Contos Da Madrugada escrita por Emily Collins


Capítulo 14
Patinho feio


Notas iniciais do capítulo

Nada a declarar nas notas...



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Sinto-me um patinho feio nessa cidade. Sozinha e sem muitos amigos nesse batalhão de cisnes.

Abro mais um texto assim. Agora são duas e seis. O ventilador está ligado e está passando um filme alheio na televisão. Meu quarto parece um cenário de guerra. Papéis estão jogados no chão, a cama está bagunçada e têm coisas alheias como bichos de pelúcias, potes de bolacha e cadernos em cima dela. Estou encostada na cabeceira da cama, e meus pés estão doendo. Não sei exatamente por que.

Hoje eu finalmente realizei algo que estava querendo há um tempo. Bem, quando eu tinha 11 anos (hoje tenho quase 14), eu criei um fã-clube no Twitter, para Harry Potter. Fiquei com ele de outubro de 2010 até meados de julho de 2011, quando o último filme foi lançado, mas alguns acontecimentos me deixaram triste e sem vontade de continuar lá. Depois, em fevereiro do ano passado, eu voltei e cheguei a postar algumas coisas, mas sabe quando você se sente descolado em algum lugar? Sentia-me assim.

Passei os outros 11 meses no meu Twitter pessoal e abandonei a conta antiga, mas nunca abandonei a ideia de ter um fã-clube. Então, hoje eu resolvi pegar a conta do tal fã-clube e fiz outro fã-clube em cima, mas dessa vez do Coldplay. Mudanças são boas, não?

Nem sempre.

Eu continuo com a impressão de que tenho poucos amigos. Comentei isso numa conversa com uma garota hoje, e ela disse “É melhor você ter poucos amigos, mas verdadeiros, do que muitos amigos falsos, né?”. “Mas e se você sentir que esses seus poucos amigos estão sendo falsos contigo?”, indaguei. Não recebi resposta ainda, pois ela saiu do Twitter antes que eu mandasse algo.

Sinto-me confusa. Tão confusa quanto o clima de minha eterna São Paulo, que breve completará 400 e tantos anos. Uma hora há sol, outra hora há chuva. São Paulo, São Paulo, São Paulo... Você é tão bipolar quanto eu.

Agora meu dedo está ardendo. Está muito calor. Preciso de água. Preciso... Sei lá do que eu realmente preciso.

Eu preciso de tudo.

Mudando de assunto, acho adorável quando as pessoas elogiam o que escrevo. É legal, de verdade. Mas acho estranho quando elas dizem que querem ter o dom de escrever igual escrevo.

As palavras que saem de minha mente e vão parar nos meus dedos não conseguem sair muito bem. Eu tenho uma mente confusa e pensamentos confusos, eu penso muita bobagem, eu sou diferente das outras escritoras, ou até de todos.

Ou talvez eu seja tão igual quanto todo mundo.

Num mundo onde todos usam aparelho, cá estou eu, de óculos. Você tem cabelo cacheado? O meu é liso. As meninas são magrelas, e eu tenho um corpo razoável. Você não tem espinha nenhuma, já eu pareço um vulcão. Maquiagem? Dispenso, obrigada. Não preciso de salto alto, me contento com uma sapatilha. Meço menos de um e sessenta e meus dentes são levemente tortos. Minha pele é um pouco morena, mas isso não significa que eu seja parda. Tenho as unhas roídas e meu quarto consegue ser tão bagunçado quanto minha mente, ou quem sabe quanto minha vida. Tenho rinite, mas vivo no mundo dos bichos de pelúcia da Parmalat. Meus óculos que tem mais de 6 graus são um pouco riscados e tem uma armação muito preta. Quando olho para frente, encontro um Pinóquio e uma coleção de bolsas, que uso pouco. Uma foto do Simple Plan, alguns pôsteres na porta, da Demi Lovato e da Emma Watson, minha coleção de CDs. O computador, um tênis preto de lantejoula e uma sapatilha preta com laço, vários quadros na parede. Sou tão normal quanto qualquer garota, se você parar pra pensar. Mas já ouvi tantas vezes me falarem que sou diferente.

E, na boa? Eu tenho um puta orgulho disso.


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Notas finais do capítulo

Até.



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