O Despertar escrita por Beel


Capítulo 3
Capitulo 2 ~ O sombrio passado da Glaucy




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     Ouvi uma voz gritando “Socorro” e logo em seguida abriu na minha frente e a mesma me sugou. Quando eu a atravessei uma luz forte invadiu os meus olhos e os mesmos arderam até eu os fechar e tentar me acostumar com o Sol.
     – Vai ficar a vida toda de olhos fechados? – Perguntou Glaucy.
     – Seria bom você abrir os olhos para saber do que você é capaz e do por que você é, mas por enquanto você só quer saber dela, estou certa? – Perguntou-me a garota.
     – Isso foi uma pergunta ou uma afirmação? – Retruquei, mas acho que estava corando. – A falar nisso qual é o seu nome?
     – Você se esqueceu mesmo, né? – Indagou Glaucy. – Chame-a de Brooke, todos a conhecem assim.
     – Eu amo esse apelido – Informou-me Brooke. – e aquilo foi uma pergunta e quero resposta, mas quando voltarmos ao restaurante você me responderá, não podemos ficar a vida toda aqui.
     – A falar nisso, estamos aonde? – Perguntei, sempre tive problemas para organizar os graus de importância das perguntas.
     – Para sermos mais simples estamos na minha mente e se ocorrer algum problema como o de falta de informações iremos imediatamente para a mente da Glaucy – Disse Brooke. – entendeu Dray?
     – Sim, vamos logo, pois estou com sono, minha mãe me acordou cedo e tenho que ir para a festa da Glaucy depois. – Falei e comecei a andar para frente.
     – Você esta indo pelo caminho errado. – Informou-me Brooke. – Vamos, é por aqui. – Disse enquanto virava para a direita.
     Enquanto caminhávamos pela rua percebi que nenhum habitante ou qualquer pessoa que estava na rua nos via e percebi que estávamos exatamente no bairro que morávamos quando éramos pequenos.
     – Posso fazer perguntas? – Perguntei erguendo as palmas das mãos aos céus.
     – Pode. – As duas falaram ao mesmo tempo.
     – Por que nenhuma criança nos vê ou nos ouve? – Parei e fiquei em frente a uma criança balançando a mão a procura de qualquer sinal de que a criança nos via e pelo caminho que estávamos seguindo provavelmente chegaríamos ao parque.
     – Primeiramente, você poderia fazer qualquer pergunta lógica como “por que estamos aqui?” ou “como vocês fazem isso?” Mas você escolhe logo essa? – Falou Glaucy em tom de escarnio. Desisti de tentar chamar de algum modo a atenção do garoto e voltei a segui-las.
     – Eu tenho problemas em escolher qual pergunta é a melhor. – Admiti.
     – Você quer a explicação técnica ou a explicação burra? – Perguntou-me.
     – A burra. – Pediu a Brooke. – Até eu não entendo muito a técnica, nem todos são inteligentes tanto quanto a Glaucy.
     – Primeiramente estamos na mente da Brooke, e se mudarmos algum fato importante daqui irá mudar a memória dela eternamente por este motivo ela criou uma barreira em volta da gente que praticamente nos torna invisíveis, intocáveis, também não podemos mudar o cenário de algo e as crianças não podem nos ouvir.
     – Posso fazer outra pergunta? – Supliquei.
     – Pode, mas espero que seja menos besta. – Brooke estava bastante concentrada e pareceu nem me ouvir.
     – Por que vocês tem essa capacidade? O que aconteceu com vocês? – Perguntei descaradamente, eu sabia que esse assunto poderia ser muito delicado.
     – Bom, você disse que se lembrava de mim sendo operada aos seis anos de idade né? – Assenti como resposta e ela continuou. – Então, no lugar onde nós aprendemos a nos controlar me chamam de Physsis, pois eu fui operado mais tarde do que as demais crianças e para a gente quanto mais cedo forem operadas mais fortes somos, pois o nosso corpo tem mais tempo para se adaptar as anormalidades que acontecerão. – Ela parou. – Presta atenção Dray, foi aqui onde minha vida mudou. – Avisou-me.
     – Não perca nenhum detalhe daqui para frente ficará meio turbulento. – Anunciou Brooke.
     – Brooke precisa de ajuda ou você tem detalhe o suficiente? – Glaucy perguntou.
     – Tenho o suficiente, eu estava presente no dia e isso foi traumatizante para mim também, por esse motivo nunca me esqueci desse dia. – Concluiu Brooke.
     – O.k. Dray fica olhando para aquela garotinha linda ali, só para informar ela sou eu, e nem pense em momento algum tentar ajuda-la. – Disse Glaucy.
     Então fiquei olhando a garota que a Glaucy me mandou olhar, ela era uma criança de cinco anos realmente linda, tinha olhos claros – Não deu para ver a cor, pois estava um pouco longe –, tinha cabelos encaracolados e loiros, ela era sempre feliz e espontânea e carregava consigo um ursinho branco que vestia um vestido amarelo com flores rosa, essa criança estava vestida com um uniforme escolar por este motivo imaginei que ela estava indo a escola. Nós as seguimos em silencio para não atrapalhar a Brooke, a criança entrou em um prédio que era ou ao menos parecia ser a escola e entramos juntos. Fiquei realmente intrigado, pois a criança “perseguida” não falava com os demais colegas, só falava com uma amiga e um amigo. Seu amigo era como as demais crianças, não era tão feio e nem tão feio, era apenas “normal” e era a única coisa que unia as duas, ele era gentil com as duas e sempre sorria, tinha um imenso brilho nos olhos e parecia ser o único que  que tocava no ursinho da Glaucy mirim, já a amiga da pequena Glaucy tinha olhos castanhos, cabelos ondulados como a onda do mar e eram castanhos escuros quase chegando ao preto, seus cabelos eram longo, ela era igualmente mais agarrada ao amigo delas, creio que ele era o elo que ligava as duas.
     – Siga-me. – Ordenou Glaucy sussurrando em meu ouvido, então percebi que a Brooke já tinha se levantado e estava andando a direção de uma grande janela que estava quebrada, ela falava em uma espécie de transe e ficou ao lado do vidro. – Fique aqui e em hipótese alguma fale algo, pois a bolha está mais sensível.
     – O.k. – Murmurei.
     O sinal bateu, as coisas aconteceram muito rápido, não sei se peguei bem os dados para o meu cérebro formular aquela informação ou reproduzir mentalmente aquela cena que presenciei, aquele amigo que a Glaucy mirim gostava tanto estava em uma espécie de transe pior que a da Brooke, seus olhos estavam sem nenhum brilho que anteriormente estava ali, estavam completamente apagados como se o menino estivesse sem vida, esse mesmo garoto empurrou a pequena Glaucy do terceiro andar e a pequena garota antes de atingir o chão gritou o nome de sua amiga.
     – Brooke. – Exclamou.
     Olhei para o menino que estava olhando fixamente para suas mãos, parecia que ele não tinha noção do que tinha feito, mas sabia que fora ele que tinha feito este ato, olhei perplexo também para a menina que descobri que era a Brooke, ela estava ajoelhada chorando com as mãos no rosto e de repente ela sente algo em suas pernas e vê que o ursinho que a Glaucy mirim tanto cuidara estava caído aos seus pés, então a menina em um movimento súbito pegou o ursinho e correu para vê como estava sua amiga. Então só restou o garoto que por sua vez pulou do terceiro andar também, só que ao menos ele caiu em pé e fugiu da escola até sumir do nosso campo de visão.
     – Que merda acabou de acontecer? – Perguntei.
     – Foi aqui o começo de tudo. – Disse Glaucy. – Eu caí do terceiro andar, pois um amigo meu foi controlado por uma pessoa que desconheço e nunca mais vi este amigo, acho que é o mesmo para a Brooke.
     – É, ainda tenho saudades dele. – Assumiu Brooke.
     – Continuando, – Glaucy a interrompeu. – quando cai do terceiro andar, fiquei paralitica, em outras palavras minha perna não se movia e nem as sentia quando as pessoas a tocavam, por este motivo fui submetida a uma cirurgia com um renomado médico que era bastante conhecido por fazer “milagres”. Brooke posso tomar conta? No meio da cirurgia eu estava acordada e poderei explicar melhor.
     – À vontade. – Disse Brooke.
     Brooke deu um toque na mão da Glaucy e o cenário mudou mais uma vez. Desta vez estávamos dentro de um hospital, para ser mais exato estávamos vendo uma cirurgia, médicos falavam uns com os outros, mas não ouvíamos nada, só víamos bocas se mexerem.
     – Por que eles não falam nada? – Perguntei.
     – Bom, é verdade que estava acordada na cirurgia, mas eu estava dopada demais para sentir dor ou ouvir o que eles falavam. – Explicou-me. – E como isso tudo se baseia nas memorias que nós temos não da para eu reproduzir o que eles falavam.
     – A tá. – Fingi que entendi.
     – Bom, você viu que eu “caí” do terceiro andar né?  Logo depois de um tempo uma ambulância chegou à escola e a mesma me levou para o hospital, e neste momento você esta vendo esta cirurgia.
     Glaucy sofreu tanto assim? Pensei enquanto olhava para a garota que estava em cima de um leito.
     – Para começar os médicos diziam que foi um milagre eu estar viva, mas minhas pernas não estavam mais “obedecendo” minhas ordens, os nervos das minhas pernas não funcionavam mais ou algo do tipo, então um cirurgião disse aos meus pais que podia fazer uma cirurgia nos meus pés e eles voltariam a ser o mesmo que era antes, mas teria uma condição seria que eu morasse em um lugar com outras crianças que haviam enfrentado o mesmo problema que eu passara, pois se acontecesse algo de errado com o meu corpo ele poderia ajudar mais facilmente, meu pai concordou com isso tudo e foi assim que começou esta cirurgia, esse médico fez algo que a ciência não descobrira ainda, ele reviveu meus nervos ou seja o que for e quando ele fez isso elevou a capacidade do meu corpo em relação as pernas e em outras coisas também. – Detalhou Glaucy.
     – E agora aonde está esse doutor? – Perguntei. – Está no lugar onde ele criou ainda?
     – Não, ele fugiu. – Informou-me Brooke enquanto se sentava num banquinho.
     – De quem?
     – De umas pessoas que ele ajudou, a maioria é ingrata. – Bufou Brooke.
     – Por que essas pessoas fariam isso?
     – Como posso te dizer isso? – Falou pondo a mão no queixo e fazendo cara de pensativa.
     – Deixa que eu falo. – Anunciou Glaucy. – Bom, como eu disse ele ajudava as pessoas, mas às vezes o próprio organismo das pessoas não suportava tais mudanças e as vezes aconteciam anomalias com o corpo da pessoa.
     – Pode dar exemplo?
     – Os mais fáceis de combater são quando alguma parte do corpo da pessoa cresce. – Afirmou Glaucy.
     – Às vezes a pessoa adquire aparência de animais, mas alguns ficam fofos. – Acrescentou Brooke. – Uma vez ganhei asas de morcego na cabeça, mas infelizmente saiu, o doutor conseguiu reverter o caso.
     – E com você Glaucy. – Perguntei.
     – Disse algo? – Ela cruzou os braços.
     – Não, ele não disse nada. – Brooke interrompeu-me antes de eu começar a falar. – Isso é um assunto delicado para todos nós. – Sussurrou.
     – Por quê?
     – Quando nosso corpo se transforma em algo parecido com alguma coisa de um animal significa que estamos mais fortes e aptos para entrar no segundo ranking, pois nosso corpo geralmente fica mais forte ou mais rápido ou mais resistente ou ficar mais inteligente e em alguns casos podem respirar embaixo d’água se ganhar guelras, mas geralmente ninguém quer ganhar barbatanas ou algo parecido. – Palestrou.
     – Agora surgiram milhões de perguntas. – Confessei.
     – Se você quiser te respondo quando formos a “nossa casa”. – Sussurrou Brooke.
     – Dray presta atenção. – Anunciou Glaucy.
     – No que em especial?  – Perguntei.
     – O médico vai tirar a mascara, veja se você o reconhece. – Disseram juntas.
      – Mas por que eu o reconheceria? – Perguntei confuso enquanto estreitava os olhos para o cirurgião.
     – Só olhe. – Glaucy mandou.
     O cirurgião falou algo e as pessoas saíram e ele ficou mais um pouco e depois tirou a mascara.
     – Acho que conheço, só acho. – Disse – Na época ele morava no nosso bairro?
     – Não sei, ele não revelava muito coisa, mas mesmo assim temos que encontrar a família dele.
     Após Glaucy acaba de falar o cirurgião pegou um celular que parecia com o celular do meu pai.
     – Glaucy, não tem nenhum jeito de você por alguma voz nele? – Suspeito de quem ele seja
     – Vou tentar, mas vai ser por pouco tempo e isso vai me deixar realmente cansada. – Afirmou. – Brooke quanto menos gente melhor pode voltar ao restaurante pedir algo para comermos? Eu pago tenho um dinheiro guardado da ultima missão.
     – Se você diz, ok. – Ela começou a ficar transparente e sumiu.
     Então comecei a ficar transparente também.
     – Hey! – Gritei.
     – Relaxa, ela só tirou a mão dela da sua e botou na minha. – Explicou-me.
     – O.K. agora ponha som, ele já está falando com a pessoa. – Supliquei.
     – Anna, já estou indo para casa e mais uma cirurgia sucedida, assim nosso filho que...
     – Hey. – Então minha voz ficou mais fraca e comecei a ficar transparente de novo só que desta vez até sumir.
     Então fui engolido novamente pelo breu e ouvi a voz feminina de antes só que desta vez dizia “venha rápido.”.
     Abro os olhos e vejo que Glaucy está suando muito.
     – Isso foi realmente cansativo. – Arfou.
     – Imagino. – Falou Brooke enquanto cutucava a unha fazendo parecer como se nada tivesse acontecido, como a Glaucy ficou tão cansada e ela não?
     – Glaucy! – Berrei. – Aquele cirurgião maluco é o meu pai, ele falou o nome da minha mãe e ele carregava o mesmo celular que ele deixou em casa como lembrança.
     – Suspeitávamos. – Disseram as duas em uníssono.
     – Parem de fazer isso. – Pedi.
     – Isso o que? – Falaram juntas novamente.
     – Esse troço de falar juntas. – Continuei gritando. Algumas pessoas ao redor olhavam para mim, mas não liguei. – Espera se aquele era o meu pai que sumiu de casa há muito tempo, tanto tempo que nem me lembro dele, só o reconheci por que ele tinha uma foto em casa. Se o meu pai era realmente o cirurgião e o pessoal está atrás do cirurgião a primeira coisa que eles iriam fazer seria ir atrás da minha família para tentar encontrar pistas dele, pera , por que minha mãe não está atendendo o telefone?.
     – Quer ir para lá? – Perguntou Brooke.
     – Quero dormir. – Falou Glaucy entre bocejos.
     – Vamos agora! – Disse. – Quem é a mais rápida? – Olho para as duas.
     – No que você está pensando? – Indagou Brooke.
     – Nisso mesmo que vocês estão pensando, vocês vão me levar nas costas, pois vai ser bem mais rápido desse jeito. – Expus a ideia.
     – A Glaucy é mais rápida, mas ela está muito cansada é melhor eu leva-lo, sou quase tão rápida quanto ela, só para falar e estou no ranking A. – Anunciou com muita honra.
     – Valeu por me lembrar. – Choramingou Glaucy enquanto apoiava a cabeça nos braços.
     – São quantas classes mesmo? – Perguntei,
     – São só cinco, mas até agora ninguém adquiriu a quinta.
     – Estranho, mas vamos! – Gritei desesperado. 


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Notas finais do capítulo

Se voces estão acompanhando quer dizer que gostaram, ou estão vendo o que não fazerem nas suas fic's, tanto faz, mas obrigado ç.ç



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