- Você? É, tem alguma cosia errada... – ela disse, e rimos. Fomos pra sala, e o resto das aulas foram um saco.

Até chegar no recreio. Sai de mãos dadas com Gabriel, e nos sentamos embaixo da árvore.

- Ju, me beija? – ele sorriu.

- Agora – sorri, e me aproximei. Ficamos nos beijando, e as pessoinhas passavam e olhavam assustadas. Bom, não era comum eu, beijando alguém, dentro da escola. Ainda mais quem, o Gabriel, novato. Bom, quase novato, já tem mais de um mês que ele tá estudando na escola.

Depois disso, o resto do dia foi terrível. Também com meu pequeno enjoo, mas passou. Saímos da escola, e fomos pra casa, Gabriel passou a tarde comigo.

Bem, o resto da semana passou rápido. E mais uma semana. E mais uma. E mais uma. E outra. Um mês e uma semana de namoro com Gabriel. Cada vez mais, eu passava mal. Não estava me aguentando, e eu estava engordando. Me encontrava com Emilio ás vezes, e até ele notou. Minhas calças tamanho 36 não cabiam mais na minha cintura, e eu estava quase morrendo por estar engordando tão rápido daquela maneira. Minhas vontades de comer bala também eram imensas, todos os dias.

- Ju – Rafaela disse, tirando a atenção da TV.

- oi? – sorri.

- Eu posso dar um palpite... ? – ela disse, olhando pra mim.

- Pode.

- Você tá grávida? – ela olhou seria.

Caramba, como eu não pensei nisso? O que? Grávida?

- E-Eu? – me assustei – não, por que? Parece que eu estou grávida? Como assim?

- Porque olha... – ela se sentou mais perto de mim no sofá – você engordou. Você está comendo feito uma condenada. Você está tendo desejos. Você está viciada em balas. Você está vomitando feito uma louca. Tendo enjoos. Ontem você quase desmaiou. Indo no banheiro muitas vezes ao dia. E sua menstruação? Como anda? – ela disse, seria.

Cara, como não pensei nisso?

- Hm... – parei pra pensar. Eu nunca fui de marcar dias exatos – não veio esse mês. E nem mês passado – olhei assustada.

- Julia, você tá grávida! – ela disse, dessa vez sorrindo.

- Não, eu DEFINITIVAMENTE não posso estar grávida! – falei alto.

- Mas tudo indica que você está – ela disse.

- Não, não e não.

- Do Gabriel ne?

- Não sei Rafa!

- Vocês usaram camisinha?

- Não Rafa! Ninguém estava preparado pra nada – eu disse, me assustando – e eu não estou grávida, não posso estar grávida, é só uma imensa coincidência.

- Ai que lindo! – ela disse – eu acho que você está grávida sim! – enquanto ela estava feliz, eu estava me matando por dentro. Muito bom ne?

- Não Rafaela! Eu não estou grávida! – gritei.

- Então faça um exame! - ela disse se levantando – anda, eu vou na farmácia com você comprar.

- Eu não vou fazer o de farmácia, ele sempre mente.

- Faz ele, depois pede sua mãe pra marcar um médico.

Cara, minha mãe! O que ela vai pensar de mim?

- NÃO! – gritei assustada – minha mãe não pode saber de nada! – olhei apavorada.

- E quem vai saber? Quem vai cuidar? – ela disse, enquanto andávamos em direção á porta.

- Eu vou fazer esse exame de farmácia agora. E quando eu voltar, vou ligar para o médico. E vai dar negativo, e eu não vou me preocupar com nada – disse respirando.

- Mas e se der positivo?

- Eu não posso cuidar de uma criança Rafa, coloca isso na sua cabeça! – olhei assustada.

- Você devia ter sido mais responsável.

- Mas como? Eu NUNCA ia imaginar que ficaria grávida – disse já nervosa. – agora vamos, vamos comprar esse exame logo, pra você ver que vai dar negativo!

Ela se calou, e fomos andando até a farmácia. Entramos, e fomos até a vendedora.

- Teste de gravidez? – Rafaela perguntou. Eu não tinha coragem de dizer isso.

- Pra vocês? – ela olhou assustada.

- Pra... mim – disse assustada, abaixando a cabeça.

A mulher me olhou de cima abaixo, e fez uma careta. Depois, nos levou até a sessão, e eu comprei dois, um de cada marca. Agora quero ver essa coisa dar positivo.

Pagamos tudo, e saímos. A mulherzinha cochichou alguma coisa com a outra, do tipo “esses jovens de hoje não tem jeito mesmo, olha a idade da menina? Olha como é linda? Grávida.” E eu ignorei.

Fomos pra casa, e eu parei na porta do banheiro.

- Torce por mim – disse para Rafa, e ela se sentou no chão de frente para a porta.

- To torcendo – ela sorriu.

Entrei no banheiro, e fiz tudo que estava mandando nas instruções. Eram no total de oito exames. Deixei todos bonitinhos em cima da pia com seus rótulos, e sai do banheiro. Era necessário esperar 5 minutos.

- Cinco minutos – olhei assustada, me sentando no chão ao seu lado.

- Ainda estou torcendo – ela sorriu.

- Tomara que dê negativo. Rafa, tem noção disso? Eu não posso ser mãe. Não agora! – olhei assustada.

- Vamos esperar – ela disse, e eu fiquei fitando o jardim do lado de fora da sala, pensando.

Os cinco minutos se passaram rápido, enquanto eu estava distraída.

- Ju, já deu o tempo – Rafa disse olhando para mim.

- Ai meu deus – respirei fundo, me levantando e indo até o banheiro, de olhos fechados.

- E aí? Quantas tiras? Duas? – ela perguntou.