Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 6
Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Tudo está acontecendo tão rápido, será que Haymitch vai aguentar a pressão?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/307695/chapter/6

O Centro de Treinamento é realmente enorme, mas o que me chama mais a atenção é uma Torre gigante, cada andar representa um distrito e é aqui que vamos passar nossos últimos dias de vida antes de sermos jogados na Arena para matar uns aos outros.

Pount guia Maysilee e eu para o elevador que nos levará até nosso andar, o andar do Distrito 12 que será o da cobertura já que somos o último distrito em tudo.

No elevador tem dois pacificadores nas laterais, o elevador é revestido com cristal e assim podemos ver tudo o que acontece no Centro de Treinamento, as movimentações dos tributos, as carruagens sendo levadas. Estamos subindo em uma velocidade muito rápida, a única vez que eu andara de elevador fora no Edifício da Justiça quando fui me despedir de minha família, mas não era igual este, é mais veloz, tem lâmpadas brancas para clarear o ambiente e além de ser mais veloz.

Estamos subindo e as pessoas estão virando formigas.

— Distrito 12 – uma voz ecoa o elevador, imagino que deve ser um robô da Capital.

As portas do elevador se abrem e vemos um andar enorme e Pount diz:

— Vou mostrar para vocês seus aposentos.

Pount passa pela sala enorme, com um carpete muito aconchegante, sofás brancos, uma televisão enorme, uma mesa farta de comida e subimos uma pequena escada que leva para os aposentos. Pount mostra o quarto de Maysilee e o meu e ela volta para a enorme sala.

— Se precisar de mim, saiba que eu estou aqui – digo para Maysilee.

Ela sorri para mim e entra em seu quarto. Eu também entro em meu quarto e fico surpreso com o tamanho, o aposento consegue ser maior que minha casa e também maior que os vagões do trem. Além disso, tudo agora é mais moderno, uma cama de casal no meio do quarto, banheiro, closet, uma tela com um cardápio, uma enorme janela, tudo novo para mim.

Mexo em um tipo de controle que muda a paisagem da janela, vou da Capital para uma floresta sombria, de uma chuva para um deserto, tudo para que os tributos fiquem relaxados para depois se matarem na arena, como uma caça, você observa o animal por alguns minutos, o deixa ficar seguro e quando ele estiver totalmente relaxado, você ataca de surpresa. Mas aqui não tem surpresa, todos nós sabemos que vamos ir para a Arena, todos estão avisados disso.

Ainda estou com a roupa do Desfile quando entro no banheiro e vou tomar um banho. Confuso eu fico com tantos botões para apertar, um painel onde eu posso mudar a temperatura da água, a pressão, qual o sabonete que irei usar. Este foi o banho mais incrível que tive, estou muito cheiroso e relaxado, será que posso levar um desses para o Distrito 12?

Procuro algo para me secar, mas não acho nada. Quando piso para fora em um quadrado com uma cor mais escura e com buracos, é acionado um dispositivo que solta um vento quente em meu corpo. Mesmo já seco continuo em pé recebendo a brisa quente que saí do dispositivo.

Já no closet existe um programador que você pode escolher a roupa que você quiser, eu escolho uma roupa normal e clico no botão que imediatamente escreve em sua tela pronto. Eu abro o closet e lá está a roupa que eu programei, incrível. Visto a roupa e vou à tela com um cardápio, lá está vários tipos de comidas, desde sopas, até cozidos de carneiro, peru selvagem. Eu clico na opção de chocolate quente e em segundos a tela se vira e em uma xícara está a bebida pronta para ser degustada. Eu estou bebendo o chocolate quente quando alguém bate na porta, será que é Maysilee? Abro a porta e lá está Pount com um vestido azul.

— Vamos rapaz, todos estão esperando você.

— Claro, já estava com fome!

Desço a pequena escada com Pount e percebo que todos já estavam comendo e se servindo e me deixando com fome no meu quarto, traidores. Carly, Lucas, James, Brock, Maysilee, todos estão lá. Sento-me do lado de Maysilee, me sinto mais confortado do lado dela.

— O que você estava comendo? – pergunta Maysilee com uma expressão facial assustada.

— Era chocolate quente, por quê?

— Sua boca está muita suja – diz Maysilee caindo na gargalhada.

Limpo com um pano que tem na mesa e sorrio para ela e isso faz com que ela de mais risadas.

Um homem de meia idade me serve. Ele enche uma taça de vinho até a metade, mas prefiro não beber, não quero morrer igual meu pai, alcoólatra, falando besteiras para minha mãe, para seus amigos, ele se matou.

Todos estão comendo e o único som que conseguimos ouvir é dos pratos, dos copos que vão de um lado para o outro.

— Vocês estavam lindos hoje – diz James tentando puxar algum assunto.

— Diz isso para as câmeras da Capital – digo com raiva, pois não ganhamos muita atenção no Desfile.

— Haymitch, isso é maneira de falar – fala Pount brigando comigo.

Todos sabem que eu estou certo, as câmeras da Capital não nos filmaram, os tributos carreiristas principalmente devem estar ganhando seus patrocinadores com cada comentário que os locutores da Capital devem fazer enquanto passam as fitas com o Desfile e nós vamos ficar sem patrocinadores, vamos morrer no banho e sangue, e ninguém vai sentir falta de nós na Arena.

O silêncio toma a sala, chega a se perturbador, não estou errado, todos querem ser positivos, eu sou realista, nós estamos em desvantagem, enquanto os carreiristas conseguem alianças e patrocinadores, o que nós estamos fazendo? Comendo.

— Pount como anda os patrocinadores – digo grosso.

— Eu estou tentando fazer a mente de algumas pessoas da Capital, mas a maioria está querendo patrocinar o Distrito 1, está muito difícil. Vocês terão de se esforçar o máximo neste treinamento.

— Carly e Lucas já têm alguns patrocinadores, como sou da Capital tenho amigos aqui e fiz eles gostarem deles – diz Brock.

Que legal, o mentor da Capital com várias frescuras já conseguiu patrocinadores, não cheguei a pensar que ele poderia ter amigos na Capital. Percebo que Maysilee está com raiva, acho que é de Brock, ele não precisava ter falado aquilo. Agora Carly e Lucas que apareciam fracos, estão sorrindo e felizes nessa mesa. Meu ódio por todos aumenta.

— Patrocinadores? Para que se esses dois irão morrer no Banho de Sangue. Espero que seus amiguinhos da Capital escolham patrocinar eu e Maysilee quando os dois morrerem nos primeiros minutos do Massacre! – digo botando minhas mãos sobre a mesa e gritando com todos.

— Haymitch para – diz Maysilee tentando me tirar da mesa.

— Se vocês não morreram nos primeiros minutos, vou ter a vontade de matar vocês dois! – grito apontando o dedo para Lucas e Carly.

— Haymitch saia daqui, por favor, e vá se acalmar! – diz Pount.

— Deixa comigo – diz Maysilee

Arrasto minha cadeira com força e saiu da mesa. Maysilee segura minha mão e fala:

— Vem.

Sigo-a sem falar nenhuma palavra, ela me leva para uma escada que nos leva para telhado, ao abrir a porta fico chocado com a minha visão. Várias luzes iluminam o céu da Capital, movimento. Sinto o frio batendo em meu rosto, Maysilee ainda não soltara minha mão, igual no dia do Desfile, como se eu estivesse protegendo ela e eu não estou?

— Venha – diz ela com uma voz bem calma.

Ela me leva para um jardim com várias árvores, um gramado fino e sentamos no final do jardim e ficamos observando o movimento da Capital por alguns segundos. Está ficando cada vez mais frio, tiro meu casaco e ponho sobre Maysilee que me agradece com um sorriso e fala:

— Eu sei que você não queria ter dito aquilo tudo, você age muito por impulso.

— Vamos entrar na Arena daqui alguns dias, não sei o que fazer, o que pensar, penso em várias coisas todo dia, em minha família no Distrito 12, em todos – respondo.

— Pount me mostrara aqui, eu estava nervosa quando chegamos do Desfile, estou mais calma agora, o cheiro dessas flores me deixa mais relaxada.

— A Capital destruiu minha vida, meus planos para o futuro, tudo. Tudo isso parece um pesadelo que nós não conseguimos sair dele, queria que tudo fosse apenas um pesadelo.

— Mas não é – responde Maysilee.

Estou chorando enquanto desabafo com Maysilee, minhas lágrimas percorrem meu rosto e caem sobre o chão, como uma chuva calma e passageira, tudo irá fica bem.

Maysilee põe a mão em meu rosto e passa o dedo sobre minhas lágrimas e fala:

— Você pode ganhar eu sei disso, você é forte, bonito e carismático, a Capital irá te amar.

— É talvez – respondo.

Maysilee põe seu rosto sobre meu ombro e ficamos observando o movimento da Capital, como as luzes vão diminuindo, todos estão indo dormir, o movimento fica cada minuto mais devagar.

A noite está ficando mais fria, eu não consigo parar de chorar, estou lembrando tudo que já passei, morte do meu pai, passar fome, Colheitas que já fui. Nossas últimas palavras com Alice, nosso último abraço, nosso último beijo.

— Você está tremendo, melhor ir para seu quarto – digo para Maysilee.

— Sim, está um pouco frio, obrigada pelo casaco – diz ela me devolvendo. — Nos vemos amanhã certo?

Balanço minha cabeça em afirmativa. Descemos as escadas e percebemos que todos já foram dormir, menos uma Avox que está sempre disposta a ajudar na sala.

Quando entro em meu quarto estou apenas querendo me desabar em lágrimas ou tomar um chocolate quente. Percebo que uma Avox está pegando minhas roupas que deixei pelo quarto, fico totalmente envergonhado.

Tiro a blusa e jogo no chão esperando que ela vá buscar também ou ela apenas vai jogar em mim de novo, mas ela não teria coragem, ela já foi punida e perdeu sua língua, o que será que a Capital faria, cortaria suas mãos?

Fico com a consciência pesada e me levanto e pego a camiseta, e ponho dentro do closet.

Deito na cama que está fria como a noite lá fora, será difícil dormir com tudo que acontecera.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comente sobre o que posso melhorar, caso tenha gostado favorite a história e recomende para seus amigos. Isso ajudará a divulgar minha Fanfic e mais pessoas poderão desfrutar da história de Haymitch. Lembrando que todas Sextas sai um capítulo novo, o chamado #QuaterQuellDay (Dia do Massacre Quaternário). Me siga no Twitter: @BatataReal.