O Despertar escrita por Beel


Capítulo 4
Capítulo 3 ~ Aniversário de Glaucy




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     – Levanta logo Glaucy. – Falei enquanto subia nas costas de Brooke.
     – Espera, estou cansada e é por sua culpa, aquilo cansa. – Gritou mal-humorada. – Quer saber? Vão na frente se estão com tanta pressa assim.
     – Tá bom. – Concordei.
     – E leve esse cachorro, ele estava te seguindo desde aquela loja até esse restaurante. – Glaucy disse enquanto levantava um Cocker pelas as duas patas dianteiras. – E tem mais, ele estava mordendo o meu pé enquanto estávamos “lá”. – Brooke balançou a cabeça concordando com a Glaucy, pelo visto Ruffy a mordeu também. Ela se soltou e caiu no chão em pé.
     – Ruffy! – Gritei ao ver minha cachorra.
     – Ela é fêmea. – Falou Brooke.
     – Eu sei, eu e minha mãe tínhamos posto nome de macho quando ela era filhote, aí descobrimos que “ele” era fêmea e achamos melhor deixarmos Roffy, pois ela já tinha se acostumado. – Expliquei. – Glaucy leve-o com você quando você for, agora vamos Brooke.
     – Tá, mas já...
     Brooke começou a correr antes de a Glaucy terminar o que dizia. Fechei os olhos por causa do vento e também porque estava com medo. Depois de alguns segundos decidi abri-los e olhei ao redor, mas só havia borrões em todos os lados, mas havia uma coisa pequena e felpuda que estava acompanhando nossa velocidade ao nosso lado, depois de um tempo percebi que era a Ruffy.
     – Todo mundo corre assim e só eu corro lento ou ele também é como vocês e por isso acompanha sua velocidade? – Rezei para ela não levar essa frase como se eu a tivesse chamando de cachorra.
     – Provavelmente ela é igual a gente, seu pai devia te proteger de algum modo né? Mas é uma bela mascote que você tem, primeira vez que vejo um. – Mesmo nas costas dela deu para perceber o sorriso.
     – É normal alguém acompanhar a sua velocidade? – Perguntei.
     – O que você acha? – Retrucou.
     – Não. – Respondi.
     – Chegamos. – Anunciou enquanto diminuía o ritmo para eu não sair voando com o baque que daria se ela parasse de uma vez.
      Realmente havíamos chegado, estávamos em frente a minha casa, mas havia algo errado com ela, estava silenciosa demais, geralmente quando saio minha mãe põe musicas altas e arrumava casa enquanto cantava, mas não ouvia nada vindo da casa, realmente estava definitivamente silenciosa.
     – Fica aqui, vou entrar. – Disse Brooke enquanto eu descia das costas dela.
     – O.K, mas vou entrar também. – Falei num tom de voz firme.
     – O.K, mas entre agarrado com este cachorro e se acontecer algo você foge nele. – Ruffy pulou nos meus braços e eu a agarrei.
     – Quer dizer “foge com ela” né? – Perguntei.
     – Tanto faz.
     – Vamos entrar. – Sussurrei.
     Peguei a chave e segui lado a lado com a Brooke até ficarmos em frente à porta, quando eu ia por a chave na porta a Brooke empurra a porta e só assim percebo que a porta estava encostada.
     – Você é um gênio. – Disse rindo baixo. – A porta ficar encostada é normal aqui na sua casa?
     – Não.
     – Estranho. – Admitiu.
     Andamos pelo andar de baixo todo a procura de algo suspeito, Brooke não achou nada, mas quando eu passei por uma mesa vi um papel com um recado, a letra não era da minha mãe por isso o guardei no bolso da calça jeans.
     – Vou ver lá em cima, você fique aqui embaixo. – Brooke ordenou enquanto subia as escadas.
     – O.K, mas não vá a meu quarto está uma bagunça. – Disse pensando em subir depois de ela entrar em algum cômodo no andar superior. – Vou ficar aqui em baixo.
     – Vou primeiro no seu quarto. – Gritou quando estava no segundo andar, ótimo era isso que eu queria, agora já sei onde ela está.
     Peguei desajeitadamente o papel com uma mão enquanto a outra segurava a Ruffy, quando olhei para o papel percebi que ele estava amaçado por causa do bolso, estava escrito assim:

Estamos com sua mãe, se você quiser tê-la de volta venha sozinho para este endereço.
Rua Black Friday. Numero 1522. Casa branca desbotada
Venha aqui 1 hora da manhã
Obs.: Veja se alguém o segue.

     Guardei o papel no bolso, pois ouvi alguém abrindo a porta.
     – Cheguei! – Exclamou Glaucy enquanto fechava à porta a trás dela.
     – Nem demorou. – Brinquei usando o sarcasmo, mas eu nunca chegaria à minha casa nessa velocidade.
     – Estava procurando um cachorro... – Ela parou de falar. – uma cachorra. – Corrigiu-se. – que alguém mandou tomar conta. – Glaucy começou a tagarelar. – Mas alguém o trouxe e não disse nada para a pessoa que estava cuidando dele e ainda tem mais, a pessoa que estava cuidando dele o procurou pela a cidade toda e aqui estou eu exausta. – Ela respirou. – Sua mãe está bem?
     – Não sei, ela não está em casa. – Murmurei, pensando se devia ou não falar do bilhete que foi deixado, mas quando eu ia abrir a boca a Brokke desce as escadas.
     – Nada lá em cima e aqui embaixo não tem sinais de arrombamentos ou outras coisas piores. – Anunciou Brooke. Decidi não contar nada, pois não queria um esquadrão de mutantes atrás de mim.
     – Então o que a gente faz? – Grunhiu Glaucy. – Esperar e vê se ela volta antes do inicio da minha festa?
      Glaucy, Brooke, e eu concordamos e Ruffy deu um latido dando apoio, era nossa única opção ou era o que eles pensavam. Passou-se um bom tempo e Glaucy estava sentada – quase deitada – no sofá da sala e Brooke na cozinha.
     – Vocês não vão embora? Se minha mãe voltar eu ligo, ou mando e-mail ou escrevo carta, tanto faz. – Gritei fazendo gestos para a porta.
     – Você está nos expulsando? – Perguntou Brooke fazendo tom de ofendida. Ela abriu a geladeira e pegou duas maçãs uma ela botou na boca e outra jogou para a Glaucy.
      – Sim, temos que ir para o aniversario dela, – Apontei para a Glaucy. – e vocês e eu temos que nos arrumarmos. – Disse. – Agora vão para suas casas.
      – O.K. – As duas disseram ao mesmo tempo. – Tchau. – Disseram em uníssono.
      Quando elas saíram da minha casa meu relógio despertou mostrando que era 6 horas, dava tempo de me arrumar para a festa e me preparar tanto mentalmente como fisicamente para a casa onde supostamente encontraria minha mãe. Tomei um curto banho de 15 minutos e me direcionei ao quarto, lá abri o guarda-roupa e peguei uma camisa branca, nas golas da camisa havia detalhes dourados, peguei uma calça branca também, meia preta, roupa de baixo sortida e tênis brancos com dourado, eu as vesti e senti um ar gracioso em volta, amo a cor branco e meus cabelos pretos dão contraste na roupa branca, vi que faltava meia hora para o inicio da festa, corri e peguei o colar do aniversário da Glaucy e botei no bolso. Fui ao computador e pesquisei no google maps onde ficava o local onde acharia a minha mãe, anotei o local e pontos de referencias, peguei uma mochila do ano passado e nela botei o celular que era do meu pai, tentei enfiar um bastão de beisebol, mas infelizmente não consegui então botei uma faca para caso de emergências. Depois de por tudo percebi que a mochila era inútil, tudo cabia no meu bolso, mas pensei que seria melhor deixar as coisas perto da porta da entrada, pois seria estranho ir a uma festa praticamente armado. Sai de casa às 7 horas e 45 minutos e a festa começava às 8 horas.
     Fui a pé para ter mais tempo para pensar no que aconteceu neste dia turbulento, hoje foi um dia e tanto, descobri o motivo de não ter tido um pai presente na minha vida, pelo menos parecia que ele ajudava as pessoas, pois ele estava andando por aí fazendo cirurgias em crianças e cuidando delas enquanto abandonara seu próprio filho, que egoísmo e para variar ele está fugindo das pessoas que ele ajudou do mesmo modo como fugiu de mim, não deixando nenhuma pista, me pergunto se ao menos deixou um celular com eles, para piorar o meu dia descobri que meu pai ajudou minha melhor amiga de infância e ela nunca me disse e pelo que parece ajudou a Brooke também, a falar nisso o que aconteceu com a Brooke? A Glaucy caiu ou foi empurrado de um prédio, depende do seu ponto de vista, já a Brooke parecia ser o mais “normal” possível naquela idade, mas a coisa mais importante: por que diabos não me lembro da Brooke?
     Então vi que já estava chegando, pensava que era um pouco mais longe, mas cheguei rápido em comparação como achava que seria.
     – Chegou cedo! – Anunciou Brooke.
     Para ser sincero de longe nem reconhecia a Brooke, ela estava vestida elegantemente com um vestido preto que batia nos seus joelhos, no vestido possuía uma argola “V”, mas para não ficar tão indecente ela botou um casaco de renda, ela usava meia calça preta também, não usava nenhum acessório em especial só dois pequenos brincos e usava um salto alto agulha, acho que foi uma tentativa de ser maior que eu, mas ela ficou no máximo do meu tamanho.
     – Sério? – Perguntei olhando o relógio. – São 7 horas e 45 minutos, que horas começa a festa mesmo?
     – 8 horas. – Respondeu-me.
     – E por que você já está aqui? – Perguntei.
     – Digamos que esse é um de nossos lares e estou vivendo com Glaucy, mas para a sua felicidade só nós habitamos nessa casa, mas vieram alguns dos nossos amigos que são iguais a gente, porém tem alguns que são “normais” . – Ela fez aspas no ar ao falar a palavra normal.
     – Quero nomes. – Pedi firmemente.
     – Ah qual é? Faz uma pergunta mais fácil. – Suplicou.
     – Não, quero nomes. – Exigi.
     – Não sei, vamos entrar e ver então. – Brooke apontou e logo em seguida me puxou para dentro da casa.
     Adentrando a casa de Brooke percebi que era enorme, por fora parecia uma casa média, mas não imaginava que era tão grande assim.     Cheguei a soltar um “uau” que Brooke ouviu e me olhou com uma cara que expressava duvida. Vi um enorme salão, mas a Brooke me puxou para uma escada e a subimos, no final da escada havia um corredor que dava para ir para dois lados, no final dos lados havia uma continuação que seguia em outra direção.
     – Entre aqui. – Disse Brooke abrindo a primeira porta a direita.
     – Pra? – Perguntei. Ela pegou o meu braço e me puxou para dentro.
     – Toma, – Ela me deu um ursinho. – dá de presente para ela.
     – Esse não é o urso de pelúcia que você pegou no prédio quando ela caiu? – Perguntei, incrivelmente havia reconhecido o ursinho.
     – Sim, sempre disse para ela que ele caiu enquanto eu descia a sacada de escadas. – Começou a me explicar. – Nunca a entreguei, pois pensava que ela ia se lembrar “dele” e pensei que ela não o tinha superado, mas hoje vi que ela superou muito bem, mas estou com vergonha de entregar a ela, então acho melhor você entregar a ela. – Brooke botou a mão no meu ombro. – Boa sorte. – Fez uma cara como que quisesse expressar “Meus pêsames” ou “a missão é difícil, mas a recompensa é grande”.
     – O.K. – Peguei o cordão que comprei de manhã e botei no urso.
     – Cordão lindo. – Comentou Brooke.
     – Pensei que ninguém em sã consciência gostaria disso, dizer, menos a Glaucy. – Falei.
     – Glaucy é sã ou tem consciência? Ou os dois juntos? – Perguntou.
     – Quer que eu responda? – Respondi a pergunta dela com outra pergunta.
     – Não, todos sabem a resposta disso. – Concluiu – A falar nisso quero a resposta da pergunta que eu fiz quando estávamos na minha cabeça.
     – Não me lembro de nada. – Disse, mas sabia exatamente do que ela estava falando.
     – Não quero te levar para a minha mente de novo, estou com preguiça. – Começou a palestrar. – Quando você não quis abrir os olhos e eu falei  um troço mais ou menos assim “Seria bom você abrir os olhos para saber do que você é capaz e do por que você é, mas por enquanto você só quer saber dela, estou certa?”.
     – Você sabe que reproduziu perfeitamente o que você falou lá né? – Bufei.
     – Então você não havia se esquecido. – Concluiu. – Boa memória.
     – Não, não havia. – Declarei.
     – Quero respostas. – Exigiu Brooke.
     – Tá eu go-gosto dela. – Gaguejei. – Mas numa medida controlável.
     – Sei, vamos para a festa logo! – Brooke gritou com uma voz de choro e saiu do quarto e eu a segui.
     – Hey, você está brava comigo?  – Perguntei.
     – Não, seu idiota. – Gritou rindo.
     – Você é bipolar também? – Perguntei. – Geral é bipolar nesse troço?
     – Mais ou menos, a maioria dos nossos são. – Explicou. – Mas eu não.
     – Para de mentir. – Implorei. – A falar nisso cadê a Glaucy.
      Brooke se virou e pontou para o grande salão que ficava no térreo, segui a direção do lugar que ela estava apontando e vi Glaucy num belo vestido, não deu para ver muitos detalhes.
     – Que isso heim. – Gritou Brooke. Glaucy se virou na nossa direção.
     – Para de gritar Brooke. – Pedi.
     – O.K.
     Glaucy subiu as escadas segurando o vestido e quando estava perto ela pulou em cima de mim eu a segurei e a rodei no ar.
     – Como a Brooke disse “que isso heim”. – Disse brincando e Brooke só ficou rindo.
      Reparando mais na Glaucy ela estava com um vestido branco tomara-que-caia que batiam nos seus joelhos  – acredito que muitas pessoas queriam que aquele vestido caísse – o seu vestido combinou perfeitamente com o seu cabelo encaracolado loiros que pareciam uma cascata dourada que cobria suas costas acima de seu vestido e seus olhos verdes estavam brilhando de felicidade, deixando-a mais bonita ainda.
     – Para de exagerar, mas gostei muito que você tenha vindo à festa. Falou enquanto eu a colocava no chão. – Sua mãe já chegou em casa? – Perguntou.
     – Não, mas quero vocês lá em casa às 3 horas da madrugada. – Pedi. – Tudo bem para vocês?
     – Sim. – Disseram em uníssono.
     – Ai meu Deus. – Gritou Glaucy. – O que é isso na sua mão?
     – Um urso? – Disse rindo.
     – O meu urso. – Gritou histericamente. – Como você conseguiu?
     – História longa demais. – Olhei para a Brooke e ela logo parou de rir.
Glaucy o pegou da minha mão, me deu um abraço e um beijo.
     – Tem um cordão também, – Adicionei. – Acho que você vai gostar, não será tão valioso quanto o urso, mas...
     – Um aracnídeo, eu amo aracnídeos. – Berrou me interrompendo.
     – Para de gritar, mulher! – Gritou Brooke.
     Nos olhamos e rimos.
     – Acho que exagerei. – Disseram as duas em uníssono.
     – Põe em mim Dray? – Pediu Glaucy enquanto tirava o cordão do urso, me entregando ele, se virando de costas e levantando o cabelo.
Peguei o cordão e o pus.
      – Agora vamos festejar! – Gritei.
      – Sim. – Gritaram juntas de novo.
      As duas se viraram e desceram a escada correndo e logo depois se misturaram na multidão que já havia chegado, então desci as escadas normalmente e fui até uma enorme mesa que ficavam as comidas, peguei um prato, pus um pouco de cada coisa e voltei à escada e me sentei no segundo degrau. O tempo demorou a passar, por varias vezes vi Glaucy e Brooke passarem, mas elas sempre estavam acompanhadas de pessoas desconhecidas, por isso não me aproximei, essas pessoas poderiam ser mais um “especial” ou sei lá o que eles são e para ser sincero não estava a fim de me relacionar com mais pessoas especiais.
      Realmente com elas o meu dia se passava mais rápido, tanto que mal conseguia acompanhar, sem elas o tempo passava dolorosamente mais lento, ainda mais que não havia nada para fazer.
Então para a minha felicidade deu meia noite e comecei a procura-las. Depois de cinco minutos eu a encontro.
     – Glaucy! – Gritei e para a minha felicidade a musica não abafou tanto a minha voz e ela ouviu. Ela chegou perto e disse:
     – O que foi?
     – Preciso ir embora. – Falei e esperei alguma reação dela.
     – O.K, às 3 horas eu levo bolo para você, vai querer doces também? – Perguntou.
     – Sim. – Murmurei e levei a boca um rissole de camarão. Aceitei o doce, mas nem sabia se estaria vivo ou não depois daquele maldito encontro. – Tchau e da tchau para a Brooke também.
     – Eu o que? – Disse Brooke à trás de mim.
     – Ham? – Perguntei. – Quando você chegou aqui?
     – Não sei, só a tempo de ouvir você falar o meu nome e espero que não tenham falado mal de mim.
     – Deixa quieto, vou embora, fui. – Disse correndo e gritando.
     – Ele é maluco. – Afirmou Brooke.
     Fui para casa correndo, peguei a faca, um pouco de dinheiro que eu havia guardado, peguei o taco de basebol e tentei por na mochila novamente, mas não deu, peguei um notebook também e escrevi uma mensagem para Glaucy e Brooke dizendo assim. “Fui tentar salvar a minha mãe, deixei o bilhete embaixo do notebook, se eu não chegar a casa antes de vocês veem para o local que está escrito no bilhete, caso vocês me encontrem morto a Brooke pode dizer para Glaucy o que eu disse no quarto para ela e caso só a Ruffy sobreviver a Glaucy terá que tomar conta da minha cadela”. Peguei a Ruffy e fui em direção ao local e foi assim que minha vida começou a mudar e estava chegando a hora de eu começar a fazer minhas próprias decisões. Só que eu realmente não estava preparado. 


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