– Ai caramba! – Me jogo para o chão tentando escapar da bola que vinha em direção ao meu rosto. Ouço a risada histérica da Brooke quando me viu caído no chão.
     – Aqui. – Falou o garoto que anteriormente me empurrou e que provavelmente lançou a bola. Ele estendeu a mão, mas ele a tirou quando eu ia pega-la para me apoiar e me levantar.
     Ouço os risos das pessoas que agora sem encontravam atrás dele. Os garotos do pequeno grupo se vestiam da mesma maneira, todos estavam com uma bermuda azul marinho que ostentava o símbolo do colégio – que era um humano dando mão a outro –, uma blusa branca com mangas azul marinho e um tênis da sua escolha. As garotas em geral estavam vestidas igual a Brooke, todas com uma blusa sem mangas, e um short cor roxo e a maioria usava um tênis branco com detalhes rosa, mas a Brooke nem trocou de tênis.
     Percebo que a risada da Brooke parou quando viu o pequeno grupo de talvez 7 pessoas, Ela andou até ficar entre mim e eles, ela estava num modo protetor, ela disse depois de encara-los por um tempo:
     – Saiam daqui bastardos. – O garoto bufou e saiu junto com seus amigos sem perder a postura, Brooke pegou a bola ao meu lado e arremessou na direção de uma garota ruiva, ela se virou, pegou a bola e continuou andando.
     – Obrigado. – Falei envergonhadamente enquanto me levantava.
     – Não foi por nada... Ignore-os, nem todos daqui valem a pena como você pôde ver, mas nem todos são iguais a eles.
     – Você os conhece? – Perguntei enquanto procurava vestígio de alguma sujeira, mas não encontrei.
     – São da minha turma, da para diferenciar as séries pelas cores da blusa e short, aqueles lá por exemplo. – Brooke apontou para um grupo de pessoas que jogavam queimado. – O garoto que está com a bola é do primeiro ano, pois a blusa dele é azul bebê. – Ele passou a bola para a garota que estava no lado dele, a garota estava vestida com um short bege e uma camisa sem mangas. – Ela também é do primeiro ano, assim como ele. – A garota arremessa a bola com uma força esmagadora na barriga de um garoto com blusa azul marinho, eu pensei que ele iria voar junto com a bola, mas ele agarrou e se limitou a dar um leve sorriso de deboche. – Já ele é do terceiro ano, blusa azul marinho, as garotas são roxo, o do segundo ano você conhece. – O garoto mirou no pé da garota e ela pula, a bola faz um enorme estrondo e sai quicando por todos os lados. – Se não me engano é azul celeste e rosa. 
     Não deixo de notar que um garoto – com bermudas e mangas douradas – se encontrou com o pequeno grupo que era liderado pelo garoto que rira de mim e logo se misturou entre as pessoas.
     – E as pessoas que usam a cor dourada? – Perguntei.
     – São os representantes de turma... Enfim não se meta com eles. – Falou ao perceber que eu ainda estava olhando para o grupo.
     Desvio o olhar e olho um garoto que estava fazendo gestos para chamar atenção das pessoas, ele também estava vestido de dourado, Brooke viu que eu estava olhando e disse:
     – Já volto. – Ela sorriu e foi em direção ao garoto assim como todos que estavam na quadra.
     – O.K. – Falei, mas ela já tinha ido embora. Ela se espremeu entre as pessoas que estavam passando pela porta e assim chegou ao outro lado.
     Depois de alguns segundos aquele local estava vazio, todos haviam entrado na sala, exceto eu. Olhando melhor para o local percebo quão grande ele é, para ser mais simplista era é um tipo de quadra mista, onde demarcava as áreas de basquete, futebol e handebol entre outros esportes, havia também um arquibancada embaixo e em cima no segundo andar, onde visitantes e outros alunos poderiam ver campeonatos ou outras coisas importantes.
     Vou ao um quartinho que vi algumas pessoas guardarem a bola do queimado e corte, entrei e vejo enormes prateleiras e em cada um existia uma bola de cada jogo, no chão existia cones e coisas para auxiliar em alguns jogos ou até mesmo treinamento. Estico-me para pegar a bola de basquete que ficava na prateleira mais alta e com muito esforço eu a pego. Vou à quadra e começo a quicar a bola no chão em frente à cesta, troco de mão para tentar me lembrar como que era, arremesso quando pego uma boa postura e quando me canso de só quicar a bola, para a minha infelicidade a bola quica no lado da cesta e volta para minha mão.
     – Isso foi tipo recalque, bateu e voltou. – Falou uma voz feminina atrás de mim. – Passa a bola, por favor.
     Viro-me e vejo que era a Angel atrás de mim. Passo a bola e ela recebe com bastante firmeza. Ela quica algumas vezes no chão e logo em seguida arremessa na direção da cesta, ela acerta mesmo estando em uma distancia maior que a minha.
     – Quer jogar? – Perguntei ao pegar a bola.
     – Pode ser, ganha quem fiz onze pontos primeiro, pode ser?
     – O.K. – Quico a bola e ando até ela.
     Ficamos no centro da quadra, ela defendia a cesta enquanto eu teria que atacar. Tento passar em um lado e ela rapidamente bloqueia, então giro e passo pelo outro, enquanto corro quico a bola que fazia um barulho que ecoava na quadra, vejo Angel me embarreirando com braços para cima, mas ela esta com pernas abertas, quico a bola por de baixo de suas pernas e passo por ela tentando pegar, arremesso na cesta ao conseguir novamente a posse de bola, a bola passa entre os aros e marco um ponto. 
     Dessa vez eu fico na defesa e ela no ataque. Ela quica a bola e eu tento tirar da mão dela e incrivelmente consigo, dou uma pequena volta no campo quicando a bola e corro para cesta e faço mais um ponto.
     Entre quiques e cestas fiquei com dez pontos enquanto ela estava com dois, eu estava cansado e ela não, agora é a vez dela atacar, ela nem sai do lugar e arremessa na cesta e faz ponto. Depois disso, tudo que eu fazia ela cortava e pegava a bola e marcava até que ela ficou com onze e eu com 10.
     – Você foi bem. – Falou enquanto pegava a bola depois de fazer a ultima cesta.
     – Obrigado, hum... Cadê o pessoal? – Perguntei. Ela andou enquanto quicava a bola no chão até a arquibancada e sentou no primeiro banquinho e segurou a bola com as duas mãos.
     – É a hora do teste. – Ela simplesmente falou isso.
     – Por que você não faz o teste? – Perguntei.
     – Não gosto dos testes. – Ela olhou firmemente para a bola e percebi que era um assunto delicado para ela.
     – O.K, vai demorar muito? – Perguntei enquanto olhava para o chão.
     – Não, o nosso jogo de basquete durou bastante tempo, então pelos meus cálculos eles devem estar saindo exatamente agora. – Ouvi um barulho de uma enorme porta se abrindo quando ela terminou de falar.
     Vi varias pessoas saírem de dentro da outra sala, provavelmente havia terminado o teste. Algumas pessoas sorriram e outras estavam com semblante baixo, como se estivesse triste. Para o meu azar à pessoa que eu mais odiara até agora saiu da porta com um enorme sorriso de ponta a ponta.
     – Ah que droga... – Disse Angel quando percebeu que aquele garoto vinha da direção dela.
     – Você não gosta dele também? – Perguntei, mas ela não respondeu, pois  ele estava perto demais.
     Ele pegou a bola na mão dela e quicou no chão consecutivamente.
     – E aí Angel, passou no teste? – Perguntou.
     – Não, eu desisti na metade e vim para cá. – Falou enquanto olhava para baixo.
     – Hey, você nem... – Comecei a falar, mas ela me olhou com uma cara séria e ao mesmo tempo me suplicando com os olhos para eu ficar quieto.
     – Olha quem temos aqui, a incompetente arranjou um amigo novato que se mostra menos competente ainda. – Falou se dirigindo a mim.
     – Hey, não o chame de incompetente, não se mostre competente com palavras, vamos jogar um queimado se você quer tanto se amostrar. – Falou Angel enquanto pegava a bola de basquete.
     Há essa altura do campeonato os amigos dele já se encontravam atrás dele e por esse motivo ele não podia recuar.
     – Meus amigos contra os seus, pode ser? – Perguntou. Nós fizemos um gesto que aceitaríamos.
     Para a minha sorte Brooke saiu daquele local onde se fazia o teste, ela saiu acompanhada por um garoto vestido de dourado e os dois fecharam a porta. Ela veio em minha direção e contei tudo que houve para ela, Brooke prontamente ficou no meu time e assim começamos o jogo com somente quatro pessoas que eram Brooke, Angel, o Higor que era o garoto de dourado que Brooke me apresentara e eu. No outro time havia cerca de oito pessoas.
     – Eu começo! – Gritou Brooke com um sorriso no rosto, ela atacou a bola com uma velocidade tremenda e aparentou não fazer nenhum tipo de esforço, a bola passou por perto do garoto ruivo que eu tanto odeio, ela passou direto e acertou um garoto loiro, esse garoto deixou a bola cair no chão e assim foi para o outro lado da quadra como a regra diz.
     – Não mira no novato, ele deixamos por ultimo, mira em qualquer outro.  – Ordenou o garoto ruivo.
     Prontamente o menino loiro mirou na Brooke tentando se vingar. Brooke agarra a bola e passa para Angel. Angel pega a bola e acerta dois, mas só o ultimo é considerado “queimado”, esse ultimo era um garoto com cabelo castanho claro. Ele mirou na Angel e a acertou, ela sem querer deixa a bola escorregar da sua mão, mas a Brooke se joga e pega a bola, assim salvou Angel e as duas continuaram no jogo. Angel passa a bola para o Higor e ele tenta acertar o garoto ruivo, mas ele desvia. Logo depois ele veio correndo e mirou na Brooke, mas ela desvia, porém um garoto do time oposto faz joguinho com o ruivo e ficam até que em um momento acertam os pés da Brooke e ela é queimada.
     Restou apenas Higor e eu no meu time o garoto ruivo no outro time depois de um longo vai e vem de bolas. Higor taca a bola  no ruivo, mas ele agarra e rapidamente arremessa no Higor, a bola bate na cabeça dele e ele cai duro no chão.
     – Emmanuel, você tem que vencer. – Disse umas garotas que não estavam no jogo.
     – Cale a boca. – Falou entre os dentes. Ele pegou a bola e arremessou na direção dos meus pés. Eu pulei, pois levei um enorme susto e desviei da bola irracionalmente.
     – Quase em Dray!  – Gritou Brooke entre os risos.
     Quando Emmanuel ouviu meu nome pareceu levar um pequeno susto, mas tentou manter sua postura.
     – Você é o “Dray”? – Perguntou. Ele segurava a bola com as duas mãos de uma forma pensativa.
     – Sim, por quê?
     – Nada não, mas tome cuidado. – Gritou e arremessou a bola. Eu estava tão cansado de correr para lá e para cá que enquanto corria tropecei no meu próprio pé e cai, mas mesmo caindo desviei da bola, pois ela passou raspando por cima da minha cabeça.
     – Esse menino é um ninja! – Gritou Brooke enquanto ria, ouvi um baque no chão e percebi que ela era caindo de tanto rir. – Ele desviou da bola... Daquele jeito. – Continuou a rir.
     – Cala a boca Brooke. – Gritei tentando me levantar, mas rapidamente a bola me acerta por trás e me derruba. Viro-me e vejo que foi uma garota que me acertou, ela logo em seguida deu um risinho de deboche.
     Todos do time adversário se abraçaram comemorando a vitória, menos o Emmanuel que ficou olhando para mim enquanto alguns amigos pulavam em cima dele ou o abraçava. Ele andou até a mim e estendeu a mão. Quando eu ia pega-la ele tirou novamente e saiu.
     Nota mental: Nunca mais confiar nele e quando alguém me estender à mão tenho que confiar na pessoa.