Com medo do que meu pai faria, corri no meu quarto, peguei a carta do Liam e meu celular e coloquei os dois no bolso.

                Desci as escadas e logo ouvi a campainha tocando. Abri a porta e ele nem entrou direito para começar a gritar com a minha mãe:

  -VOCÊ NÃO SABE NEM FAZER ISSO DIREITO, CUIDAR PARA QUE OS DOIS NÃO FICASSEM JUNTOS. ELES ESTAVAM O TEMPO TODO DENTRO DA SUA CASA! VOCÊ É COMPLETAMENTE LOUCA E NÃO SABE CRIAR UMA CRIANÇA SOZINHA! EM SEIS MESES ELA VAI EMBORA COMIGO. VOCÊ VAI ASSINAR AS AUTORAIZAÇÕES E QUALQUER OUTRO DOCUMENTO NECESSÁRIO PARA A VIAGEM. – Minha mãe chorava e eu, em choque, não conseguia fazer nada. Ele se virou para mim. –VOCÊ ESTÁ MALUCA? UM HOMEM MAIS VELHO E NOIVO? ONDE VOCÊ ESTAVA COM A CABEÇA? VOCÊ PODERIA TER FICADO GRÁVIDA.

   -CALMA, ESPERA. NÃO, NÃO PODERIA! EU E LIAM NUNCA FIZEMOS NADA ALÉM DE NOS BEIJAR E SE VOCÊS SE IMPORTASSEM O SUFICIENTE COMIGO PARA ME PERGUNTAR OU PARA AO MENOS ACREDITAR EM MIM O LIAM NÃO ESTARIA LONGE DAQUI E NÃO ESTARIAMOS TODOS GRITANDO OUTRA VEZ. MAS QUEM SE IMPORTA COMIGO AQUI DENTRO, NÃO É? DANEM-SE VOCÊS.

        Me aproximei da porta e segurei a maçaneta, mas não fui rápida o bastante. Senti uma mão na minha face quando estava abrindo a porta:

  -Nunca mais fale assim comigo.

  -Pode deixar, eu nunca mais vou falar com o senhor.

                E sai de casa correndo indo em direção ao endereço que estava no verso do bilhete. Comecei a chorar com o milhão de pensamentos que me atormentaram sobre tudo o que aconteceu desde a separação dos meus pais. Aumentei a velocidade a medida que as lágrimas corriam pelo meu rosto mais rapidamente e enfim fui obrigada a parar pela exaustão e pela culpa que consumiam cada segundo mais fortemente o meu corpo. Levantei depois de alguns minutos e caminhei por mais algumas quadras até chagar ao meu destino. Pedi ao porteiro que chamasse Liam no seu apartamento e ele logo desceu:

  -Pensei que viria, mas não tão cedo. – Ele disse com aquele sorriso encantador enquanto a última lágrima solitária corria pelo meu rosto. – Ei, o que houve? – Ele me puxou para um abraço e eu escondi meu rosto em seu peito. – Vamos subir. –Ele me puxou e subimos as escadas entrando em seu apartamento. - Quer me contar o que aconteceu?

  -Breno e meu pai ficaram sabendo e meu pai enlouqueceu. Quando isso vai acabar?

  -Por que não aproveitamos o tempo que ainda temos juntos? – Ele diz beijando meu pescoço.

  -Eu estou namorando. – Ele beija mais uma vez me fazendo arrepiar.

  -Eu estou noivo. – Me viro de frente para ele e o beijo como no dia da minha formatura, depois empurro ele sentado no sofá e o beijo como no dia em que estávamos na piscina.

As lembranças vão tomando minha mente e vamos nos aproximando cada vez mais novamente. Antes que algo partisse para um nível além me separo dele e sento ao seu lado no sofá. Dou um beijo em sua bochecha. Depois no canto da boca e por fim um selinho. Começamos a ver um filme e mais ou menos uma hora depois a campainha toca. Eu o acompanho até a porta para atender.

Assim que ele abre a porta vejo uma mulher e um menino de mais ou menos dois anos. O menino sorri e pula no colo de Liam gritando:

-PAPAI.