Joseph queria ser paciente com a filha, mas aquilo já era demais. Todos os dias Susana chegava tarde e sempre com as roupas sujas, mas agora ela ultrapassou todos os limites, chegar completamente bêbada isso já era demais.

- Susana eu juro que já não sei o que fazer com você. Vou deixar seu pai resolver isso, você só me dá desgosto em vez de ser um exemplo para seus irmãos está se tornando uma... Nem sei mais o que você é, juro que não te reconheço mais. - Helen estava com os nervos à flor da pele.

- Me explica Susana! - Joseph estava furioso, ele nunca teve o que reclamar de Susana, mas agora ela não era mais sua menininha. - Que cheiro é esse de bebida? Anda fala! - ele estava colérico e descontrolado.

- Pai, por favor, não brigue com ela. - rogou Lúcia com pena da irmã, mesmo sem entender suas estranhas atitudes.

- Não se meta nisso Lúcia, vá para o seu quarto.

Joseph puxou Susana pelo pulso machucando-o sem saber que já estava ferido, Susana soltou um pequeno gemido de dor e os cigarros caíram de seu bolso. Helen ficou horrorizada ao ver cigarro cair no bolso de sua filha, e deu um tapa na menina. - O que é isso Susana? - Helen estava histérica.

Isso eu não vou suportar na minha casa! - Joseph tirou seu cinto, jogou Susana no sofá e lhe acertou três vezes.

- Pare com isso Joseph, vai machucar nossa filha! - gritava Helen com medo de que o marido machucasse muito Susana.

- Como você pôde? - disse Joseph chorando. - Nós fizemos tudo por você. - ele soltou o cinto, pois se sentia um monstro, ele nunca tinha batido nos filhos antes.

Susana via a mágoa nos olhos dos pais, mas ela não tinha culpa e não sabia o que fazer. Pior do que apanhar diariamente na escola, era voltar para casa e ouvir as piores acusações de sua família. Se ela não podia contar com o apoio de seus pais com quem mais ela contaria?

Ela tinha esquecido que Edmundo também estava em uma enrascada, mas se lembrou ao ouvir a campainha. Edmundo chegava todo machucado com marcas de agressões pelo corpo deixando Susana e os pais horrorizados. O coitado gemia de dor e Susana pôde perceber que o canivete foi usado, pois o supercílio de Ed estava cortado.

- Meu deus será que as desgraças dessa família nunca acabam? - Helen foi ver o estado do filho.

- Edmundo meu filho o que ouve? Você não ia fazer um trabalho com seu amigo? - perguntou Joseph colocando o filho confortavelmente no sofá.

- Sim pai eu esperei ele, mas ele não chegou e aí vieram uns garotos da escola uns playboyzinhos e me pegaram.

- Susana suba para o seu quarto, depois veremos o que faremos com você. - disse Helen e Edmundo tapou o nariz percebendo o forte cheiro de álcool.

...

- Su o que está acontecendo com você mana? Por que você não anda com aquelas meninas? Elas parecem legais. - disse Lúcia inocentemente sem conhecer verdadeiramente a turma de Alice. - Pedro e eu estamos muito preocupados com você. Susana responde, diz alguma coisa, deixa eu te ajudar.

Susana correu para o banheiro para tomar banho ela precisa ao menos chorar em paz.

Quando Susana deitou na cama, mas uma vez as lágrimas invadiram seus olhos. Nesses últimos dias sombrios essas lágrimas foram sua única companhia, Susana se lembrou de como Aslam também sofreu no dia em que seria sacrificado, zombaram dele, cortaram sua juba e lhe mataram, a aflição que Susana sentia era a mesma do nosso querido filho do imperador além-mar. Susana deixou seu pessimismo de lado e teve fé de que tudo ia melhorar, Aslam era bom e ressuscitou, o mesmo aconteceria com ela pelo menos assim ela acreditava, Susana era uma boa pessoa e a justiça um dia seria feita. E assim ela dormiu esperando o dia seguinte.

Continuar/ Oficina G3

http://www.youtube.com/watch?v=IX7HBSzOij0

Você veio a mim com suas cicatrizes no pulso

Você me disse que esta seria a última noite se sentindo desta maneira

Eu vim apenas para dizer adeus

Eu não queria que você me visse chorando, eu estou bem

Mas eu sei que é mentira

Esta é a última noite que você passará sozinho

Olhe-me nos olhos então eu sei que você sabe

Eu estarei em qualquer lugar que você quiser que eu esteja

A última noite que você passará sozinho

Eu envolverei você nos Meus braços e não o deixarei partir

Eu Sou Tudo

Você precisa de mim para ser

Seus pais dizem que tudo é sua culpa

Mas eles não te conhecem como Eu conheço

Eles não te conhecem totalmente

Eu estou tão cansada de quando eles dizem:

Isto é apenas uma fase, você ficará bem. Você está bem

Mas eu sei que isto é uma mentira

A noite é tão longa quando tudo está errado

Se me der uma chance

Eu ajudaria você a superar isso

Esta noite

Esta noite

Eu não deixarei você dizer adeus

E Eu serei sua razão

A última noite longe de Mim

Longe de Mim

Susana chegou tarde mais uma vez, seus pais acharam melhor nem dizer nada para não haver briga. Susana não quis jantar e foi direto para o seu quarto, sua cabeça doía muito, muito mesmo parecia até que ia explodir. Susana guardou seu diário em uma caixinha onde ela guardava as cartas e músicas que fez para Caspian. Nem quis tomar banho, pois a tonteira era muito grande, só em lembrar no que aconteceu neste terrível e pesado dia sua cabeça já doía, essa foi à enxaqueca mais severa que Susana teve em sua vida, ela achava que precisava ir ao médico ver se estava tudo bem, mas não queria que seus pais soubessem. Ela deitou na cama, e se virou para a parede, e fez o que os terríveis anos lhe ensinaram: chorou como se precisasse esvaziar uma cachoeira dentro de si.

Leitor tenho certeza que você e eu pensávamos que o maior pranto de Susana foi quando ela perdeu toda a sua família, pensávamos que foi quando ela confessou suas brigas com seus irmãos a Robert, pensamos que foi quando ela foi visitar Lúcia no cemitério, ou quando Benjamim esteve à beira da morte, e também não foi quando descobriu que Tumnus era seu pai. Seu maior, mais longo, e mais doído choro foi naquela noite.

- Por que você me abandonou Aslam? por que? - ela gemia bem baixinho. A dor era muito grande e Susana se sentia muito sozinha, Aslam prometeu a Pedro e a ela quando foram embora que sempre cuidaria deles, e prometeu o mesmo a Edmundo e Lúcia, mas por que Aslam não via seu sofrimento?

- Você não podia ter me deixado! ahhhhhhhhh dói tanto. - mas a pior dor não era as que ela levou daquele grupinho e nem de seus pais, a pior dor era saber que tinha sido esquecida pela pessoa em que ela mais confiava: Aslam.

A cada segundo que Susana pensava em Nárnia e nas agressões vividas naquelas semanas, sua cabeça respondia com uma enorme enxaqueca. Aproveitando que Lúcia ainda não tinha subido para dormir Susana levantou da cama e teve um ataque.

- Sai da minha vida! - ela gritava cambaleando de tanta tontura. - Não quero mais saber de Nárnias, Caspians e nem Aslams. Todos vocês me abandonaram. - e ela caiu na cama, pensar nessas coisas faziam seu coração doer imensamente. Como prometeram deixá-la em paz depois daquilo, Susana resolveu que não pensaria mais nem Nárnia e nem em seu terrível sofrimento causado pelos ´colegas´´. Assim era bem melhor, quando a gente pensa muito em uma coisa triste isso só nos machuca então Susana resolveu que não pensaria em mais nada disso. O mesmo é quando não somos amorosamente correspondidos, por exemplo: é melhor não pensar e nem mencionar mais o nome da pessoa amada, porque tem coisas que só machucam quando nossos olhos estão abertos, então Susana resolveu que taparia para sempre os seus olhos com a incredulidade.

No dia seguinte tudo ocorreu normalmente, ela ainda sentia muitas dores na cabeça, mas não disse nada. Seus pais não lhe fizeram perguntas, ela tomou o café da manhã, pois estava com muita fome e foi para a escola.

- Pensamento positivo Susana, vai dar tudo certo! - pensava ela.

Na escola as meninas fugiram que não a conheciam e Susana fez o mesmo, o melhor era fazer de conta que aquelas coisas nunca aconteceram. Ninguém mais quis mexer com ela, com medo de que ela revelasse alguma coisa e fossem expulsos da escola ou castigados pelos pais. No recreio Susana encontrou Chad.

- Su eu tenho uma boa notícia. Conversei com meu pai sobre você e hoje ele vai à casa dos seus pais.

- Chad você não podia ter falado nada para ele sobre isso.

- Mas eu não falei, é outra coisa eu arrumei uma solução para nossos problemas.

- Obrigada Chad, você é o meu melhor amigo.

- Você é a melhor pessoa que eu conheço Susana. Se fosse outra pessoa zombaria de mim por minhas preferências e contaria tudo ao meu pai, mas você me compreende.

...

O Sr. Condor foi à casa dos Pevensie e conversou com os pais de Susana que aceitaram a proposta que ele fez. Chad pediu ao seu pai para estudar em Paris com Susana, no melhor colégio de lá e o Sr. Condor aceitou, afinal Susana era uma menina muito simpática e era grande amiga de seu filho. Condor disse que pagaria todos os estudos e despesas de Susana em Paris dando-lhe uma boa mesada mensal, os Pevensie aceitaram de bom grado, pois era uma oportunidade imperdível, agora eles só precisariam cuidar dos estudos dos outros três filhos e como Susana estava dando tanto trabalho em Finchley a melhor solução era leva-la para longe dali. Chad também foi com seu pai para dar a notícia para Susana, e esta se sentiu a garota mais sortuda do mundo porque em meio a tanta dor ela podia contar com um grande amigo, e seu sonho era visitar Paris algum dia, e agora saber que moraria, estudaria lá tendo do bom e do melhor era tudo para ela. O Sr. Condor acertou tudo com o colégio e a moradia, eles morariam com a tia de Chad, ela tinha 26 anos e fazia faculdade de moda. Em uma semana eles já estavam partindo, Susana se despediu dos irmãos e seus pais que já estavam sentindo saudades dela.

- Tenha juízo minha filha. - dizia Helen que mais uma vez se despedia da filha (a primeira vez foi quando eles foram para a casa de Digory).

- Eu vou me comportar bem mãe. Eu prometo.

- Assim eu espero minha filha, estudo bastante e se divirta. - dizia Joseph.

- Você vai ligar todos os dias não é Susana? - perguntava Lúcia abraçando a irmã.

- E mande cartas também, contando as novidades. - pediu Edmundo.

- Se cuida maninha, boa sorte com o novo colégio. - disse Pedro.

- Eu vou sentir muita falta de vocês! - disse Susana antes de partir.

...

Quando Susana chegou a Paris se sentiu a pessoa mais feliz do mundo, lá ela se esquecia de todas as suas tristezas e estava disposta a refazer sua vida e sua autoestima. Ela foi muito bem recebida pelos franceses e pela tia de Chad, que a tratara muito bem e se tornou sua amiga, a nova escola era incrível, Susana era querida por todos e logo no primeiro dia Chad e ela fizeram muitos amigos, todos os dias eles faziam compras, iam a restaurantes, lanchonetes, sorveterias, iam ao cinema, ao museu do Louvre, passeavam de barco pelo rio Sena, iam a Torre Eiffel, enfim havia muitas coisas para se fazer em Paris. Susana e Chad estavam muito felizes, agora Chad não precisava esconder suas preferências e Susana estava ficando muito popular, dinheiro não faltava, amigos por todos os lados, convites todos os dias, mais vestidos do que o closet suportava e festa toda a semana. Sua vida estava ficando perfeita, Susana foi mudando e se descobrindo, sua vaidade foi crescendo e sendo alimentada pelos maravilhosos cosméticos parisienses. A popularidade de Susana só crescendo e a cada dia que passava mais pretendentes milionários a cortejavam, mas ela queria esperar o cara certo. Às vezes Robert ia visitá-la em Paris com saudades, ele sempre inventava um pretexto para ir a França vê-la, no começo ele sentia ciúmes de Chad, mas o moço confessou que era homossexual, deixando Robert mais tranquilo.

Bom resumindo, com muitas festas, amizades novas, roupas a vontade e com muito dinheiro, Susana foi se esquecendo de todas as dores que já passou e por consequência ela também se esqueceu de Nárnia. Seu coração foi tomado pela vontade de se descobrir, conhecer pessoas e lugares novos, tentar ficar a cada dia mais bela, mesmo com tudo isso ela estuda muito com Chad e os amigos e só tiravam notas boas. Sua mãe foi ficando muito satisfeita com o resultado de suas notas, e suas novas conquistas sociais. A cada dia a popularidade de Susana em Paris só crescia, vários franceses queriam casar seus filhos com Susana, mas a moça era difícil, com tanta felicidade e conquistas em menos de 6 meses, Susana havia se esquecido completamente de Nárnia.

Todas as noites que ela passava acordada pensando e chorando por Caspian e pela vontade de estar em Nárnia, foi substituída pelas noites mágicas de Paris. Aquela tarde maravilhosa e única que ela passou com Caspian foram esquecidas pelo pôr do sol parisiense, e todas as suas lágrimas causadas pelo dor das humilhações causadas pela inveja daquelas meninas foram substituídas pelas novas amizades e sua popularidade. Aquela pancada na cabeça ainda doía e boa parte da culpa pelo total esquecimento foi causada por ela, na França Susana foi ao médico e ele disse que ela devia esquecer todas as suas preocupações e estresses para que sua melhora fosse possível e como essa sempre foi à vontade de Susana, ela seguiu a receita do médico, olvidando todos os seus dias gloriosos como a rainha gentil.