– Cala a boca e vista essa roupa. – Gritou Brooke enquanto tacava o uniforme em cima de mim, era o mesmo uniforme que os jovens que vi antes usavam.
– Mas... Mas... Eu tenho matricula lá? – Falei enquanto pegava as roupas no ar.
– Que ano você é...? – Perguntou enquanto se virava e olhava para mim e deixava de lado o armário do Jhonny.
– Segundo, sou adiantado, pulei uma série depois que a Glaucy... Saiu do colégio. – Falei, mas me arrependi de ter tocado no nome da Glaucy.
– Hum... – Ela olhou para baixo e seus cabelos pretos encobriram seus olhos escuros. Ela se virou, olhou para o armário e tacou um paletó preto que não consegui pegar e caiu em cima do jacaré.
– Hum... – Para se libertar ele começou a se sacudir, isso piorou a situação, então ele começou a rolar de um lado para outro, até que bateu na parede.
Olhei para Brooke e percebi que ela começou a rir com a situação e logo em seguida me peguei rindo também. Jhonny ficou imóvel quando ouviu nossas risadas.
– Seria muito incômodo vocês me ajudarem? – Pediu, mas mesmo com sua voz grossa deu para notar um tom de vergonha. Brooke foi correndo até ele e tirou o paletó de cima dele e me deu.
– Vista-se, você vai ao colégio, é o melhor jeito de escolhermos mais uma pessoa. – Falou e Jhonny balançou a cabeça concordando.
– Esse é o seu novo armário por falar no assunto, as roupas dentro dele também são suas, o meu é o do outro lado. – Falou apontando para o armário dele com a cauda. – Siga-me, irei te levar até o banheiro.
Eu o segui até uma porta que ficava numa extremidade oposta a cama que ficava perto do meu armário. Entrei no banheiro sozinho no banheiro e pus as roupas em cima num pequeno armário, olhei no espelho e vi o quanto acabado eu estava.
– Não demore! – Gritou Jhonny.
– O.K! – Respondi.
Tirei a roupa que ganhei na casa da Glaucy e pus a calça social preta, que caiu perfeitamente, coloquei também o blusão branco que ficou um pouco grande, o enfiei dentro da calça e pareceu ficar bom, mas as mangas ficaram um pouco folgadas, botei aquela estranha meia social preta e logo em seguida coloquei o sapato, o paletó botei nos ombros, não queria vestir, pois pensei que o dia iria ficar mais quente.
– Pensei que minha camisa serviria e você, desculpe, mas o resto caiu perfeitamente. – Admitiu o Jhonnynho. – Precisa malhar mais garotinho, eu usava essas roupas no ano passado, quando eu tinha 16 anos.
– Um dia você me treina, tá bom? – Forcei um riso e vi seus olhos brilharem. – Cadê a Brooke?
– Aqui. – Apareceu uma garota na porta, ela usava as mesmas roupas que as garotas daquele lugar usavam, mas em vez de sapatilha ela usava um tênis, também usava um paletó feminino preto que tinha um símbolo estranho, nas beiradas da gola era da cor roxa, Brooke não usava aquelas meias que iam até a coxa como as outras garotas, seu cabelo mais uma vez estava diferente, ela estava com a famosa “Maria Chiquinha”.
– Que linda é ela. – Falou Jhonny.
– Obrigada Jhonnynho, vamos Dray. – Disse Brooke enquanto me puxava para fora do quarto, ela me guiou pelos corredores me puxando.
Nós ficamos sentados na escada até que chegou outro ônibus e me levou ao meu primeiro dia de aula naquela escola.
– Ônibus de segunda chamada. – Falou Brooke quando entramos.
Ficamos sentados esperando o veiculo nos levar até o local.
– Brooke, como que entrarei na escola se não tenho matricula? – Perguntei.
– É só você responder o seu nome quando os professores perguntarem, eles já sabem que você estaria chegando hoje. – Explicou.
– Como?
– O Dalton, por isso sempre precisamos da autorização dele. – Falou.
Fiquei olhando para a janela, vi a pequena floresta diminuindo ao longo do caminho e dando lugar a pequena cidade, imaginei que o colégio seria pequeno, pois a cidade era relativamente pequena, teve um momento que o ônibus parou em frente ao um enorme edifício com longas janelas que revelou pessoas bem arrumadas sentadas e olhando para o mesmo local, pensei que seria uma grande empresa, mas vi Brooke se levantando e saindo do ônibus, então a segui, mas quase fico preso dentro do ônibus, pois o motorista já estava fechado a porta.
– Ufa. – Falei quando saí.
Entramos no colégio e me surpreendi, pois o local era estilo colégio americano, e além disso tudo ele era muito bem organizado, todos armários pintados e nenhuma sujeira no chão.
Segui a Brooke por um longo corredor até que ela se despediu e mandou eu seguir até achar uma plaquinha escrita “S10C”, ela já havia entrado da sala antes de eu poder protestar para ela me guiar até a sala. Pus o paletó, pois estava frio, e continuei andando até achar a sala que ela havia falado.
Abro a porta e ela faz um barulho suave que ninguém iria perceber, olho para turma e vejo que todos olhavam para mim, exceto a professora que escrevia no quadro, instantaneamente sinto que meu rosto ficou vermelho. Entro olhando para o chão e andando devagar, fecho a porta e sento na primeira cadeira que vejo.
– Bom dia... Qual seu nome querido? – Perguntou a professora, mas estava com a cabeça tão cheia e com tanta vergonha que não ouvi falar comigo. Sinto uma pancada no meu braço, olho para ver quem tinha feito aquilo e incrivelmente era a Angeline.
– Que foi? Angeline? Certo? – Perguntei.
– É Angela, e a professora está falando contigo. – Falou Angel enquanto apontava para a professora.
– Qual é o seu nome filho? – Disse enquanto batia o pé no chão.
– Dray, senhora. – Respondi envergonhadamente, pois alguns da turma davam risinhos, mas quando disse o meu nome todos pararam.
– O.K, senhor Dray, aluno novo correto? Estou passando um trabalho em dupla, então faça uma dupla com a Angela, já que ninguém quer fazer com ela. – Concluiu e voltou a escrever no quadro.
– Pode deixar eu copio, faço e ponho o seu nome... – Disse Angel enquanto copiava.
– Quero ajudar mesmo não sendo muito inteligente. – Falei e ela deu um sorriso encantador.
Percebo o motivo do apelido “Angel” que ela recebeu, Angela tinha uma aparência totalmente angelical, seus olhos eram da cor azul penetrante e era realçada pelos seus cabelos completamente lisos da cor escuros que caiam até a cintura, ela tinha uma franja que por pouco não cobria seus olhos, sua pele era branca quase pálida, seu sorriso era encantador e contagiante.
Olho para o quadro e tento prestar atenção no que a professora falava, mas uma coisa estava me deixando inquieto.
– Angel está escrevendo o que? A professora já terminou de escrever no quadro há muito tempo. – Perguntei.
– Eu gosto de escrever histórias. – Ela disse como se fosse óbvio.
– Posso ver? – Perguntei e ela fingiu que não ouviu e se virou para frente.
–... Alguma pergunta? – Perguntou a professora. Levantei a mão e ela me viu. – Fale Dray...
– Qual é o seu nome? – Perguntei e os alunos riram por um tempo, mas pararam ao ver a expressão séria da professora.
– Não é porque você é filho de umas das pessoas mais importantes da cidade que vou te deixar fazer gracinhas na sala Sr. Dray. – Falou a professora quando vinha na minha direção. Angel guardou rapidamente sua história para que a professora não vesse. – Vamos falar com o diretor. – Falou enquanto abria a porta e fez um gesto para segui-la.
Eu a segui envergonhado, pois no primeiro dia de aula já iria conhecer o diretor da pior maneira possível. Ela passou por vários corredores sem perder a postura, parecia que ela queria provar algo a alguém. Depois de alguns segundos ou minutos vi uma porta de madeira que estava com uma placa dourada, nela estava escrito “Diretor”. Ela abriu a porta e falou com o diretor, não deu para ouvir muita coisa, depois de alguns segundos ela voltou e me mandou entrar na sala, eu a obedeci e entrei.
– Dia difícil garoto? – Perguntou-me o homem que estava sentado de costas para mim, incrivelmente reconheci a voz dele.
– Dalton? – Perguntei.
– Sim. – Falou enquanto girava a cadeira e ficou olhando para mim, ele logo fez um gesto para eu me sentar. – Pode ir embora senhorita. Ouvi a porta batendo com uma enorme força.
– Não fiz nada, falo logo. – Disse erguendo as mãos em sinal de defesa.
– Fale tudo como aconteceu, essa professora tem umas cismas... – Falou.
Falei tudo que havia ocorrido, mas não citei o fato que a Angela estava escrevendo, pois havia acabado de conhecer a garota e ela se provou muito legal.
– É que o nome dela é... Feio. – Falou e soltou uma longa gargalhada.
– Posso saber?
– Sazona! – Gritou e soltou mais uma longa gargalhada. – Todos a chamam de Sazon, mas é por trás, porém ela tem uma suspeita disso.
– Eu faço oque agora? – Perguntei.
– Siga todos que estiverem de paletó, pois agora haverá o treino para quem estiver de paletó e haverá Ed. Física para os sem paletó, ou melhor, os estudantes normais.
– Tchau então. – Apertei a mão dele e ele me deu um papelzinho e me olhou com um olhar severo.
Saí da sala e me enfiei em um canto e abri o papel, nele estava escrito:

Cuidado em quem você confia.
Há espiões em todas as partes.
Saiba disso.

Logo pensei na Angel quando li aquilo, mas ela era tão só que não queria deixa-la sozinha, continuei andando para frente ou para o lado quando havia uma curva. O sinal tocou e vi várias turmas pessoas sem o paletó, mas achei uma turma com paletó, logo a segui, entro no meio dela e sem querer esbarro em alguém.
– Olha para onde anda. – Disse o garoto e me empurrou e esbarro em outra pessoa, essa pessoa me segura para eu não cair.
– Cuidado menino! – Disse Brooke. – Dray? – Ela ergueu um riso e desatou a rir até chorar.
– Para de rir mulher! – Gritei e me equilibrei até me por de pé.
– Quem... Foi que te empurrou? – Falou olhando para os lados, mas há essa hora todos já estavam muito a frente.
– Não me lembro, mas vamos para o troço logo, quero ver esse treinamento.
– O.K. – Ela andou para um lado e a segui.
– Dalton é o diretor daqui né? – Perguntei. Brooke ergueu uma sobrancelha expressando duvida.
– Você já foi para a diretoria? Você é pior do que pensava.
– Longa história, mas então, se o Dalton está aqui a Glaucy já está na central? – Indaguei.
– Provavelmente, a falar em pessoas, a Ruffy está na sua cabeça ainda?
– Não sei... – Logo em seguida algo pulou da minha cabeça e no ar se transformou em um poodle de pelo liso.
– Oh God, ela está linda. – Brooke correu, a pegou e a abraçou. Ruffy resmunga no colo da Brooke. – Fica assim para sempre? – Se dirigiu a minha pequena cachorra.
Ruffy se contorceu até a Brooke solta-la e logo em seguida veio ao meu pé.
– Quero ela para mim. – Pediu Brooke.
– Você já tem o Jhonnynho. – Deixei claro.
– Mas... Mas... – Brooke começou a fazer uma cara de choro.
– O.K., se eu morrer ela é sua. – Disse. A Ruffy soltou um latido que ecoou por todo o local.
– O.K. – Ela ergueu um longo sorriso. – Ah falar nisso... Não te entreguei o material e muito menos te amostrei onde fica seu armário. – Falou enquanto me puxava para o corredor dos armários.
Vi vários armários e paramos em frente a um que ficava ao lado do da Brooke pelo que ela disse.
– Aí dentro tem sua roupa de Ed. Física e os matérias que você irá precisar, como notebook, tablet, calendário de teste, prova e outras coisas do tipo, mas primeiramente abra o troço.
– Como?
– É só puxar, nem tudo aqui é mágico ou estranho...
– A tá. – Puxei a porta e vi as roupas, eu as peguei rapidamente e fechei o local.
– Vá se arrumar. – Ela apontou para uma porta, eu fui até lá correndo, entrei e me arrumei lá dentro.
O uniforme de Ed. Física era uma blusa polo branca com as mangas azul e a gola também, bermuda azul também e um tênis branco. Saio correndo do banheiro só para aquecer e vi que a Brooke estava com um short curto roxo, blusa sem manga, e o mesmo tênis que ela sempre usava.
– Vamos logo. – E mais uma vez ela me puxou pelo braço até chegarmos ao local, eu abri a porta e vi a maior loucura do mundo, pessoas e animais treinando pesado.