Telefone on

- Am...

- Bom dia Jujuzinha !

- Ah, bom dia Gabriel! — respondi abrindo os olhos e me levantando da cama em seguida.

- Como vai?

- Com sono, e você? — disse e ele deu uma risadinha.

- Também. Nem tive coragem de levantar da minha cama ainda... — ele disse, e eu joguei água no meu rosto.

- Acabei de levantar, estou trocando de roupa agora — falei, e comecei a tirar a calça do pijama, e vestir a da escola.

- Hmm, nossa, espera que eu vou ai — ele disse, e eu ri.

- Nem precisa, você tem certas prioridades em alguns momentos... — disse e ele riu — agora vou trocar de blusa, tenho que desligar — falei pegando minha blusa de uniforme dentro do armário.

- Ah, tudo bem, só queria comprovar de novo que hoje eu fui a primeira pessoa que ouviu sua voz, já que ontem eu dormi demais e nem te liguei...

- Você sempre será, o único — respondi, e sem perceber abri um leve sorriso em meu rosto.

- Te amo.

- Também

Telefone off

Desliguei o telefone e terminei de me arrumar. Penteei o cabelo, e escovei os dentes. Peguei minha mochila e desci. Não tomei café, então sai de casa e me sentei na calçada, esperando o Gabriel.

Ele saiu de casa, e veio até mim. O abracei, e ele me deu um selinho.

- Saudade de você — disse o abraçando.

- Muita — ele sorriu — não da pra ficar muito tempo longe de você... — ele disse e começamos a andar abraçados de lado. Fomos conversando até a escola, e nos soltamos uma esquina antes. Nos despedimos, e cada um foi para sua sala. Chegando lá, me sentei no lugar de sempre.

O professor entrou, os alunos entraram, e a aula começou. 15 minutos, nada. 30 minutos, nada. 40 minutos, nada. 45 minutos, nada. O horário inteiro, nada ainda. Cadê o Dudu? Será que ele não vem?

Esperei e esperei, em silencio, quase invisível dentro daquela sala de aula, por todos os três primeiros horários, e nada do Eduardo.

No recreio, eu ainda tinha esperança de ele aparecer, mas também não veio.

Os últimos horários eu utilizei para pensar no que poderia ter acontecido. Será que ele já foi? Mas como, sem falar nada, sem se despedir de mim? Sem me dar a chance de vê-lo, pelo menos pela ultima vez?

Isso acabou me dando uma ideia, muito boa, eu acho, há.

O sinal tocou, e eu sai da sala rápido com a Rafa e o Luiz. Pedi para darem um recado ao Gabriel, hoje eu não iria voltar com ele.

Andei procurando o Emilio, e o achei no meio do seu grupinho de primatas, perto da árvore da cantina.

Comecei a andar em sua direção, e ao me ver, ele deu um sorriso malicioso. Assim que cheguei perto, ele segurou no braço de uma das suas amiguinhas, cochichando alguma coisa em seu ouvido, e em seguida a beijando. NA MINHA FRENTE! Aquilo mais parecia uma facada no meio do peito. E essa esfregação? Cara, eu achei que eles iam até se comer ali na minha frente. Ele não podia ter feito isso comigo. É pra fazer ciúmes é? Idiota, mil vezes idiota.

Fiquei encarando os dois com os braços cruzados, esperando acabarem com a melação. Até que eles pararam, e a garota saiu sem mais nem menos, junto com o resto das pessoas que estavam ali. Emilio ficou olhando pra mim, e mordendo sua boca, sem falar nada.

- Emilio... — comecei a dizer dando um suspiro de leve — preciso perguntar uma coisa — sorri.

- Pergunte — ele continuou com a mesma feição.

- O Dudu vai quando? — pausa — ér, quero dizer... Que horas?

- Ah, tá sabendo que o pirra vai embora ne?

- Eu te perguntei outra coisa — falei seca.

- Ah tá — ele levou uma das mãos á sua franja — daqui a pouco. Eu já estou indo daqui direto para o aeroporto — ele sorriu.

Respirei fundo.

- Posso ir com você? — perguntei mordendo o lábio inferior nos dentes.

- Serio? Comigo? — ele me olhou assustado.

- É — sorri sínica — Eu não me despedi do Dudu — disse dando ênfase em Dudu.

- Bom... Vamos então ne? — ele falou, estendendo o braço á mim. Ignorei, e comecei a andar em sua frente. Ele veio logo atrás me acompanhando, e seguimos em direção ao estacionamento do colégio.

- Eu abro – Emilio disse abrindo a porta do passageiro para mim.

- Af, nem vem dar uma de cavalheiro comigo que não cola – disse revirando os olhos. Entrei no carro, e afivelei meu cinto.

Ele entrou do outro lado, colocou seu cinto, e deu partida no carro, dirigindo pelas ruas da cidade.

Não dei nenhuma palavra com ele enquanto estive ali dentro. E nem ele.

Chegando no aeroporto, desci do carro, e ele também. Fomos andando, e perto da sala de embarque estava o Dudu. Ele me viu, e saiu correndo em minha direção, assim como eu. Nos encontramos com um abraço mais que apertado, e eu comecei a chorar.

- Vou sentir sua falta – ele disse me apertando.

- Eu vou sentir mais – falei entre lagrimas.

- Promete nunca me esquecer? – ele perguntou olhando em meus olhos.

- Nunca, mesmo – sorri – nunca.

- Vou te ligar todos os dias que eu conseguir – ele disse pegando em meu cabelo de leve – agora não chora – ele segou uma de minhas lagrimas com um beijo de leve em minha bochecha.

- Não da pra não chorar – disse, tentando sorrir.