Seus olhos me diziam que ele falava a verdade e o tom de suplica em sua voz me desarmou completamente.

- Me conte – pedi.

- Pietra usou o charme dos filhos de Afrodite para me convencer a beijar ela. Não foi algo que eu poderia evitar e eu juro que assim que tomei consciência dos meus atos eu a afastei e, Charlotte viu tudo e se te tranquiliza saber, Charlie bateu nela. Eu juro que nunca te trairia, Meg, eu te amo e é por isso que eu estou aqui, pronto para ficar de joelhos e te provar a intensidade dos meus sentimentos por você eu só preciso que você me perdoe. Então, Megan, você me perdoa ou não?

Capítulo 24 – Completamente apaixonada pelo filho de Apolo.

      Minhas pernas estavam em seu colo, eu estava deitada de lado com a cabeça em seu peito e o cobertor por cima de nós dois. Se bem que quem mais me esquentava era Will, mas o cobertor em cima de nós dois passava uma sensação a mais de conforto. O filme não era aquilo que podíamos chamar de emocionante, mas para uma tarde fria e Nova Iorque era o melhor que conseguiríamos.

      Já estava ficando impaciente com a demora de Sue, queria voltar logo para o acampamento e ver o idiota do Travis e agradecer a Charlotte por ter batido na Pietra, se bem que quem deveria ter feito isso era eu, mas pelo menos alguém fez isso. O que já era uma boa coisa.

- Ansiosa? – Will perguntou enquanto passava suas mãos em meu braço.

- Muito. Estou com saudades de todos lá.

- Acredite, o acampamento não é o mesmo sem você – disse beijando a ponta do meu nariz.

- Nenhum lugar é o mesmo sem Megan Mason – brinquei.

      Ele riu e voltamos a assistir o filme. Não demorou muito e a porta foi aberta e Sue passou por ela indo direto para a cozinha. Levantei-me do sofá correndo e indo atrás dela.

- Sue. Você vai levar a gente, não vai?

- Vou, Meg. Já está tudo pronto?

- Sim. Nós só estávamos esperando você.

- Ok. Pegue suas coisas e já vão para a garagem, só vou guardar as compras e já levo vocês e... Meg?

- Oi – sorri para ela.

- Que bom que você perdoou o garoto. Está na cara que vocês se amam.

- Sue, você me daria um conselho? – perguntei mordendo os lábios.

- Claro que sim, querida. Sempre lhe aconselhei, não?

- Sempre mesmo. Mas enfim, você acha que ele seria como Dylan? E que isso, o nosso namoro, duraria para sempre?

- Nada é para sempre, Meg. Então aproveite o quanto durar. Seja uma semana ou cinquenta anos. Você vai ser feliz com ele.

(...)

      Passamos pela fronteira do acampamento depois de nos despedirmos de Sue. Will carregava minha mochila com a mão que não estava entrelaçada com a minha.

      Como era esperado, as fronteiras do acampamento impediam que o clima ruim chegasse, de modo que eu já estava ficando com calor com essas roupas. Ou era Will, tanto faz.

      Mal tínhamos passado pela Casa Grande quando vejo Travis correndo até nós. Sorrio para Will, que solta minha mão quase no mesmo momento em que Travis me puxa para um abraço, me tirando do chão.

- Caralho, Megan. Como você faz uma coisa assim comigo? Porra, sua idiota!

- Também senti sua falta, Travis – digo, apertando mais os meus braços ao seu redor.

- Você engordou ainda mais – ele finalmente diz.

- Eu imaginava que você diria isso, mas não que fosse a segunda frase, a primeira? Sim.

- Você sabe que eu te amo, ok? Não me faça, nunca mais, repetir isso em voz alta.

- Eu não queria admitir isso, mas eu também te amo, Tetê. E desculpe ter sumido, sim?

      Ele sorriu e me abraçou mais uma vez. Não demorou a Charlotte aparecer e me pedir desculpas por ter batido na Pietra, ela sabia que quem deveria ter feito isso era eu, mas eu apenas a abracei mais forte, agradecendo por ela ter feito isso por mim e prometendo que não perderia a chance de fazer.

- Olha, uma ruiva – ouço Connor dizer quando passo na frente do chalé de Ares.

- Olhe, um retardado – digo sorrindo.

- Que isso, Meg? Não muda nem com o tempo.

- Onde está a Marina, Connor?

- Minha namorada – destacou a palavra – Está ali dentro, quer que eu a chame para conversaram?

- Não precisa, Connor – respondi rindo – Mande um “oi” para ela e diga que eu estou com pena dela por ser sua namorada.

      Mesmo vivendo brincando com Connor eu realmente gostava dele e estava muito feliz por ele e Marina estarem juntos oficialmente, porque cá entre nós, eles pensaram que eu não via os beijos que eles trocaram atrás do chalé de Hermes? Por favor, né.

      Will me deixou na frente do chalé de Atena e pediu para que daqui a meia hora eu fosse até o lugar onde nos conhecemos porque ele queria me entregar alguma coisa, ou qualquer coisa do tipo.

      Joguei minha mochila de qualquer jeito em cima da cama. Eu estava com saudade de certo filho de Ares. Saí do chalé e antes que entrasse no outro, mostrei a língua para Connor que apenas riu.

      Entrei e procurei logo por Chris, ele estava deitado de bruços na cama com os olhos fechados. Cutuquei seu ombro com o indicador e ele levantou rapidamente. Arregalou os olhos a me ver ali e me puxou para um abraço que quase me impediu de andar novamente.

- Meg! Que saudades. Não suma mais desse jeito, ok?

- Chris... Eu não... Consigo... Respirar – falei com dificuldade.

      Ele me soltou, sorriu como um pedido de desculpas e passou a mão nos cabelos.

- Então, filho de Ares, alguma novidade?

- É... Então...

- Então...? – incentivei.

‎- Eu fiquei com a Katherine. 

- Eu não acredito – dei tapas em seu braço.

- Que isso, Meg. Ficou louca?

- Você não devia ter ficado com ela! Eu deveria ter ajudado vocês! Como vocês puderam ficar sem mim. 

- Pera, você está brava porque não nos ajudou?

- Claro que estou. Eu devia ter “juntado” vocês. Chateada, magoou meu coração.

- Megan, você é louca – afirmou rindo.

      Conversei mais um pouco com Chris e logo passou o tempo que Will tinha pedido. Cheguei e já podia o ver sentado exatamente no lugar em que nos conhecemos. Sorri e me sentei ao seu lado. Ele se aproximou mais de mim e me abraçou.

- Levanta, Meg – ele pediu.

- Por quê?

- Porque eu preciso que você fique em pé – insistiu.

- Se for por nada eu juro que te soco. Falando isso, você está me devendo alguns socos.

- Cala a boca, Megan.

      Apenas revirei os olhos e balancei a cabeça. Will sorriu.

- Eu não quero ser clichê e até sei que você não gosta disso. Mas eu não sei o que falar. Passei semanas tentando decorar isso, mas agora simplesmente fugiu. Eu amo seu café amargo, suas crises de humor, suas loucuras, seus cabelos ruivos, seus olhos cinza, seus péssimos hábitos alimentares, amo sua espontaneidade, sua alegria, seus resmungos, amo quando você diz que me odeia e amo mais ainda quando diz que me ama. Amo cada qualidade e cada defeito seu...

- Se você me fizer chorar, Will, eu juro que te mato.

- Cala a boca, Megan. E o mais importante de tudo, eu amo você. Quero acordar todos os dias ao lado da pessoa mais importante do mundo para mim. Quero estar ao seu lado sempre que você precisar. Não quero te ver mais fugindo de mim. E acima de tudo que estar ao seu lado em todos os dias da minha vida. Meg, você aceita se casar comigo?

      Sentia as lágrimas escorrendo por meu rosto. Deuses, o que ele tinha na cabeça?

- Megan, eu não estou falando para gente ir para Vegas e se casar agora, não. Eu só quero uma garantia que você será minha para sempre.

      Sem saber o que dizer eu o abracei e chorei. Chorei de felicidade e de amor, porque eu amava Will mais que qualquer coisa e agora eu tinha certeza absoluta disso. E como Sue disse, eu também tinha certeza de que seria feliz com ele, sendo por uma semana ou cinquenta anos. Eu o amava e ele me amava. É isso que importa.

- É claro que eu quero me casar com você.

Completamente apaixonada pelo filho de Apolo.