POV Sophie

Que legal, tanta gente na escola e eu tinha que ficar justo com a esquisitona incomunicável. Se há alguém que você realmente não quer ter como companhia é Marriete Luvrier, ela literalmente deixa mais que claro que não gosta da companhia de ninguém. Acho que a única companhia que ela realmente preza é a do verdelhão que esta sempre sobre seu ombro, mas agora ela precisava, mesmo contra a vontade, se comunicar, eu não sabia o que a gente ia encontrar por ali e infelizmente éramos uma equipe. Descemos a depressão de solo íngreme e ela parecia ter completo domínio em cima daquele coturnos de salto que vestia sobre a meia rendada, a saia preta de babados e a blusa justa de alça davam-lhe um ar gótico, um pouco parecido com o da Sharon.

– Por onde vamos começar? - Arrisquei perguntar.

– Qual é a da loira? - Ela falou ignorando-me completamente;

– A Sharon? Não sei...

– Tem algo errado com ela...

– Tem algo errado com muita gente por aqui...

Ela me lançou um olhar mortal. A garota era sinistra, não havia simpatia no mundo que a fizesse ser o mínimo do cordial, revirei os olhos tentando encontrar o cristal em algum lugar quando vi o resquício de brilho sobre uma rocha logo mais a frente em uma depressão, subi tomando cuidado com o solo íngreme e não demorei a encontrar a pedra branca, transparente e iluminada. Quando toquei sua superfície olhos abriram-se na rocha que me atirou longe.

– Droga o que diabos é isso? - Esbravejei colocando a mão na cabeça apertando o cristal com força.

– Vamos... AGORA!

Marriete me ajudou a levantar bem na hora que aquela coisa golpeou o lugar onde eu caíra, saímos correndo por entre as árvores com pressa enquanto olhávamos constantemente para garantir que aquele monstro não estava atrás de nós.

– Armadilhas? Aquele professor não tava falando sério não é?

– Então como você chama aquilo lá atrás? - Perguntei irritada.

– Assassinato caberia melhor!

– Ok, pelo menos nisso concordamos. Vamos... Ainda faltam dois cristais.

– É... E duas armadilhas. – Ela pronunciou a última palavra com um evidente sarcasmo.

POV Calleb

Eu não podia mentir sobre minha felicidade em estar com Jessica, desde o começo a química entre nós foi imediata. Nós ficamos com a ala oeste do campado, havia muitas árvores e depressões quase nos dava a nítida impressão que estávamos dentro de uma floresta. A vegetação densa e o solo perigoso me deixavam na dúvida quanto a achar aquela caçada emocionante, monótona ou perigosa. Nós caminhávamos com calma, afinal se havia mesmo cristais suficientes, não havia porque pressa.

– Qual é o objetivo disso? - Ela me perguntou aparentemente impaciente.

– Sinceramente, não sei. Acho uma perda de tempo!

– O que achou da reunião de hoje?

– Sobre a Sharon?

– Sim...

– Não sei... Não consigo ver nada errado com ela.

– Isso porque você não a viu ontem... Por um momento, ela realmente chegou a me assustar.

– O que há entre vocês? Por que não gosta dela?

– Eu não sei... Apenas sinto uma repulsa enorme por ela...

Abri a boca em um bocejo preguiçoso quando Jessica me parou e ficou em alerta

– Shh... Está ouvindo?

– Não, o que é?

– Os ventos estão se agitando... Tem algo errado.

Mal ela fechou a boca e o monstro enorme apareceu, eu nunca havia visto nada igual em toda a minha vida, ele era gigantesco, tinha longos e afiados chifres e a pele avermelhada como o sangue, no meio da sua testa algo reluzia ele grunhiu soltando um bafo pavoroso que nos derrubou no chão.

– Tem um cristal na testa dele.

– ótimo, vamos tirá-lo de lá!

– Ta de brincadeira? - Eu perguntei incrédulo.

– Ta na hora de esquecer um pouco essa sua preguiça Calleb, finalmente essa tarefa chata ficou divertida!

Jessica levantou tirando um par de adagas de dentro de um suporte que tinha sob a roupa e correu em direção da coisa.

– Ela é doida! - Exclamei enquanto me levantava para ajudá-la. - Algum plano? - Gritei.

– Ataque!

Ela falou enquanto avançava sobre a fera golpeando-a na barriga com uma das adagas e sendo imediatamente lançada em cima de mim, o monstro parecia cada vez mais furioso, tirei uma das facas da mão dela me preparando para atacá-lo o rugido dele era ensurdecedor e me causava ao mesmo tempo que raiva, dor de cabeça. Jessica puxou arco e flecha e acertou exatamente a testa da criatura fazendo o cristal desprender-se caindo ensanguentado um pouco na frente da coisa que enfureceu-se.

– Ótimo trabalho agora vamos tentar viver! - Falei.

Ela correu até ele e dando um salto em cima de uma rocha tomou impulso para cair sobre a cabeça da criatura enterrando a espada no ferimento causado pela flecha, com um urro, o monstro caiu lançando Jess no chão e em segundos se desfez na nossa frente.

– Tudo bem? - Perguntei me aproximando.

– Pronta pra outra. - Ela falou ofegante.

– Nem brinca com isso!

POV Lauren

Desde o início eu sabia que o objetivo daquela tarefa era ver como nos saíamos sem usar nossos dons, por isso eu andava cautelosa esperando encontrar qualquer coisa ou mesmo esperando que qualquer coisa nos encontrasse. Por algum motivo desconhecido por mim Andrew andava calado, como se estivesse pensativo. Preferi não interrompê-lo quando pisei em uma armadilha e fui suspensa em uma árvore, homens apareceram e seguraram Andrew por trás, um deles, provavelmente o líder, apareceu em seguida, os dentes amarelados quase podres, roupas de couro aparentemente feita com pele de animal, e um fedor insuportável.

– Ora, ora, ora... O que temos aqui?

– Quem é você? - Andrew perguntou nervoso.

– Eu faço as perguntas por aqui playboy! Quem são vocês?

– Alunos do Instituto Charles Davis. - Respondi.

– Interessante... E o que fazem por aqui.

– Ah a gente se cansou de assistir aula e veio passear! - Andrew respondeu sarcasticamente.

– Calem a boca dele.

Nesse momento um dos homens deferiu um soco no estômago de Andrew que pendeu para frente sem ar.

– Não deveria ter feito isso! - Falei furiosa.

– É mesmo? E o que você vai fazer?

Lembrei nesse momento que éramos proibidos de usar nossos dons, manejei meu corpo com habilidade puxando um punhal de dentro da bota e cortando a corda, cai em posição de ataque e avancei sobre o possível lider do bando, ele se defendeu cortando meu braço com a espada aparentemente lutava muito bem, mirou o facão no meu pescoço e o barrei com meu braço usando o peso do seu corpo contra ele imediatamente quando ele forçou enterrei o punhal na sua barriga empurrando-o no chão, os demais avançaram e um a um eu os deti, Andrew deferiu um soco no homem que o bateu lançando-o contra uma das árvores quando caiu um cristal de dentro do seu bolso. Cansados nós paramos um ao lado do outro.

– Mas que droga de escola é essa?! - Ele falou furioso.

– Eu não sei...

POV Alisson

Duas horas. Ja havia duas horas que eles estavam dentro da floresta e eu monitorava cada movimento deles dentro do bosque, eram muito talentosos e espertos, cheios de energia e mesmo que a tentação ou mesmo necessidade fosse enorme, eles não se renderam a tentação de usar os dons em nenhum momento. Sharon Blackmore era minha vigia mais preocupante, mas até aquele momento nada havia se manifestado nela o que poderia ser algo bom, ou não. Eles foram os primeiros a chegar com os três cristais.

– Muito bem alunos. Dê-me um e fiquem, cada um com um cristal.

– E o que isso faz? - Mathew perguntou.

– Esse cristal é tanto um canalizador de energia como uma lente de aumento para suas habilidades, junto a outro cristal eles convergem os dons de vocês tornando-os um só, pode ser algo de grande valia em alguma situação.

Sharon me lançou um olhar de dúvida e apenas caminhou até o lado do campo sentando-se na grama sendo seguida logo por Mathew. Aquela garota era uma grande preocupação, dentro dela havia algo que podia destruir tudo e nos condenar para sempre. Os demais alunos foram chegando aos poucos, alguns bem machucados, mas todos cumpriram com bravura a missão de encontrar os cristais de Aurora.

– Muito bem alunos, sei que estão se perguntando o motivo de eu os ter mandado enfrentar todas essas situações. Vocês não estão aqui por acaso, estão sendo preparados para algo muito maior que a sua imaginação consegue prever.

– Como assim? - Lauren perguntou.

– Não queiram se preocupar com isso agora... Apenas treinem e deem o máximo que puderem, quando forem capazes de ter completo domínio sobre vocês mesmo conseguirão atingir o mal ao lado de vocês e o mal que os aguarda fora desses portões. Dispensados.