Eles se cumprimentaram, e entraram no carro. O maior deles, moreno alto, de cabelos grandes jogados para o lado, se sentou ao volante. Eles pareciam bem. Gabriel se despediu de sua família, e do seu irmãozinho com um rodopio no ar, e olhou pra cá. Ele me viu, e mandou um beijo, e fez um coração. Fiz o mesmo, e os amigos dele olharam pra mim, e ficaram babando, é. Gabriel deu um tapa na cabeça de cada um, e eles riram. Bom, acho que vai ser divertido ne. Pelo menos pra ele. Ele entrou no carro, e acenou para mim. E enfim, o carro se foi. Sai da janela, e fui ao banheiro. Tomei um banho demorado, e fiquei pensando mais e mais. Depois sai do banheiro, e vesti meu pijama. Parei na frente do espelho, e fiquei me olhando, passando a mão na minha barriga de leve. Quando em dei conta, já estava chorando.

A campainha tocou, e eu enxuguei minhas lagrimas. Era a Rafa, então eu abri pelo interfone mesmo, e ela entrou. Ela subiu, e veio até meu quarto, eu estava sentada na cama, procurando alguma coisa boa na TV.

- Oi minha futura mamãe, como vai? – ela sorriu, me abraçando.

- Nem me lembra disso – disse virando a cabeça.

- Tá bom, tá bom. – ela disse voltando de costas para a porta – Oi Ju, como vai? – ela voltou, e me abraçou.

Começamos a rir.

- Vou mais ou menos, e você?

- Ah, eu to bem – ela se sentou na cama.

- Ué, o Gabriel saiu? – ela perguntou.

- Aham, ele viajou – sorri – volta no sábado.

- Ah sim, pra onde ele foi?

- Foi pra cidade que ele morava, nem me lembro o nome mais – disse coçando a cabeça.

- Ah... Então vamos ver filme – ela sorriu, tomando o controle de mim. Colocou em algum canal, e arrumamos nossas camas. Antes de dormir, comi um pacote de biscoito, e um pacote de balas, junto com ela. Ficamos conversando até tarde, e depois dormimos.

Acordei com o despertador tocando, e me levantei da cama. Rafaela estava dormindo igual á uma condenada. Bem, eram 9:00, e eu tinha que buscar meus exames ás 9:30.

Terminei de me levantar, e fui ao banheiro. Tomei um banho, e depois vesti uma roupa normal, um vestidinho branco e uma melissa rosa.

Rafaela havia se levantado, e trocado de roupa. Descemos e tomamos café, e depois chamamos um taxi.

Fui ao consultório, e entrei na sala da medica.

Ela olhou pra mim seria.

- E então... ? – perguntei.

- Parabéns futura mamãe! – ela sorriu, abrindo os braços para me abraçar. Eu fui até ela, mas em vez de ficar feliz, comecei a chorar.

- O que foi meu anjo? – ela olhou assustada.

- Eu não quero esse filho! – disse – eu odeio essa criança! – completei.

- Não, por favor, não diga isso. É uma vida, dentro de você. Você agora é responsável por uma vida. Ele não tem culpa de nada, apenas está ai por um... acidente. Ou não, mas independente de tudo, VOCÊ está responsável por ele. Ele depende de você, mais que tudo. É uma pessoa, que está sendo formada, e você vai cuidar dele, dar amor, tudo, á essa pequena vidinha dentro de você – ela sorriu amigavelmente.

Aquilo em fez refletir muito sobre o que eu disse.

- E o papai? – ela perguntou – já sabe?

- Não – disse, enxugando minhas lagrimas – ele viajou. Só vou poder contar amanhã – sorri.

- Espero que ele fique feliz. É seu namorado?

- É sim – sorri, passando a mão de leve na minha barriga.

- Aqui está marcado seu primeiro pré-natal. Agora, você está entrando na metade do segundo mês, vai precisar de muita ajuda daqui pra frente. Vai ter também que vir acompanhada de seu responsável nas próximas consultas. Já contou para a vovó?

- Não. Vou contar hoje, vai ser difícil, mas vou – disse sorrindo e me levantando.

- Tome cuidado com tudo que já te falei, ok? – ela sorriu, e eu assenti – Até logo.

Ela disse, e eu sai do consultório. Rafaela estava me esperando, e sua cara não era boa.

- o que foi? – perguntei.

- vamos pra casa, agora – ela disse, se levantando e pegando meu braço. Estava segurando os exames, e saímos andando, eu não entendia nada do que estava rolando ali.

- O que tá acontecendo? – olhei assustada enquanto estávamos no taxi.

- Nada, apenas... vamos pra casa, ok? – ela disse.

Esse não é o modo de falar dela. Tem alguma coisa errada nessa historia.

- Ju, vai contar pra sua mãe agora? – ela perguntou, mudando de assunto.

- Vou tentar – disse sorrindo – vai ser difícil, mas é.

Ficamos em silencio o resto do caminho, e chegamos em casa. Entrei, e minha mãe estava na sala, sentada no sofá ao telefone, e com uma expressão que não era das melhores.

- Ok, vou falar com ela. Vou tentar ser mais tranquila possível... ok, beijo, melhoras – ela disse, e desligou.

Mas o que que tá acontecendo aqui?

- Oi mãe – disse sorrindo.

- Oi Ju – ela disse, desanimada olhando para mim.

- o que tá acontecendo? – perguntei assustada.

- Senta aqui Ju – Rafa se sentou no sofá, e me puxou. Olhei assustada para as duas, pensando em tudo quanto é coisa vindo em minha cabeça. Até esqueci do exame em minhas mãos. Elas ficaram me encarando.

- Gente, fala logo, to ficando preocupada! – disse assustada.

Minha mãe pegou em minha mão, e me olhou fixa no olhos. Lá vem bomba.

- Ju, você vai ter que ser forte... – ela começou a dizer – mas o Gabriel... ele... ele... – ela disse, mordendo a boca.

Falando em Gabriel, meu coração disparou, e tudo que é de mais ruim veio em minha cabeça.