– O que foi? — levantei uma sobrancelha e me dirigi á lavanderia.
Peguei uma blusa seca no meio das roupas lavadas, e olhei pra trás. Emilio não estava lá, então tirei a blusa molhada ali mesmo.
Ouvi os passos de alguém, então me apressei a vestir a blusa seca o mais rápido possível.
– Nossa — Emilio disse, assim que terminei de me vestir ás pressas.
– Você me irrita Emilio! — pausa — o que ainda tá fazendo aqui? — perguntei.
– Resolvi ficar eu... Te fazer companhia, queria passar um tempo com você...
– Você não acha que já está fingindo demais não? — perguntei, me virando e colocando minha blusa de uniforme dentro da maquina de lavar.
Aquilo me recordou semana passada, no dia que nós dois quase fizemos uma cagada nessa lavanderia.
Me virei pra ele, e fiquei o encarando.
– Não estou fingindo nada... Eu te amo, e você sabe disso — ele disse, chegando mais perto de mim.
– Eu também te amo — grunhi — contra a minha vontade — terminei de dizer, percebendo que falei essas palavras apenas para mim, de tão baixo.
– Também me ama? — ele sorriu.
– Por mais que eu não queira! — afirmei, e sai andando. Ele me segurou pelo braço, e me virou de frente á ele, juntando nossos corpos.
– Então... Seja minha... — ele disse, se aproximando.
– Não posso, porque você é de outra — disse, e o empurrei.
– Isso não importa... Estou disposto a trocar por você — ele se aproximou mais, e ficou cerrando nossos narizes.
Aproximou nossos lábios devagar, e assim que um tocou o outro, eu o afastei.
Eu tinha que resistir aquilo, ele havia me feito muito mal para eu me entregar desse jeito.

– Você devia ter feito essa escolha antes — sussurrei, e me soltei dele.
Sai andando e fui para meu quarto, fechando a porta correndo e trancando.
Abri meu armário, e vesti outro short. Me joguei na cama, e tentei dormir.
toc toc toc
– Quem é? — perguntei, me levantando da cama.
– Ju, me deixa entrar — Emilio disse, por trás da porta.
– Não Emilio, desiste — disse — por que quer entrar?
– Porque quero você!
– Segura as pontas porque você não vai me ter — disse, e voltei pra minha cama.
– Mas Ju! Por favor! — pausa — eu não consigo mais viver aqui sem você!
Um draminha básico, que ótimo ne Emilio?
– Para de fazer drama! — pausa — afinal, eu já tenho outro — disse — ou outros — as ultimas palavras foram sussurradas.
– O que?!
– Desiste!
– Quem é?
– DESISTE EMILIO! — pausa — agora quero dormir, tchau.
Me virei na cama, e ouvi passos. Ele havia saído, pelo menos uma paz para mim.

Dormi feito uma condenada, até acordar com um barulho estranho na minha janela.
– Emilio! — exclamei baixo e revirei os olhos me levantando.
Fui até a janela e vi Gabriel. Ele estava jogando pedrinhas.
Que lindo, parece cena de filme, principalmente porque estava chovendo.
Abri a janela, sentindo o vento no meu rosto.
– Ju! — ele sorriu.
– Gabri! — gritei — vou abrir pra você — afirmei, e sai correndo.
Desci as escadas quase capotando, e cheguei na sala. Abri a porta, e fui correndo até o portão.
– Seu louco, tá chovendo! — disse quando entramos na sala, e eu batia a mão nos meus ombros molhados.
– Eu sei, mas você num atendeu o interfone, e eu resolvi apelar pra janela — ele disse.
Comecei a passar a mão sobre sua camisa, para tirar a água da chuva.
Ele me agarrou, num movimento rápido de abraço.
– Doido — disse rindo, me segurando nele.
– Eu já te falei que sou doido por você ne — ele me seu um selinho.
Agarrei em seus cabelos, puxando seu rosto até o meu, e começando a beijá-lo.
Ele retribuiu, me segurando firme contra seu corpo. Ficamos nos beijando no meio da sala um tempo, até ele começar a andar e nos jogarmos no sofá.
– O que vamos fazer? — perguntei parando de beija-lo e me sentando direito no sofá.
– Acho que tenho uma ideia — ele se aproximou de mim, e começou a me beijar novamente, eufórico.
– haha, louco. O que é? — perguntei passando a mão em seus cabelos loiros e lisos que caiam sobre sua testa.

– Não percebeu ainda? — ele me fuzilou, se jogando mais pra cima de mim.
– haha, não — fiz cara de santa, e cruzei as pernas — me mostra? — comecei a provoca-lo.
– Com prazer — ele voltou a mim e me beijou novamente.
Retribui, e continuei sentada de pernas cruzadas. Até que ele me jogou para trás no sofá, e ficou em cima de mim, apoiando suas mãos nas laterais do sofá.
Fiquei olhando para ele um tempo, sem beija-lo, sem dizer nada.
Ouvi um barulho estranho na cozinha.
– O que é isso? — perguntei o empurrando.
– Não sei — ele se levantou — só sei que nos atrapalhou muito.
– Vou lá ver — me levantei do sofá e sai andando.
– Tem certeza que não quer que eu vá? — ele segurou meu braço.
– Absoluta — me soltei e fui andando.
Entrei na cozinha devagar, e vi Emilio sentado na mesa, batendo a mão num movimento de ansiedade.
– O que tá fazendo aqui ainda Emilio Eric?! — cruzei os braços e fiquei o encarando.
– Vendo a melhor cena da minha vida! — ele disse, irônico — então quer dizer que você está com esse ai ne?
– E o que te importa? NADA! — disse e me virei.
– Não Ju, espera! Por favor, não faz isso comigo!
– Era melhor você não ter feito a “mesma coisa” comigo antes — Fiz aspas com os dedos, em seguida sorri e sai dali.
– Emilio aqui? — Gabriel perguntou, rindo.
– Acho que agora ele mora aqui nessa casa — revirei os olhos — e ele não vai sair tão cedo — fiz cara de nojo.
– Se quiser, podemos ir pra minha casa ou... Sei lá, eu volto depois — ele sorriu.
Ouvi o carro da minha mãe na garagem.