Everything escrita por Lívia Black


Capítulo 3
III - Eles eram amigos.


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei bastante, mas acho que não vai ter muito problema. As vantagens dessa história é que os capítulos são completamente independentes uns dos outros :33
Danonita-sama, espero que aprecie e goste bastante desse capítulo ♥ Fiz com todo carinho pensando em você!
E recentemente em você também, G >
Obrigada por todos os outros reviews do capítulo passado, me senti realmente exultante e contente!
Eu amo demais MelloxMatt *-* Tem coisa mais fofa do que isso? ^.^
Bem, não tive muito tempo para revisar, então perdoem quaisquer eventuais errinhos (:
Beijitos,
L.B.



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III - Eles eram amigos.

O objeto transpassou o ar numa velocidade equiparável à da luz, somente para se desmantelar na parede oposta do quarto, brindando-se com rachaduras e incisões tão extremas e viciosas quanto as que corrompiam o coração de Mello, naquele instante.

Ele mal havia dado dois passos para dentro do quarto, quando decidiu chutar um dos joysticks de Matt. Mesmo tendo a certeza de que ainda que chutasse mil deles, não conseguiria se sentir melhor.

– Eu o odeio, Matt! –Gritou, entre uma respiração ofegante e outra. - Odeio tanto que poderia pisoteá-lo até que ele virasse pó...!  

Ódio.

A arma nuclear da mente.

A mais sombria de todas as emoções.

E a mais viciante de todas as drogas.

Isso, pelo menos, na concepção de Matt. Porque depois de sete anos de convivência com Mello, era impossível que ainda não tivesse aprendido essa lição.

Mihael Keehl era viciado em ódio.

 Mais do que era viciado em chocolate.

 Mais que era viciado em roupas de couro.

Mais do que era viciado em vencer.

Ainda que tal vício fosse totalmente involuntário para ele, e que provavelmente nunca fosse se dar conta de sua existência.

Mas não era apenas ser viciado em qualquer tipo de ódio.

Não, certamente que não.

Mello apreciava reagir àquele ódio que infectava suas veias toda vez que era obrigado a sentir-se derrotado. E Matt poderia ter dito que aquela era uma dessas vezes, antes mesmo de tê-lo visto em seu fulminante acesso de raiva.  E não era como se fosse preciso ser o terceiro da Wammy’s House para descobrir quem era o autor daquela derrota.

O escritor que havia escrito indiferentemente as páginas daquela tragédia.

O artista que pintara aquela expressão sobrepujada no semblante de Mello.

Não mesmo.

-O que é que Near lhe fez dessa vez, Mell?

Mello riu.

 Um riso seco, completamente desprovido de humor.

-Nasceu. –Frisara, dando de ombros em seguida, como se aquela fosse a maior obviedade que poderia existir na face da Terra. -Será que isso já não é motivo suficiente para detestá-lo?

-É. –...Não. “É” não era a resposta certa. “É” era apenas o remédio nas feridas recém-abertas de Mello, pois Matt o conhecia suficientemente bem para saber que não deveria contrariá-lo, nos momentos em que machucar se tornava seu gesto mais involuntário. O fato de Near ter nascido, porém, não era motivo suficiente para detestá-lo. Mello tê-lo sem seus pensamentos, mais do que os liâmes da inimizade poderiam permitir, bem... era outra, e completamente diferente história. –Mas não pode ser apenas isso.

-Não. –Mello começou a traçar círculos com os pés, que logo deixaram Matt zonzo, por imbecilmente os acompanhar de onde estava, inclinado na borda da cama. -Realmente, não é apenas isso...

-O que foi que aconteceu?! – Quis saber. Talvez fosse se arrepender, mais tarde. Mas se pudesse, colocaria um cigarro na boca agora.

-Nada demais. – Mello deu de ombros. Porém o ruivo já havia assistido episódios demais dessa cena para achar que a indiferença revestida de ironia era algo realmente natural da parte de Mello, por mais que ele estivesse usufruindo de seu vício. Talvez fosse inerente às mágoas trazidas de alguma derrota, mas alguma coisa na maneira com que o loiro respirou, tragando o ar como se este pudesse acabar a qualquer momento, o fez concluir que não. Alguma coisa terrível havia acontecido. - L está morto. –Mello anunciou -sem se deixar tropeçar nas palavras- apenas interrompendo a caminhada em círculos e encarando Matt, como se achasse aquilo algo extremamente divertido, quando o ruivo sabia, por antecipação, que uma parte dele morrera por dizer aquelas palavras em voz alta, assim como uma parte sua morreu quando foi capaz de ouvi-las. – Roger escolheu Near para ser o seu sucessor.

-L... M-Morreu?

 Por um momento, tudo pareceu girar, e até as paredes pareciam rir dos lábios entreabertos de Matt. Rir de seus pensamentos estúpidos. Era simplesmente inconcebível aceitar algo tão ilógico, principalmente quando estava esperando palavras trilhões de vezes mais leves.

Quando ouvira os passos duros de Mello no corredor, imaginou que ele pudesse estar ‘p’ da vida por alguma disputa –de xadrez ou de respostas, quem sabe-, onde Near o houvesse derrotado. Projetara a cena em sua mente, que já se repetira milhões de vezes, e que deveria ter se repetido hoje: atento a cada mínimo movimento, ouviria Mello reclamar furiosamente sobre como o albino era imbecil, que ele não merecia o título de primeiro do Orfanato e que todas as suas jogadas eram trapaças tão sórdidas e repugnantes quanto ele. Rebateria com  alguns “Hum” e outros “Ah” e reprimiria o ciúmes estúpido e incontrolável que o corroía internamente, por Mello ter passado o dia todo ao lado de Near, e mesmo assim, só conseguir falar dele quando estava de volta.

E depois, tentaria se aproximar, de alguma forma. Falaria algo que o fizesse sorrir, e então tudo ficaria perfeito.

 Mas o contraste entre o que pensara e a realidade era tão gigantesco.

Deixava um sabor amargo demais nos lábios de Matt -que teria preferido ouvir mil e um adjetivos sobre Near com seu ciúmes prestes a encostar-se às nuvens, ao invés de acreditar que aquela frase cuspida pelo loiro poderia ser mesmo um fato.

O problema é que Mello nunca esteve tão furiosamente sério. E frio. E derrotado.

Era tudo tão intenso que as imagens passaram a repercutir em câmera lenta, e Matt não poderia ficar surpreso se pedaços de seu amigo começassem a sofrer quedas graduais, como se ele fosse apenas feito de uma leve camada de porcelana, ainda que fosse negá-lo até o fim de seus dias.

Chegava a ser aterrorizante.

 A notícia em si, suas consequências e todos os efeitos que isso tudo causava em Mello.

-Sim. –Ele apenas fez o favor de confirmar.

E então as palavras se foram, mas o silêncio permaneceu.

Matt não saberia dizer por quanto tempo.

A dor exercia uma abrangência quase onipresente. Estava no ar que respiravam, nas palavras não proferidas, nos olhares mal-trocados, nas lembranças fragmentadas, em cada partícula de tudo

E deixando as emoções de lado, as sinapses de Matt não haviam fisgado como aquele “sim” poderia realmente estar ali. L era o maior detetive do mundo, uma verdadeira inspiração para qualquer garoto, fosse ou não superdotado... A ideia de que ele havia mesmo passado desta para outra era tão inaceitável, que o ruivo agradeceu por estar deitado, caso contrário, seus pés teriam cedido e o guiado ao chão.

–Como isso aconteceu?– Inquiriu para Mello, num tom de voz que quase não reconheceu. Mas era óbvia a resposta que pedia, visto que L estivera correndo riscos ao investigar o Caso Kira, durante aquele tempo todo. L havia perdido. De alguma forma inexplicável e surreal, ele havia falhado. Derrotado por Kira e... morto. Mas L não era o único que possuía uma desesperada sede de vitória, e se isso o levara à morte, o que aconteceria com aqueles que tentassem imitá-lo? –Não era L quem deveria ter escolhido seu próprio sucessor?  

-Supostamente era...  –Nítido que Mello queria que o assunto fosse logo tomando aquele rumo. Era mais fácil debater sobre ele, sobre aquilo que agora Matt entendia ser o principal motivo de ódio e de ressentimento do loiro, mas também a anestesia das verdades que o corroíam. Sentir ódio era fácil, e sentir ódio era bem mais prazeroso do que sentir dor pelo que havia sido perdido. O fato de não ter sido escolhido como sucessor poderia ser ainda mais sôfrego, mas ao menos abria caminhos para o ódio. E era ele que movia Mello, naquele instante. A mais sombria de todas as emoções. - Mas L foi assassinado por Kira, antes de fazer a escolha. E agora, Roger decidiu que quer Near... 

O rosto do loiro estava sendo inundado por desgosto e por outras mil emoções que tanto odiava sentir.

No fundo, Mello, desde pequeno, sempre quisera ser tão frio e inexpressivo quanto Near. Mas nunca conseguia e deveria ser por isso que dizia detestar tanto o albino. No fundo, Mello provavelmente o admirava por conseguir controlar suas emoções.

Mas Matt dava graças aos céus, pois era exatamente isso que o fazia ser o seu Mello. Gostava de poder interpretá-lo e decifrá-lo, à sua maneira. Adorava sentir as emoções que ele deixava transparecer tão facilmente, todas elas expressas perfeitamente no envoltório cristalino de sua íris. Gostava de seu descontrole.

Mas aquilo tudo saíra do controle de uma forma exagerada.  

-Roger não pode ter feito isso, simplesmente.

-Ah, ele não fez. Não fez mesmo.  - Mello sorriu, e uma parte instintiva de Matt quis sorrir de volta, como no dia em que se conheceram... Mas então se lembrou de que era apenas escárnio. -Ele sugeriu que eu juntasse forças com a ovelha para ir à caça de Kira... –O sorriso do loiro logo se transformou num riso. Um riso longo, tão longo que se Matt não o conhecesse poderia ter achado que ele realmente se divertia. Várias coisas se esclareciam nas notas daquele riso, principalmente os motivos do ódio dele ser tão imenso. O que o diretor achava ser algo aceitável, era no mínimo, um tremendo insulto para Mello. – Aham, claro. Já estou fazendo isso. Já estou segurando a mãozinha do albino, só falta sairmos cantando e saltitando como dois pôneis felizes à procura de Kira. E por que não? Sempre fomos tão unidos, eu e ele... – E então, a falsa diversão simplesmente deixou de existir. Mello ignorou a existência de um tapete no quarto. Pisou em cima dele, com toda sua força. Matt se perguntava quem ele imaginava estar embaixo. Só havia duas opções. -Argh. Poupe-me disso. Poupe-me dessa humilhação. Essa sugestão de Roger foi o mesmo que dizer “Eu prefiro Near ”... Aquele filho da puta

Mas Matt nunca iria saber, assim como não sabia a qual deles o amável e educado termo estava sendo dirigido.

Provavelmente a ambos.

-Calma. Raciocine com tranquilidade, agora, Mell. -O mais provável é que, na tentativa de impedir as emoções de Mello de deixá-lo fazer besteiras, fosse acabar deixando-o ainda mais irritado e propenso a decidir que aquele era um ótimo dia para sair e explodir tudo. Mas Matt tinha de tentar, mesmo assim. Pulou da cama, e foi caminhando cuidadosamente até Mello, querendo poder olhá-lo nos olhos mais de perto. - Por consideração a L... pense só. Não seria tão ruim assim se Near...

-Nunca, Matt. –Infelizmente, o loiro percebera rápido demais aonde Matt queria chegar com seu discurso. -Prefiro morrer a me aliar a ele. –Cruzou os braços, o rosto franzido de nojo.

O ruivo suspirou, afastando-se de novo.

Não entendia por que se sentia decepcionado, de tão óbvia que era aquela postura. Mello tinha seu ódio e seu orgulho o manipulando, como se ele fosse uma marionete patética. Não adiantava tentar mudá-lo.

-E o que você pretende fazer, já que não vai se unir a ele?

Não podia negar que tinha um pouco de receio de descobrir.

-Vou derrotá-lo, é claro. –O nojo subitamente transformou-se em expectativa na expressão do loiro. – Vou fazer o que faço de melhor: ir diretamente contra o albino. Desmascararei Kira antes dele e provarei para todos que sou o número um. Até vingarei L com minhas próprias mãos. Mas primeiro, tenho que ir embora desse lugar maldito. –Terminando de cuspir no prato em que comia, Mello descruzou os braços, e passou a direcionar seus passos até o armário de magnólia que se destacava no quarto, onde ele guardava todos os seus pertences pessoais.

A primeira coisa que tirou de lá quando abriu as trancas - depois de uma mochila preta com retalhos de couro-, foram cinco gigantescas barras de chocolate, que ele armazenou no lugar de honra, como se fossem os melhores itens que ele poderia possuir consigo. Depois, acessórios e roupas pretas de couro.

Matt ficou observando a cena por alguns minutos.

O tempo necessário para processar as informações em seu cérebro e concluir que Mello não estava fazendo uma piada de mau-gosto com aquela sentença que dava voltas e começava a entontecer sua mente.

-Você vai fazer o quê?!

-Não ouviu mal, Matt. Estou indo embora. –Ele nem sequer hesitava para dizê-lo. Nem sequer olhava para Matt. O ruivo temia que isso tivesse se tornado uma decisão sua, porque uma vez que Mello decidia alguma coisa, nada nem ninguém conseguia fazê-lo mudar de opinião. -Eu tenho quase 15 anos, não preciso mais ficar aqui.

Ele somente continuou enchendo a mochila com os seus pertences.

Matt encarou o chão, deixando que o silêncio pesasse por alguns momentos.

Perguntou-se se não seria agradável ser engolido por ele.

-Você não vai nem...pensar duas vezes? –Voltou a olhar o amigo, mas odiou como seu tom de voz soou patético, afetado. Como queria ajudar Mello se não estava conseguindo nem ajudar a si mesmo?

-Não há o que pensar. –Mello afirmou, finalmente fazendo uma pausa e desviando um olhar gélido e incisivo para Matt. -Odeio Near e não vou me juntar a ele. Vou derrotá-lo. Fim da história.

 E então, diante daquela hostil consignação, Matt simplesmente fechou os olhos e cedeu. Sabia que por mais que pesquisasse em seu repertório de argumentos, não iria conseguir achar um suficientemente bom para que fizesse Mello desistir daquilo. De seu sonho, seu objetivo de vida: ser O primeiro. Mas na verdade, não era como se quisesse que ele desistisse. Mello provavelmente nascera para competir. E vencer era o que implantava os sorrisos mais satisfeitos e verdadeiros em seus lábios, sorrisos que por sua vez eram os sonhos que consumiam Matt.

Poderia viver uma vida inteira só para fazer Mello sorrir. Já havia descoberto isso, há algum tempo...Não sabia exatamente dizer quando.  Mas talvez desde que ganhara o primeiro sorriso do amigo. Desde quando descobrira aquele brilho elétrico de azul nos olhos dele. Ou quando estiveram próximos o suficiente para contar os cílios que recobriam as pálpebras dele. Ou quando deram as mãos e entrelaçaram os dedos antes de seu primeiro teste. Ou quando disse que ele sempre seria o melhor, independente do que acontecesse. Por uma única razão, Matt não se importava com nenhum sacrifício. E se Mello só sorria de verdade somente quando vencia, e achava que só venceria quando partisse dali, tudo bem.

Não tentaria mais impedi-lo de ir embora da Wammy’s House. Ele havia feito uma escolha e Matt simplesmente compactuaria com ela, se era o que Mello realmente queria. Por mais que ainda tivesse hordas de expectativas para os dois naquele lugar de alegres reminiscências, e por mais que tivesse sido ali onde passara mais da metade de sua vida. Realmente, não importava. Onde quer que estivesse, se estivesse com Mello, e se ele estivesse feliz, tudo estaria bem.

No embaçado das imperfeições, tudo estaria perfeito.

-O que você pensa que está fazendo? –Quando Mello notou que Matt também partira para junto de seu armário, abrira-o, tirara uma mochila semelhante a dele e começara a arremessar roupas e utensílios ali, simplesmente parou tudo que estava fazendo para ir andando até onde o ruivo estava.

Matt fingiu que não tinha ouvido a represália, continuando a tirar seus pertences dali, e ignorou completamente quando Mello abandonou seus passos pesados para ficar a um metro dele. Sua respiração ofegante  e seus lábios entreabertos.

-Eu te fiz uma pergunta, Jeevas.

Matt suspirou.

Girou os calcanhares lentamente na direção do amigo.

Cultivou seu melhor olhar impenetrável.

-Eu vou com você, Mello.

-Não. –A resposta foi tão automática e ríspida que Matt que quase fez Matt se assustar.–Não, você não vai. –Mello parecia ainda mais furioso do que antes, e aproveitando-se do choque de Matt, tentou roubar a mochila que este segurava, mas o ruivo conseguiu se recuperar e impedi-lo no último instante. O que o fez disparar sua última bala.  –Eu não quero que você vá.

No alvo.

Ouvir aquelas palavras, tão sinceras e diretas, foi o mesmo que sentir dedos agarrando o seu coração e impedindo o sangue de fluir nas veias. A ideia de Mello não querer tê-lo por perto machucava tanto que nem tentou esconder sua decepção, pois sabia que iria falhar.

-Por que você não quer? Por acaso... Por acaso não sou mais seu amigo?

Mello debochou do tom decepcionado de Matt com mais um de seus sorrisos.

-Deixe de ser estúpido, Matt. Esse é justamente o motivo de que não querer que você vá. –O ruivo ainda tinha as sobrancelhas franzidas, sentindo-se incapaz de compreender o que ele queria dizer. Ainda lhe era impossível e perfeito demais acreditar que Mello não queria sua presença porque não queria submetê-lo aos riscos. Mas o loiro cruzava os braços, irredutível, e o azul dos olhos dele não conseguia mentir para Matt. Era exatamente isso. - Não sei nem onde vou dormir ou com quem vou me juntar. Vou brincar com coisas perigosas. Vou brincar com Kira e...

-E daí?!

 -E daí que eu não quero que você sofra as consequências de estar comigo! –Mello explodiu, e Matt também se sentia explodindo por dentro, irritado com Mello, agora, mais do que jamais se sentiu. É claro que uma parte sua adorava saber que o loiro não queria que sofresse perigos por causa dele. Ou que se sacrificasse por ele.  Mas era nítido em cada mínimo gesto de Matt algo óbvio, que Mello simplesmente não via. Era extremamente revoltante perceber que o amigo não percebia que estes sacrifícios não eram verdadeiros sacrifícios, e sim caminhos para que Matt se sentisse preenchido. Se não seguisse Mello, para onde quer que ele fosse, seria como ter um buraco, -um vazio enorme,- no lugar onde estavam as emoções que sentiu e os momentos que viveu, nos últimos sete anos de sua vida. Então por que ele não conseguia ver isso? –Nada será fácil, porque eu não vou desistir até cumprir o meu objetivo. Eu farei qualquer coisa. Não quero ter que lidar com os seus arrependimentos, enquanto estiver derrotando Near...

Melo não conseguia ver que Matt já sabia disso. Já sabia que ele não desistiria. Mas não queria se importar com isso.

Por serem tão diferentes, e por terem ambições e emoções distintas, Mello não conseguia decifrar ou entender quais eram os motivos de seu amigo...

-Eu nunca me arrependeria de você, Mello. –Matt largou a mochila no chão, somente para atravessar aquela torturante barreira de um metro de distância, e ficar finalmente perto de Mello.  Perto para que ele entendesse. Perto para ver o azul faiscar em milhares de outros tons, e pela primeira vez não conseguir decodificar o que isso significava. Perto para se perguntar o que aconteceria se subitamente decidisse estar alguns centímetros mais perto. -Não se importe comigo, eu não estou nem aí para onde você vai ou com quem você vai se meter. Só quero estar com você...

Era possível notar o impacto que as palavras tiveram em Mello, somente pelo número de vezes que seus lábios se abriram e fecharam, como se quisesse dizer alguma coisa, mas mudasse de opinião sobre ela no último segundo.

Até que finalmente foi capaz de quebrar o silêncio...

-Você tem alguma noção do que está dizendo, Mail?

Sim.

Ou melhor, poderia dizer mais.

Poderia dizer que nunca teve tanta noção ou certeza absoluta de algo.

-Eu vou com você, Mello. -O significado dessa afirmação simplesmente transcendia o Universo das palavras. Aquela era a manifestação mais pura e clara dos sentimentos de Matt. Das certezas que o moviam, da razão de querer ver o sol de todas as manhãs, todos os dias. - Eu vou... Sempre estar ao seu lado. -Porque para Matt, ficar sem Mello era simplesmente inconcebível. - Ao lado do meu melhor amigo...

Silêncio. Respirações descompassadas. 

E então Mello fez algo que Matt simplesmente não esperava.

Quebrou a distância entre seus corpos, e deu um abraço no ruivo, tão forte e apertado que era como se ele pudesse morrer se simplesmente não fizesse isso.

E talvez pudesse mesmo.

Matt conseguiu sentir o ritmo do coração dele, enquanto retribuía o abraço, enlaçando-o com desespero, como se logo ele fosse desaparecer. E era quase tão intenso quanto o seu.

-Você é tão idiota... –De alguma forma estranha, Matt soube que Mello estava sorrindo quando disse isso. Um sorriso verdadeiro. Um sorriso sincero. –Tenho um babaca como meu melhor amigo...

Essa foi a sua vez de sorrir, deixando-se inebriar mais um pouco pela sensação indescritível de ter o corpo dele tão próximo do seu. E pela alegria que era o fato de tê-lo feito se sentir feliz, naqueles instantes... Se sentir livre do ódio...

E era simplesmente perfeito ser o melhor amigo de Mello.

Por mais que nas profundezas de seu ser não desejasse ser apenas isso...


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Notas finais do capítulo

O próximo é o mais que amigos, lalalala ^^
Reviews? :3
D-sama, espero muito que tenha gostado, viu? *---* Meio que presente de aniversário também, super atrasado, hehe >



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