Lost Memory escrita por Dri Viana


Capítulo 27
Chapter Twenty-seven


Notas iniciais do capítulo

Enfim a primeira lembrança, e ela não podia ser outra senão a...



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Grissom chegou em seu quarto e parou na porta para admirar sua bela esposa, que se encontrava sentada na cama deles. Como ela estava de cabeça baixa e distraída dobrando umas peças de roupas, nem notou sua presença. E se aproveitando disso, ele se permitiu contemplá-la silenciosamente por alguns breves segundos.

Como ela era linda!

E naquele dia em particular, parecia mais linda ainda usando um florido vestido de alças finas, e com os cabelos presos em um rabo-de-cavalo que lhe deixava com a aparência de uma garota.

Sentia-se um sortudo por tê-la como esposa e tinha plena consciência de que se não fosse pela paciência e o amor incondicional dela e dos filhos deles, ele não teria conseguido reaprender a viver sem suas lembranças.

Sua família tinha sido fundamental e essencial em seu recomeço de vida!

— Ei!! O que faz parado aí?

Ele se espantou levemente com a pergunta dela fazendo-a esboçar um pequeno sorriso de seu susto. Havia se perdido momentaneamente nos pensamentos enquanto a observava, que nem percebeu quando Sara levantou a cabeça e lhe notou parado ali.

— Estava te observando apenas! - respondeu meio sem jeito por ter sido pego em "flagrante" em sua ação.

— Oh! - ela sorriu.

— Separando as roupas que disse que ia dar a Shirley pra ela doar? - ele caminhou até perto da cama onde a esposa se encontrava.

— Sim! Já separei as das crianças e as suas, agora estou separando as minhas.

— E ela vai doar pra quem essas roupas?

— Na verdade, ela vai levar pra igreja que fica no bairro onde ela mora. Lá eles doam pra quem precisa.

— Hum...

— E você já terminou de escrever no seu diário?

— Ah, já! - mostrou o caderno em suas mãos. Depois depositou o objeto sobre o criado-mudo. — Só restam mais algumas poucas folhas em branco que pretendo preenchê-las antes de me operar.

— Se quiser podemos comprar logo outro caderno e deixá-lo guardado.

— É uma boa idéia. Podemos fazer isso amanhã?

— Claro!... Pronto, terminei! - ela se levantou da cama com a ajuda dele que lhe estendeu a mão. — Agora só preciso pegar uma sacola grande na lavanderia e colocar essas roupas dentro.

— Se quiser posso descer e pegar pra você. Assim não fica subindo e descendo essas escadas.

Ele tinha um pavor de vê-la toda hora fazendo isso por causa da gravidez.

— Não tem necessidade, Gil. Eu faço isso e aproveito pra beber um pouco de água. - ela calçou seus chinelos. — A Shirley já foi ao supermercado comprar as coisas que eu pedi à ela?

— Já. - ele se pôs em frente a esposa e segurou em sua cintura. — Os dois me pediram pra ir com ela e eu deixei. Tudo bem?

— Sem problema. Já volto. - não resistindo, ela lhe deu um rápido beijo aproveitando que ele estava ali bem a sua frente. Logo após isso, Sara se encaminhou pra sair do quarto.

— Sara! - ele chamou quando ela já chegava a porta do quarto.

— Oi!

— Posso afastar um pouco essas roupas para o outro lado da cama, pra poder me deitar aqui? Daqui a pouco vai passar o jogo dos Dodgers e eu queria ver aqui no quarto.

Ela deu um pequeno sorriso do seu jeito de menino ao lhe pedir aquilo. Não tinha como negar seu encantamento por aquele esporte e time. Era incrível isso!

— Pode! Passe as roupas para o canto que eu durmo, só não as deixe bagunçar, por favor!

— Sim, senhora! - ele bateu continência como se fosse um soldado e ela sua superior.

Sara não pode deixar de rir disso e saiu do quarto balançando a cabeça.

Assim que ela saiu do quarto. Grissom ligou a TV. O jogo começaria em poucos instantes segundo o narrador acabava de dizer.

Grissom então aproveitou para afastar as quatro pequenas pilhas de roupas para que pudesse deitar-se. A primeira ele colocou direito assim como a segunda e a terceira, porém, a quarta que era das roupas de Sara, tombou e caíram algumas peças no chão.

— Droga! - praguejou.

Deu a volta na cama para pegar as roupas do chão. Uma a uma ele foi juntando e dobrando. Quando pegou a última peça que era uma blusa rosa já meio desbotada, sentiu como se aquela peça lhe fosse familiar, mas não se lembrava de ter visto Sara usá-la nenhuma vez durante esses meses.

Com curiosidade ele ficou encarando aquela peça.

Ela era bonita apesar de estar desbotada.

Tinha uma borboleta pintada sobre uma rosa no lado esquerdo bem na parte inferior da blusa, algumas pedrinhas nas asas da borboleta e no meio das flores.

Era estranho como aquela blusa lhe chamava a atenção.

Foi então que uns cinco segundos após estar olhando para aquela peça em suas mãos, Grissom descobriu o porquê dela lhe chamar a atenção.

 

Eu lembro o que você usou no nosso primeiro encontro

 

Você entrou na minha vida

 

E eu pensei: "Ei, sabe, isso pode dar em alguma coisa"

(Two is better than one— Boys Like Girls ft. Taylor Swift)

''O supervisor revisava alguns papéis antes do turno começar, quando ouviu duas batidas leves na porta de sua sala.

De cabeça baixa disse a quem quer que batia que entrasse.

No instante seguinte ouviu uma voz feminina lhe dizer num tom suave e doce:

Com licença??

Imediatamente, ele levantou a cabeça dos papéis que lia para descobrir quem era a dona daquela suave voz. Deparou-se com uma jovem, parada em sua porta.

Ela era linda!

Exibia um pequeno sorriso tímido e extremamente encantador. Tinha os cabelos presos em um rabo-de-cavalo que deixava bem em destaque seu rosto delicado. Usava uma blusa rosa com uma borboleta e uma calça escura muito bem justa, que moldava as curvas em seu corpo.

Inesperadamente, o supervisor sentiu seu coração acelerar e bater muito mais forte do que de costume enquanto estava olhando para aquela até então desconhecida.

Aquilo parecia loucura, uma coisa que nunca havia lhe acontecido.

Jamais tinha sentido isso ao conhecer uma mulher pela primeira vez, como estava sentindo agora por aquela jovem.

Olá! - ele resolveu se pronunciar.

Olá!... É... Gil Grissom? - ela perguntou em dúvida.

Ele apenas assentiu positivamente.

Eu posso entrar? - ela ainda se encontrava parada na porta da sala dele.

Oohh... Claro, por favor! - fez um gesto com a mão lhe autorizando a entrar.

Ela adentrou sua sala e se aproximou de sua mesa, parando bem diante do supervisor.

Em que posso ajudá-la?

Bem, um sujeito muito educado pra não dizer o contrário, chamado Ecklie, me mandou vir aqui falar com... - ela parou de falar, pois não sabia ao certo como devia se dirigir ao homem a sua frente. Se era de um jeito mais formal ou informal mesmo. Resolveu perguntar. — Como prefere ser tratado, por você ou senhor?

Você. - ele lhe respondeu prontamente.

Certo!... Então, como eu ia dizendo. Esse Ecklie me mandou vir aqui falar com você, já que será meu supervisor.

Você é a nova CSI? - questionou com certa surpresa, pois ela aparentava ser bem nova para vaga.

Sim! Por quê?... Algum problema nisso? - ela notou sua surpresa ao indagá-la.

Não!... Como se chama?

Sara Sidle! - ela então lhe estendeu a mão para cumprimentá-lo

Assim que segurou a mão dela, Grissom sentiu a pele se arrepiar, o corpo estremecer e o coração novamente acelerar agora feito um louco.

É um prazer conhecê-la, Sara! - conseguiu dizer enquanto apertava levemente sua mão.

O prazer é todo meu... Grissom!

Seja bem-vinda!

Obrigada! - agradeceu com um lindo sorriso que iluminava seu rosto. ''

— Oh, meu Deus! - Grissom exclamou sem acreditar.

Emocionado com aquilo, ele sentou-se na beirada da cama.

Lágrimas de alegria começaram a escorrer pelo rosto do supervisor.

Céus!!

Ele enfim havia conseguido lembrar-se de algo. E a lembrança não podia ter sido mais especial senão aquela em que ele tinha visto pela primeira vez a mulher com quem se encontrava casado há mais de quinze anos.

Com a visão turva pelas lágrimas, ele olhou novamente para a peça de roupa que ainda segurava.

Aquela simples e já desbotada blusa tinha sido a responsável por lhe trazer de volta a mente, algo precioso que ele havia esquecido por conta da amnésia.

Mal podia acreditar nisso!

Sara voltou ao quarto naquele mesmo instante e estranhou o fato de seu marido estar de costas para a TV que aquela altura já transmitia o jogo que ele tanto queria ver.

— Gil? - ela o chamou se aproximando da cama.

Ele ainda sentado, virou-se para a esposa.

No momento em que Sara viu seu rosto banhado pelas lágrimas, se assustou.

Imediatamente deu a volta em torno da cama e se postou em frente à Grissom, visivelmente preocupada por encontrá-lo daquele jeito.

— Gil, pelo amor de Deus! O que aconteceu? Por que está assim? - segurava em seu rosto, completamente nervosa.

Ele percebendo que a estava assustando e deixando nervosa, tentou acalmá-la.

— Querida, não fique nervosa isso fará mal aos bebês. - enxugava os olhos com uma das mãos enquanto que com a outra segurava as duas mãos da esposa.

— E como você quer que eu não fique nervosa se eu saio um instante e quando volto, te encontro assim, Grissom?

— Estou assim por um bom motivo.

— Que motivo é esse, por Deus!

Ele se pôs de pé diante dela e olhou-a bem fundo nos olhos, contou-lhe:

— Um rabo-de-cavalo, uma blusa rosa com uma borboleta e algumas flores pintadas nela, e uma calça escura.

— Quê? - ela franziu a testa em total desconhecimento ao que ele acabara de dizer.

Diante da estranheza dela ao que revelou, Grissom explicou:

— Era exatamente assim, como acabei de descrever, que você estava quando eu te vi pela primeira vez.

Silêncio!

Ela o olhou bem e deu um passo para trás. Não era assim que ela estava vestida meses atrás quando ele despertou desmemoriado.

— Quando me viu pela primeira vez? - balbuciou após uns segundos de silêncio ali entre eles.

Grissom podia ver a confusão nos olhos dela.

— Querida... - se aproximou dela. — Eu... Lembrei do dia em que te conheci, meu amor! - contou e novamente os olhos dele se encheram de lágrimas por aquilo.

— Lembrou?? - ela levou uma das mãos à boca se dando conta que ele não falava da vez em que despertou e sim, de mais de quinze quinze anos atrás. Os olhos se encheram de lágrimas assim como os dele. — Como isso aconteceu?

Ele contou da blusa dela. Mostrou a peça para ela que reconheceu, dizendo que essa era exatamente a blusa que usava quando o conheceu em sua sala no laboratório de criminalística. Depois, Grissom lhe relatou exatamente o que havia lembrado sem esquecer-se de nenhum detalhe do que conversaram no primeiro contato que tiveram em sua sala.

A cada palavra que ele ia dizendo que eles trocaram durante a primeira conversa que tiveram ao se conhecerem, Sara ia revivendo mentalmente aquela lembrança. A morena mantinha gravada em sua memória cada palavra daquele pequeno diálogo que tiveram naquele dia.

Recordava-se muito bem que ficara fascinada por ele assim que o viu, igualmente como aconteceu com ele em relação a ela.

Ao final do relato de Grissom tanto ele quanto a esposa se encontravam abraçados e chorando juntos.

O choro era de pura alegria, felicidade e principalmente, de alívio pelo fato de que talvez aquela situação de amnésia do supervisor estivesse próxima de acabar, já que ele teve o primeiro flashe de lembrança.

— Essa lembrança não me fez apenas recordar de quando te conheci Sara... - ele dizia olhando em seus olhos. — Mas também me fez redescobrir que... Eu me apaixonei por você no exato instante em que te vi, querida! - confessou antes de tomar sua boca em um beijo doce e delicado.

Seus filhos e Shirley logo que chegaram do supermercado souberam do que houve e ficaram felizes pela notícia, assim como o pessoal do laboratório, que souberam posteriormente do ocorrido por intermédio de Sara.

O médico do supervisor foi informado do ocorrido somente no dia seguinte durante a consulta que Grissom teve com ele para lhe levar os resultados dos exames que lhes foram pedidos.

Mark ficou alegre com a notícia e felicitou seu paciente por ter conseguido lembrar-se de algo. O supervisor retrucou que aquilo só fora possível por causa de uma blusa da esposa.

— Santa blusa! - o médico brincou.

Um tempo depois a consulta era encerrada e o casal Grissom se despedia do médico a quem caso não acontecesse algo de mais nesses dias, só voltariam a ver daqui a quinze dias quando aconteceria a cirurgia de Grissom.

 

****

Os dias foram se passando e outras lembranças foram voltando à mente de Grissom em forma de pequenos flashes.

A cada novo dia esses flashes iam ficando mais frequentes e maiores.

As conversas com Sara ajudavam Grissom a ter cada vez mais lembranças!

Lembranças e esperanças!

Esperanças de que logo essa amnésia que o assolara não existiria mais.

Grissom relatou em seu diário, cada lembrança que retornava a sua mente. Logo o diário estava com as folhas todas preenchidas, não restando assim mais nenhuma em branco.

Sem poder escrever mais nele, o supervisor o entregou a Sara e pediu a ela que o guardasse e só lhe entregasse aquilo quando ele recuperasse completamente a memória e não se lembrasse de que a tinha perdido, o que a esposa concordou prontamente.

Passado dois dias disso, em um despertar pela manhã, aconteceu o que inesperadamente havia acontecido cinco meses atrás, só que dessa vez ao inverso: a memória que se foi... Retornou toda!


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Notas finais do capítulo

Eu preciso esclarecer algo pra vcs. Esse fato da primeira lembrança do Grissom ser do dia em que ele viu a esposa pela primeira vez, foi o mesmo que ocorreu com o Alcino, o personegem real dessa historia ao qual me baseei pra escrever a fic.

Alcino quando teve seu primeiro flashe de lembrança foi do dia em que viu pela primeira vez Priscila, sua esposa. Primeiramente ele lembrou de uma escada. Aí vcs me perguntam escadas? Sim, escada.

Ele trabalhava em uma grafica e ela era jornalista e toda a semana eles se falavam por telefone pra resolver coisas de trabalho.

Na primeira vez que ela foi na grafica ele saiu pra atende-la e pra fazer isso ele teve que descer uma escada e enquanto descia foi que ele a viu pela primeira vez, daí ele ter se lembrando da escada primeiramente.

Esclarecido isso , eu espero que tenha agradado o cap.

Bjs e ate o proximo.