Um Necromante No Meu Quintal escrita por Mel Devas


Capítulo 13
Todos os Caminhos Levam a(Roma)o Centro da Cidade


Notas iniciais do capítulo

YOOOOOOOOOOOOOOOO!!! Dessa vez tomei jeito e postei num dia e horário bons!!! Talvez um horário não tão bom... O melhor seria às 6 horas, mas como meu pc pifou, meus minutos no laptop da minha mãe são preciosos -QQQQ SAHUASHUSHAUSAHUSAHUS Tenho que agradecer, de novo u.u - educação nunca é demais - aos leitores que me deixaram reviews ♥ ♥ ♥ Meu pedido desesperado do último capítulo foi atendido e apareceram novos leitores o/
Enfim, vou parar de lenga, lenga. Boa leitura!!!



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As sobrancelhas cor de mel se curvaram, inquiridoramente, enquanto os olhos claros emoldurados por elas nos encaravam em aparente frieza.

E lá estava. Nosso caro Boyolóvsky, dirigindo um carrão preto, esportivo, lustroso e de última geração. O painel era branco, contrastando com o negrume dos acentos de couro e do carro em si. Um rádio do qual saía uma luz suave tocava músicas tradicionais russas - eu acho – e Ivan balançava a cabeça de acordo com o ritmo misterioso.

Mas é claro que não, né? Temos só 15 anos, desculpa aí, não podemos dirigir.

Eu só estava tentando por um pouco de glamour na história, já que, na verdade, ele “dirigia” uma bicicleta laranja pequena demais pra ele – mas creio que qualquer bicicleta ficaria pequena demais para ele – com umas inscrições pretas em letras garrafais e com efeito de arranhões. Estava em russo. O desing sugeria que estivesse escrito algo como “se rir da minha bicicletinha te quebro a fuça”, mas poderia ser igualmente “Tesouro da mamãe”. Não dava para entender.

Não, caro leitor, não sei o que ele fazia nos oferecendo uma carona, já que eu lhe neguei chocolate e Adrian lhe dava medo – Teddy, pra ser específica, porém falar de um leva ao outro.

- Ah, oi, hmm... – Adrian interrompeu seu cumprimento e apoiou a mão no queixo, como se tivesse esquecido de algo.

- Ivan. – O russo falou.

- Ah, sim, Ivan. – Ele pareceu levemente satisfeito. – Como vai? Já tentou adotar um tartachorro?

- Bem mestre, e você?

Meu cérebro até que processou rápido essa informação. Mas acreditar já é outra história.

- Mestre?? – Repeti, tão duvidosa que quase parecia enojada.

- Sim, Adrian ser minha mestre. – Concordou o russo, seriamente.

- Adrian, me explique isso. – Exigi.

O moreno deu de ombros:

- Ele acha que como sou o “domador” da besta de cabeça e corpo réptil e alma mamífera, descendo de um czar poderosíssimo.

Eu lhe desferi um olhar de: “Por favor, pare de brincadeira” e, de resposta, o moreno revirou os olhos e torceu a boca, dando a entender que, mesmo não sendo verdade, ele preferia ser “amigo” de Boyolóvsky do que objeto de temor do mesmo. Depois balançou as mãos, como se dissesse: “Quer a carona ou não?”. Droga, não dava para contestar Adrian quando ele entrava em seu raro modo racional.

Bem. Ele não estava com seu bando. Isso era promissor.

- Sim. Gostaríamos de uma carona. – O necromante aceitou, voltando ao seu ar entediado de sempre.

Olhei para a pequena bicicleta. Haja logística para nos fazer caber naquilo.



--x—



Conclusão: Eu sentei na parte de trás da bicicleta, onde fica aquele suposto banco reserva feito de barras de ferro entrelaçadas. Me segurava na cintura de Ivan, o que não me agradava muito, já que nos fazia parecer saídos de um filme romântico qualquer.

Ok, provavelmente não pareceríamos um casal romântico propriamente dito porque o Adrian... digamos... quebrava o clima.

Ele estava surrealmente encolhido e encaixado na cesta na dianteira da bicicleta. Provavelmente era bem mais leve do que eu, já que a bicicleta não caiu pra frente. Isso me deixou realmente amargurada.

E lá fomos nós e pensei seriamente que Richard teria sido uma melhor opção.

Adiantando as coisas, por mais incrível que pareça, Boyolóvsky conseguia nos levar tranquilamente por todo o caminho, como se não pesássemos nada. Cheguei até a pensar no que ele fazia no fim de mundo onde nos encontrou, mas decidi não reclamar.

Magicamente, nos encontramos no centro da cidade, atraindo uma boa quantidade de olhares, mas satisfatoriamente no centro da cidade, e o melhor: atrasamos apenas 10 minutos. Ivan nos descarregou numa avenida movimentada e foi embora, sendo logo encoberto pela multidão que aproveitava sua falta de tarefas pra passear por aí.

De novo tive vontade de socar minha mãe. Onde, exatamente, no centro da cidade estariam Laz e Florita? Olhei para Adrian, com minha pergunta estampada na expressão, ele simplesmente voltou sua cabeça pro outro lado, desinteressado, olhando as lojinhas que margeavam a calçada. Quase pude ouvir ele dizendo: “Arranjei carona, agora você que se vire.”

Pensei ter ouvido uma doce voz. Uma doce voz que em qualquer outra situação eu gostaria de mandar para o espaço, mas que nesse momento pareceu quase angelical.

- Valeeeeeeeeeeeente!! – O timbre altamente reconhecível de Florita soou às nossas costas. Me virei, sorrindo. – Eu disse que eles chegariam logo!!! Os búzios nunca mentem, Laz.

Florita estava... Sendo Florita como sempre. Uma saia longa e azul com desenhos geométricos. Blusa arco-íris com um pato feliz de lacinho na cabeça estampado nela. Os costumeiros acessórios: colares de tecido e sua bolsa ecológica jamaicanamente colorida.

Mas Laz. Meu Deus.

Ele realmente me tirou o fôlego. Me envergonha admitir isso, mas era verdade. Ele usava uma camiseta cinza que era propositalmente surrada, tinha exatamente seu tamanho e assentava ao seu torso magro com precisão. Usava uma daquelas calças de flanela xadrez, vermelha, com alguns cintos pretos costurados cá e acolá. Aquele tipo de calça que você pensa que ficaria muito gay se alguém usasse. Mas ele não era gay. Ou era, porém seria um enorme de um desperdício. Para completar, All Stars pretos, como que envernizados. Tudo combinava tão maravilhosamente bem com tudo, com seu cabelo, com seus olhos verdes malhados, com seu leve cordão de couro. Senti o sangue subir ao rosto.

Provavelmente foi bem óbvio que eu estava babando no pobre coitado, já que Adrian. Sim, Adrian, o necromante inexpressivo, me cutucou com o pé, aborrecido, me tirando do transe.

- Ah, oi. – Eu disse. – Me desculpem a demora, minha mãe me convidou para me encontrar com vocês sem me avisar, e tivemos alguns problemas pra achar carona.

- Eu sabia. – Florita abanou a cabeça em concordância. – As cartas me falaram.

- Mas não eram os búzios? – Laz perguntou.

- Ela é uma charlatona. – Expliquei.

- Ei!! Não me chame assim! Só tenho uma doença rara chamada falta de mediumnidade!

- Isso não existe, Florita!

- Tudo bem, tudo bem. Sua mãe me ligou avisando.

Maldita seja minha mãe! Avisa os outros, mas não me avisa! Teria uma séria conversa com ela quando voltasse para casa.

- Melhor trocarmos nossos números de celular. – Suspirei. – Não podemos contar sempre com os búzios.

Laz soltou uma leve risada e trocamos nossos celulares, escrevendo os números em cada. Adrian nos olhava entediado, a ruiva provavelmente havia lhe ensinado o que eram celulares, porém, a meu ver, o moreno não se interessava neles.

- “Florita linda e maravilhosa, manda um oi pra sua mãe, ela é muito legal, ooooooooi, tia!!” – Li o nome que a menina tinha gravado no meu aparelho, me perguntando como que coube uma frase daquele tamanho lá. Mandei um olhar fuzilante e guardei o celular. – OK, vou avisar ela.

- Para onde nós vamos, afinal? – Perguntou Yahto.

Três cabeças viraram para mim. Como eu ia saber? Quem convidou as pessoas foi minha mãe.

- Eu queria dar uma passada numa loja alternativa que tem aqui perto. – Florita me salvou.

- Loja hippie, você quer dizer? – Perguntei, ela só me deu um leve sorriso e começou a andar.

A loja era realmente perto, eu andava atrás, com Adrian, enquanto Florita andava com Laz, liderando, vocês sabem como essas calçadas te jogam pra fora do seu círculo de amigos. É sempre você que sobra. Sempre. Eu devia fazer um slogan tipo: “Sendo vítima de bullying por uma calçada”. Na frente, podia ouvir eles discutindo sobre o que fazer em seguida, o Moleque de Cabelo Azul propôs assistirmos um filme, Pafúncia Potter estava em cartaz.

Do meu lado, Adrian estava mortalmente quieto, pior do que o normal.

- O que foi? – Lhe cutuquei. Ele simplesmente se desviou e continuou olhando para frente. Parei de andar, surpresa, ele continuou.

O moreno nunca tinha me ignorado daquele jeito.

Após uns 3 metros andando sem estar comigo, o necromante começou a hesitar e desacelerou o passo, aparentemente preocupado, logo depois meneou a cabeça e continuou a caminhada, determinado.

Não sei o que aconteceu comigo, eu juro que não. Mas dei um salto para frente – provavelmente assustando outros pedestres – e com algumas passadas rápidas, segurei a borda de sua blusa. O moreno se virou, espantado.

- E-eu... – Não sabia o que dizer. Valente, sua retardada, por quê você começou a falar algo se não sabe com o que completar? Me odiei.

Eu pude sentir um leve traço de expectativa nos olhos de Adrian, que logo se apagaram quando eu estupidamente disse:

- Ah, Laz e Florita entraram naquela loja, melhor nos apressarmos.

O moreno simplesmente se desvencilhou de mim e entrou rápido na loja.

Ah, cara. O que tinha errado comigo? O que tinha de errado com o Adrian? Minha cabeça girava.

Entrei logo depois, dando de cara com Laz olhando algumas blusas masculinas aceitáveis no meio daquele carnaval de roupas esdrúxulas. Passei os olhos na loja, nada de Adrian. Nada de Florita. Isso me dava uma sensação inquietante.

Perguntei para o único garoto aparentemente normal que eu conhecia – e mesmo assim ele parecia querer fazer propagandas pra Tim – onde eles estavam.

- Bem... – Ele pareceu levemente inquieto. – Florita puxou Adrian prum canto e disse algo sobre “você vai ficar tão linda que não tem como aquela pessoa não reparar, te garanto!”. Sinceramente, acho melhor deixar eles quietos.

Concordei com Laz. A frase da ruiva parecia mais vinda de mulheres falsas que fazem Reality Show de maquiagem.

Aquilo definitivamente não cheirava bem.


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Notas finais do capítulo

Créditos: Obrigada, kagomechan, por me proporcionar tão belo nome como Pafúncia USHAUSHAUSHAUHSUA e ao Neox por mil caps atrás dizer que Laz também podia ser chamado de carinha do The Blue Man Group - os smurfs que fazem a propaganda da Tim SAHUSAHUSHUSHAUSHA
Me desculpem, fãs de Harry Potter, mas provavelmente vou modificar todos os nomes reconhecíveis que dá um ar mais engraçado e lembra aquelas paródias onde trocam o nome das coisas -QQ Só não vou fazer isso se for difícil reconhecer depois de trocar, como Tim (até pensei em chamar de aTIM!!, mas ficaria ridículo SAHUSAHUSAHUSHAU)
Vocês podem ver que esse capítulo está mais pra romance (dramalhão desnecessário, para ser precisa) do que comédia, mas espero que vocês estejam gostando >www< Beijos e até o próximo capítulo (ou review) o/