POV MIA

Já fez uns meses que estou morando com o Fernando, e bom, não foi tão ruim esses meses, quer dizer, claro que ele não deixou de implicar comigo, mas eu até que me sinto bem com ele, ele tem os olhos que me deixam hipnotizada, os cabelos que me dão vontade de apertá-los com um beijo, e de claro, beijá-lo, e isso é errado, claro, é errado , eu me apaixonar perdidamente pelo meu irmão, quer dizer, meio-irmão, isso foi der repente, eu não esperava isso, eu não mando no meu coração, sempre quando ele se aproxima de mim, eu fico vermelha e minhas mãos começam a suar, isso é normal? Sentir isso com o irmão? Ou eu estou apaixonada, ou eu estou louca de apaixonada por ele.

– Já estamos em março, três meses morando com ele, eu já estou me acostumando, as implicâncias, a briga pelo controle remoto, pela comida, pelo banheiro... –Comentei com Nico.

– Não sei como você consegue suportar o Fernando, menino metido, esnobe, e agora está mais metido por está namorando com a menina mais bonita da escola. –Disse Nico tirando os livros do armário.

– Espera... namorando?

– Sério que você não está sabendo da “ultima” da escola? É, o Nico está namorando com a Laís, a garota mais paparicada da escola. –Comentou Nico. – Você foi a ultima pessoa a saber, hein?

Quando eu ouvi aquelas palavras saindo da boca de Nico “ e agora está mais metido por está namorado com a menina mais bonita da escola.” Eu fiquei totalmente em choque, meu coração pulou, fiquei entristecida, mas não poderia fazer nada, é claro, ele é meu irmão, esses sentimentos tinham que acabar. E rápido. Ficar sofrendo pelo irmão? Quem já sentiu isso? Sofrimento amoroso?

– E por que você não me contou? –Perguntei furiosa.

– Nossa, eu achava que você já estava sabendo, toda a escola sabe, e bom... você mora com ele, ia descobrir cedo ou tarde. –Falou ele sorrindo.

O silêncio tomou conta de nós.

– Está tudo bem Mia? – Perguntou ele parando a caminhada pelo corredor da escola.

– Sim. –Disse eu breve.

– Tem certeza? Você está estranha... –Perguntou ele ainda parado olhando pra mim.

– Sim, eu estou bem, impressão sua.

Toque da ultima aula, finalmente iria para casa, mas desacompanhada, por algum motivo a Gabi faltou aula, e não me avisou ainda mato essa garota, na hora que eu mais preciso dela, ela não está aqui comigo. Eu estava indo em direção a porta para ir pra casa, e quando menos espero, me deparo com Fernando e Laís abraçados, nesse momento me deu vontade de sair correndo, ir até o banheiro e chorar uma piscina de lágrimas, ele abraçava ela com tanto amor, tanta delicadeza, que eu sempre quis ter, aquele abraço, sentir aquele cheiro dele, e a única pessoa que nunca vai valorizar vai ser a Laís. Na verdade eu não fiz nada com a vontade que eu tinha, eu apenas saí para fora do colégio encarando os dois, e acho que a Laís percebeu que eu os olhava muito.

Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto, nem almocei, chorei tanto, pensando que a pessoa que eu gosto, na verdade não gosta de mim, e nunca vai gostar, e essa pessoa é meu irmão, eu nunca vou poder dá um abraço que possa abrir meus sentimentos a ele, eu nunca vou poder dá um beijo demorado naqueles lábios dele, nunca vou poder dizer o que sinto por ele, por conta do medo.

Ouvi um barulho vindo do corredor dos quartos, mas ignorei, e quando fui me virar, percebi que o Fernando estava bem atrás de mim.

– O que aconteceu? –Perguntou ele largando a mochila no chão.

– Nada. –Disse eu soluçando.

– Por que sempre quando a gente encontra uma garota chorando ela sempre diz que não é nada? –Perguntou ele tentando me animar, eu acho.

– Nem toda garota é assim. –Disse eu me virando para o outro lado da cama.

– É, você é diferente das outras. –Senti ele sentando devagar na minha cama ao meu lado, e senti uma de suas mãos nos meus cabelos. Essa hora me deixou arrepiada, com vontade de beijá-lo, mas lembrei que ele era a causa do meu sofrimento. – Pode me contar o que aconteceu? –Perguntou ele se aproximando cada vez mais de mim.

– Fer, por favor, eu quero ficar sozinha. –Eu nunca chamei o Fernando pelo apelido, acho que estava com dificuldade de falar com os soluços. – Por favor.

– Eu não sou apenas o seu irmão certo? – Perguntou ele, com um sorriso bobo na cara com a cabeça baixa.

– Como assim? – Perguntei esperando uma resposta do tipo, "eu te amo" ou "quero ser mais que um irmão pra você" , iludida. 

– Sou seu amigo também! Posso implicar com você, mas você sempre pode contar comigo certo? – Melhorou tudo agora que ele me falou isso, essa parte da amizade, o Fernando não queria nada comigo, muito menos amizade, ele só queria matar a curiosidade do meu sofrimento, que era por causa dele.

– Por favor! –Apontei para a porta e me virei novamente.

Senti o peso da cama voltar ao normal, ele tinha saído do quarto em silêncio e estranho, ele não fez piadinhas comigo, como o de costume agüentado há três meses atrás.

Que dia terrível. Agora a única coisa que eu queria é não ter um irmão