Caixa Postal escrita por Evangeline


Capítulo 27
Capítulo 27 - Lago


Notas iniciais do capítulo

Tentei fazer maior, desculpa se não consegui. >



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POV Juliana ON


Como sempre, depois que fazemos algo juntos passamos um longo tempo sem sequer se ver.



Meu pai deixou que eu fosse a casa no lago da Lotte, e fomos na sexta feira. Eu dormi na casa da Lotte na quinta, no dia onde eu caminhei com o Davi. Levei duas grandes malas, já que ficaríamos lá até estar perto do natal, até o dia 21.
A Chris também dormiu na casa do Lotte, foi muito engraçado. Acho que os garotos olham para nós como três garotas exóticas e frescas, mas pelo que passamos na casa da Lotte, e pelas fotos que tiramos, acho que mudariam de ideia rapidamente.
Se apenas uma noite com a Chris e a Lotte foi aquela loucura, imaginem quase um mês.





Era quatro da manhã quando a Dona Paula nos acordou. É a mãe da Lotte. Eu até que levantei rápido, mas quase tivemos que jogar uma jarra d'água na Chris pra ela se levantar. Não fizemos muita coisa, apenas tomamos café com comentário sobre a noite anterior e entramos no carro. O Flávio, pai da Lotte, é um homem quieto pelo visto. Mas como será um tempo em familia, creio que conheceremos ele melhor durante essas semanas.


Gostaria de dizer que fomos as 6 horas de viajem brincando e cantando besteiras, mas na verdade dormimos as três primeiras horas de viajem, até que paramos num posto para comer algo e depois ao voltar para o carro apenas colocamos os fones de ouvido e dormimos novamente.


Eu não dormi muito na segunda metade da viajem, não era tão preguiçosa quanto as outras, e a paisagem era realmente muito bonita. Tinham numas árvores altas sem copas, quase como pinheiros. As vezes passávamos por pastos onde haviam bois, ou então por criadouros de cavalos. Eu tirei muitas fotos.


Haviam lugares onde eu imaginava uma cachoeira bonita, ou apenas uma corrente d'água negra escorrendo. Era um mundo sem fim de verde, só havia a estrada. Uma sensação de liberdade aflorava em mim, mas ao eu auge, quando eu abria um sorriso, algo lá dentro doía muito, e eu suspirava, deixando a liberdade ir embora como um passarinho, e ficando presa àquela dor.


Quando chegamos a casa, eu balancei o braço da Chris, que estava no meio. Era uma casa de dois andares que ainda tinha um sótão lá em cima, branca de tábuas, com os parapeitos e o telhado num tom escuro de verde-água. Mas o impressionante era o lago. Eu não sabia que a casa era na beira do lago, pensei que fosse apenas perto.


Saí do carro rápido, largando meu travesseiro que vinha no colo durante seis horas, e parei diante do lago. Era um poça enorme de um líquido azul escuro. É, era um lago. E era extremamente parado, não via-se uma onda sequer, nem um peixe. Pelas margens do rio haviam muitas árvores, mas também algumas clareiras, parecia uma cena de livro, realmente encantador e mágico.


_ Juliana, temos muito tempo pra ver o lago e pouco pra arrumar as malas! - Ouvi a Lotte gritar. Corri para o carro, a mala estava aberta, então peguei minhas malas e fui andando até a casa.


Bem, lá vamos nós, a casa.


Tinham cinco degraus que iam para uma breve varanda com o piso de madeira, mas logo em frente havia uma porta de um tom escuro de verde-água, assim como o telhado e os parapeitos. Entrando havia uma sala grande e espaçosa, com quatro sofás, virados em direção a um único centro de madeira no meio deles, em cima de um grande tapete verde escuro detalhado. A sala era dividida em duas, de um lado haviam os sofás e do outro uma mesa grande de madeira. Era quadrada e de uma madeira escura e grossa, haviam duas cadeiras de cada lado, era realmente grande. Logo percebi que eram duas salas, uma de estar e uma de jantar. Entre as duas havia um breve corredor, de um lado era uma escada e do outro uma porta aberta, que dava na cozinha. Seguindo pela cozinha tinha a área de serviço, onde havia máquina de lavar, tanque e tudo o mais.


Subi a escada de madeira me deparando com um corredor longo repleto de portas, e no fim do mesmo, havia mais uma destas. Pelo que entendi, as portas mais próximas da escada eram para os adultos, e as mais distantes eram as nossas. Fiz questão de ficar no quarto mais próximo àquela última porta. Pelo que vi, todos os cômodos dali eram feitos de madeira.


O meu quarto era pequeno. Tinha um guarda-roupa de duas portas na parede da porta e bem ao lado da mesma. De frente para a porta havia a parte dos pés da cama, e a outra ponta batia direto na parede. Para passar entre o guarda-roupa e a cama com as malas foi complicado. A parece que havia a "cabeça" da cama, era a que tinha uma janela. Era uma janela de mais ou menos um metro de largura e um metro e meio de altura, e abria para cima. De frente para a janela havia uma mesinha, uma escrivaninha na verdade, com uma cadeira na frente. Era um quarto adorável. Apertado, mas aconchegante. Coloquei as malas em cima da escrivaninha e abri a mala preta, que tinha tudo que não era roupa.


Tratei de colocar uma fronha no colchão, cobri com uma colcha branca e coloquei meu travesseiro em cima. Sorri para aquela cena, parecia que estava me mudando.


Abri a janela e percebi que ela era para o lado contrário ao Lago, o que me deixou meio triste, mas eu não sairia dali por isso. Afinal, alguem pode ter escolhido o outro quarto. Haviam outras casas ali, um pouco longe, mas haviam sim, aparentemente vazias. Sorri fechando os olhos para o vento que entrava no quarto e desci correndo as escadas. Todos estavam arrumando seus quartos. Pedi a Dona Paula um pano limpo e um lustra móveis, assim como uma vassoura e um rodo com um pano de chão para limpar o meu quarto que estava com bastante poeira. Ela riu um pouco e me entregou.


Voltando ao quarto, fiz um faxina geral, limpando até mesmo dentro e em cima do guarda-roupa.


Enxuguei a testa e devolvi os materiais de limpeza. Já era quase três da tarde, meu estômago revirava, mas eu não sairia do quarto até estar satisfeita com a arrumação.


Organizei o guarda-roupa colocando em gavetas as roupas íntimas, roupas de banho, roupas de dormir, shorts, calças e saias. Pendurei em cabides apenas os vestidos e casacos e coloquei os sapatos organizadamente ao lado do guarda-roupa. Joguei as malas embaixo da cama e deitei na mesma com um sorriso bobo no rosto.


Suspirei e levantei rápido, procurando onde seriam os quartos das garotas. Chris havia escolhido um de tamanho médio bem ao lado do meu, e a Lotte ficou com um grande (claro que ela já conhecia o lugar) na frente do da Chris. O quarto de frente para o meu estava vazio. Droga, eu podia ter pego a vista para o Lago.


Chris fez questão de trazer um bilhão de bichos de pelúcia, pantufas, travesseiros de sobra e todas essas coisas que ocupam espaço. Assim que entrei no quarto dela, ela estava puxando os cabelos nem conseguir enfiar uma roupa na gaveta já lotada.


Nos entreolhamos e começamos a rir.


Logo eu saí do quarto deixando a Chris com seu mais novo desafio e fui ver o quarto da Lotte. Ela tinha arrumado tudo, e não lhe faltava espaço. Estava sentada diante da escrivaninha que tem na frente de todas as janelas dali pelo visto.


_Tudo bem? - Perguntei chegando perto dela. Ela me olhou com um sorriso melancólico.


_ To bem sim. Só é meio nostálgico, sabe? - Ela disse ainda sorrindo e agora olhando pela janela. Acho que íamos começar um conversa meio longa, quando meu estômago se rebelou fazendo um barulho estranhamente alto. Ambas sorrimos um pouco e ela desceu da mesa.


_ Vamos alimentar esse monstrinho. - Ela disse dando uns tapinhas na minha barriga e saindo do quarto. - Chris, comida! - Ela berrou no corredor e logo os cachos castanhos clarinhos pela porta com um sorriso de canto a canto.





Quando terminamos de comer (e conversar muito na mesa) já era umas sete da noite. Estava um frio supremo, o que me fez correr escada a cima para pegar um casaco.


_ Ahh Julii, me empresa um casaco, eu não trouxe. - Choramingou Chris. Eu ri um pouco e dei uma bronca nela pela imprudencia, mas logo dei uma jaqueta jeans para que ela usasse, enquanto eu fiquei com um casaco branco que eu adorava desde pequena. Era macio e quente, como se fosse feito completamente da lã mais branca e macia do mundo, mas era de algodão.


Saí da casa devagar e fui até a beira do lago. Era completamente lindo.


A Lua refletida nas águas escuras do lago, a neblina que parecia querer esconder a beleza liquida dos olhos alheios, os pinheiros escuros brevemente iluminados pelo luar. Até mesmo do outro lado do lago os pinheiros eram enormes. O Céu estava estrelado, o que me fez admirá-lo por algum tempo.
[Lago: http://fc05.deviantart.net/fs70/i/2013/015/6/b/magic_lake_by_maruseria-d5rlwuz.png ]

Depois de alguns minutos, Chris e Lotte estavam ao meu lado. Chris tão surpresa quanto eu, olhando o lago e a lua, assim como os pinheiros e a neblina. Mas a Lotte estava com um olhar distante sentada a minha esquerda, abraçando as pernas e mexendo nas pontas dos cabelos.


Olhei para ela meio duvidosa e enrolei meu cabelo ao lado do pescoço antes de arrastar o corpo para perto dela onde me inclinei para ver seu rosto.


_Tudo bem? - Perguntei com um meio sorriso gentil.


_Estou sim... - disse ela - ...só estou um pouco receosa e ansiosa. - Falou por fim.


_Porque? - Perguntei. A Chris já estava perto de nós duas ouvindo tudo e preparada para consolar algumas lágrimas ou ouvir um belo desabafo ao menos.


_Quarta-feira o resto do pessoal chega - começou a explicar- e talvez o Luke e os outros meninos venham... - Terminou.


_Defina Luke e os outros meninos. - Eu disse brincando um pouco. A essa altura já estávamos sentadas num triângulo olhando para Lotte. Chris gostou da ideia de "garotos" durante algumas semanas.


_ Luke é o filho de um amigo da família... - explicou- E os outros meninos são os amigos e irmãos dele, o Fernando, o Rafael, o Matheus e mais alguns.


_Hm... e o que você tem com esse Luke? - Chris perguntou sorrindo. Lotte corou levemente e deu um meio sorriso encantador.


_ Ele é meu amigo há muito tempo, - disse Lotte fitando o nada.- ...e costumávamos ser muito unidos... Quando tínhamos em torno de 8 anos, ele disse que nunca me esqueceria, e que ia voltar para mim... que me amava. Não o vejo desde então. - Falou um pouco hesitante. - Sei que é infantil, mas sinto que ainda gosto dele, ou posso voltar a gostar. Não sei como ele está hoje, se ainda é o garotinho doce e gentil que era... Tenho medo. - Confessou.


Chris parecia encantada, imaginando presenciar um conto de fadas.


_ Eu e o Davi quase nos beijamos... - Confessei fazendo as duas me olharem super rápido. Se era pra confessar coisas, eu entraria na brincadeira. - ... duas vezes. - Completei.


_ Eu sabia! - Falaram juntas me fazendo ficar sem jeito, mas começamos a rir.


_ Bem... O único homem da minha vida é meu pai. - Disse Chris. Ela tentou fazer parecer algo bom, mas demonstrou que algo estava errado.


_ Mas... - Eu disse pedindo por explicações.


_ Mas ele tem duas mulheres na vida dele, e eu não sou uma delas. - Começou abaixando o olhar. Nós esperamos para o desabafo. - Minha irmã mais nova e a mãe dela... - Pude ver seus olhos escuros marejarem e logo eu e Lotte estávamos, uma de cada lado, abraçando-a. Ela riu um pouco triste.


_ Ai meu Deus, teremos muito tempo para chorar. - Disse Chris fungando e enxugando as poucas lágrimas que lhe escorriam. Era estranho vê-la chorar e falar da familia. Ela sempre estava com aquela máscara sorridente e despreocupada, e nunca falou da familia... Era realmente estranho.


_ Mas que momento melhor pra falar logo tudo? Estamos na beira desse lago, com neblina, frio, e a lua está cheia lá em cima. - Eu falei sorrindo um pouco. Elas pareceram gostar da ideia.


_ Tá bem. - começou Lotte. - Se é pra chorar, eu começo, assim acaba mais rápido. Bem, depois que os pais do Luke se mudaram para fora do país, eu e ele continuamos nos falando. Digo, na época ficávamos no msn falando besteira... - Todas rimos por nos lembrar do velho msn... - Essa amizade virtual durou uns anos... Até que com 13 anos só falávamos "oi, tudo bem, como vai?"... Mas ele voltou a falar comigo, falava que tinha saudades, começou a me ligar e tudo o mais... Mas ele parou do nada. Não entrava mais no msn, nem me ligava, nem mandava mensagens. Assim, do dia pra noite.


"Eu fiquei muito triste, minhas notas caíram, e ele nunca mais entrou em contato. Eu não o achei no facebook, e até hoje fico com medo de quando for encontrá-lo. Acho que... Eu sempre sonho alto demais quando se trata de romance, eu sonho com um Luke que vai voltar para os meus braços e dizer que me ama..."


Sua voz parecia um murmuro, e algumas lágrimas lhe escorreram. Pelo incrível que pareça, eu senti inveja dela, inveja de ter um problema assim. Desejei que meu maior problema fosse amor, mas não era... E como eu queria.


Ela acabou de falar e olhou para mim e para a Chris com um meio sorriso triste.


_ Eu não vou ficar soluçando de chorar, só de olhos marejados está bom. - Falou tentando sorrir de verdade, mas não funcionou. - Sua vez. - Ela falou me fitando. Ambas me encaravam e eu comecei a pensar em palavras.


_ Bem... - comecei já com os olhos marejando quando pensei no "meu problema" - Minha lembrança mais antiga é de quando eu tinha cinco anos. Eu estava diante da casa da minha avó, mãe de meu pai, entrei e corri para abraçá-la, feliz como qualquer criança ao ver a vó, mas ela apenas ficou parada, sem sequer me tocar e disse: "Filho, tire sua bastarda de perto de mim". - Eu falei com tristeza e amargura. As lágrimas já ameaçavam escorrer. - Meu pai nunca fez nada para mudar a atitude da minha vó, e de todos os membros da família, menos meu primo que é minha única família de verdade.


"Eu comecei a procurar um motivo pra tamanha frieza em meus oito anos, procurei fotos da família, e não vi sequer um fio ruivo, uma sarda, um par de olhos verdes. Eu via as outras crianças prepararem suas esculturas de macarrão no dia das mães enquanto eu ficava sentada num canto brincando com a cola entre os dedos. No dia dos eventos, todos cantavam e dançavam e suas mães choravam e iam correndo ao seu encontro, chorando. E eu pensava "será que a minha mãe também me abraçaria chorando?" mas então meus pensamentos pioravam, e eu imaginava "como deve ser o abraço de uma mãe?". "


"Meu pai sempre foi muito ausente por causa do trabalho, eu nunca fiz amigos por causa do trabalho dele, Lucas sempre foi meu único amigo, primo, irmão... Lucas sempre foi o meu oasis, meu porto seguro."


As lágrimas já caíam como cachoeira, mas sem um soluço, e acompanhadas de um sorriso por lembrar de meu doce e maravilhoso primo.


"Eu nunca conversei de verdade com meu pai. Sinto agonia, desconforto, quando trocamos mais de 3 frases pequenas. Sempre quis saber o que houve com minha mãe. Me pergunto se sou adotada, mas pra quê um homem solteiro e militar adotaria uma criança? Meu conflitos entram em um conflito maior ainda com um pensamento de... Será que se a minha mãe tivesse aqui, ela me abraçaria, consolaria e me faria sorrir... Ela melhoria tudo? As vezes eu sonho com uma mulher alta, de cabelos ruivos e lisos, sorriso estampado por baixo das sardas... E aí eu me toco que não passa de um sonho, e que eu nunca tive nem terei uma mãe."


As palavras saíam com dificuldade, mas as lágrimas caíam aos montes. Eu nunca havia me sentido tão leve, nunca havia dito a ninguém o que eu sentia, ninguém nunca soube... só o Davi... As meninas ainda me olhavam, mas eu olhava para o meu colo, mexendo na barra do casaco. Olhei para elas com um meio sorriso e fungando um pouco. Enxuguei as lágrimas e sorri.


_ Chris? - Chamei tentando diminuir aquela tensão.


_ Eu... - Seus olhos já marejavam. Pelo visto ela era a que chorava mais facilmente. - Bem, eu já disse, meu pai tem uma esposa que não é a minha mãe, e uma filha com ela. Ela nasceu quando eu tinha apenas cinco anos, então perdi toda a atenção que eu tanto amava, na verdade perdi todo o amor que eu recebia, por causa de uma criaturinha que eu não consigo deixar de amar. Já a esposa do meu pai... bem, ela nunca disse isso, mas eu sei que ela me odeia. O pior não é ele ter largado a minha mãe. O pior é ele ter me largado.


"Eu sei que ele me ama, sei que não importa se ele demonstra isso ou não, mas eu sinto falta do meu pai. Sinto falta de quando ele me abraçava. Agora, só o que importa é que eu me comporte, obedeça minha madrasta, não influencia minha irmã e passe despercebida em casa. Preciso ter notas impecáveis, como se apenas passar a tarde lendo fosse me fazer tirar notas perfeitas, não posso falar palavrão, sair com ninguém e nem demonstrar animação. Quando demonstro animação sou "exagerada demais". Ele não se importa com o que eu gosto nem com o que eu não gosto e o único momento que me dá atenção é quando estou doente! Isso não é um pai!"


"Ele paga minha comida, casa, água, escola e tudo o que eu preciso financeiramente. Ele me mostra caminhos pra seguir na vida, conversa sobre meu futuro moldando-o como ele bem deseja, mas nunca me perguntou como eu estou. Ele acha que eu sou um tipo de adolescente sem sentimentos e atrações, sem amigas, sem nada. E se eu criar qualquer amizade é sinônimo de má influencia. Que tipo de adolescente hoje em dia nunca beijou, ou fala palavrão, ou não tira só notas boas? Ele quer que eu seja um tipo de robô! Não sei como deixou que eu viesse hoje pra cá."


Ela falava rápido e logo estava enxugando freneticamente o rosto. Eu fui para mais perto dela e a abracei, tinha um problema parecido com o meu, que envolvia os pais.


Logo a noite virou um mar de lágrimas diante do lago, em seguida fizemos pipoca e comemos diante do lago observando-o com cautela. Estava frio, mas era um frio aconchegante, que nos abraçava com paciência e carinho, ele chegou em boa hora e era quase duas da manhã quando fomos dormir.


Eu desabei na cama, com o casa dormi e com o casaco acordei. Não sonhei com nada, mas acordei com o rosto molhado, quem sabe eu não chorei durante a noite?


Pelo incrível que pareça, acordei cedo. Foi renovador. Abri a janela e deixei que a umidade do local me engolisse, causando um arrepio. Peguei meu celular e eram seis e quinze da manhã, e a operadora estava fora de área. Era ótimo, já que não receberia ligação alguma, mas eu estava ficando com uma ponta de saudade de ver aqueles cartões pela janela do Davi...


Mas que pensamento é esse? Eu? Com saudade do Davi? Até parece...


Coloquei os fones e fui ao banheiro para escovar os dentes. Senti um arrepio me percorrer quando a musica começou. [música: http://www.youtube.com/watch?v=v70Zy4GOuBM] Desde que eu conheci o Davi e o seu talento ao piano, sempre me lembro dele quando escuto um piano, mesmo que não seja solo. Um sorriso idiota me apareceu quando me lembrei daquele semblante calmo e inspirado tocando as teclas de mármore como se fossem sagradas.


Me peguei desprevenida, pensando mais uma vez no Davi durante o café da manhã por ter visto um papel reciclado, como os que ele me mostrava pela janela.


Lembrei dele quando fui me vestir e coloquei a mesma camisa que usei naquele dia no parque, lembrei dele quando vi o Violão do Flávio no canto da sala, lembrei dele quando olhei o reflexo das nuvens no lago... Acabei passando a manhã do domingo inteiro pensando nele, que nem uma idiota.


Me peguei mais uma vez sentada abraçando as pernas diante do lago. Lotte se aproximou e me catucou.


_Hey, já já vamos almoçar tá? - Ela falou gentil como sempre. Eu respondi com um sorriso e imaginei o que o Davi estaria fazendo agora. Ah, ele estava me tirando do sério.

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Notas finais do capítulo

O proximo será a versão das férias do Davi e o resto das férias da Juliana. E o Capítulo 29 será o do beijo. XDDDDD
Eu falo logo que é pra vocês pegarem no meu pé ficarem histéricas. :3



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