que seja. O mais importante disso tudo é que Julieta era burra demais pra ter a mínima noção do que estava prestes a fazer, mas Romeu sabia exatamente qual era seu objetivo. Ele não era bobinho, na verdade inteligente até demais pra um garoto do século XVI. Ele sabia dos laços de sangue das duas famílias e também sabia que conquistando Julieta ele poderia gerar nela uma criança que poderia facilmente ter mais poderes que qualquer nephilim comum.

– Esse “carinha” era realmente ambicioso, hein! – Disse Scott, enquanto Emma sentava na poltrona e colocava o rosto entre as mãos.

– Ei, o que houve? – Perguntou Amy.

– É que... Eu perdi meus pais por causa de um cara assim, ambicioso. Meu pai e minha mãe eram ótimas pessoas e honestos ao extremo, mas infelizmente estavam no caminho de uma pessoa má que achou que precisava tirá-los da jogada. Dói ver que pessoas sofrem e se machucam por causa de gente dessa laia. – Disse Emma, com uma profunda tristeza no rosto.

– Emma, se acalma. A vida de ninguém é perfeita e todos nós aqui nessa sala perdemos alguém especial. Você, os seus pais; Amy, a mãe dela; e eu, minha mãe e meu meio-irmão. Se não fosse pelos meus irmãos semideuses, eu não teria nenhuma família com quem contar. Esse é um dos contras de ser filho de um deus milenar com mais de 3 metros de altura que só quer saber de você e de seus irmãos quando ele está com problemas. Tudo isso somado a ter sotaque inglês quando se vive com vários adolescentes e crianças americanos em um acampamento em Long Island. Eu ouço piadinhas sobre meu sotaque quase o tempo todo.

– Nossa, eu não... Desculpe-me, de verdade. – Disse Emma.

– Tudo bem, você parece ser uma boa amiga para Amy e se é amiga dela, é minha amiga também.

– Obrigada, Scott. Me sinto até lisonjeada, sir. – Disse Emma, sorrindo fracamente. – Mas devemos voltar nossas atenções ao problema que temos aqui, problema esse que não faço ideia de qual seja. O que você tem pra nos contar, Amy?

– Há alguns minutos, pouco antes de vocês chegarem, a oráculo do acampamento me mandou uma Mensagem de Íris para falar sobre uma profecia muito antiga, que ela disse ter sido esquecida com o tempo. É que na verdade essa profecia veio até ela e no mesmo momento ela supôs que seria sobre mim.

– E que profecia é essa? – perguntou Scott.

– Ela disse que era algo do tipo “você vai treinar e tomar uma decisão, então você lutará com um inimigo poderoso”, não lembro as palavras certas.

“Uma nova raça nascerá e seu destino já está traçado. Com dois aliados ela se juntará, até que esteja pronta para atender ao chamado. Cabe a ela decidir de que lado lutará, no auge de sua força o poderoso inimigo por somente ela poderá ser derrotado”.

– É isso mesmo, como você... – Começou Amy, perdendo a fala no meio da frase.

– Essa profecia é uma das mais antigas que se tem conhecimento. Os primeiros a ouvi-la acreditavam que era importante, mas jamais tivemos conhecimento que uma nova raça nascera e então ela foi esquecida. Mas ai aparece você, uma verdadeira mistura divina. Isso é definitivamente o que eu chamo de nova raça e, se essa profecia não for sua, eu sinceramente não sei sobre quem é. – disse Scott.

– Depois de recitar a profecia, ela disse que achava que os tais aliados deveriam ser pessoas em quem eu confiava e que poderiam me passar todo o conhecimento que preciso para a tal missão. Antes mesmo de conversar com a oráculo, Tony sugeriu que eu me juntasse a um semideus e a um nephilim. Eu já fiz um treinamento bem pesado no acampamento mas achei que Scott poderia me ensinar um pouco mais de mitologia, para o caso de eu precisar. E Emma, aquelas aulinhas com as lâminas e adagas seriam de grande ajuda agora mesmo eu já tendo aprendido a manusear espadas.

– Estou às ordens, milady. Tudo o que precisar, é só falar comigo. Reconhecimento de monstros, estratégia de batalha, tudo. – Disse Scott, orgulhoso e entusiasmado.

– Como a teoria sobre os nephilim você sabe perfeitamente, nossas aulas serão apenas práticas. Com certeza você tem sua própria estela e isso já é um pequeno passo dado. Preciso te ensinar algumas coisas mais específicas, mas deve ter algum livro na biblioteca do Instituto que pode ajudar. Ah, vou entrar em contato com alguns feiticeiros para ver se consigo alguma coisa realmente eficiente para você. Eu também preciso te ensinar algumas runas decentes. – Disse Emma andando de um lado para o outro, mais como se estivesse fazendo notas mentais do que falando com alguém em especial.

– Pessoal, muito obrigada por me ajudarem. Se vocês não aceitassem, eu não sei o que faria. São poucos os semideuses em quem confio e não quero que o Sam faça parte disso, não quero que se machuque por minha causa. Além disso, eu preferiria lutar contra um demônio com um garfo enferrujado a pedir pro Peter me treinar, apesar de ele ser o melhor que conheço no quesito luta. Emma e Vanessa já me falaram de como ele é com essa coisa de treinamento de batalha e eu não quero morrer antes da hora.

– É, ele é bem obcecado mesmo. Desde a invasão dos demônios à Cidade de Vidro, o lema da vida dele deixou de ser “farei de tudo pra matar todos os seres do submundo inadimplentes” para “serei um maluco por segurança pra proteger minhas irmãs”. Digo isso porque sou irmã dele: Peter virou um “maluco por segurança de primeira categoria” e quer que Vanessa e eu saibamos todos os estilos de luta existentes. Cada semana ele nos faz aprender uma coisa diferente, inconstante é seu nome do meio.

Todos começaram a rir enquanto Emma imitava os movimentos de luta de Peter. Eles tinham noção que aquele talvez fosse um dos seus últimos momentos divertidos e juntos, apesar disso eles sabiam que muito trabalho ainda precisava ser feito e que para isso seria necessária muita energia.

– Meninas, a conversa está muito interessante, mas acho que devíamos dormir. Quanto mais cedo começarmos com os treinos, melhor. – disse Scott.

– Ele está certo, Amy. Só que antes precisamos pensar em um lugar seguro onde podemos treinar sem sermos incomodados.

– Eu contei pra vocês que estava morando em Nova York provisoriamente enquanto a casa que meus pais compraram em Nova Jersey estava em reformas? Papai uma vez me falou que eles planejavam ir de vez para lá assim que tivessem dinheiro o suficiente para nos manter sem precisar trabalhar muito; antes do ataque ele prometeu que me levaria lá antes do fim da reforma. Disse que era imensa e muito bonita, e certamente ela recebeu todo tipo de proteção que eles conheciam. As chaves e o endereço devem estar por aqui em algum lugar, talvez bem aqui. – disse Amy, enquanto se dirigia à estante de livros que cobria a parede leste do escritório. Em seguida digitou a senha no teclado do cofre escondido atrás de uma falsa enciclopédia geográfica. – Voi lá, perfeito! – ela tirou o pequeno molho de chaves douradas perfeitamente polidas de dentro da única caixa guardada no cofre e sorriu. – Não há nada no mundo que livros falsos não possam esconder.

– Mas como você sabia a senha? – perguntou Scott.

– Meu pai sempre teve o terrível hábito de colocar senhas óbvias nos cofres, como se eu não soubesse perfeitamente como abrir cada compartimento. – e Amy sorriu.

Amy pediu aos amigos que passassem a noite por lá, Scott ficaria no quarto de visitas e Emma com ela em seu quarto; a desculpa era que já estava muito tarde para irem embora, mas a verdade era que ela não suportava a ideia de dormir sozinha naquele apartamento. Amelie se fazia passar por forte, como se nada daquilo realmente a afetasse, porém cada milímetro cúbico daquele lugar a fazia lembrar de Stephen. Ele nunca fora um pai exatamente presente, mas acima de tudo era o pai dela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que o tamanho tenha compensado a demora rs.
E ai, gostaram? Deixem suas opiniões nos reviews, please.
Tenho 18 leitores e só duas pessoas se pronunciam. Cheguem mais. Eu não mordo, galera!
Beijinhos da tia Gabs (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Linhagem Sagrada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.