Crônicas De Um Casal Assassino escrita por Alexandria Manson


Capítulo 8
Capítulo 8- Beatriz




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Matheus demorou muito para voltar.

Algumas horas formadas por infinitos minutos de solidão acorrentaram novamente a alma de Beatriz em sua única companheira durante anos: a dor.

A dor de estar sozinha, a dor do passado, a dor da derrota. A dor de seus pensamentos, a dor do futuro, a dor de saber que arruinou sua própria vida, e toda a felicidade que nela existiu.

Todas as suas ilusões vieram à tona nas horas que passou sem seu único amigo. Depressão. Maldita depressão. Sua depressão era um poço sem fim, onde Beatriz caía nesse exato momento. A felicidade a abandonou na queda.

Saiu de casa na esperança de encontrar Matheus, ou qualquer idiota que estivesse disposto a ser morto por meia dúzia de palavras. Assassinato. Murder. Mord. Asesinato. Homicidium. Tantas formas diferentes de traduzir “sofrimento”. Um assassino sofre. Sofre, e como um ato de piedade, espalha o obséquio sombrio de abreviar a dor causada pela vida.

Não encontrou o Matheus. Não encontrou ninguém disposto a se livrar das frustrações com que sofreu. Ninguém além de si mesma. Pensou por um momento em cometer suicídio. Não seria suicídio... Seria apenas eutanásia.

No fim daquele dia ela estava viva. Viva e fugindo de sua cidade.

Matheus chegou em sua casa no fim da tarde. Parecia leve, porém não pronunciou nenhuma palavra para anunciar sua chegada. Sem brincadeiras, sem sorrisos. Matheus?

— Você está bem, Matheus? ­— perguntou Beatriz, olhando para o estranho que ocupava o corpo de seu amigo.

— Eu não sei Beatriz. Eu precisava respirar, mas... — o ar fugiu de seus pulmões? Faltavam palavras para expressar os sentimentos de Matheus. Beatriz não se importou, apenas assentiu, compreendendo as palavras que nunca existiram.

Passado algum tempo, bateram na casa de Beatriz. Mas que estranho... Quando atendeu a porta, um grupo de aproximadamente vinte homens a esperava. Beatriz fechou a porta e deslocou seu sofá de modo que este impedisse a entrada dos homens.

Beatriz começou a sinalizar para que Matheus a ajudasse com algumas roupas e suas armas. Quando a mala de Beatriz estava pronta, Matheus pegou seu dobermann pela coleira e fugiram sorrateiramente pela porta dos fundos, rumo à casa de Matheus. Matheus não compreendia o acontecido, mas seguia Beatriz sem fazer nenhuma pergunta.

Quando conseguiram arrombar a casa de Beatriz, os dois já saiam da cidade.


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