Lost Memory escrita por Dri Viana


Capítulo 9
Chapter Nine


Notas iniciais do capítulo

Amando os reviews de vcs. Espero q gostem do cap.



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No dia seguinte meia hora antes do horário marcado, Sara já se encontrava na sala de espera do consultório do Psiquiatra. Ela havia ido sozinha sem o marido, já que não tinha mesmo conseguido convencê-lo a vir junto, apesar de toda sua persistência nisso.

Sorriu ao se dar conta de que mesmo sem memória, a teimosia parecia seguir inabalável nele. Sempre teimoso!

Apanhou da mesinha a sua frente uma revista e começou a folhea-la para passar o tempo enquanto sua vez de ser atendida não chegava.

O que será que o psiquiatra ia achar do caso do seu marido?

Um caso incomum?

Certamente! Pois para ela aquilo não lhe parecia comum de se acontecer.

Um estrondo alto chamou sua atenção e ela tirou os olhos da revista. Pela janela de vidro enxergou o céu cinza.

 

— Nossa vem um temporal daqueles!

 

Sara apenas assentiu, concordando com a recepcionista que parecia preocupada com o quão fechado estava o tempo lá fora.

Nem precisou de muito mais que alguns minutos depois, para uma chuva forte começar e pelo visto, o temporal ia custar a passar.

— Nem trouxe meu guarda-chuvas hoje.

A insatisfação da pobre secretária foi de quem certamente ia pegar aquela chuva toda ao sair dali.

Ainda bem que vim de carro!, Pensou Sara encarando a chuva torrencial que seguia caindo.

Alguns minutos passaram-se e logo a secretária avisou a Sara, que era sua vez de ir falar com o médico.

A morena se dirigiu ao consultório do médico e entrou após dar sua batidas na porta. Deparou-se com um senhor que aparentemente devia ser um pouco mais velho que seu marido.

— Olá!

Os dois se cumprimentaram com um aperto de mão e em seguida, o Doutor Steven confuso perguntou pelo paciente, já que na ficha dizia que se tratava de um homem e não uma mulher.

— Bom doutor... O paciente é meu marido, mas ele ficou receoso e não quis vir.

Ela explicou.

— Sei... Aposto que ele disse que não estava louco pra vir a um psiquiatra, não foi? – perguntou em um tom brincalhão. Anos naquela profissão e geralmente era quase sempre isso que ouvia de "justificativa" dos parentes de seus pacientes ou até mesmo dos próprios pacientes quando estavam ali diante dele.

— Exatamente isso! – Sara confirmou com uma sorriso sem graça.

— É normal esse tipo de pensamento. Geralmente as pessoas receiam vir se consultar com um psiquiatra, porque acham que só tratamos de loucos, só que não é bem assim. Mas esqueçamos disso e falemos do senhor... – o doutor checou na ficha que tinha nas mãos o nome do paciente na ficha. — Grissom... O que houve ou está havendo com ele?

— Doutor é bem estranho o que vou contar, mas... meu marido foi dormir e ao despertar no dia seguinte... havia perdido a memória completamente.

O médico se recostou a sua cadeira mordendo a tampa de sua caneta enquanto olhava um tanto intrigado para a mulher a sua frente. Pelo que se lembre era a primeira vez que ouvia algo daquele tipo.

— Bom... De fato é mesmo estranho isso!

— Muito!... Eu queria sua ajuda.

— Claro!... Gostaria que a senhora me detalhasse exatamente como e quando tudo isso aconteceu. Quero saber se antes deste acontecimento notou algo de diferente ou estranho no comportamento do seu marido e como ele vem se portando em casa depois do que houve.

Sara assentiu e logo embarcou num monólogo detalhado de todas a informações que foram pedidas pelo médico.

Enquanto isso na casa Grissom...

Shirley terminava de passar pano pelo piso da cozinha, quando Matt apareceu na porta com uma carinha emburrada.

— O que foi, meu anjo? – ela o olhou rápido.

— Não tem ninguém pra brincar um pouco comigo, tia. - o garoto bateu o pé no chão chateado. — A Jully disse que não pode, porque tá estudando. A mamãe saiu e você tá ocupada. - listou o menino tristonho.

— Ainda tem o seu pai. Por que não vai lá com ele?

— O papai não gosta mais de brincar comigo, tia Shirley. Agora ele só gosta de ficar sozinho no quarto dele e nem liga mais pra mim. – Matt pronunciou a última parte de cabeça baixa.

Shirley sentiu uma dor no coração ao ver o garotinho daquele jeito amuado e com voz tristonha. Ele de longe era o que mais sofria com essa perda de memória de Grissom, pois era agarrado demais ao pai. E agora, este não era mais o mesmo com ele. A empregada parou por um instante seu serviço e foi até Matt, agachando-se na frente do pequeno.

— Não diga isso, meu anjo. É claro que seu pai se importa com você, Matt. Só que isso é tudo novo pra ele, porque se esqueceu de como costumava ser e fazer as coisas. Dê um pouco de tempo a ele e vai ver como logo ele voltará a ser o mesmo que brincava com você está bem? – ela imaginava que devia ser difícil e complicado de fazer uma criança tão pequena quanto Matt entender uma situação tão delicada como aquela. Mas não custava nada explicar. E ele pareceu entender e assentiu para ela em resposta. — E já que não tem com quem você brincar que tal vê TV? Posso colocar um dos seus DVD’S de desenho aí na sala pra você se distrair, o que acha?

O garotinho levou o dedinho indicador até o queixo e fez uma carinha engraçada, enquanto considerava a proposta que Shirley lhe lançou. Desenhos eram algo que ele adorava ver. Então resolveu aceitar aquela proposta já que não havia nada melhor pra fazer.

— Acho que vou querer isso, tia Shirley. Não tenho outra coisa pra fazer mesmo.

A empregada não se conteve e abriu um sorriso do jeitinho engraçado como o menino falou, antes de lhe sapecar um beijo estalado no rosto, fazendo o pequeno sorrir.

— Então vem! Vou pôr pra você.

— Do astronauta!

Pediu aos pulos.

— Okay, do astronauta! - sorriu a empregada, seguindo para s sala de mãos dadas com o pequeno.

 

****

Já havia anoitecido e a chuva torrencial seguia caindo sem dar tréguas na cidade. Em seu quarto Grissom podia ouvir o barulho da chuva batendo forte no telhado da casa. O som era incômodo e assustador. O homem ficou um tanto preocupado com Sara, que havia saído há horas para a tal consulta com o psiquiatra, e ainda não havia retornado.

Cansado de ficar ali no quarto, onde já se encontrava desde muito antes de Sara sair, o supervisor se levantou da cama e decidiu descer. Chegou a sala e avistou seu filho cochilando todo encolhido no sofá e agarrado a um nave de pelúcia.

Aproximou-se com cuidado do menino e ficou admirando-o. Como queria lembrar dele! Não só dele como da sua filha mais velha e de Sara. Do amor que sentia por eles, de tudo. Mas na sua cabeça só havia um vazio completo.

Será que isso ia persistir por muito tempo?

Não queria fazer aquelas pessoas sofrerem por tanto tempo. Elas não mereciam!

Sentiu uma vontade enorme de tocar aquela criaturinha inocente, que era seu filho. E agachando-se ao lado do pequeno, estendeu a mão na direção de Matt. No entanto parou a milímetros de rosto do filho, por não ter coragem de tocá-lo.

Daria tudo pra lembrar de você!

Pondo-se, Grissom se afastou do menino e deixou que ele continuasse a dormir. Resolveu ir até a cozinha e encontrou Shirley por lá.

— O senhor quer alguma coisa, doutor Grissom? – ela resolveu perguntar vendo que ele lhe olhava parado na porta.

— Não!

Grissom se aproximou mais da mesa onde Shirley arrumava o arranjo que havia ali.

— Já vai? – perguntou ao vê-la com outra roupa e não com a que costuma usar pra trabalhar ali.

— Ainda não. Só quando a dona Sara chegar.

— Hum... Ela está demorando, não acha?

— Deve ser por causa da chuva. A sua esposa não gosta de dirigir quando está chovendo forte desse jeito. Se bem a conheço, ela deve ter parado em algum lugar e está esperando diminuir um pouco essa chuva toda pra poder vir pra casa.

Grissom apenas sacudiu a cabeça concordando com Shirley.

O estrondo alto de um trovão os assustou. E na sequência, um novo susto ao ouvirem um grito conhecido vindo da sala.

— É o Matt!! – Shirley disse num sobressalto.

No mesmo instante, ela e Grissom se encaminharam até a sala para vê o que tinha acontecido com o garoto. Chegando lá encontraram Matt sentado no sofá, agarrado à almofada do sofá e com uma expressão completamente assustada. Preocupado ao ver o estado do filho, Grissom tomou a iniciativa de se aproximar dele. Shirley pensou em fazer isso antes de seu patrão, mas este foi mais rápido que ela. E ela achou até bom que ele tomou a dianteira de consolar o pequeno.

— O que houve Matt? – se agachou em frente ao garoto.

O menino não respondeu, somente largou a almofada e se agarrou fortemente ao pescoço do pai.

— Ele deve ter se assustado com o trovão, senhor.

Grissom se levantou com o filho no colo e mais preocupado ficou ao sentir o quanto o menino tremia em seus braços.

— Shirley pegue um copo de água pra ele. Está muito assustado.

Ela assentiu e rapidamente foi à cozinha.

— Você se assustou com o trovão, não foi?

Ele assentiu com o rostinho escondido na curvatura do pescoço do pai.

— Eu tô com medo, papai. – sua voz chorosa balançou Grissom. O homem abraçou o filho carinhosamente numa tentativa de tranquiliza-lo, já que o menino ainda tremia muito.

— Não precisa ter medo. – ele passava a mão na costas de Matt.

Shirley voltou com o copo de água em mãos, e no mesmo instante, Jully apareceu na sala. Do seu quarto ela tinha ouvido o grito do irmão e veio ver o que havia acontecido.

— O que aconteceu com ele, pai? Por que gritou?

— Ele apenas se assustou com o trovão.

— Não fica assim, Matt. – Jully tocou as costas do irmão.

— Aqui a água dele, senhor. – Shirley estendeu o copo a Grissom.

O supervisor chamou Matt e fez o filho beber toda a água.

— Eu quero a minha mãe. – pediu choroso.

— Ela já deve está chegando, meu anjo. – Shirley tocou sua cabeça.

— Ela tá demorando.

— Mas logo ela chega, garotão. – Grissom se esforçava para tentar acalmar o filho.

— Matt, eu tive uma idéia. Enquanto a mamãe não chega, que tal você ficar comigo lá no meu quarto? Deixo você brincar no meu computador pra se distrair.

Ele ficou em dúvida, pois estava tão bom ficar no colo do pai, mas brincar no computador da irmã era algo que ele adorava. Resolveu aceitar ir com ela.

— Então, vamos?

O menino balançou a cabeça positivamente para irmã e olhou para o pai.

— Quando sua mãe chegar eu chamo você, está bem? - Grissom lhe disse antes de descê-lo de seu colo.

— Tá. – o pequeno respondeu.

Os dois irmãos subiram as escadas de mãos dadas, deixando apenas Grissom e Shirley na sala os observando seguir até sumirem das vistas deles.

— Matt sente falta do senhor ser carinhoso com ele.

Shirley comentou, atraindo a atenção de Grissom para si.

— Eu sei. Tenho tentado me aproximar mais deles, só que ainda é meio difícil pra mim. Quero tanto me lembrar deles, mas não consigo.

— Tenha fé que logo vai lembrar. Mas enquanto isso não acontece tente conhecê-los, se aproximar mais. Eles são a sua família, senhor, os seus "três amores" como costumava se referir aos seus filhos e a dona Sara.

Assim que Shirley acabou de falar, ouviram o barulho da chave na porta e em seguida, ela foi aberta. Uma Sara completamente encharcada entrou na casa tremendo de frio.

— Sara o que aconteceu? – Grissom se levantou e foi imediatamente até ela, sendo seguido por Shirley.

— O carro quebrou há três quadras daqui. Fiquei esperando a chuva diminuir um pouco pra vir a pé pra casa. Mas como isso não aconteceu, resolvi encarar esse temporal e vir logo, ou sabe lá Deus que horas eu chegaria aqui.

Ela se explicou, batendo o queixo e tremendo de frio.

— Podia ter ligado, dona Sara. Eu mesma iria lhe buscar com o guarda-chuva pra evitar de pegar essa chuva.

— Não dava pra ligar, o celular descarregou.

— Eu vou pegar toalhas pra senhora se aquecer, espere. – Shirley subiu as escadas apressadamente em direção ao quarto.

— Não devia ter vindo nessa chuva toda, Sara.

— Se eu não viesse, ia dormir no carro, pois essa chuva não vai passar agora, Gil.

— Acho que não vai mesmo!

— Não imaginei que ficaria com tanto frio assim. Parece que me atiraram numa piscina de gelo.

Ela esboçou um sorriso, que logo se desfez por conta do frio e da tremedeira que sentia.

Grissom a observava, sem saber o que fazer ou dizer a mais.

Felizmente Shirley retornou com um roupão que fez Sara vestir na mesma hora, além de duas toalhas que a fez se enrolar.

— Acho melhor tirar logo essa roupa pra não pegar um resfriado, senhora. E tome um banho quente.

— Farei isso agora.

— Vou lhe preparar um chá bem quente.

— Não precisa. Já deu o seu horário.

— Que nada! Eu só saiu daqui depois disso.

— Tá bem.

— Vou lá preparar o chá.

— E a Jully e o Matt?

Ela se preocupou em perguntar ao marido enquanto seguia em direção às escadas.

— Estão no quarto da Jully. Mas vá trocar essa roupa logo. Pode pegar resfriado assim.

— Já estou indo.

Ela respondeu com um sorriso, por detectar no marido um Q de preocupação dele consigo.

 

****

Pela manhã sua cabeça estava pesada e latejava; seu corpo doía que parecia até que tinha levado uma surra e não sabia; e sua garganta ardia demais, mas mesmo assim Sara se levantou para acordar os filhos que iam à escola. Fungando, enquanto fazia um esforço e lutava contra as dores que lhe consumiam o corpo, ela deu banho e arrumou Matt, logo depois foi fazer o café para os dois filhos.

— Mãe tá tudo bem com a senhora?

Jully notou a mãe abatida demais.

— Tô sim, amor. - ela forçou um sorriso para não preocupar a filha.

Mas não foi nada convincente. A voz anasalada e os olhos avermelhados, denunciaram a adolescente, que sua mãe não se encontrava bem. Mas sabia que ela não ia admitir para não preocupar a filha e assustar Matt.

Em poucos minutos a van chegou para levar os filhos de Sara para a escola. Ela se despediu deles e ao mesmo tempo em que partiam, Shirley chegava para trabalhar na casa. E obviamente, que a primeira coisa que ela notou foi a aparência nada boa da patroa.

— A senhora não me parece bem. –  observou Sara sentada na cadeira da cozinha.

— E eu não tô bem mesmo. - admitiu, pois para Shirley não adiantava mentir como mentiu para Jully. — Aquela chuva me derrubou. Sinto meu corpo e minha cabeça doerem horrores. E a minha garganta está ardendo. – ao final de sua fala, Sara foi acometida por uma sequência de espirros e tosse, que preocuparam Shirley.

— Isso foi resultado de ter pego toda aquela chuva ontem. Agora está resfriada. Não quer um remédio?

— Depois. - ela fez uma careta. Detestava tomar remédios. — Agora vou me deitar um pouco. Se o Grissom acordar e perguntar por mim, diga que ainda estou dormindo. Não fale nada que estou me sentindo mal. Me entendeu? Não quero deixá-lo preocupado.

— Sim, senhora.

Shirley assistiu Sara sair da cozinha, e quando julgar estar longe de ser escutada pela patroa, resmungou em vol alta:

— Pois é ruim mesmo que eu não vou dizer para o patrão que a senhora não está bem! Eu vou sim só pra ele ir cuidar da senhora.

Momentos mais tarde, Grissom estranhou entrar na cozinha e não ver Sara a mesa. Geralmente, quando ele aparecia para tomar café a encontrava por ali.

— Shirley cadê a Sara?

A empregada que estava de costas sorriu e não hesitou sobre falar a verdade para o patrão, mesmo ciente que estava descumprindo um pedido de Sara.

— Ela está deitada. - contou se virando  para Grissom.

— Ainda?

— Sim. A chuva que ela pegou ontem a deixou resfriada. Quando cheguei, ela reclamou de dor na cabeça e no corpo.

— Ela não devia ter vindo naquela chuva toda.

— Também acho. Depois que as crianças foram para a escola, ela subiu para dormir e me pediu pra não lhe dizer nada sobre ela não estar bem, pois não queria lhe preocupar. Mas achei que precisava saber. Ela não parecia nada bem de verdade. Perguntei se ela não queira um remédio antes de ir, mas teimosa como ela é não quis. Eu achava que o senhor devia ir lá no quarto, ver como ela está pra saber se não tem febre.

Ele considerou por um segundo se devia seguir a sugestão da empregada. Se Sara não queria nem que ele soubesse de seu estado, talvez não gostasse que ele fosse no quarto saber como ela estava. Mas ele acjoumais sensato e prudente ir vê-la.

— Vou lá então.

Ele saiu da cozinha sem tomar seu café e seguiu para o quarto de Sara. Entrou com cuidado para não acordá-la, já que ela parecia estar dormindo pesadamente. Aproximou-se da cama dela e pode vê-la dormindo toda encolhida igual a como Matt estava ontem no sofá. Resolveu tocar sua testa para se certificar se ela estava com febre e se assustou ao fazer isso.

— Meu Deus! Você está ardendo em febre, Sara!


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Notas finais do capítulo

Parei bem o não devia não eh?
Mas fazê o q se eu não resisto a fazer isso. KKKKK!
O proximo vamos ter Grissom cuidando da Sara e com isso vai haver uma aproximação entre eles.
Bjs e ate o proximo!