Aurora Boreal escrita por Mr Ferazza


Capítulo 20
XVII. O CASAMENTO


Notas iniciais do capítulo

O capítulo mais esperado por quem é Team Jake. Espero que gostem.
Demorei um pouco porque estava revisando algum eventual erro. Mesmo assim, não tenho certeza se há algum.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/308367/chapter/20

XVIII. O CASAMENTO

Eu realmente não queria pensar sobre o que fizera na Itália — Sobre a última parte — enquanto eu voltava para casa no avião que desembarcaria em Seattle. Eu estivera muito absorta nisso o tempo todo em que o avião cruzava o oceano durante o final da tarde até o início da manhã; eu precisava tirar isso da cabeça.

No assento da primeira classe, eu viajara com a janela aberta, como se quisesse ter certeza do momento em que o avião deixaria o oceano e passaria a voar sobre a terra firme. No entanto, minha vigilância não durara muito tempo, porque uma luz já começava a se infiltrar por entre as nuvens, vinda do leste. Eu sabia o que isso significava. Era hora de fechar a janela, a menos que eu quisesse mostrar aos outros passageiros que eu podia brilhar quando exposta à luz direta do sol. Mas, pelo menos, eu estava chegando em casa. Só mais uma hora de voo no avião grande e, depois, eu teria de seguir até Port Angeles num avião menor.

O avião aterrissou, e eu desci.

Má notícia.

O sol estava mais alto do que eu poderia ter imaginado, e seus raios incidiam diretamente sobre a porta de saída do avião. Mas eu estava prevenida. Alice era a melhor irmã que alguém poderia querer; ela insistira que eu levasse alguns casacos na bolsa e uma manta que poderia cobrir minha cabeça. Certamente, eram as melhores alternativas que eu tinha, visto que eu não poderia ficar invisível assim, na frente de todos.

Cobri-me e desembarquei do avião. Eu sabia que, vista de longe, eu parecia uma daquelas mulheres que habitam o oriente médio e que têm de se cobrir até a cabeça, sem deixar parte alguma do corpo exposta.

Quando cheguei ao próximo avião, despi a manta grossa e retirei os casacos que já estavam me irritando um pouco. Não estava exatamente frio, embora o inverno ainda persistisse por alguns dias. Na próxima parada eu não precisaria mais de meus disfarces. A chuva me daria as boas vindas novamente à península de Olympic.

Edward estava me esperando no aeroporto, na área de desembarques, quando cheguei a Port Angeles.

Quando me viu, ele abriu seu meio sorriso e veio depressa para o meu lado, beijando-me. Eu retribuí com entusiasmo demais, quase me esquecendo que estávamos cercados de gente.

— Bem vinda de volta, amor. — disse ele quando tirou seus lábios macios dos meus.

Eu assenti.

— É bom estar em casa. — disse eu, sorrindo. — Você não sabe como são cansativas as viagens à Europa. — eu brinquei, como falavam os humanos em programas de TV.

Ele revirou os olhos.

— Então vamos para casa; poderá descansar de sua longa viagem. — disse ele, mas, ao invés do sarcasmo que eu esperara ouvir, já que eu mesma estava fazendo piadas sobre a situação, havia preocupação em sua voz; ele falava sério. Então, de repente percebi que eu devia mesmo estar cansada — pelo menos mentalmente —; aquela fora a viagem mais longa que eu já fizera, pois exigira muito de minha mente e o esgotamento deveria estar me consumindo como ácido.

— Tudo bem. Vamos para casa. — eu disse enquanto pegava sua mão e seguíamos para o carro.

— Então, amor, me conte como foi sua “missão” — perguntou ele quando chegamos ao carro, enquanto ele abria a porta para mim. — Conseguiu alguma coisa? — agora de má vontade; os Volturi nunca foram a pauta preferida de Edward numa conversa, mas ele e eu sabíamos que deveríamos falar sobre aquilo antes que tivéssemos de abordar qualquer outro assunto.

Eu assenti.

— Eu sabia que você ia conseguir, mesmo que Alice não tenha podido ver seu futuro com muita clareza enquanto você estava invisível; nada consegue demovê-la de algo quando você encasqueta. Essa é a minha Bella. — Disse ele, depois de ligar o carro. Agora íamos pela estrada em alta velocidade, e ele se inclinou para me beijar rapidamente.

— E aí, como conseguiu isso? — Perguntou, querendo mais detalhes.

— Ah, não foi tão difícil como pensamos que seria. Na verdade, foi moleza. Benjamin me ajudou muito. Sabia que Chelsea não conseguiu desvinculá-lo de Amun e Tia? É impressionante, mas o amor entre os integrantes do clã é verdadeiro. Benjamin ama Amun como se ele fosse verdadeiramente um pai.

Eu disse, esperando Edward absorver minhas palavras, para que ele pudesse dizer alguma coisa. Mas ele não falou. Só havia confusão em seu rosto.

— Como... O que quer dizer com isso? — perguntou ele, eu pensei que ele teria entendido. Foi ele mesmo que me disse que laços de amor não poderiam ser desfeitos pelo dom de Chelsea. O que dera nele?

— Ah, você sabe. O assunto do amor, que consegue resistir a esse tipo de poder... Lembra-se? Foi você que me disse isso.

— Sim. Sim. Eu me lembro perfeitamente disso — Disse ele, com um toque de impaciência na voz. — Quero dizer... Se Chelsea não conseguiu influenciá-lo... Como foi que os Volturi conseguiram que ele se juntasse e eles?

Ah, era disso que ele falava. Pelo menos fazia mais sentido. Nem tanto. Era de se imaginar que ele soubesse a resposta, porque qualquer um de nós faria o mesmo.

— Bem, a família dele foi ameaçada, quando ficara evidente que Chelsea não conseguiria nada. Então ele se entregou de “boa vontade”, se é que se pode dizer assim. Mas, de qualquer forma, ele foi forçado. Isso não é algo que se faça com qualquer criatura que seja.

Ele assentiu.

— Entendo. E como você fez para que Charmion usasse seu dom em você sem que ela soubesse que era você?

— O quê? — perguntei confusa.

— O quê, o quê? — Perguntou ele de volta.

— O que você disse antes? O nome... Você usou um nome estranho, antes. Era Char... Qualquer coisa? — eu ainda estava confusa.

— Ah, Charmion. É o verdadeiro nome de Chelsea, sabia? — deixei passar essa; era óbvio que eu não sabia. — É que Aro se sente obrigado a trocar o nome, de tempos em tempos, sabe? Porque, invariavelmente, o nome se tornou estranho, ao longo dos milênios. E eles sempre trocam quando um nome é incomum demais. Veja Heidi, por exemplo: ela já teve milhares de nomes, porque ela é quem mais interage com os humanos. Chelsea vem depois dela nessa lista. Então dever ser algo conhecido, para que os humanos se sintam pouco mais... Confortáveis. Imagine como seria se um humano encontrasse um nome que foi comum no século XI antes de Cristo? Seri, no mínimo, muito estranho.

Eu revirei os olhos; o mundo estava cheio de pessoas com nomes bíblicos (Jacob era um exemplo) a antigos... Mas, talvez, seu nome viesse de um lugar um pouco mais antigo do que o oriente médio.

— Ah, tudo bem. Entendi. — disse. — Mas ainda é estranho. De onde vem esse nome tão estranho? Quer dizer... Eu nunca ouvi e nem li esse nome em lugar nenhum...

— Rá. Rá. Rá. — riu ele. — E nem ouvirá. Chelsea, assim como Aro, Marcus e Caius, nasceu na Grécia antiga. No tempo em que ainda se acreditavam nos deuses do Olimpo e em monstros. Digo, é verdade que existem monstros, não como a Medusa, claro, mas ainda assim, são reais. Então não duvido nadinha de que esses deuses sejam reais... Mas aí já estamos falando de outra história.

Edward riu alto, evidentemente dando um fim à conversa sobre deuses, monstros e nomes estranhos.

— Mas você não respondeu a minha pergunta ainda. — Disse ele, voltando ao nosso assunto original.

— Quê? Ah, sim. A pergunta.

— Sim. Como fez para conseguir o poder de Chelsea? — instigou-me ele.

— Isso foi muito fácil.

E então contei a ele sobre todas as tentativas frustradas de Chelsea de corromper a fidelidade de Benjamin para com seu clã de origem. Edward ficara surpreso ao saber o quanto fácil fora fazer aquilo; na verdade, só tive de me colocar na frente de Benjamin na hora em que Chelsea começou a tentar.

— Mas o que aconteceu depois? — perguntou ele, curioso e, ao mesmo tempo, preocupado. — Quero dizer... Que efeito o poder dela teve sobre você? Sentiu alguma coisa? — Edward estava babando por novas informações.

— Não. Eu não senti absolutamente nadinha. Foi incrível, mas não funciona como eu pensei que funcionasse, sabe... — Respondi a ele.

— Mas... Como assim? O que quer dizer com isso. — Perguntou ele, confuso.

— O que estou tentando dizer é que o dom não age da mesma forma para todos. Quer dizer... Ela tem que especificar a quem sua habilidade afetará, de modo que, quando me joguei na frente da onda invisível, e ela era especificada a Benjamin — que só serviria para desvinculá-lo de Amun —, assim, como eu não tinha vínculo algum com ele, eu não senti absolutamente nada.

Agora a expressão de Edward era meio pasma com a enxurrada de informações que eu derrubara sobre ele.

— Isso faz sentido. — disse ele, assentindo para si mesmo enquanto dirigia.

Revirei os olhos.

— É claro que faz. — repliquei.

— Bom, então, agora, passemos a assuntos um pouco menos desagradáveis. — disse eu.

— Certo. O que quer saber? — perguntou ele, dirigindo-me seu sorriso encantador.

O que eu queria saber? Nem eu fazia ideia. Porque, na verdade, eu só estava tentando não falar naquele assunto. Era melhor evitá-lo antes que ele passasse a assuntos como “morte-do-Demetri” — não que ele soubesse alguma coisa sobre isso.

Eu decidi sobre o que queria falar antes que ele percebesse minha hesitação.

— Fale-me como estão os preparativos para o casamento de Nessie. — pedi rapidamente, tentando parecer mais interessada do que estava realmente.

— Ah, isso. — disse ele. — Estão atrasados. — ele fez uma careta.

— Por quê? — Perguntei. Eu nunca vira Alice se atrasar um segundo sequer para nada. Absolutamente nada.

Edward adivinhou o que eu estava pensando, sem precisar que eu o deixasse ler minha mente.

— Não é culpa de Alice. — disse ele.

— Então o que é?

— Rá. — ele riu só uma vez. — A gráfica onde foram encomendados os convites pegou fogo. Agora vai demorar um mês para que eles sejam entregues, já que precisarão ser feitos em Seattle. E mais um mês para a confirmação de todos os convidados. Então eu diria que o casamento se realizará só em julho. Estou surpreso que Alice não tenha visto esse tipo de contratempo. É muito atípico dela. Seria bem mais rápido se ela nos colocasse para escrever os convites à mão. — eu sabia que Alice só fazia algo, só se comprometia com ele, depois de ver todos os aspectos do futuro envolvido.

Eu revirei os olhos de novo. Isso não daria certo; Alice estava certa.

— Nem todos temos uma caligrafia perfeita. — eu disse. E era verdade. Ao contrário de todos os outros aspectos da vida imortal, minha letra não havia melhorado tanto assim. Ele devia ser disso... Alice iria querer tudo impecavelmente imaculado e, se o convite viesse impresso com alguma vírgula que fosse fora do lugar, ela provavelmente adiaria de novo a cerimônia.

— Que ótimo — eu disse com sarcasmo. Edward assentiu.

Eu, como qualquer ser que habitava o planeta, realmente detestava atrasos. É claro, não que eu tivesse incontida de ansiedade para me tornar sogra. De maneira alguma.

Mas o caso era que todos nós sabíamos o que estava por vir, e não queríamos que algo tão desagradável tivesse de fazer Renesmee adiar mais ainda o seu dia. Então, quanto antes Renesmee se casasse, melhor seria para ela. E para Jake também. E parecia uma piada de mau gosto que eu estivesse esperando pelo dia do casamento de minha filha. — Para que a olhasse de fora, ela parecia uma adulta, talvez mais velha do que Edward, mas, no fundo, ela ainda era o nosso bebê.

— Tudo bem. — Disse Edward de repente — Você já “testou” seu novo dom em alguém, só para ver se funciona. Para descobrir o que ele trouxe de “melhorado” com você? — Perguntou ele, ansioso.

— Sabe que não. Ainda não encontrei ninguém em quem possa testá-lo. — eu disse e isso era óbvio.

— Verdade. — Disse ele. — Esqueci-me dessa parte.

Mas havia alguma coisa incomum, agora que ele mencionara, e agora que eu estava prestando atenção. O poder que eu conseguira de Eleazar estava se manifestando agora, de modo que eu sabia o que era capaz de fazer com o dom de Chelsea; era ótimo que eu tivesse um meio de saber esse tipo de coisa sem ter que usar os dons efetivamente.

E o tamanho e o poder daquele dom era tanto — agora que eu sabia —, que era quase vertiginoso.

Eu arfei um pouco; era um som baixo, mas eu sabia que Edward escutara.

— Que foi? — perguntou-me. — Você está bem? — perguntou de novo, agora um pouco mais sério do que antes.

O que acontecera? Essa era boa; nem eu sabia o que acontecera.

— Não sei. — respondi sinceramente — Só algo como uma vertigem? — Havia incerteza em minha voz, e a declaração saiu como uma pergunta.

— Como assim? — confuso.

— Só o poder, sabe? É que é algo tão grande e poderoso, que me deu enjoo. — eu ri. É claro que eu não ia vomitar, mas, naquele momento, as palavras me faltaram e eu não consegui explicar melhor. — Não. Enjoo não. O que quero dizer é... Ah, você sabe tão bem quanto eu. Não por experiência própria. Mas nos pensamentos de outras pessoas. É como uma pessoa aero fóbica à beira de um precipício, que, mesmo que esteja completamente segura no lugar onde está, mesmo assim, tem medo de cair, entende?

Ele assentiu.

— É exatamente isso. Vertigem. — disse eu.

— Mas vertigem pelo poder? — perguntou confuso.

— Não exatamente pelo poder, mas pela intensidade dele. — esclareci. — Extrema e vertiginosamente intenso. Não acho que já tenha visto algo assim.

E era verdade. Mesmo que eu não soubesse, de fato, do que era capaz de fazer, eu sabia que os padrões estavam quebrados. Principalmente para aquele novo dom. Eu sabia que, se eu quisesse, poderia romper mais do que laços comuns entre vampiros comuns. E poderia romper os laços formados pelo amor verdadeiro, até mesmo entre membros de uma família. E para mim estava óbvio que a compulsão do imprinting não seria problema algum para mim, se eu quisesse afetá-lo, ou até mesmo erradicá-lo de quem eu quisesse. Por Deus. Isso era algo forte. Jake me contara que o imprinting era a coisa mais forte que um lobo poderia vivenciar durante toda a vida. “É como a gravidade”, dissera Jake, no que parecia ter acontecido algumas vidas atrás — no entanto, eu me lembrava muito bem de cada palavra. —, e, agora, eu tinha um poder muito mais forte do que o destino de duas pessoas. Não que eu fosse, de fato, mudar o destino de duas almas gêmeas, mas era somete uma constatação do tamanho do poder que eu possuía.

— Ficou quieta. — Observou Edward.

Eu sacudi a cabeça.

— Não é nada, amor. Só estou constatando algumas coisas.

— Do tipo...? — Instigou ele. — não que eu tenha direito de saber, Senhora Obscuridade.

— E você não tem mesmo, sabe disso. Não tenho culpa se você é inumanamente intrometido. — Eu disse e depois o beijei.

E depois ele riu: seu sorriso de canto sempre me tirava o oxigênio desnecessário.

— Constatações sobre esse novo poder. E sobre o que ele é capaz de fazer.

— Sério? E o que ele pode fazer?

— Ah, você sabe... Romper os laços entre as pessoas. E estreitá-los também.

— Sim. Eu sei. Alguma novidade quanto a isso? Mais forte do que algo que Chelsea nunca fez? — ele era curioso.

— Só uma. — eu disse.

— É mesmo? E achei que viria mais alguma coisa por aí! — disse ele, um pouco decepcionado, ou fingindo desapontamento; eu já o havia alertado que o poder era algo grande.

— Rompimento ou aproximação? — perguntou, e ele não precisava de mais palavras para que eu soubesse do que ele falava.

— Rompimento. — respondi apenas.

— Mas o que pode ter sido fortalecido nesse aspecto? — perguntou ele retoricamente, e parecia que ele estava falando mais consigo mesmo do que comigo.

— Não consegue pensar em nada? — Perguntei.

— Bem... Não. Não consigo pensar em nadinha.

— O amor. — eu lhe disse. — Tenho certeza de que consigo quebrar os laços e as relações baseadas em amor. Qualquer que seja a espécie de amor existente entre as pessoas. Desconfio que até o imprinting seja vulnerável a isso.

— Não sei. Não se engane Bella. — disse ele, num tom pensativo. — O amor imprinted, assim como qualquer amor verdadeiro, não é somente produto de nossas mentes. Todo o corpo, assim como a mente, deseja a companhia do objeto desse sentimento, então receio que não seja fácil romper uma ligação desse tipo. — ele terminou, ainda com a expressão pensativa.

— É, faz sentido. — eu disse. Mas... Eu tivera certeza de que seria possível quebrar os laços de amor verdadeiro. Eu precisava parar com isso. Parecia que meu ego estava ficando fora de controle. E isso não era bom. Pessoas boas são humildes e modestas, lembrei a mim mesma. — Mas, de qualquer forma, não é isso que precisamos; Somente o suficiente para afastar alguns membros do clã principal. Isso não é algo difícil de fazer. — eu disse.

— Aham. — Disse Edward. Sua expressão ainda parecia pensativa.

— O que está havendo, amor? Tem algo em mente? — Que pergunta idiota; é claro que ele tinha algo em mente, se não, não estaria pensativo dessa forma.

Eu bufei para minha pergunta retardada, mas ele não se deu conta dela.

— Tenho. Estava pensando... Talvez... Porque você não experimenta isso em mim? — sugeriu ele.

— Isso é sério? — Perguntei incrédula.

—Sim. Por que eu estaria brincando?

— Não sei... Me pareceu uma ideia estranha. — eu disse.

— E é. — ele me reafirmou. E depois riu; o som não era realmente de alguém que se divertia, só havia um mínimo toque de histeria na risada.

— Tudo bem. O que quer que eu faça? — perguntei.

— Quero que tente romper os laços entre você e eu. — disse ele, pensativo. De novo.

— Está tentando se livrar de mim? — Perguntei, brincalhona. — Se quiser, sabe que é só me mandar embora. — eu analisei o que acabara de dizer; Eu menti. Se ele me mandasse embora, de verdade, eu não iria.

Ele também riu.

— Não. Só quero saber qual das teorias está correta. — respondeu-me.

—Ah, claro. Entendi.

Eu me concentrei. Não era tão fácil, mas também não estava tão longe de minhas expectativas.

Tive de me concentrar, primeiro, no sentimento que eu queria abalar — e isso parecia ser um tremendo erro —, depois, tive saber definir exatamente o vínculo que eu queria cortar. E, por último, só direcioná-lo à pessoas que seria “atingida”.

Foi tudo bem rápido; antes que eu pensasse que estava agindo, já acabara.

E Edward, desde então, tinha os olhos arregalados, imóveis e sem demonstrar nada além de vazio. E depois, lentamente, ele balançou a cabeça ao mesmo tampo em que piscava os olhos, como se estivesse acordando de um transe hipnótico.

Aquela cena foi engraçada; O transe hipnótico. E eu me lembrei daqueles desenhos animados em que há um mágico que hipnotiza as pessoas utilizando um relógio de bolso, que balança de um lado para o outro, e depois a pessoa dorme, como se estivesse em coma, até que dedos sejam estalados e se seguem ordens como: “Agora você é um cachorro”, “quando eu contar até três, você vai acordar”.

Edward ainda estava parado, mas não na espécie de transe. Agora ele estava imóvel, mas os olhos não eram mais inertes.

Devia ser efeito do poder, agindo sobre sua mente.

— Edward? — Chamei; ele virou a cabeça param mim, como se descobrisse que não estava só dentro do carro, que agora deixava a via expressa e entrava no corredor escuro e feito da terra perenemente encharcada.

— Sim? — perguntou ele, indiferente.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei, curiosa para saber se havia tido o efeito não esperado.

Ah, céus. Eu não devia ter brincado com algo tão grande como os sentimentos. Mas eu confiava em Edward. E não me arrependera de escutá-lo.

— Hum? Porque você quer saber? É da sua conta? Aliás, quem é você? Você me conhece? Eu a conheço? Onde você mora? — Eu teria acreditado em seu blefe mal representado, se ele não tivesse começado a rir na última pergunta.

Eu ri com ele.

— Péssima representação de uma amnésia, sabia disso? — perguntei entre gargalhadas.

— Eu sei. Não queria apavorar você. — disse ele. — Mas eu estava certo.

— Que bom. Agradeço por estar errada dessa maneira. — Disse a ele.

— Verdade. Isso prova que o verdadeiro laço de amor não pode ser destruído. Nem por um dom dez vezes mais forte que o de Chelsea. Mas tenho certeza de que você consegue romper qualquer laço familiar. Isso é certo.

— Vou lembrar-me disso pra sempre. Rá. Rá. Você fingindo uma amnésia. — eu ri de novo.

— É verdade; a primeira amnésia, a gente nunca esquece. — Ele riu mais alto enquanto desligava o carro, já na garagem.

— Preparada? — Perguntou ele, ainda com algum vestígio de humor no rosto.

— Sim. Para quê? — Eu não sabia do que ele estava falando.

— Para explicar a história novamente aos outros, é claro.

— Estou. — Eu disse, embora não gostasse de ser repetitiva.


Finalmente chegara o dia. Estava tudo pronto. Renesmee se casaria hoje.

Eu estava lisonjeada; Jake me convidara para ser sua madrinha de casamento. E, juntos, Seth e eu, estávamos ao lado dele, no altar, enquanto ele aguardava a chegada de Renesmee.

E Alice, mesmo tendo adiado o casamento, acertara mais uma vez. O dia estava bonito, ensolarado demais para Forks. O casamento seria dentro de casa, e Alice planejara tudo com um imaculada perfeição. Quando a cerimônia acabasse, já seria o crepúsculo. O que permitiria, a maior parte dos convidados, sair para onde seria celebrada a festa.

Charlie e Rose estavam do outro lado, oposto de onde Seth e eu nos encontrávamos — os padrinhos de Renesmee.

E a música começou, fluindo doce pelo ambiente imaculado.

E a vi; Renesmee, minha linda e perfeita filha. Ela descia a escada — como eu fizera um dia —, mas, ao seu lado, estava Edward. Também perfeitamente imaculado em sua perfeição de sempre. Atrás dela, Leah vinha como a dama de honra. Eu achara uma bela escolha. Leah, de certa forma, contrastava com a cor dos que estavam à sua frente. Era muito bonita e estava deslumbrante, como qualquer outro que fosse vestido por Alice.

Eu sorri para eles, Renesmee devolveu um sorriso e algo cintilava fracamente abaixo de seu olho direito.

Eles ainda desciam a escada, mas agora faltava só um degrau.

Renesmee expirou fortemente, ergueu mais os ombros e focalizou o olhar de Jake, esperando por ela, elegante. No altar.

Vi que ele também tinha uma lágrima nos olhos. E depois abriu seu sorriso terno, caloroso e acolhedor para Nessie.

Edward limpou a lágrima de Renesmee com o indicador e depois pôs a mão de Renesmee na de Jake.

— Obrigado — Murmuraram Edward e Jake um para o outro, ao mesmo tempo. E depois Jake assentiu.

E depois a música parou, substituída por silêncio, até que o padre o quebrou.

— Por favor, filho, repita depois de mim — Disse a voz calma se voltando para Jake.

— Eu, Jacob Black, recebo-lhe, Renesmee Carlie Swan Cullen, para amá-la e respeitá-la; na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. — ele repetiu, com sua voz rouca. O som era claro e continha a felicidade que meu-melhor-amigo-e-genro-sentia.

— Eu, Renesmee Carlie Swan Cullen, recebo-lhe, Jacob Black, para amá-lo e respeitá-lo; na saúde e na doença, na alegria e na tristeza — Repetiu ela, em sua voz mais clara do que a água límpida, que nascia nas montanhas e se transformava em um rio caudaloso do interior de uma floresta.

— Até que a eternidade se torne um espaço de tempo incrivelmente breve. — disseram os dois, ao mesmo tempo.

— Eu aceito. — disse Jake, sorrindo para si mesmo e para os outros.

— Eu aceito. — Disse Nessie, num tom sério, mas, ao mesmo tempo, cheio de satisfação.

E, com um beijo, os dois selaram o acordo que os faria um do outro pelo resto — e muito mais além — do “para sempre”.

E depois o Sol finalmente se escondera. A festa e as congratulações se seguiriam para fora.

Charlie e Rose foram os primeiros da fila, seguidos por Leah, sua dama de honra, Alice, Seth, Edward e eu.

— Parabéns, Jake. Lhe desejo toda a felicidade que o seu corpo e mente puderem conter. Seja Feliz. Você merece, meu melhor amigo — Eu disse.

— Obrigado, Bells. — Disse ele, com seu sorrido incontido nos lábios.

— A você também, minha filha. Você sempre será o meu bebê. — eu disse, sorrindo e apertando sua bochecha.

Ela tocou minha face, como se só quisesse retribuir a carícia, mas eu ouvi o “obrigada” silencioso que ela disse, em minha mente. A palavra soou intensa e cheia de amor.

Os outros se seguiram enquanto todos esperavam que Jake e Nessie abrissem a pista de dança.

A valsa foi um evento divertido; Em vez de Jake conduzir, Renesmee fazia isso. Ele parecia, às vezes, tropeçar nos próprios pés; eu me esquecera de que ele não sabia dançar.

— Me daria a honra, Sra. Cullen? — Perguntou Edward, estendendo a mão para mim, a palma voltada para cima. O gesto me lembrou de alguém.

Eu ri.

— É claro. Só não deixe a mão pender dessa forma, sim? — Sugeri.

— Por quê? — confuso.

— Você lembra alguém em quem não quero pensar. Não hoje. — Eu disse.

— Ah, é claro. Desculpe.

Ele baixou a mão e pegou a minha rapidamente. E depois estávamos rodando na pista, assim como os outros casais.

A música acabou. Edward se afastou.

— Agora é a vez do pai da noiva. — disse ele, sorrindo.

— Vá lá. — eu encorajei-o.

E Jake entregou Renesmee a Edward. E depois veio até mim.

— Me concede a dança, sogra? — perguntou ele a mim.

— Ah, sogra. Só você, Jake, para inventar isso nesse agora. Eu sou tão jovem. Não tenho cara de sogra. Você deveria ter esperado mais um pouco. — Eu disse brincando, enquanto quicávamos no mesmo lugar, sem, de fato, estar dançando.

Ele só deu sua risada rouca e assentiu.

Bem no meio de nossa “dança”, vi pela minha visão periférica que Alice se descolava de Jasper, com uma expressão ansiosa.

— Espere um minuto, Jazz. — eu a ouvi dizer a ele enquanto disparava até mim; o som era perfeitamente audível, e eu podia distigui-lo da música alta que soava.

— Bella, preciso falar com você. — falou Alice, arrancando-me de minha dança.

Eu revirei os olhos para Jake e sorri, instruindo-o a procurar um novo par. A música estava acabando e ele bateu no ombro de Edward, requisitando a noiva de volta.

Fui para a extremidade afastada da pista, enquanto Alice me puxava para lá.

Finalmente, chegaram mais notícias da Itália; eu não precisava ler sua mente ou ver o que ela estava vendo para saber que se tratava disso.

— Tudo bem. Diga-me de que se trata. — pedi a ela.

Enquanto ela tagarelava para mim, percebi que não era nada tão grave assim.

Mas eram os Volturi.

E deveria haver perigo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Postarei o próximo amanhã. Obrigado por estarem acompanhando. Não deixam de comentar. Obrigado.