"Oh não,
Meu coração está contra o seu peito, seus lábios pressionados no meu pescoço
Eu estou me apaixonando por seus olhos, mas eles não me conhecem ainda
E com este sentimento que eu vou esquecer, eu estou amando agora".

(Kiss me - Ed Sheeran)

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Assim que Grissom entrou no consultório de Mark, duas coisas chamaram imediatamente a atenção do médico com relação ao seu paciente de meses. A primeira foi à expressão muito mais leve e relaxada, além de sorridente que Grissom trazia no rosto. E a segunda, foi o fato de ele e a esposa entrarem ali de mãos dadas, algo que nunca havia acontecido durante todos esses meses em que o neurologista tratava de Grissom.

— Ei! É impressão minha ou a Califórnia lhe fez bem? Você me parece alegre. - Mark cumprimentou Grissom com um aperto de mão.

— E eu estou alegre. A Califórnia me fez mais que bem, Mark! - sorrindo o supervisor lhe respondeu após ter trocado antes um rápido olhar com Sara que se encontrava ao seu lado.

Ela era em grande parte o motivo de ele estar alegre daquele jeito. Desde que abriu seu coração a ela e as coisas entre eles se "acertaram", Grissom se sentia imensamente feliz e alegre.

— Mas que bom isso! - o médico sorriu contente.

Durante esses meses era comum dele ver seu paciente chegar ali para suas consultas de rotinas com uma expressão para baixo e às vezes até meio mal-humorado, diferentemente, da alegre e sorridente que via agora nele.

— Sara como vai você? - o médico se dirigiu a ela que até aquele momento só observava a conversa de seu marido com o médico.

— Vou bem, doutor. Obrigada! - ela lhe sorriu e Mark podia jurar que seu sorriso parecia tão brilhante e luminoso quanto à expressão vista no rosto de Grissom.

Os três se acomodaram nas cadeiras e logo o médico quis saber de Grissom como ele tinha passado essas duas semanas.

O supervisor lhe relatou que passou muito bem, porém teve dias em que sentiu algumas vezes às incomodas dores de cabeça. Contou-lhe também todo animado sobre a viagem que fez com Sara e os filhos e do quanto ela foi boa e lhe fez bem, tanto que nos três dias em que passou lá, não sentiu uma dor de cabeça sequer e nem pontada alguma na cabeça.

— Isso não deixa de ser uma grata e agradável surpresa, já que essas dores e pontadas que sentia estavam se tornando quase que constantes, não é?

— Sim. Foi como se tudo que eu sentisse nem existisse enquanto estava lá. Não senti absolutamente nada de desconforto e também, ainda não senti nada desde que voltei de lá, Mark.

O médico apenas assentiu achando curioso esse fato, porém não achou que isso fosse algo alarmante já que Grissom se mostrava muito bem aparentemente. Após o supervisor relatar mais algumas coisas ao médico sobre o que sentiu durante esses últimos dias, Mark lhe contou que já tinha os resultados das análises e comparações que fez dos primeiros exames que Grissom fez, com os últimos que atestaram a véia entupida que ele tem na cabeça.

— E quais foram os resultados doutor? - Sara se antecipou em perguntar toda esperançosa.

Ele respondeu que os primeiros exames de Grissom não mostraram nada de véia entupida neles, então, dessa forma, não havia ligação alguma entre a perda de memória que Grissom teve, com o quê se descobriu há poucas semanas em sua cabeça.

— Isso quer dizer, que voltamos à estaca zero, sobre o possível motivo que me fez perder a memória?

— Infelizmente sim, Grissom! - Mark falou com pesar. Queria muito dar boas notícia a seu paciente, mas infelizmente essa era a verdade e não podia enganá-lo.

Por incrível que pareça essa resposta de seu médico não deixou Grissom abalado. No fundo algo lhe dizia que seria isso que ouviria. Achava difícil que uma coisa estivesse ligada a outra, já que essa véia entupida só aparecera agora.

— Sendo assim, vou continuar desmemoriado após a cirurgia que fizer, não é?

— É bem provável que sim!

— Responda-me honestamente Mark... Você acha que algum dia ainda vou recuperar a memória?

O médico o encarou. Depois olhou rapidamente para Sara.

— Sim. Por que, você não acha isso?

— Sinceramente, às vezes acho que não. Faz mais de quatro meses que estou assim que tenho a impressão de que vou ficar desta forma pra sempre.

— Ei, não diga isso, Gil! - Sara segurou em sua mão. Não conseguiu escutar aquilo que ele disse e ficar calada. Ainda que estivessem diante de seu médico, ela tinha que dizer algo. — Você vai, sim, recuperar a memória! Talvez demore mais um pouco ou talvez não, mas tenho certeza que vai se recuperar e é assim que tem que pensar também.

— Sua esposa tem razão, Grissom. Assim como perdeu a memória de uma hora pra outra, pode muito bem recuperá-la dessa mesma forma.

— Eu sei disso. Mas quer saber de uma coisa, Mark?... - ele olhou rapidamente para Sara que o observava, depois voltou sua atenção ao bom médico e continuou sua fala. — ... Se caso minha memória não voltar mais e eu ficar pra sempre desmemoriado, não vou me importar. É bem verdade que se isso me acontecer nunca mais teria de volta muitas lembranças de minha vida, mas posso construir outras novas lembranças como já estou construindo. E acho que dentre tudo o que foi apagado da minha mente, eu já consegui redescobrir o mais importante... O amor pelos meus filhos que se tornaram minha paixão e pela minha esposa, por quem sou completamente apaixonado, Mark!

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Logo que eles entraram no carro para irem embora para casa, Sara não pensou duas vezes em fazer o que lhe deu vontade de fazer instantes atrás, quando ela e o marido ainda se encontravam no consultório de Mark, e Grissom confessou ao médico sobre o amor que tinha redescoberto pelos filhos e por ela.

Pegando o marido completamente de surpresa, ela o beijou apaixonadamente.

Como não esperava por esse "ataque" delicioso da esposa, Grissom demorou uns segundos para retribuir ao beijo, mas logo depois que fez isso, aquele beijo se transformou imediatamente em algo intenso e profundo, cheio de amor e paixão. E que só teve fim, porque respirar se tornou algo necessário.

— Uau! Foi muito além do que eu pretendia que fosse! - Sara murmurou, sorrindo assim que seus lábios se separaram dos deles.

— Céus! - ele exclamou ofegante, tentando se restabelecer e se situar de onde se encontrava após esse beijo arrebatador que o deixou meio perdido. — Sara, isso foi muito bom! ... E de tirar o fôlego, literalmente!

Os dois acabaram rindo. Realmente o beijo havia sido algo de tirar o fôlego. Talvez se a vontade de respirar não tivesse falado tão alto, era bem possível que ainda estivessem presos, um aos lábios do outro.

— Achei que essa seria uma boa forma de retribuir suas palavras de instantes atrás. Só não pensei que minha retribuição fosse ganhar essa proporção toda. - confessou com um meio sorriso.

— Oh, pois eu adorei que tenha tido essa proporção! - seu sorriso foi tão largo que ela não resistiu em lhe roubar mais um beijo, só que esse foi bem rápido.

— E eu também sou completamente apaixonada por você! - ela lhe confessou baixinho após o beijo roubado.

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Shirley estava na cozinha preparando o almoço quando ouviu as vozes de Sara e Grissom que acabavam de chegar em casa. O casal logo já aparecia ali na cozinha, onde à empregada se encontrava.

— Oi, Shirley! - os dois a cumprimentaram.

— Oi! O que é isso? - Shirley apontou para a sacola posta por Sara sobre a mesa.

— Morangos! - contou a morena tirando de dentro da sacola duas caixas com as frutas vermelhas.

— Ela sentiu desejo de comer morangos no caminho pra casa. Então tivemos que parar no supermercado pra comprá-los. - Grissom contou com um sorriso.

A empregada riu enquanto via Sara saborear os morangos com muito gosto. Depois resolveu perguntar sobre como tinha sido a consulta de Grissom. Se o médico tinha encontrado relação entre a perda de memória que seu patrão tivera com a véia entupida que aparecera em sua cabeça.

— Infelizmente ele não encontrou nada, Shirley. Voltamos à mesma, sem saber o que causou minha amnésia.

— Sinto muito, doutor Grissom. Mas tenho fé que logo isso se solucionará e o senhor recuperará sua memória de novo.

— Eu disse quase a mesma coisa pra ele.

— E quanto a cirurgia, ela vai ser mesmo feita?

— Sim. Essa semana vou fazer alguns exames que o médico pediu e dentro de quinze dias estarei me operando. - ele contou a contragosto.

Não queria fazer essa operação por se tratar de ser na cabeça. Tinha medo de que algo desse errado e não voltasse da cirurgia.

— Vai ver como dará tudo certo, doutor Grissom!

— É o que eu espero!

Um tempo depois as "crianças" chegaram da escola. A família almoçou junta e em seguida, Sara foi trabalhar.

Durante a tarde, Grissom aproveitou que Matt estava entretido vendo TV para assim escrever em seu diário. Relatou os últimos acontecimentos de quando ainda estavam na Califórnia e também sobre sua consulta de hoje. Ele não deixava nada de fora para que assim quando acontecesse de recuperar a memória e por acaso, não lembrasse de que a tinha perdido, pudesse saber exatamente de tudo que lhe aconteceu e o que passou durante esse período.

Cinco dias se passaram e tudo seguia tranquilo na casa Grissom até que algo inesperado aconteceu... A primeira lembrança de Grissom veio a sua cabeça e graças a um objeto que pertence à sua esposa.