Agora todos estavam olhando para mim, alguns em choque, outros com sorrisos no rosto. Annabeth tinha os olhos brilhando e Will me olhava como se já soubesse.

– O que houve? – perguntei alarmada.

– Você acabou de ser proclamada – sorriu Annabeth.

– E?

– Atena – disse Quíron – deusa da sabedoria, batalha e senhora das técnicas. Salve Megan Mason filha da Deusa da sabedoria.

E não era assim que eu queria descobrir quem era minha mãe.

Capítulo 3 – Eu não achei que fosse gostar tanto.

Enquanto alguns foram para a fogueira eu fui com Annabeth até o chalé de Hermes, onde eu peguei minhas coisas e fui conhecer o chalé de Atena.

O chalé era lindo, era de um mármore pálido e branco, sustentado por grossas colunas torcidas em tranças e vários galhos de enormes oliveiras. Tinha um brilho, porém não era nada comparado ao chalé de Apolo, era um brilho fraco. Na frente tinha uma coruja entalhada na frente, com olhos de ônix.

Por dentro o chalé tinha os beliches e estantes cheias de livros

(...)

Dois meses haviam se passados desde o dia em que eu havia chegado ao acampamento. Mantive minha amizade com Emma, que tinha se tornado minha melhor amiga nesse lugar. Sem comentar sobre os irmãos Stoll.

Em todas as brincadeiras que eles faziam, os idiotas achavam um jeito de me colocar no meio e acredite, eu gostava disso. Eu havia feito amizade com Percy e Annabeth e era com eles que eu treinava todas as manhãs.

Com o passar dos dias eu já havia aceitado a ideia de que minha mãe era mesmo Atena e que meu pai havia me colocado no acampamento para que eu ficasse segura, mas eu ainda sentia muita falta dele.

Eu era uma péssima espadachim e até Percy admitia isso, mas estava sempre disposto a me ajudar. Canoagem não era para mim, muito menos equitação. A única coisa que eu havia conseguido fazer era escalar a parede de lava sem ficar com as roupas chamuscadas.

Emma, Travis e Connor queriam que eu tentasse arco e flecha, mas para isso eu deveria ter que aturar o idiota do Will. Esse garoto ficava cada dia mais insuportável com aquele sorriso idiota.

Não podia negar que ele era lindo, mas eu não esta atraída por ele como Travis havia dito naquele primeiro dia.

– Não vai treinar? – perguntou Annabeth.

Estávamos no chalé, era de manhã e eu havia acabado de acordar.

– Vou, mas estou esperando o sono ir embora – murmurei a fazendo rir.

– Percy quer que você tente algo diferente. Ficou provado que espada não é para você. Devia tentar arco e flecha.

– Não com o idiota do Will.

– Sabe, você pode não perceber, mas para mim você está apaixonada...

– Eu apaixonada por ele? Você está brincando certo? Aquele garoto me inferniza desde o meu primeiro dia aqui. Eu posso ariscar e dizer que o odeio.

– Existe uma linha tênue entre o amor e o ódio – falou sabiamente.

– Às vezes eu odeio o fato de você ser inteligente – murmurei me levantando.

Peguei uma das roupas da minha mochila e me troquei. Quando voltei Annabeth já havia saído. Seguindo seu exemplo saí do chalé de Atena e fui até o Hermes para incomodar os irmãos Stoll.

Entrei como se costume vendo Travis deitado na parte de cima do beliche – já acordado – e Connor na cama de baixo ainda dormindo. Travis sorriu para mim e jogou um spray que reconheci ser um creme de barbear.

– O quão dolorosa será minha morte? – perguntei brincando.

– Se prepare, irá doer – garantiu rindo.

Me aproximei de Connor e me abaixei. Sacudi o pode te spray e espirrei no rosto dele, fazendo um cavanhaque. Segurei minhas risadas, Travis o resto do chalé fez o mesmo. Passei um pouco na mão de Connor e o seu irmão entendo o que eu queria fazer me entregou uma pena.

Passei a pena pelo nariz de Connor e ele remexeu a cabeça, porem não usou a mão. Passei novamente e ele virou de lado sem derramar a quantidade de espuma que tinha em sua mão. Passei mais uma vez e o momento tão esperado aconteceu. Agora Connor estava com o cavanhaque e com o nariz coberto de creme de barbear.

Ele abriu os olhos assustado assim que ouvi as risadas ecoando por todo o chalé. Olhou para mim por um momento e viu o spray em minhas mãos. Sorri e ele se levantou.

– Maldita filha de Atena – gritou correndo atrás de mim.

Ainda rindo corri para fora do chalé e vi Connor vindo atrás de mim ainda sujo com o creme de barbear. Todos os campistas que passavam por nós riam do filho de Hermes e isso só o fazia correr mais rápido.

Uma hora olhei para trás e continuei correndo sem me preocupar no caso de que alguém aparecesse na minha frente. E foi isso que aconteceu. Bati em alguém e caí com tudo no chão.

– Ai – reclamei.

– Você está bem? – puta que pariu, eu conhecia essa voz!

– Não, seu abestado. Você não está vendo que eu caí.

– Abestado? – perguntou Will rindo – vamos lá Megan! Sei que seu vocabulário é bem mais amplo que isso.

– Você é retardado ou que? Não olha por onde anda? – perguntei tentando me levantar.

– Eu não olho por onde ando?

– Exatamente. Eu estava fugindo da morte, você poderia ter pelo menos saído do meu caminho, agora Connor está vindo preparado para me matar. Droga, eu não deveria ter feito o cavanhaque, isso foi apelação demais – soltei sem pensar.

Virei para trás e encontrei Connor me olhando de maneira divertida com o spray na mão. Droga! Ele pressionou o botãozinho e eu me abaixei. Resultado? O creme foi todo na cara de Will. Não me aguentei e comecei a gargalhar.

Ele me olhou por um momento e depois para trás de mim. Senti alguém pegando meus braços enquanto Will pegava minhas pernas. Olhei para Connor surpresa.

– Não! Você não pode compactuar com ele! Seu traíra! – eu gritava tentando me soltar.

– Você não devia ter colocado creme de barbear em mim enquanto eu dormia. Agora essa é minha vingança! – disse.

– Will, por favor, não o deixe fazer o que está pensando em fazer comigo. É crueldade!

– Agora você se lembra de mim? Pois é Megan, eu também estou gostando dessa vingança dele...

Bufei irritada, mas continuei tentando me soltar, sem sucesso. Logo eles chegaram ao lago e sorriram triunfantes.

– Um... Dois... – contou Connor.

– Três! – terminou Will e segundos depois eu fui jogada na água.

Não tardei a subir e encontrar os dois idiotas com o mesmo sorriso de antes. Ainda na água mostrei o dedo do meio para eles. Levantei as duas mãos como um pedido de ajuda para sair. Eles sorriram e estenderam cada um uma mão.

Sorri segurando as mãos deles e quando eles pensaram que eu iria subir os puxei fazendo cair na água. Gargalhei assim que vi os dois embaixo d’água. Will foi o primeiro a voltar e me lançar um olhar mortal seguido por Connor que fez os mesmo.

– Vocês mereceram – disse dando de ombros.

– Merecemos? – perguntou Connor levantando a sobrancelha de forma descrente.

– Sim – respondi sem hesitar.

Will veio para cima de mim e me empurrou para baixo da água. Debati-me tentando voltar para a superfície e depois de algum tempo ele me soltou.

– Seu filho de Apolo estupido! – gritei.

– Essa é a Megan que eu conheço – disse rindo.

Fui para cima dele e comecei a socar seu peito, eu nunca fui realmente muito forte, mas estava com raiva. Ele tentava em vão segurar minhas mãos.

– Megan, pare – pediu.

– Eu não vou parar. Sabe por quê? Porque eu odeio você. Seu filho de Apolo convencido e lindo. Eu te odeio você é chato, irritante e vem com esse seu sorriso “ui sou foda”, você me confunde e me da raiva. Sinto vontade de pegar uma espada e desferir milhões de golpes em você – percebi que estava gritando e abaixei a voz – eu só não faço isso porque sei que eu vou me machucar e... E...

Eu esperava que ele me batesse ou fizesse qualquer coisa do tipo, mas para a minha surpresa ele fez algo que eu nunca esperaria que viesse dele.

Will me puxou para si e me beijou.

Eu não achei que fosse gostar tanto.