Odin, sua esposa, os Três Guerreiros e Sif estavam na cápsula da Bifrost com Heimdall. Ele tinha encontrado o deus das travessuras. Frigga chorava de alegria por saber que seu filho estava vivo. Thor sorria de um lado a outro do rosto. Volstagg, Fandral e Sif só faltavam dançar em comemoração à alegria em que seu amigo estava. Somente Hogun se mantinha sério. Certo, ele sorria um pouco, alegre pelo rei e pela rainha, mas ele não confiava em Loki, de jeito nenhum.

– Como ele está? Como está meu filho, Heimdall? – Frigga anseava por respostas.

– Minha rainha, ele não está ferido. O problema é que... ele parece ter se esquecido de tudo. Se esquecido de sua vida aqui, de nós todos. Ele não se lembra como foi parar em Midgard.

Frigga chorou novamente de preocupação. Seu filho sem memória! Parecia algo tão impossível de acontecer. Ela nunca pensara que seus filhos pudessem um dia passar por um problema desses. Hogun não era tão partidário da solidariedade. Puxando Fandral e Volstagg de lado, o guerreiro partilha suas suspeitas:

– E se essa suposta amnésia não for verdadeira? Loki é um trapaceiro. E se isso for um plano?

– Um plano para quê? – Fandral fica curioso.

– Não sei ainda. Mas é muito suspeito... Loki nunca foi do tipo que se arrepende de pregar peças para virar um santo.

– Não acha que está exagerando, Hogun? – indaga Volstagg – Ele tem se mostrado muito a nosso favor.

– Não seja tão ingênuo! Você viu os pergaminhos dele, não viu? Tem algo escondido ali! Não pode ser coisa boa!

– Tudo bem aqui, cavalheiros? – Thor se aproxima.

Os três se olham e acenam com a cabeça, dizendo que sim. Mas mesmo que estivessem querendo esconder de Thor o que discutiam, o deus dos trovões conhecia tais reservas. Ele próprio as tinha. Thor conhecia seu irmão melhor que ninguém, sendo que ninguém poderia conhecê-lo realmente. Desde que Loki retornara à Asgard, Thor o mantinha sob vigilância. Era verdade que, na maioria das vezes, ele impedia seu irmão de ir às lutas por se preocupar com sua segurança, mas existia também a velha desconfiança. Ele jamais fecharia os olhos para Loki, ainda que este realmente fosse um cara diferente.

Odin era do mesmo jeito. Ele amava Loki de todo o coração, mas não conseguia confiar no filho, por mais que tentasse. Seu maior medo, desde o retorno do deus das travessuras, era que sua desconfiança afastasse seu filho novamente. Agora, com o sumiço dele, o soberano asgardiano sentia-se extremamente culpado, exatamente como da outra vez em que o jovem deus sumira.

Frigga era a única que colocaria a mão no fogo por Loki. Ela acreditava que seu filho mudara. Acreditava que Loki tinha feito tudo aquilo por mágoa, por se sentir inferior a todos naquele reino. Descobrir não ser filho de Odin e sim do maior inimigo que este já tivera, fora realmente um golpe inesperado para o jottun. Foi como se tudo finalmente se encaixasse, se explicasse. Era por isso que ele se sentia inferior, era por isso que não se sentia especial aos olhos de seu pai, como Thor o era. Frigga sabia desse sentimento. Ela não era sua mãe biológica, mas era mãe, de uma forma ou de outra, ela sentia a dor que ele sentia.

Quando Loki retornou a Asgard, ela sentiu que ele queria mudar, fazer tudo diferente. Mas não conseguiu convencer Odin e Thor disso, pelo menos não totalmente. Ela estava extremamente preocupada. Midgard era um lugar enorme. Se ele estava mesmo desmemoriado, podia estar correndo perigo. Ela só queria poder abraçar fortemente seu filho e nunca mais soltá-lo, só pra ter certeza que ele estaria bem.