O bolo que eles preparam estava... Bom. Tirando que eles queimaram a parte debaixo, mas não deu muito pra perceber.

Eram quase 9 da noite quando Daniel chegou. Dylan havia ido se encontrar com Cloe e Mia estava no quarto desenhando. Ele entrou devagar e silenciosamente.

- Oi – ele disse.

- Olá. – falei – Quer um pedaço do bolo? – ele sorriu e assentiu – Só um aviso: Seus irmãos queimaram a parte debaixo, então não estranhe esse gosto.

Ele riu e começou a comer. Sentei-me ao seu lado e perguntei:

- Voltou para a casa?

- Não, fiz aquelas coisas que você não está autorizada a saber. – ele falou.

- Tá bom, desculpa. – falei brincando.

Ele deu um riso abafado e me olhou por um tempo.

- O que foi?

- Nada.

- Fala! – eu disse.

Ele respirou fundo e falou:

- Hoje, na floresta, eu vi que os seus olhos estavam...

- Arco-íris? – completei. Ele assentiu – Mia também já tinha visto. De vez em quando isso acontece, é normal.

- É estranho, você quis dizer. – ele corrigiu. Bati no braço dele e rolei os olhos.

- Tá, é estranho. – sorri e ele também.

Levantei-me da cadeira, estava prestes a ir pro quarto quando ele me puxou pelo braço.

Fiquei cara a cara com ele. Acho que ficamos sem dizer nada durante algum tempo, e todo esse tempo, aqueles olhos verdes me fitavam. E então ele finalmente disse:

- Abby eu...

Quando ele ia completar, a porta se abriu. Daniel se afastou rapidamente de mim e foi para o seu quarto. Vi que Dylan tinha chegado, sorri pra ele, peguei um copo d’água e também fui para o meu.

Fechei a porta, mas senti que alguma coisa não deixava que ela fosse fechada:

- Abby, deixa eu entrar. – falou Dylan. Percebi que era o pé dele que impedia a porta de ser fechada e a abri de novo.

- Oi. – foi a única coisa que falei.

- O que tá acontecendo entre você e o meu irmão? – ele perguntou alegre.

- Não está acontecendo nada. – garanti à ele. – Nós só somos amigos.

- Não foi isso que eu vi lá na sala. Vocês não pareciam ser SÓ amigos. – ele lançou um olhar de “Tá acontecendo mais alguma coisa”.

- Pois nós somos SÓ amigos, sim. – eu disse. – Nós só passamos o dia juntos e vocês já acham que há algo mais? Se fosse assim, então eu e você também seríamos MAIS que amigos.

- Mas eu tenho namorada, ele não. – ele falou. Aquela conversa já estava me irritando – Abby, você é a única pessoa que ele levou para conhecer a floresta.

- Ele confia em mim.

- Ele mal te conhece.

- Você também mal me conhecia e me trouxe pra cá! – gritei. Ele ficou parado durante um tempo me olhando.  Foi só então que percebi que havia quebrado o copo que estava na minha mão. – Co-como eu fiz isso? – perguntei chocada.

- Eu não sei. – ele falou. Estava tão perplexo quanto eu.

- Dylan, por favor, me deixa sozinha. – pedi.

Ele assentiu e saiu. Comecei a catar os pedaços de vidro no chão. Desconfiada como uma 7, resistente como uma 3, parecida fisicamente com uma 4 e forte como uma 5. Estava cada vez maior essa lista.

Joguei os cacos de vidro fora e deitei-me na cama. Em menos de 5 minutos, eu já estava dormindo.

Acordei na manhã seguinte às 9 horas. Arrumei-me e fui para a cozinha, onde Daniel me esperava.

- Tá atrasada. – ele falou.

Fiquei um tempo sem entender e então lembrei da floresta.

- Desculpa, é que eu me esqueci. – me desculpei.

- Tudo bem. – ele disse, jogando uma maçã na minha direção – Vamos?

Agarrei a maçã e a mordi.

- Vamos. – concordei.

Saímos e entramos na floresta. Sorte nossa que nenhum 7 estava por lá, ficaria difícil de correr, já que na noite passada havia chovido e a floresta estava cheia de lama.

Paramos em frente ao lago. Dessa vez apenas nos sentamos, encostados nas árvores atrás. Começamos a jogar pedras na água, só para ver se elas batiam e pulavam. Tentativas frustradas.

Virei-me para Daniel e perguntei:

- O que ia me dizer ontem?

Ele parou de jogar pedrinhas e ficou calado durante um tempo.

- Ontem eu ouvi a sua conversa com o Dylan... E ele está certo.

Tentei me recordar da conversa, em alguma coisa em que Dylan tenha me dito que eu achei que estava correto.

- Certo em...?

Ele respirou bem fundo e finalmente disse:

- Eu não quero que sejamos SÓ amigos. – ele falou. Não sei se fiquei mais surpresa, ou mais chocada.