Um Necromante No Meu Quintal escrita por Mel Devas


Capítulo 14
Nunca Confie em Palhaços


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!! Tudo bem? Enfim, cá estou eu trazendo um novo capítulo (avá)
Boa leitura!!!



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E, sim, novamente minhas suspeitas foram confirmadas.

Depois do sumiço da ruiva e do moreno, eu e Laz, depois de olharmos todas as coisas que pareciam legais na loja, sentamos em um daqueles sofás feitos especialmente para os namorados/maridos e filhos esperando as namoradas/esposas e mães a se trocarem e experimentarem todos os produtos. Fiquei pensando que tipo de pessoa sentaria ali, partindo do princípio que estávamos em uma loja hippie.

Eles estavam demorando. Já passara 20 minutos desde o sequestro, e eu comecei a ficar realmente preocupada.

Dei um tapinha no ombro de Yahto, avisando que ia procurar os dois, ele acenou com a cabeça e tirou o celular do bolso. Ah, celulares... Os melhores amigos pra quando você tem que ficar sozinho.

Segui umas placas pitorescas que apontavam o provador, segui e dei de cara com duas divisões: Masculino e Feminino.

Masculino seria o mais provável, já que Adrian estava junto, mulheres surtam totalmente quando homens entram no provador errado, mas do jeito que a loja estava vazia, os vendedores escondidos – só vi a moça do caixa – e seguindo a lógica da ruiva, entrei no feminino. O.K., eu também não queria entrar no provador masculino, seria muito vergonhoso.

Mas, para meu alívio, consegui ouvir as vozes dos meus amigos. Florita parecia brava, e Adrian reclamava, um pouco irritado, o que era bem raro. Encarei a persiana bege de renda aonde eu conseguia ver as duas silhuetas.

– Eu não quero me vestir assim, não quero! Isso dói!

– Mas, Adrian, amor, você está lindo!

– Não quero estar lindo se é pra doer! E pra que eu quero estar lindo mesmo? – O moreno baixou a voz num muxoxo.

– Por aquela pessoa, lembra? – A hippie falou com malícia na voz. Achei melhor revelar minha presença logo.

– E-ei, vocês dois, está tudo bem? – Ambos se aquietaram.

A ruiva abriu a persiana, sem deixar que eu visse atrás dela, me lançou um sorriso maroto e conclamou:

– Se vire com aquela pessoa. – Senti que ela dizia para nós dois. Logo a menina saiu, deixando eu e a silhueta numa posição desconfortável.

– A-Adrian... – Tentei, amaciando a voz. – Está tudo bem?

Sem resposta, observei a sombra se mexer, sem aparente objetivo e se afastar.

Encostei a mão na cortina.

– Posso entrar?

Sem resposta, afastei o tecido com cuidado, dando de cara com...

Sim, leitor, como você é inteligente já deve ter percebido.

Um Adrian travesti.

Cara, qual é o problema da escritora? Está com dificuldade de pensar em piadas e começou a apelar pros crossdressers?

Ele estava corado, provavelmente com vergonha de estar vestido assim, o que era muito estranho, nunca vira Adrian envergonhado antes, muito menos corado, espera: necromantes coram?

Usava uma saia longa cor coral, bem bonita, com algumas pregas que a deixavam esvoaçante. No cabelo, presilhas com flores coloridas de couro ficavam presas nos fios negros, combinando com os colares de tecido, iguais os de Florita, só que de colorações diversas. No torso, uma blusa bem decorada que parecia um espartilho. Provavelmente era disso que estava reclamando. Amaldiçoei a cartomante charlatona, por quê essa necessidade compulsiva dela de usar o Adrian de Boneca Barbie? Por mais que até tivesse ficado fofo e engraçado, era óbvio pela expressão do garoto que aquilo passara dos limites para ele.

– Quer ajuda pra tirar isso aí? – Ri.

Ele me olhou meio confuso, hesitante e magoado, mas logo esboçou um leve sorriso e concordou com a cabeça. Virei as costas dele para mim e mais uma vez tive vontade de dar uma voadora na ruiva: ela tinha amarrado de um jeito que era praticamente impossível desatar os nós. Bufei de raiva. O que ela queria afinal?

O moreno, ao ver minha impaciência, olhou para mim o máximo o possível, torcendo a cabeça ao fazê-lo

– O que foi?

– Tem um nó bem complicado aqui, pode demorar para desatar. Quer sentar num banco? – Indiquei a pequena cadeira no canto do cubículo, aquelas perfeitas para empilhar roupas.

– E você?

– Sento no chão.

Ele se inclinou e puxou o tal banco na minha direção e logo depois sentou no chão, bem na frente do banco. Adrian me encarou enquanto eu ficava estática no lugar, surpresa, e logo acenou a cabeça pra eu me sentar também.

Percebi que a posição até ajudava a ver melhor os nós, e, para abrir espaço, estiquei minhas pernas em volta do moreno, inclinando para ver eles melhor. Não eram muitos, mas a fita era fina, fazendo com que eles fossem muito pequenos e apertados.

Eu tentava desamarrá-los altamente concentrada, porém quase não fazia progresso. Seria melhor se minhas unhas estivessem mais compridas, mas não havia o que fazer agora.

– Desculpe. – Adrian murmurou, abaixando a cabeça.

– Por que? Você não fez nada. – Estranhei.

– Sei lá, por ter agido estranho com você, não sei o que está acontecendo comigo. – Tombou de lado, apoiando a cabeça em uma das minhas pernas.

Ri e baguncei seus sedosos cabelos negros, já livres das presilhas, que estavam agrupadas em cima da saia, dobrada em um canto com os colares - Sim, só a blusa pseudo-espartilho estava dando trabalho.

– É muito estranho. – Continuou, com a voz quase inaudível. – Nunca me senti assim, é tão confuso. Cada vez eu sinto mais falta da minha memória, mais quero entender sobre tudo, sobre esse mundo, sobre as pessoas. Desde que conheci você, eu não consigo mais aceitar as coisas tão fácil como antes. Não entendo. – Afundou o rosto nas mãos. Eu estava realmente triste por ele. Pensei como deve ser difícil viver sem nenhuma base, não saber de nada, ser jogado num lugar estranho sem ninguém pra apoiar.

Era essa a resposta, era isso que a Florita entendeu muito antes de mim ou de Adrian. Ele precisava de alguém pra guiar ele nesse mundo, entender que ele tinha alguém.

– Adrian, você vai entender as coisas ainda. Ninguém entende tudo, também, se entendesse, a vida não teria sentido, mas eu estou aqui com você, certo? Não só eu, mas Florita, Laz, Boyolóvsky, Teddy e até Richard estão aqui com você. E lembra que eu prometi que ia te ajudar a descobrir sobre o seu passado?

O moreno inclinou a cabeça pra trás, deitando ela no meu colo.

– Verdade? – Perguntou, me encarando seriamente.

– Sim. – Sorri e estendi o dedo mindinho, entrelaçando no dele, é uma promessa.

O sorriso dele foi tão lindo e me deixou tão aliviada que simplesmente fiquei sem fala, encarando ele abobalhadamente.

– Então parece que tudo já se resolveu, vamos dar uma basta nessa novela mexicana. – Florita irrompeu o provador, puxando a cortina com força e batendo forte os pés no chão. Eu pulei de susto e encarei envergonhada a ruiva com Laz atrás dando um sorriso amarelo, como se tentasse avisar que aquilo não foi ideia dele.

A garota desamarrou com facilidade os nós com quais eu estava lutando e saiu rápido, interrompendo o moreno, que estava tentando lhe perguntar algo sobre dedos mindinhos.

– Não demorem, Valente Joaquina e Adrian Josuel, estamos indo no McDonalds.


–-x---



Quando percebi, estava sentada e segurando com um ar de dúvida um hambúrguer, me perguntando como fui parar ali. Foi muito rápido e não tive tempo de reagir. Adrian estava na mesma situação que eu, mas logo se distraiu ao ver criancinhas subirem no grande brinquedo ao nosso lado. Laz não estava muito à vontade, mas provavelmente Florita havia explicado o que ia fazer antes, dando tempo pra ele se preparar emocionalmente, e a mesma parecia perfeitamente confortável com a situação.


Colocando os pensamentos em ordem, dei uma mordida em uma batata. As coisas começaram a ficar mais claras e aquele meu estado de confusão foi se esvaindo, e assim pude começar a conversar sobre qualquer coisa com o Smurf.

– E que horas é o filme?

– Hm... Já passou, mas daqui a 50 minutos tem outro. – Checou o panfleto que carregava.

Um movimento na minha direita chamou minha atenção, e percebi que Adrian já observava com os olhos brilhantes a estranha aparição.

Era um homem vestido de Ronald McDonald, o palhaço, mas havia algo de estranho. Seus cabelos, ao invés de vermelhos, eram azuis, assim como a maquiagem, que parecia suja e a roupa gasta e encardida.

Parecia um zumbi.

Voltei a comer, não estava fácil para ninguém, voltei a falar com Laz quando Adrian estremeceu ao meu lado. Estranho.

Senti algo agarrando meu pescoço, faltando ar, me debati.

Era o palhaço zumbi azul.


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Notas finais do capítulo

Créditos: Obrigada à The Unforgiven pela ideia do palhaço SHAUSHAUHSAUHSAUHSUAHU
Esse capítulo ainda está meio chatinho, mas próximo capítulo começaremos a revelar o passado do Adrian, yaaaaaaaaaaaay!!!
Gente, desculpa por esse tipo de pergunta, eu sei que o capítulo anterior estava meio chato, mas eu quase não recebi reviews e perdi 3 leitores, tem algo de errado na história? Escrevi alguma coisa errada? Ofendi alguém? Ç.Ç Me desculpem >.> Enfim, até mais o/
Ah, esses dias eu tenho feito alguns desenhos coloridos com aquarela pra fic (vários, e acreditem, estão bem melhores do que os outros Ç.Ç Eles me dão até vergonha SHUAHSUAHSUAHSUAHSUA)



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